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Comprei um chuveiro para ouvir música

Gosto de ouvir música e o meu tempo para ouvir música é quando estou dirigindo em meu carro.
Para ajudar com meu drama, fui ao médico e ele recomendou ouvir música para ajudar no stress
emocional. Queria aumentar meu tempo para ouvir música e estava sem ideias! Mas, num sábado fui a
uma loja de material elétrico para comprar duas lâmpadas. Estava na seção de chuveiros apenas olhando
novos modelos e me deparo com um modelo que permite ouvir música durante o banho. Logo pensei: irei
aumentar em 10 minutos diários meu tempo para ouvir música.

Mas o que está por trás deste chuveiro que oferece a opção de música?

O fabricante desse chuveiro adicionou uma importante função secundária no produto permitindo
agregar um valor que é facilmente percebido pelo cliente, ou seja, o cliente irá pagar um valor maior se
entender que é bom ter a música no banho.
Sem entrar nas estratégias de marketing ou comerciais para produtos ou serviços, o desafio das
empresas é entender como o cliente percebe o valor do produto através das suas funções e não como a
empresa enxerga o custo do produto no modelo tradicional.

O que fazer para mudar a visão tradicional do custo do produto?

Dimensionar a matéria-prima necessária para a fabricação do produto, somar a mão-obra-direta e


mark up é modelo tradicional de olhar para o custo do produto, ou seja, juntar os números que estão no
sistema. Se seguirmos esse processo não estaremos mudando a visão que temos de produto e teremos
ações limitadas quando estamos desenvolvendo um produto ou buscado reduzir o custo de produtos
correntes.
Conforme a PwC (Price waterhouse Cooper), através de uma pesquisa de 2017 com principais CEOS
de 2000 empresas no mundo (29 no Brasil), eles têm a seguinte perspectiva com o uso da tecnologia:
De acordo com o gráfico, o principal foco das empresas para os próximos anos serão a redução de
custos e os ganhos de eficiência com o uso da tecnologia. Os mais ousados na redução de custo e no ganho
de eficiência são a China e o Japão, porém o país que apresenta a menor perspectiva é o Brasil. Corremos o
risco de reduzir ainda mais a nossa competitividade em relação aos demais países se não tomarmos ações.
Porém não é mandatório investir apenas em tecnologia. Temos várias ferramentas que podem ser
utilizadas com custo bem menor para mapear os problemas e as oportunidades, permitindo trabalhar para
sermos mais competitivos e inovadores. Temos que ter o cuidado para não investir altos valores em
tecnologia e como exemplo, colocar robôs em processos ineficientes pois assim iremos automatizar a
ineficiência!
O principal objetivo da Engenharia de Valor é reduzir custos e prevenir custos desnecessários em
um produto ou serviço.
A Engenharia de Valor possui uma metodologia simples de análise que permite reduzir custos ou
eliminar desperdícios que não agregam valor no desenvolvimento de um novo produto ou na otimização de
um produto existente, buscando sempre analisar o que o cliente atribui de valor a este produto. É possível
quantificarmos o valor que é percebido pelo cliente no produto e com isso sermos eficazes nas ações.
De acordo com IVM (Institute of Value Management – Reino Unido), as reduções de custos em
produtos após aplicado o estudo de Engenharia de Valor ficam entre 10 e 25% e o retorno sobre o valor
investido fica entre 20 e 40 vezes.
Os números da IVM só comprovam que trabalhos de Engenharia de Valor em desenvolvimentos ou
produtos atuais trazem resultados fantásticos, permitindo aumentar a lucratividade com à redução de
custos ou então ganhar novos mercados devido ao preço mais competitivo.
No atual momento da economia brasileira onde o caixa das empresas foi duramente castigado, é
muito importante definir o que é melhor para aumentar a lucratividade: reduzir custo através de
investimentos em tecnologia com uso de recursos próprios ou através de financiamentos ou então, reduzir
custos que otimizem o produto e processos/serviços sem o aumento de imobilizado.

Roberto Job é consultor na Qualytool Consulting Group, Engenheiro Mecânico, MBA em Gestão Empresarial pela FGV, pós-graduado em:
Engenharia Automotiva UCS/USP, Gestão de Inovação em Produto e Processo, Design de Produto e Gestão de Produção e Suprimentos.
Especialista em projetos de otimização de produtos (Engenharia do Valor) e processos de manufatura com ênfase em redução de custos.
Engenheiro de Desenvolvimento de Produtos e Gerenciamento de Projetos por mais de 15 anos em empresas do ramo automotivo.

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