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UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS

FACULDADE DE LETRAS
DEPARTAMENTO DE LÍNGUAS ESTRANGEIRAS
LETRAS ESPANHOL

AFONSO HENRIQUE STOKO

RELATÓRIO DE ESTÁGIO SUPERVISIONADO


O CONTEXTO ESCOLAR NAS AULAS DE ESPANHOL

Goiânia
2023
AFONSO HENRIQUE STOKO

RELATÓRIO DE ESTÁGIO SUPERVISIONADO


O CONTEXTO ESCOLAR NAS AULAS DE ESPANHOL

Relatório de estágio supervisionado apresentado ao


curso de letras – espanhol, modalidade presencial, da
Universidade Federal de Goiás, em cumprimento à
exigência parcial para a aprovação na disciplina.
Orientadora: Draª Sara Guiliana Gonzales Belaonia

Goiânia
2023
SUMÁRIO

RESUMO..................................................................................................................... 03
RESUMEN.....................................................................................................................04
1 INTRODUÇÃO..........................................................................................................05
2 JUSTIFICATIVA........................................................................................................06
3 HISTÓRIA DA CRIAÇÃO DA ESCOLA................................................................07
4 FINALIDADE DA CRIAÇÃO..................................................................................10
5 FILOSOFIA EDUCATIVA DA ESCOLA................................................................10
6 CARACTERÍSTICAS DA ESCOLA........................................................................11
7 SÉRIES OFERTADAS NA ESCOLA.......................................................................21
7.1 A educação infantil................................................................................................21
7.2 O ensino fundamental...........................................................................................22
7.3 O ensino médio.....................................................................................................23
8 TRABALHOS INTERDISCIPLINARES................................................................24
9 A AULA DE ESPANHOL...........................................................................................27
9.1 A professora de espanhol ......................................................................................27
9.2 Os alunos ..............................................................................................................27
9.3 O material de espanhol .........................................................................................28
10 A OBSERVAÇÃO DA AULA ..................................................................................29
10.1 Aula do 8º-A, data 17 de julho de 2023..............................................................29
10.2 Aula do 2º-A, data 31 de julho de 2023..............................................................30
11 CONSIDERAÇÕES FINAIS ..................................................................................32
REFERÊNCIAS............................................................................................................34
ANEXO I........................................................................................................................35
ANEXO II.......................................................................................................................36
ANEXO III.....................................................................................................................37
ANEXO IV......................................................................................................................42
ANEXO V.......................................................................................................................46
RESUMO
Este relatório de estágio supervisionado para o curso de graduação de Letras Espanhol da
Universidade Federal de Goiás tem como objetivo apresentar, de forma detalhada, a trajetória
percorrida durante o estágio. Bem como as reflexões acerca dessa prática, evidenciando a
importância desse espaço dentro da Academia e a necessidade do contato, ainda mediado pela
professora-orientadora, com a realidade escolar. Também detalha os processos vivenciados
durante o Estágio Obrigatório I, mostrando as ideias norteadoras, as bases teóricas que
sustentaram o projeto e o resultado do caminho percorrido, realçando as boas surpresas e
apontando as dificuldades no percurso.

Palavras-chaves: Estágio Supervisionado. Práticas em sala. Saberes docentes. Letras


Espanhol. Educação. Formação de professores
RESUMEN
Este informe de prácticas docentes supervisadas del curso de licenciatura en Letras - Español
de la Universidad Federal de Goiás tiene el objetivo de presentar, en detalle, la trayectoria
encontrada durante las prácticas. Así como las reflexiones sobre esta práctica, destacando la
importancia de este espacio dentro de la academia y la necesidad de contacto, aún mediado
por el profesor-supervisor, con la realidad escolar. También se detallan los procesos vividos
durante las Prácticas Docentes Obligatorias I, mostrando las ideas orientadoras, las bases
teóricas que sustentaron el proyecto y el resultado del camino recorrido, destacando el
resultado y señalando las dificultades en el camino.
Palabras clave: Prácticas supervisadas. Prácticas en el aula. Conocimientos pedagógicos.
Lengua española. Educación. Formación del profesorado.
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1. INTRODUÇÃO
O estágio supervisionado faz parte de um processo extremamente importante na
formação profissional. Caracteriza-se por uma ambientação por meio de um aperfeiçoamento
que possibilita ao estagiário vivenciar o que foi aprendido na sala de aula da faculdade, tendo
como função integrar essa disciplina de muitas outras que corresponde à matriz curricular do
curso escolhido. Através dele, o estagiário passa da formação teórica para uma experiência
prática. Dessa forma, não só conseguirá adquirir as habilidades para realizar uma função que
irá ocupar no futuro, mas, simultaneamente, aprenderá muitas habilidades “extra
profissionais”.

Realizar um estágio supervisionado durante a graduação pode abrir muitas portas para
o futuro profissional. Obviamente, a vivência acadêmica também é um componente
importante da sua formação. Contudo, a realidade do mercado de trabalho pode ser muito
diferente do que a teoria estudada em aula e outros projetos teóricos. Assim, uma das
vantagens do estágio supervisionado é justamente o aprendizado prático em diferentes áreas
do mundo do trabalho. Nesta formação, o aluno é iniciado nos princípios profissionais
individuais e coletivos, tais como respeito às normas trabalhistas, disciplina e
confidencialidade. Além disso, ao lidar com problemas reais, o aluno também melhora a
aptidão intelectual. Assim, o estágio é uma etapa essencial do seu desenvolvimento
profissional.

Nessa perspectiva, Pimenta e Lima (2011) afirmam que o estágio supervisionado nos
dá a oportunidade de perceber a unidade entre teoria e prática. Essa dissociação entre teoria e
prática, nos é apresentada por Pimenta e Lima que nos afirmam que,

A dissociação entre teoria e prática aí presente resulta em um empobrecimento das


práticas nas escolas, o que evidencia a necessidade de se explicitar por que o estágio
é teoria e prática (e não teoria ou prática). Para tanto, necessário se faz explicitar o
conceito que temos de teoria e prática (PIMENTA; LIMA, 2006 p. 11).

O Estágio Supervisionado é uma excelente experiência em que o aluno é capaz de


aplicar sua criatividade, independência e caráter. Essa etapa lhe proporciona uma
oportunidade para perceber se a sua escolha profissional corresponde com sua aptidão técnica.
Esta atividade é oferecida nos cursos de licenciatura a partir da segunda metade dos mesmos,
quando o graduando já se encontra inserido nas discussões acadêmicas para a formação
docente.
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O estágio supervisionado vai muito além de um simples cumprimento de exigências


acadêmicas. Ele é uma oportunidade que o estagiário tem para seu crescimento pessoal e
profissional. Além de ser um importante instrumento de integração entre universidade, escola
e comunidade. Por isso, este relatório foi desenvolvido a fim de trazer a público a importância
do Estágio Supervisionado I no processo de formação do profissional docente, além do
conhecimento de acerca da unidade de ensino escolhido para a realização deste estágio.
Também relata a importância da experiência prática aliada aos conhecimentos teóricos na vida
dos acadêmicos de graduação.

O presente relatório almeja discorrer sobre as experiencias aprendidas durante as aulas


ministradas entre o período de 17/04/2023 a 24/08/2023, no Centro de Ensino e Pesquisa
Aplicada à Educação – CEPAE, situado na Universidade Federal de Goiás, Campus
Samambaia, CEP: 74001-970, Goiânia – GO, com alunos do ensino fundamental e médio,
coordenado pela professora Íris Oliveira de Carvalho.

2. JUSTIFICATIVA

É extremamente perceptível que o ambiente de aprendizagem é dentro da sala de


aula; e com isso, é de suma importância que os professores se dediquem a buscar e passar os
conhecimentos aos alunos de uma forma mais dinâmica possível. Com isso, o estágio
supervisionado garante o aprimoramento e habilidade de passar o conhecimento aos alunos.
Contudo, qual a necessidade de ampliar esse espaço? Simples! Com a oportunidade de
estagiar, saímos do pequeno mundo em que vivemos, aprimorando conhecimentos mais
ousados aumentando a prática em sala de aula; técnicas diferentes das quais já possuímos,
modos e metodologias que geralmente não usamos. Criando as práticas necessárias que
melhoram os métodos de ensino, os estágios que é possível serem realizados não são capazes
apenas de garantir maneiras diferentes de ensinar, mas também de maneira apropriada que
trazem facilidades no dia a dia do aluno.

Atualmente, como em uma narrativa Kafkiana, a sociedade acompanha perplexamente


às situações de desinteresse em relação ao estudo. Entretanto, com a dificuldade no
aprendizado, faz-se extremamente necessário buscar novas formas de estabelecer
metodologias de ensino. Ademais, o estágio supervisionado entrega grandes possibilidades de
melhorias nas metodologias capazes de gerar distintas possibilidades de passar o conteúdo.
Neste viés, os estagiários assumem um papel importante que é de praticar a arte de ensinar, no
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qual é possível qualificar o ensino de forma que o conteúdo seja absorvido pelo aluno através
da metodologia correta.
O CEPAE foi escolhido para realizar esse estágio por ser uma escola pública e, acima
de tudo, por ser referência na região em ser uma escola que se importa em receber estagiários
para realizar estágios e trabalhos acadêmicos com os alunos. Embora seja público, o CEPAE
se torna diferencial em relação a outras escolas públicas por ser um centro de ensino
subordinado a União e não ao Estado de Goiás. Ademais, por ser uma instituição que depende
de sorteio para o ingresso, faz com que seja possível que se tenha uma mesclagem social e
cultural entre os alunos, favorecendo a excelente avaliação feita à escola. Fatores estes que
foram decisivos para que eu escolhesse o CEPAE para realizar o estágio.

O presente relatório foi desenvolvido com diversas questões pedagógicas, de maneira


que se iniciou na sala de aula da Universidade Federal de Goiás, Campus II, localizado no
bairro Itatiaia, em Goiânia-GO, que por sua vez iniciamos por conhecer o Projeto Político
Pedagógico – PPP, que é um documento que norteia e redefine os objetivos do processo de
apropriação de conhecimentos em suas dimensões culturais, políticas e pedagógicas. O
trabalho deu continuidade no próprio CEPAE, com o conhecimento da estrutura da unidade e
informações acerca do grupo docente, projetos, centro de apoio, entre outros.

Portanto, nota-se que o estágio supervisionado deve estar presente na vida do


acadêmico, com intuito de enriquecer, principalmente, a prática em sala de aula. Entretanto,
muitas escolas não abrem espaços para estagiários, o que é uma lástima, já que sem prática, o
formando terá mais dificuldades em encarar a real situação do ensino brasileiro, tornando-se
um ensino sem eficácia e sem eficiência, tão pouco, um ensino de qualidade. Logo, a
importância desse trabalho vai além de mostrar como se desencadeia o estágio supervisionado
na escola; pretendendo, também, mostrar a importância que é colocado na vida de quem vai
realizar esse estágio.

3. HISTÓRIA DA CRIAÇÃO DA ESCOLA

O Colégio de Aplicação foi criado, de acordo com livro “CEPAE: 50 anos de história”,
pelo Decreto-lei n.º 9.053, de 12 de março de 1.966, e suas atividades tiveram início em
março de 1968, no prédio da Faculdade de Educação/UFG. Seguindo a proposta da Reforma
Universitária ocorrida em 1968, o Colégio de Aplicação foi agregado à Faculdade de
Educação constituindo-se em órgão suplementar.
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À época de sua criação, a escola tinha como objetivos: constituir-se em laboratório


experimental de técnicas e processos didáticos, visando ao aprimoramento da metodologia de
ensino; constituir-se em escola experimental para novos cursos previstos na legislação vigente
e servir como campo de estágio supervisionado para a Licenciatura e para as habilitações do
curso de Pedagogia.

O corpo docente do então, Colégio de Aplicação/UFG era constituído por professores


da carreira de 1.º e 2.º grau, e professores da Faculdade de Educação que também atuavam
neste nível de ensino.

Conforme o mesmo livro que homenageia a escola pelos 50 anos de existência, a partir
de 1980, fruto de uma reivindicação de greve, os professores de 1.º e 2.º grau foram
reclassificados para a carreira do magistério superior, ou seja, passaram à condição de
professores de 3º Grau, condição única em relação aos demais Colégios de Aplicação do país.

Em 1982 foi criado do Departamento de Estudos Aplicados à Educação da Faculdade


de Educação/UFG, composto pelos membros do Colégio de Aplicação, funcionando desta
forma até março de 1.994, quando foi criado o Centro Ensino e Pesquisa Aplicada à Educação
(CEPAE), através da portaria n.º 0063, do Magnífico Reitor, como unidade vinculada a pró
reitoria de Graduação. A imagem abaixo (imagem 1) mostra a construção desse departamento
que mais tarde passará a ser o CEPAE.

Imagem 1: Construção do Departamento de Estudos Aplicados à Educação da Faculdade de Educação/UFG


(1966), (Foto: Livro Colégio de Aplicação: 40 anos de educação em Goiânia).
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Imagem 2: Fotos sobre a história do início do CEPAE, (Publicadas no Livro Colégio de Aplicação: 40 anos de
educação em Goiânia).

Imagem 3: Primeiras turmas do CEPAE. (Foto: Livro Colégio de Aplicação: 40 anos de educação em
Goiânia).
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Atualmente o CEPAE atende cerca de 780 alunos da educação básica, compreendendo


Educação Infantil, Ensino Fundamental e Ensino Médio, além dos cursos de especialização
lato sensu e stricto sensu. As vagas destinadas à educação básica são preenchidas através de
sorteio público, realizado anualmente para todas etapas, da educação infantil ao ensino médio,
no qual não há reserva de vagas para nenhum segmento específico.

4. FINALIDADE DA CRIAÇÃO

De acordo com o Livro Colégio de Aplicação: 40 anos de educação em Goiânia, o


CEPAE foi criado com a finalidade de realização do ensino, da pesquisa e da extensão, como
instrumentos de participação na formação de novos educadores nas diversas áreas do
conhecimento, atendendo, pois, aos diversos cursos de licenciatura. A ideia de criação do
CEPAE é fruto de intensas discussões no interior da UFG, especialmente nos seminários de
licenciatura e em debates e estudos que visavam à formação de uma política acadêmica para
as licenciaturas, em especial, no Fórum de Licenciatura, instituído em 1992.
Pode-se dizer que o CEPAE possui uma vocação, que é contribuir com a qualificação
dos professores através da realização de estágios, cursos de aprimoramento, pesquisas, entre
outros.

5. FILOSOFIA EDUCATIVA DA ESCOLA

O Centro de Ensino a Pesquisa Aplicada à Educação possui uma filosofia da


Educação, que é o campo que examina, esclarece e direciona os objetivos, métodos e ações
pedagógicas da instituição. Assim como qualquer outro centro de ensino, ter uma filosofia de
educação pode influenciar na escolha dos assuntos lecionados e na forma em que esse
ensinamento é efetuado no currículo básico. No CEPAE, essa filosofia ajuda também a
inspirar e direcionar o planejamento educacional, programas e processos.
No CEPAE, há funções dos colégios de aplicação básica; desenvolvimento da
pesquisa; experimentação de novas práticas pedagógicas; formação de professores; criação,
implantação e avaliação de novos currículos; e capacitação de docentes. Na pesquisa, criar um
ambiente propício para uma variedade de pesquisas que possam ser realizadas por professores
do ensino fundamental e médio, professores universitários, estagiários e outros. Na
experimentação, oferecer um laboratório de recursos humanos para a realização e
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aprimoramento de inovações que possam ou não estar diretamente vinculadas à pesquisa.


Quanto ao campo de estágio, permitir ao estagiário observação e participação em um
ambiente educacional de qualidade, viabilizando uma prática significativa e de alto nível para
os que precisam de uma experiência mais rigorosa antes de concluírem o curso de graduação.
No desenvolvimento de currículo, possibilitar um ambiente adequado para a criação, testagem
e, implantação e avaliação de novos currículos e estratégias de ensino.
Por fim, quanto à extensão, propiciar um local agradável e favorável para a
capacitação de docentes e de pessoal técnico-administrativo vinculado ao ensino.
Portanto, a filosofia da educação é importante na construção e desenvolvimento do
processo educacional nos seguintes aspectos: ajuda a entender, manter ou modificar o
processo educacional de uma instituição de ensino; identifica conflitos e contradições em
qualquer teoria pedagógica que atrapalhe o processo educacional dos alunos; desenvolve a
capacidade humana de levantar ideias e discutir sobre as diferentes teorias pedagógicas e
como elas afetam a vida individual e social dos alunos; direciona a instituição de ensino a
entender seu propósito na educação social dos alunos; e auxilia e dá apoio no objetivo
significativo de qualquer instituição educacional, o qual é o de qualificar uma pessoa para a
vida pública e ser um membro efetivo da sociedade.

6. CARACTERÍSTICAS DA ESCOLA

O Centro de Ensino e Pesquisa Aplicada à Educação – CEPAE, está localizado nas


dependências da Universidade Federal de Goiás, situado na Av. Pau Brasil, S/N, CEP: 74.690-
900. A escola está nos arredores de muitas chácaras e casas rurais, cercado por mata nativa, no
qual encontra-se protegido e preservado pelos órgãos regulamentadores. Vale mencionar,
também, que por estar no centro de uma grande mata preservada, conforme podemos observar
na imagem 4, o local é frequentemente visitado por animais de diversos tipos, tais como:
Macacos, Tamanduás, Serpentes, Tatus, Gambás, Porcos-espinhos, entre outros.
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Imagem 4: Mico Leão Dourado nas dependências do CEPAE (Foto púbica)

A escola funciona nas dependências da Universidade Federal de Goiás, o espaço foi


cedido para que tenha um local em que houvesse a possibilidade de realizar pesquisas
aplicadas à educação. A estrutura Física é composta por 17 salas de aulas, 06 banheiros para
cada gênero, 01 elevador para portadores de necessidades especiais, 01 secretaria, 01 cozinha
onde são preparadas as refeições dos alunos, 01 biblioteca, 01 sala dos professores, 01 sala da
direção, 01 sala da psicóloga, 01 sala de informática, 04 espaços de lazer, 01 quadra
poliesportiva, 01 tatame para práticas de lutas, 01 parque com brinquedos.
Na imagem de número 5, é possível observar a entrada do colégio CEPAE pelo lado
do estacionamento.
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Imagem 5: Entrada do CEPAE / UFG através do estacionamento de carros (Foto: Afonso Henrique Stoko, 2023)

O corpo administrativo do CEPAE é composto por 01 diretora, 01 coordenadora, 01


psicóloga, 111 professores e técnicos-administrativos e 16 funcionários de apoio (auxiliares
de limpeza, porteiros, merendeiras e vigias). Esse corpo diretivo traz em sua gestão um
espírito da luta e desafios, apresentando preocupações em ofertar um ensino efetivo e de
extrema qualidade aos alunos, para que, futuramente, possam aplicar no dia a dia os
conhecimentos adquiridos no centro de ensino.
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Nos dias atuais, o CEPAE possui cerca de 764 alunos oriundos de diversas partes de
Goiânia e regiões metropolitanas, assim como diversas realidades socioeconômicas, de acordo
com estudos levantados pela escola em trabalhos de planejamento e estudos estatísticos. Fator
que enriquece o ensino, pois quando se tem uma escola tão democrática quanto o CEPAE, os
alunos acabam valorizando uns aos outros pelo o que eles são e não pelo o que eles têm.
Em entrevista com a diretora do CEPAE, Neisi Maria da Guia Silva¹ afirma que,

o que acontece de mais ruim em uma escola são as separações de classes e níveis
socioeconômicos presente na família. Nas escolas privadas, o aluno só tem contato
com quem está lá em cima; enquanto nas escolas públicas, o aluno só tem contato
com quem está lá embaixo. Essa separação diminui o senso de humanização do
aluno, além de não ter uma equidade em relação ao credo, crenças, culturas, classes
sociais, cor, orientação sexual, entre outros. (Entrevista realizado com a diretora
NEISI MARIA DA GUIA SILVA, no dia 03/07/2023).

As salas de aulas do CEPAE são preparadas para receber os alunos para uma aula
totalmente temática (imagem de número 6) e voltada para a disciplina em ação. Há no local,
salas de ciências, artes, física, idiomas, música, entre outros, por exemplo, que possuem
decorações e objetos próprios para um melhor aprendizado e absorção do conteúdo. A escola
incentiva os alunos a praticar arte em suas salas de aulas, decorando-as de forma
personalizada com utilização de tintas, cartazes, marcadores de tintas, entre outros. Claro que
fazendo a diferenciação entre arte e pichação. Além do mais, há no interior da escola vários
desenhos artísticos nos muros que foram feitos pelos próprios alunos em dias de aulas de artes
ou mesmo durante o intervalo das aulas. Isso foi uma estratégia em que a escola teve para
incentivar o interesse dos alunos pela escola e principalmente pelo ensino, proporcionando
ações que seria de gosto para a maioria dos alunos; evitando assim, uma falta de interesse por
parte dos discentes em querer fazer parte das atividades escolares.
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Imagem 6: Sala de aula do CEPAE (Foto: Afonso Henrique Stoko, 2023)

Imagem 7: Muro da escola com arte feita por alunos (Foto pública)
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Na escola, há espaços para recreação com o intuito de serem utilizados durante as


aulas de educação física, arte e música. Uma quadra poliesportiva (imagem de número 8)
coberta bem extensa equipada para os mais diversos jogos, tais como: Futebol, futsal,
basquete e vôlei. Há também um pátio grande e coberto (imagem de número 9) usado durante
as aulas, eventos da escola e para descanso dos alunos em momentos de intervalos entre as
aulas. Por fim, existe um espaço na escola onde possui um parquinho com brinquedos
(imagem 10) para as crianças de menores idades. Tudo isso, disponível para os alunos se
sentirem mais à vontade na escola e com o sentimento de pertencimento.

Imagem 8: Quadra poliesportiva do CEPAE / UFG (Foto: Afonso Henrique Stoko, 2023)
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Imagem 9: Pátio do CEPAE / UFG (Foto: Afonso Henrique Stoko, 2023)

Imagem 10: Parquinho do CEPAE / UFG (Foto: Afonso Henrique Stoko, 2023)
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Um local muito importante para a escola, sem dúvidas, é a biblioteca (imagem de


número 11). Quanto a isso, o CEPAE possui uma biblioteca de qualidade com um acervo de
mais de 33 mil livros com os mais diversos tipos de conteúdo.
O principal objetivo da biblioteca é apoiar, incrementar e fortalecer o projeto
pedagógico das escolas, além de valorizar a leitura literária em seu cotidiano e proporcionar
condições para que o educador faça uso coletivo do texto escrito. Dessa forma, é possível
desenvolver e promover o acesso ao conhecimento disponível nos livros e o domínio crítico
da linguagem entre seus alunos.
O uso adequado da biblioteca na escola, que presume a oferta de diferentes práticas
leitoras, além de fortalecer a cultura de leitura e escrita, ensina o uso coletivo de bens
públicos, no caso os livros, contribuindo para o desenvolvimento de habilidades
socioemocionais, como a solidariedade e a cooperação.
A biblioteca do CEPAE possui mesas e cadeiras para acolher seus visitantes,
computadores com acesso à internet para realizar pesquisas, além de ter espaço para juntar
uma turma toda para realizar determinada atividade supervisionada pelo professor. Ademais,
na própria biblioteca ocorre sessões de conto de histórias para diversas idades. Também, é na
biblioteca que ocorre eventos de lançamento de livros.

Imagem 11: Biblioteca do CEPAE / UFG (Foto: Afonso Henrique Stoko, 2023)
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Imagem 12: Conto de histórias na biblioteca do CEPAE / UFG (foto pública, site do CEPAE)

Há na escola, a disponibilidade de cada aluno possuir um armário próprio para guardar


pertencer pessoais. Os armários do colégio são uma das coisas mais importantes em qualquer
escola, seja ela pública ou particular. Além de servir como um bom sistema de
armazenamento, ajuda a manter as instalações da escola organizadas. É amplamente
perceptível que carregar muito peso regularmente é perigoso e pode ter consequências físicas
significativas.
Às vezes, os alunos fazem as malas demais, eles precisam levar uma quantidade
surpreendente de livros e materiais para a escola todos os dias porque não têm armários.
Investir em armários permite que eles descarreguem esse peso e, com sorte, evitam danos
físicos. Hoje em dia, é muito comum os alunos levarem consigo telefones celulares, laptops e
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outros aparelhos caros para a escola. Isso aumenta a possibilidade dessas coisas serem
perdidas ou roubadas.
A instalação de armários fornece aos alunos um local seguro para guardar seus objetos
de valor. Além do mais, investir em armários não só parece bom para alunos e pais atuais,
mas também para alunos em potencial. Eles demonstram grande preocupação com os alunos e
refletem positivamente na escola.

Imagem 13: Armários que são oferecidos aos alunos do CEPAE / UFG (Foto: Afonso Henrique Stoko, 2023)

Por fim, a escola conta com um estacionamento amplo com capacidade para 80 carros,
que pode ser usado por professores, técnicos-administrativos e estagiários. O estacionamento é
um componente fundamental de qualquer política de mobilidade devido à sua relação direta
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com a acessibilidade, a utilização do espaço público e principalmente, enquanto elemento


regulador desempenha, igualmente, um papel importante na qualidade ambiental, uma vez
que permite induzir comportamentos mais sustentáveis.

Imagem 14: Uma das duas áreas do estacionamento do CEPAE / UFG (Foto: Afonso Henrique Stoko, 2023)

7. SÉRIES OFERTADAS NA ESCOLA

É importante salientar que a escola é uma importante instituição que auxilia no


desenvolvimento social, aprimorando habilidades e competências dos indivíduos. Além disso,
desempenha um papel fundamental na formação do conhecimento, dos valores e
comportamentos. Através disso, no CEPAE, é oferecido o ensino nas etapas da educação
infantil, fundamental e médio. O objetivo é alcançar todas as etapas e fazer parte da educação
em todas as fases do estudante.

7.1 A educação infantil

Antigamente conhecida como creche, hoje é o Departamento de Educação Infantil


(DEI). Construída em 1989, iniciou seu funcionamento em 1991. Atualmente, o DEI atende
cerca de 100 crianças em período integral. Oferece a possibilidade de matrícula para crianças
de 01 a 05 anos de idade, no período integral, de segunda a sexta-feira, durante o calendário
acadêmico da instituição.
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O ingresso da criança na instituição se dá através de sorteio, hoje realizado pelo


instituto Verbena/UFG, e ao ser sorteada, a criança garante sua vaga até a finalização do
ensino médio, realizando apenas renovações a cada ano.
É nesta primeira fase escolar, que os professores do DEI desenvolvem bons hábitos,
tanto de rotina quanto de relacionamentos. Nas interações com outras crianças, elas têm a
oportunidade de reforçar características como respeito, empatia e atenção ao próximo. Esse
aprendizado ajuda a formar laços, cria oportunidades para a criança socializar e, claro, auxilia
na formação da personalidade.
O convívio social serve para desenvolver o senso do coletivo. A criança aprende a se
conhecer e a conhecer o outro, tendo contatos com outras opiniões e maneiras de lidar com as
situações, incentivando o respeito e a empatia.

7.2 O ensino fundamental

O CEPAE atende cerca de 350 alunos no ensino fundamental, que são divididos em
séries iniciais e finais do 1º ao 9º ano. Tendo como responsável em cada fase, um coordenador
para propor ações que visem contribuir com o trabalho docente.
As séries iniciais são compostas do 1º ao 5º ano, com aulas das 07h30 às 11h45 que
ocorrem, desde 2006, em um prédio novo construído totalmente adaptado para as crianças
menores desta etapa de ensino.
Já as séries finais estão constituídas do 6º ao 9º ano, também com aulas no turno
matutino. As aulas das séries finais também ocorrem nos mesmos horários das séries iniciais.
No período da tarde, ocorrem atendimentos organizados por disciplina destinado aos
alunos que contenham algum tipo de dificuldade no processo de aprendizagem. Esses
atendimentos acontecem através do projeto “ponto de apoio” que a escola disponibiliza. São
aulas de reforços em que os professores de cada matéria dão suporte ao aluno que necessita de
ajuda em determinada matéria.
O papel do CEPAE frente aos alunos do ensino fundamental é de constantemente
motivá-los a aprender, pois, ainda na infância a criança não tem a real noção sobre
a importância da aprendizagem, precisando o aluno ser estimulado, impulsionado a participar
do processo de aprendizagem, a fim de que o mesmo alcance sucesso.
Ademais, o atual ensino fundamental (anos iniciais e finais), assim como em qualquer
escola, tem uma base nacional comum, que é complementada pelas instituições de ensino de
acordo com a sua proposta pedagógica e as características regionais e sociais de onde ela se
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localiza. Nesta etapa da educação são apresentados, de forma mais aprofundada, aos alunos os
valores sociais, os direitos e os deveres dos cidadãos, bem como a noção de respeito ao bem
comum e à ordem democrática. É no ensino fundamental também que os estudantes são
incentivados a ter iniciativa, a desenvolver sua autonomia e várias outras coisas. Na imagem
de número 15, é possível observar uma turma do ensino fundamental (imagem ofuscada por
questões de consentimento).

Imagem 15: Alunos do ensino fundamental, turma 8º-A (Foto: Afonso Henrique Stoko, 2023)

7.3 O ensino médio

O ensino médio do CEPAE que compreende a 1ª à 3ª série possui um formato


diferenciado das demais escola. A organização ocorre por meio de período semi-integral, com
aulas do núcleo básico durante o matutino, entre as 07h30 às 12h30. Já no turno vespertino
são ofertadas as disciplinas flexíveis, que corresponde as disciplinas eletivas obrigatórias e as
optativas.
Para o aluno concluir o ensino médio no CEPAE, é necessário que o estudante siga
alguns requisitos, como: cursar até o final da 3ª série um total de 480 horas de disciplinas
eletivas e entregar ao final da 3ª série um Trabalho de Conclusão de Curso (TCEM).
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Este trabalho de Conclusão de curso tem como objetivo dar a oportunidade aos alunos
um contato direto com a iniciação científica, aprender a desenvolver projetos de pesquisas e
ter a familiaridade com a produção acadêmica. Contudo, a disciplina de Trabalho Conclusão
de Curso é de cunho obrigatória e é ofertada aos alunos desde a 1ª série do ensino médio.
Em termos gerais, o ensino médio é, além das outras fases de ensino, considerado pelo
CEPAE um momento de muitas descobertas, vai muito além da vida acadêmica e também
abrange a vida pessoal do estudante, é quando o aluno entende suas melhores habilidades e
precisa de apoio familiar e escolar para desenvolvê-las ainda mais e prepará-lo para a vida
acadêmica e mercado de trabalho.

Imagem 16: alunos do ensino médio, turma 1ª-B (Foto: Afonso Henrique Stoko, 2023)

8. TRABALHOS INTERDISCIPLINARES

Os trabalhos interdisciplinares no CEPAE são considerados como um processo


educativo, cultural e científico que viabiliza e propõe ações voltadas para a educação do
cidadão e para a construção de uma escola participativa e decisiva na formação do sujeito
social. Diante disso, abre-se espaço para a produção de novos saberes nas várias áreas de
conhecimentos. A participação dos jovens na vida da escola é contemplada no projeto
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intitulado “Incentivo ao protagonismo juvenil no CEPAE” elaborado pela coordenação,


incluindo as seguintes ações: Momentos culturais – evento realizado uma vez por mês no qual
os alunos apresentam atividades artísticas no palco do pátio; Jornada esportiva – Evento
realizados duas vezes por ano encerrando os semestres, com premiações para os times
esportivos (futsal e vôlei); Música – ação para recepcionar os alunos todos os dias e além
disso, na última quinta-feira do mês, os alunos apresentam números musicais, danças, recitam
poesias, participam de atividades artísticas, literárias, entre outros. Projetos ambientais – As
atividades são desenvolvidas através da horta escolar do CEPAE, de oficinas, de elaboração
de cartazes e elaboração de textos relativo ao tema; Meliponário escolar – Atividades em que
os alunos criam abelhas inofensivas para a produção de mel e produtos como própolis e cera,
além de ajudar na manutenção e no desenvolvimento da biodiversidade.

Imagem 17: Momentos de atividades interdisciplinares (Foto: Livro Colégio de Aplicação: 40 anos de educação
em Goiânia)
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Imagem 18: Apresentação de canto em um momento do projeto musical (Foto: Livro Colégio de Aplicação: 40
anos de educação em Goiânia)

Imagem 19: Foto do local onde ocorre a criação de abelhas (Foto: Afonso Henrique Stoko, 2023)
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9. A AULA DE ESPANHOL

As aulas de espanhol no CEPAE são oferecidas desde o 6º ano do ensino fundamental


até o 2º ano do ensino médio. É uma disciplina obrigatória e faz parte no componente
curricular da instituição. Durante a semana, há 1 aula de 45 minutos e 1 outra de 1h30
minutos.

9.1 A professora de espanhol

A matéria de espanhol nas turmas do CEPAE é dividida entre 3 (três) professoras.


Fiquei designado com a professora Iris Oliveira de Carvalho, primeira professora concursada
da área de espanhol do CEPAE. Durante as aulas, foi observado que a Professora Íris se
comunica o tempo todo com os alunos em espanhol, proporcionando para os estudantes uma
familiarização com a língua.
Durante as falas da professora, ela apresenta aos alunos variações de vocabulário a
depender da região/país que se fala espanhol. Essa variação é importante para que o aluno
conheça as diferenças linguísticas existentes. Um exemplo dessa variação, foi durante uma
aula para o 8º ano do ensino fundamental, em que a aula era sobre alimentos (frutas, legumes,
verduras e petiscos) e a professora explicou que “pipoca” tem diferentes variações a depender
do país: Palomita de maiz (Peru), Palomitas (México e Espanha), Pochoclo (Argentina),
Cabritas (Chile) e Pipoca (Bolívia).
A professora é extremamente pontual em suas aulas e consegue entregar o conteúdo
planejado e programado para o dia em questão. Seu tipo de vestimenta e comportamento é
compatível para o cargo que ocupa. Trata todos os alunos com respeito e igualdade, não
deixando de lado a posição de autoridade dentro da sala de aula. Utiliza o quadro de giz para
dar suas aulas, o letramento é muito organizado e compreensível, o espaçamento das palavras
é bem distribuído tornando o conteúdo fácil de entender por parte do aluno. Também, a
professora Iris é muito paciente com os alunos; ao realizar perguntas, ela aguarda suas
respostas mesmo que seja uma resposta errada e/ou sem fundamento.

9.2 Os alunos

A professora Iris é a responsável pelos alunos do 8º-A (ensino fundamental) e 2º-A


(ensino médio). A turma do 8º-A é formada por 27 alunos distribuídos entre 16 meninas e 11
menino, a faixa etária dos alunos varia entre 12 a 14 anos. Já o 2º-A, é formado por 30 alunos
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predominantemente por meninas, 22 meninas e apenas 8 meninos e a faixa etária varia entre
15 a 17 anos.
Em ambas as turmas, é possível encontrar alunos com diferenças no aprendizado, no
comportamento, nas atitudes, na organização, no interesse, entre outras qualificações. Em um
contexto geral, os alunos possuem disposição durante as aulas, são participativos e possuem
vontade de aprender. Entretanto, a turma do ensino fundamental consegue entregar mais de si
e realizar uma participação melhor do que os alunos do ensino médio.
Nota-se que os alunos do ensino fundamental acolhem bem e não se incomodam com
a presença dos estagiários, não possuem timidez e fazem perguntas quando têm dúvidas,
aproveitando ao máximo para saberem, por exemplo, como é estudar espanhol. São alunos
que anotam tudo que a professora escreve no quadro; alguns têm aparelhos telefônicos, mas
ainda não possuem o hábito de tirarem fotos do quadro para “copiar depois”. Na sala de aula
dessa turma, há um aluno com dificuldades de aprendizagem e, embora tenha um auxiliar
exclusivo, todos da turma se solidariza em ajudá-lo quando preciso.
Os alunos do ensino médio apesar de, também, serem participativos, têm certa
dificuldade de se expressarem durante as aulas. Embora participem, observa-se que a
participação é como se fosse forçada e não pelo próprio interesse. Todos da turma possuem
celulares, o que acaba tirando o foco da aula ao usarem para outros fins. Grande parte da
turma tira fotos das anotações do quadro e deixam de copiar no caderno naquele momento. A
organização do local de assentos da turma é feita através de grupinhos, sentam-se juntos de
amigos que se sente à vontade, o que acaba criando conversas paralelas durante a aula.

9.3 O material didático de Espanhol

Durante as aulas de Espanhol, a professora não utiliza livros como material didático. O
motivo é que as turmas possuem poucas aulas semanais, com carga horaria reduzida. Fato que
não se conseguia utilizar todo o livro e os pais dos alunos reclamavam por comprar os livros
caros e “atoa”.
Nos dias atuais, a professora preza para que não se tenha um ensino totalmente
tradicional, onde o professor é visto como detentor do saber, enquanto os alunos são
considerados sujeitos passivos no processo de ensino e aprendizagem. Nessa lógica, sabe-se
que com o passar do tempo o aluno perde o interesse pelas aulas de espanhol e de outras
disciplinas caso não tenha algo novo durante o processo de ensino.
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Contudo, a professora disponibiliza atividades impressas (conforme anexos III e IV)


durante as aulas. São atividades para casa voltadas para o tema da aula anterior e totalmente
lúdicas para despertar interesse no aluno. Ademais, a professora utiliza livros literários e
revistas para aprimorar o conhecimento acerca do tema da aula.
Observa-se que quando o recurso utilizado demonstra resultados positivos, o aluno
torna-se mais confiante, capaz de se interessar por novas situações de aprendizagem e de
construir conhecimentos mais complexos.
Becker (1992) complementa o assunto demonstrando que,

não resta dúvida que os recursos didáticos desempenham grande importância na


aprendizagem. Para esse processo, o professor deve apostar e acreditar na
capacidade do aluno de construir seu próprio conhecimento, incentivando-o e
criando situações que o leve a refletir e a estabelecer relação entre diversos
contextos do dia a dia, produzindo assim, novos conhecimentos, conscientizando
ainda o aluno, de que o conhecimento não é dado como algo terminado e acabado,
mas sim que ele está continuamente em construção através das interações dos
indivíduos com o meio físico e social. (BECKER, 1992 apud SILVA et al. 2012).

10. A OBSERVAÇÃO DA AULA

A observação da aula é primordial no estágio supervisionado, ela proporciona uma


experiência em sala de aula, onde é possível vivenciar as dificuldades que um docente
encontra no ambiente escolar. Além de aprender diversas metodologias de ensino que são
demonstradas no dia-a-dia pelo professor.

10.1 Aula do 8º-A, Data: 17 de julho de 2023

Ao dar início a primeira aula em que estaria assumindo a função de observador,


apresentei-me aos alunos da turma do 8º-A do ensino fundamental e expliquei que sou
estagiário da Universidade Federal de Goiás no curso de Letras Espanhol e que estaria
observando a aula da professora Iris durante os próximos dias. Os alunos juntamente com a
professora Iris prontamente me receberam de braços abertos e logo iniciou-se a aula. A grande
maioria da turma se mostrou interessada em participar da aula. A proposta da aula era o estudo
de alimentos, o que desperta a curiosidade dos alunos por ser um tema de fácil aceitação.
Em um primeiro momento da aula, a professora apresentou o nome de diversa frutas e
legumes, demonstrando também as variações regionais existentes. Em um segundo momento
da aula, a professora fez uma dinâmica separando a turma em grupos de 5 alunos e realizando
um jogo de perguntas e respostas em que o aluno escolhido tiraria um numero que representa
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uma imagem de uma fruta ou legumes e, após isso, escolhia um grupo para responder qual o
nome desse alimento em espanhol. E assim, marcavam a pontuação e o grupo vencedor
recebia um prêmio (bombom), como forma de reforço positivo. Esse Reforço positivo ocorre
quando o comportamento é intensificado pela apresentação de um estímulo seguido pelo
comportamento dele dependente.
Deese e Hulse (1967/1975) conceitua o reforço positivo e o reforço negativo. Em
termos comuns,

um reforço positivo é um prêmio que damos ao organismo depois de ter feito


alguma coisa que desejamos que aprenda a fazer. Mas o que dizer de reforços
negativos? [...] Os reforços negativos são os estímulos que fortalecem uma resposta
quando são afastados se a resposta ocorrer.” (DEESE, J. & HULSE, S. H. Reforço e
aprendizagem – princípios básicos. 1ª ed. São Paulo: Livraria Pioneira
Editora, 1975., cap. 2).

Foi observado que os alunos do ensino fundamental possuem grande capacidade de


aprender o conteúdo ministrado, são dinâmicos, críticos e bem comunicativos. Às vezes,
conversavam um pouco a mais e a professora lhes chamava a atenção e, de maneira muito
respeitosa, obedeciam às ordens da professora. O interessante da turma é que todos têm em
mente que o mais importante naquele momento é estudar, ainda não possuem uma
responsabilidade que muitos do ensino médio já tenham, ou seja, possuem um nível a mais de
inocência.
Acredito que a atividade do dia cumpriu bem sua função, foi possível construir um
conhecimento a mais na vida dos alunos dessa turma sobre o tema da aula. No mais, foi um
dia de aula muito produtivo, sem incidência a mais para ser reportado.

10.2 Aula do 2º-A, Data: 31 de julho de 2023

Nesse segundo dia de observação de aula, fui para a turma do 2º ano do ensino médio,
onde o tema da aula era sobre perífrases e verbos no gerúndio. Foi relembrado rapidamente os
verbos do gerúndio estudados no encontro anterior; em seguida, foi explicado para a turma
que naquele dia, iria ser estudado as perífrases em espanhol.
A professora apresentou para a turma algumas perífrases como, por exemplo: “¿Vamos
a salir de copas sábado por la noche?”. Empregando o verbo Ir + a + verbo no infinitivo.
Seguindo a aula, os alunos exercitaram o conteúdo apreendido neste dia, primeiramente, por
meio do perguntas orais feitas pela professora e depois, já quase no final da aula, por meio de
uma dinâmica que a professora criou que consistia em colocar dois verbos no quadro e o
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aluno teria que criar uma frase usando perífrase e outra frase usando gerúndio. A ideia era
passar para o aluno uma competência de criação através do conhecimento acerca do tema.
Todos participaram, acertando quase todas as frases que deveriam criar. Como incentivo,
presenteamos a todos com um bombom apenas por terem tentado. Acredito que foi uma aula
bem produtiva, pois sei que essa foi uma demonstração de que os discentes gostaram do que
aprenderam.
Os alunos do ensino médio são mais cismados, ficam mais na deles e evitam
entretenimento, diferentemente dos alunos do ensino fundamental. Especificamente na turma
do 2º-A do CEPAE, os alunos gostam de se sentar em grupos de suas preferencias, geralmente
menino com menino e menina com menina para se sentirem mais à vontade. Gostam de
conversar assuntos fora do contexto da aula, possuem o hábito de dar exemplos pessoais
durante os discursões na sala de aula. Esses alunos estão em uma fase da vida em que os
hormônios estão à flor da pele, logo, estão em um momento de mudanças físicas corporais,
psicológicas e sociais. Essa etapa marca exatamente a transição da infância para a idade adulta
e é o que pode alterar a maneira de ensino-aprendizagem na escola.
Checchia (2010), em entrevista realizada no Brasil com alunos e professores, relata
que muitos adolescentes se queixam de uma diferença que atribuem ao tratamento dispensado
por professores de crianças e professores de adolescentes. Segundo eles, os professores tratam
as crianças com carinho e atenção e tratam os adolescentes com mais seriedade, brutalidade e,
às vezes, com desrespeito.
Os jovens alegam que a experiência escolar na infância é prazerosa e lúdica e que a
relação entre professores e alunos se estabelece de forma mais harmoniosa que na
adolescência, já que os professores tratam as crianças com respeito, carinho e
atenção (ao invés de xingar ou maltratar, como fazem com os adolescentes, tal como
afirmam), ao passo que as crianças também os respeitam (CHECCHIA, 2010, p. 71).

Após a observação da aula, eu (Afonso) realizei uma entrevista com o André, aluno do
2º-A, no qual foi perguntado, além de outras perguntas, como ele se sente em relação ao
tratamento que os professores, em geral, dão aos alunos de sua turma. Ele respondeu,
fazemos o que pedem e é isso. Não adianta bater de frente, pois os professores não
têm ouvidos para nós. Temos uma pilha de matérias e vários professores cobrando
tarefas que mal dão tempo para fazer. Nós nos sentimos mais menosprezados que as
turmas menores que aparentemente têm mais chances que nós.

Essa mudança repentina de assunto foi necessária para explicar o porquê de vários
alunos dessa turma se sentirem inseguros na sala de aula. Nota-se que há uma preocupação
por parte deles em serem notados, essa insegurança acarreta o que foi observado no
comportamento de alguns deles durante a aula. Desânimo em participar das aulas, seja
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respondendo uma simples pergunta, seja participando de uma dinâmica. O que faz a nota
diminuir, já que o CEPAE é uma escola em que os professores atribuem nota através da
participação, e se não tem participação, não tem nota.

11. CONSIDERAÇÕES FINAIS

O estágio realizado foi capaz de me apresentar um conhecimento da real situação do


exercício em sala de aula, e nas suas especificidades em todo âmbito escolar, com isso
caracterizando um momento ímpar de se verificar as competências adquiridas ao longo da
graduação. O estágio exigiu muito de mim e foi muito desafiador, por serem turmas com
idades que variam de 12 a 17 anos, com muitas diferenças entre si, a tarefa de ensinar fica
muito mais complexa, exigindo um esforço realmente grande para dar conta. As crianças e
adolescentes exigem muita atenção; ao observá-los, precisei estar muito atento em cada
detalhe.
No que tange a execução das aulas percebi a motivação dos discentes, o interesse pelas
aulas, que foram bastante produtivas. Consegui observar na turma um aprendizado
envolvendo reflexão, pensamento lógico, linguagem oral e escrita de maneira prazerosa e
lúdica. A cada dia um momento diferente, acontecimentos que envolviam os alunos e que
chamavam a atenção para as aulas, como vídeos, as leituras compartilhadas, bem como as
confecções de painéis, dentre outras ações.
Esse estágio realizado por mim foi muito válido e positivo. Meu propósito e objetivo
foi e ainda é de aprender e de exercer uma prática educativa cheia de desejo de mudança e de
transformação sendo significativa para os alunos. Tive a oportunidade de trabalhar com duas
turmas boas e fazer o melhor possível e dar o melhor de mim.
Durante as atividades lúdicas desenvolvidas em sala de aula todos os alunos
participavam ativamente, desenvolveram as atividades em duplas, em grupos e
individualmente, percebi que eles se sentem muito mais felizes ao realizar atividades de forma
lúdica, penso que o lado intelectual de cada um foi aflorado.
Ademais, acredito que o estágio me proporcionou aprendizagens significativas da
profissão, de cultura do magistério, de aproximação investigativa da realidade e do seu
contexto social. Reafirmo o conceito de estágio, como campo de conhecimento, que envolve
estudos, análise, problematização, reflexão e proposição de soluções sobre o ensinar e o
aprender. Sei bem que não existe receita do que fazer para conseguir disciplina, porém,
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através da leitura de diversos autores, percebi que é necessário inúmeras coisas para obter
sucesso na prática educativa. O estágio curricular é uma passagem, quando as perguntas e
dificuldades básicas começam a ser superadas após algumas discussões, registros e relatórios,
a carga horária prevista para o estágio chega ao seu fim, antes mesmo que encontremos todas
as respostas para as perguntas iniciais, ingressamos em outros desafios acadêmicos e novas
perguntas e reflexões vão surgindo.
De certa forma estabeleci uma relação de amizade com os alunos, e isso favoreceu
muito minha relação com eles. Penso que conquistei a confiança dos alunos por respeitar suas
diferenças individuais e valorizar suas potencialidades. Mesmo eu estando ali na sala para
observar, fui procurado algumas vezes para me mostrarem suas tarefas e a cada vez que
elogiava suas atividades ou seu bom comportamento, eu ganhava um sorriso deles.
Por fim, finalizo o estágio reafirmando a importância do educador na vida de seus
alunos, pois ele direciona os conhecimentos, propicia experiências e aprendizagens, dessa
forma tem o dever de analisar e reavaliar constantemente sua pratica pedagógica, buscando
sempre alternativas para lidar com os desafios educativos que aparecem ao decorrer do tempo.
Além disso, respeitar as emoções das crianças, respeitando-os como seres completos cria um
vínculo, o que melhora a relação professor-aluno e consequentemente a aprendizagem.
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REFERÊNCIAS

CABRAL, Vilmara Luiza Almeida, ANGELO, Cristiane Borges, Reflexões sobre a


importância do estágio supervisionado na prática docente-VI EPBEM – Monteiro, PB –
09, 10 e 11 de novembro de 2010.

CURY, Augusto. Pais brilhantes, professores fascinantes. Rio de Janeiro: Sextante, 2003.

DEESE, J. & HULSE, S. H. Reforço e aprendizagem – princípios básicos. 1ª ed. São Paulo: Livraria
Pioneira Editora, 1975., cap. 2

FORTES, Clarissa Corrêa. Interdisciplinaridade: origem, conceito e valor. Revista


acadêmica Senac on-line. 6a ed. setembro-novembro, 2009.

Guimarães, A. (1996). Indisciplina e violência: a ambiguidade dos conflitos na escola. São


Paulo: Summus.

LUCK, Heloisa. Concepções e Processos Democráticos de Gestão Educacional. Petrópolis,


RJ: Vozes, 2006.

MOLINARI, Adriana Maria Corder; SCALABRIN, Izabel Cristina. A importância da


prática do estágio supervisionado nas licenciaturas. Revista Científica do Centro
Universitário de Araras Dr. Edmundo Ulson. São Paulo, v. 10, n. 1, p. 1-12, 2013.

PIMENTA, S. G.; LIMA, M. S. L. Estágio e docência: diferentes concepções. Revista


Poiésis Pedagógica, Catalão, v. 03, n. 3 e 4, p. 5-24, 2006.

WEFORT, Madalena Freire, (1996). Educando o olhar da observação (p.10-14) IN:


Observação, registro, reflexão. Instrumentos Metodológicos I. São Paulo: Espaço Pedagógico.
35

ANEXO I – Plano de aula turma 8ª-A


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ANEXO II – Plano de aula turma 2º-A


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ANEXO III – Atividade turma 8ª-A


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ANEXO IV - Atividade turma 2º-A


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ANEXO V – Ficha de frequência

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