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Os Anabatistas

Fonte: Firmes na fé

A Reforma protestante encabeçada por Lutero (+1546), Calvino (+1564), Zvinglio


(+1531) e Henrique VIII (+1547) e seus sucessores na Europa não pareceu bastante
radical a muitos protestantes do século XVI.

Um grupo de cristãos encabeçados por Thomas Münzer, Balthasar Hubmaier, George


Baulrock, Ludwig Hoetzer, na Alemanha e na Suíça, começaram a apregoar uma
Igreja, em grau máximo, espiritual, sem hie-rarquia visível e constituída
exclusivamente pela adesão consciente dos homens à Palavra de Deus. Uma das notas
dessa mentalidade era o Ba-tismo a ser ministrado aos adultos e não às crianças:
queriam batizar de novo os fiéis que lhes aderiram: daí o nome de "anabatistas" ou
"rebati-zadores" que lhes foi dado.

O anabatismo oficialmente teve origem em Zürich (Suiça) na época do reformador


Ulrich Zwingli. Este empreendeu uma reforma paralela às de Lutero (na Alemanha) e
Calvino (em Genebra), mas seus seguidores se anexaram sem demora ao calvinismo.
Sob Ulrich Zwingli discutia-se a conveniência de batizar crianças, alegando que, antes
do uso da razão, não tinham condições de assumir o compromisso de vida cristã. Um
gru-po. chefiado pelo estudante Konrad Grehel (1498?-1526), filho de rico
comerciante de Zürich, opunha-se a Zwingli no tocante aos temas da Re-forma,
especialmente no concernente ao Batismo de crianças, que Zwingli defendia (embora
com oscilações). Em 1524 Konrad Grebel rompeu com Zwingli, proclamando
abertamente a necessidade do re-batismo para quantos tivessem sido batizados na
infância (1). A controvérsia chegou ao seu auge em janeiro de 1525: o Conselho da
cidade de Zürich, mediante dois decretos, de 18 e 21 de janeiro respectivamente,
ordenou que fos-sem, sem demora, batizadas todas as crianças recém-nascidas sob
pena de exílio para fora do cantão de Zürich. A este desafio K. Grebel e seus
seguidores responderam na tarde do sábado 21 de janeiro de 1525, rebatizando-se uns
aos outros. Este feito assinala o inicio oficial cio Anabatismo.

No dia 25/01 seguinte foi constituída a primeira Congregação anabatista em Zollikon,


perto de Zürich. A reação das autoridades de Zürich foi violenta. Aos 5/1/1527 foi
executado Felix Manz. o mais próximo cola-borador de Grebei, que morreu atirado
nas águas do rio Linmat.

Grebel conseguiu escapar da jurisdição das autoridades de Zürich de modo que as


idéias anabatistas se foram propagando por toda a Suíça, pelo Sul da Alemanha e pela
Áustria. Em 1527 dois Sínodos, um em Schleintheim e o outro em Augsburq
(Alemanha) fixaram as primeiras profissões de fé anabatista. A propagação do
movimento se fez ainda através da Boêmia, da Morávia, da Alsácia , da Alemanha do
Norte e da Holanda. Entrementes duas tendências foram se configurando dentro do
Anabatismo

De modo geral os anabatistas propugnavam total independência da Igreja frente às


autoridades civis; eram movidos pelo ideal de "separação do mundo" tido como
corrupto, a começar pelas pessoas que exerciam a autoridade civil. Ora essa
mentalidade pôde exprimir-se de duas maneiras:

— havia quem quisesse isolar-se do mundo, formando comunidades peregrinas que


passariam de região a região contando com um mínimo de tolerância religiosa por
parte das autoridades; apregoavam o pacifismo e não a violência;

— outros queriam reagir contra a autoridade civil, tida como malvada e


perseguidora, mediante a espada; substituiriam os Governos corruptos deste mundo
por remos teocráticos na expectativa da vinda de Cristo que haveria de instaurar um
milênio de paz sobre a terra em favor dos seus seguidores.

A tendência pacifista da primeira corrente não se manteve sempre alheia às lutas


políticas. Quanto à corrente violenta, foi protagonista do trágico episódio da cidade de
Münster, capital da Vestfália (Alemanha). Com efeito, aos 9/2/1534 o munrcinio foi
ocupado pelos anabatistas radicais seguidores de Melchior Hofmann. Tomaram posse
da cidade e escolheran como burgomestre o companheiro Bernhard Knipperdolling.
Des-se momento em diante, Münster tornou-se o refúgio dos anabatistas perseguidos
de toda a Europa, e, em particular, da Holanda. Na primavera de 1534 apoderou-se
do governo da cidade João de Leyde, que criou um clima de exaltação, transformando
Münster em uma "nova Jerusalém", centro de estranho "Reino de Israel", neste, com
base em textos do Antigo Testamento, foi permitida a poligamia. Os adversários do
regime teocrático de João de Leyde foram massacrados, após processo sumário; em
31/8/1534 João de Leyde for coroado "rei da Nova Sion". Todavia a cidade estava
cercada pelas tropas de Franz von Waldech, que era o antigo Senhor do município;
não chegaram aos anabatistas os auxílios prometidos pelos holandeses, de modo que a
situação em Münster se tornou insustentável; aos 25/6/1535 a cidade foi ocupada pelas
tropas adversárias ajudadas por cidadãos mesmos de Münster; foi exterminada, em
conseqüência, a maioria da população masculina de Münster. Somente um pequeno
grupo conseguiu fugir e sustentou na Holanda um certo "münsterismo", de efêmera
duração. Os três principais chefes do Reino de Sion — João de Leyde, Bernard
Knipperdolling e Bernhard Krecliting — foram presos, torturados, levados em gaiola
ostensivamente para diversas partes da Alemanha, e finalmente executado em
23/1/1536.

Deve-se aqui registrar outrossim o movimento extremado anabatista chefiado na


Alemanha por Nicholas Stuick e Fhoinas Münzer; provocou a guerra dos camponeses
(1522- 1525), que explorava as idéias de Lutero especialmente no campo social. Lutcro
se lhes opôs fortemente; Thomas Münzer foi decapitado em 1525.
Nem por isto os anabatistas deixaram de existir. Dividiram-se, porém, em quatro
correntes - Menonitas, Amich, Hutteritas e Neo-hutteritas - com suas diversas
subdivisões.

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