Você está na página 1de 68

DEMANDAS CUSTOMIZADAS:

Violência Doméstica e Familiar Contra a


Mulher: Da Prevenção à Repressão.
27/08/2018

Violência Doméstica e
Familiar Contra a Mulher:
Da Prevenção à Repressão

Apresentação

1
27/08/2018

08:30 às 10:45 – Exposição do Tema a partir da seguinte


divisão
A Cultura da Violência Comentários a respeito
contra Mulher e o de pontos relevantes da
Machismo: o Lei Maria da Penha,
Surgimento da Lei Maria com foco na
da Penha jurisprudência dos
Tribunais Superiores

08:30 às 10:45 – Exposição do Tema a partir da seguinte


divisão

A Cultura da Violência Comentários a respeito


contra Mulher e o de pontos relevantes da
Machismo: o Lei Maria da Penha,
Surgimento da Lei Maria com foco na
da Penha jurisprudência dos
Tribunais Superiores

10:45 às 11:00 - Intervalo

2
27/08/2018

08:30 às 10:45 – Exposição do Tema a partir da seguinte


divisão
Comentários a respeito
A Cultura da Violência de pontos relevantes da
contra Mulher e o Lei Maria da Penha,
Machismo: o com foco na
Surgimento da Lei Maria jurisprudência dos
da Penha Tribunais Superiores

10:45 às 11:00 - Intervalo


11:00 às 11:30 – Perguntas (dianasousa@jfes.jus.br)

Mas, antes de mais nada...

Por que falar de violência doméstica e


familiar contra a mulher?

Por que nós (cidadãos e servidores)


devemos nos preocupar com esse tema?

3
27/08/2018

ONU (Agenda 2030): "17 Objetivos para Mudar


o Mundo"

ONU (2013): 50,3% dos homicídios de


mulheres no Brasil ocorreram em situação de
violência doméstica e familiar.

4
27/08/2018

ONU (2013): Em pesquisa realizada em Municípios


com mais de 10 mil habitantes, há 3 Municípios
capixabas que estão entre os 15 primeiros nas taxas
médias de homicídios contra mulheres.

ONU (2013):
Sooretama (3º); Pinheiros (11º) e Serra (14º)

5
27/08/2018

...Embora...

ONU (2013): No ES, houve queda de 10,8% das


taxas de homicídios de mulheres

A Cultura da Violência contra Mulher e o Machismo: o Surgimento da


Lei Maria da Penha

6
27/08/2018

A Cultura do Machismo

Alguns exemplos

Roma Antiga:
Os símbolos do
masculino e do
feminino

7
27/08/2018

Opção Gramatical

Estatuto da Mulher Casada (Lei nº


4121/62)

- "o marido é o chefe da sociedade


conjugal, função que exerce com a
colaboração da mulher".

- "divergindo os progenitores quanto ao


exercício do pátrio poder, prevalecerá a
decisão do pai, ressalvado à mãe o direito
de recorrer ao juiz para a solução da
divergência".

8
27/08/2018

"Meu marido me ajuda em casa"

"Fiz isso (ou deixei de fazer isso), pois


queria paz no meu casamento".

9
27/08/2018

Michelle (Mikky)
Hebl

TED Talk: "What´s


behind the smiles?
The modern face of
discrimination".

"Subtle
Discrimination"

...Para se aprofundar no tema...

10
27/08/2018

Análise da População Brasileira

48,52% 51,48%
Fonte: IBGE

As mulheres são uma "minoria"?

11
27/08/2018

Minoria Vulneráveis

Minoria Vulneráveis

Grupo social
quantitativamente menor
que outro(s), identificável
por situação ou
circunstância social,
cultural, biológica, étnica,
política etc.

Exemplo: População LGBT (DF: 15,9% -


Fonte: USP)

12
27/08/2018

Minoria Vulneráveis

Grupo social Grupo social que se


quantitativamente menor encontra em situação de
que outro(s), identificável dependência ou
por situação ou desvantagem
circunstância social, relativamente a outro(s)
cultural, biológica, étnica, grupo(s) social(is) dito(s)
política etc. dominante.

Exemplo: Mulheres (Brasil: 51,48% - Fonte:


IBGE)

Minoria --------------------> Vulnerável

13
27/08/2018

Minoria --------------------> Vulnerável

Vulnerável --------------------> Minoria

Wangari Maathai
(Quênia)

Green Belt Movement

Prêmio Nobel da Paz


2004

14
27/08/2018

"Quanto mais
perto do topo
chegamos, menos
mulheres
encontramos".

Manifestações Feministas Manifestações Feministas


Antigas Modernas

15
27/08/2018

"Empoderar"

Empoderar = viabilizar os meios


para que o grupo empoderado
(coletivo vulnerável) promova, por
si próprio, as mudanças
necessárias ao seu fortalecimento.

16
27/08/2018

Feminismo – doutrina cujos preceitos indicam e


defendem a igualdade plena de direitos entre
homens e mulheres em todos os campos (social,
econômico, político etc).

Empoderamento social

Por que é necessário empoderar os


coletivos vulneráveis?

Qual(is) os principal(is) fundamento(s)


constitucional(is) que justifica(m) o
empoderamento dos coletivos
vulneráveis?

17
27/08/2018

Por que é necessário empoderar os


coletivos vulneráveis?

Art. 5º, caput, da CR/88 Art. 1º, III, da CR/88

Por que é necessário empoderar os


coletivos vulneráveis?

Art. 5º, caput, da CR/88

Princípio da Igualdade

18
27/08/2018

Princípio da Igualdade

Igualdade Formal Igualdade Material


(igualdade perante a lei) (igualdade na lei)

Princípio da Igualdade

Igualdade Formal Igualdade Material


(igualdade perante a lei) (igualdade na lei)

19
27/08/2018

Por que é necessário empoderar os


coletivos vulneráveis?

Art. 1º, III, da CR/88

Princípio da Dignidade da Pessoa Humana: "vetor


axiológico do ordenamento jurídico" ou "epicentro
axíológico do ordenamento jurídico".

Princ. da Dignidade da Pessoa Humana =


Fundamento da República

20
27/08/2018

Princ. da Dignidade da Pessoa Humana = Fundamento da


República

Direito à Vida ... Direito à Segurança

Princ. da Dignidade da Pessoa Humana = Fundamento da


República

Direito à Vida ... Direito à Segurança

Art. 226, § 8º, CR/88

21
27/08/2018

Art. 226, § 8º, CR/88: "A família , base da sociedade,


tem especial proteção do Estado.

(...)

§ 8º O Estado assegurará a assistência à família na


pessoa de cada um dos que a integram, criando
mecanismos para coibir a violência no âmbito de suas
relações”

Princ. da Dignidade da Pessoa Humana = Fundamento da


República

Direito à Vida ... Direito à Segurança

Art. 226, § 8º, CR/88


Estado e sociedade: repressão e prevenção de
“relacionamentos abusivos” ou "relacionamentos tóxicos"

22
27/08/2018

Princ. da Dignidade da Pessoa Humana = Fundamento da


República

Direito à Vida ... Direito à Segurança Compromissos


Internacionais

Art. 226, § 8º, CR/88


Estado e sociedade: repressão e prevenção de
“relacionamentos abusivos” ou "relacionamentos tóxicos"

Princ. da Dignidade da Pessoa Humana = Fundamento da


República

Direito à Vida ... Direito à Segurança Compromissos


Internacionais

ONU: Convenção sobre Eliminação


de todas as Formas de Violência
contra a Mulher
OEA: Convenção Interamericana
para Prevenir, Punir e Erradicar a
Violência contra a Mulher (C. de
Belém do Pará)

Art. 226, § 8º, CR/88


Estado e sociedade: repressão e prevenção de
“relacionamentos abusivos” ou "relacionamentos tóxicos"

23
27/08/2018

O que são "relacionamentos abusivos"


ou "relacionamentos tóxicos"?

Miller, Mary Susan. In: Feridas Invisíveis: Abuso Não Físico Contra Mulheres.

24
27/08/2018

Lei Maria da Penha (Lei


nº 11.340/2006)

Quem é a "Maria da
Penha"?

Globonews: “Os Filhos da Maria da Penha”


Emmy Internacional de Jornalismo

25
27/08/2018

Lei nº 11.340/2006 – Lei Maria da Penha

Art. 2o Toda mulher, independentemente de classe, raça,


etnia, orientação sexual, renda, cultura, nível educacional,
idade e religião, goza dos direitos fundamentais inerentes à
pessoa humana, sendo-lhe asseguradas as oportunidades e
facilidades para viver sem violência, preservar sua saúde
física e mental e seu aperfeiçoamento moral, intelectual e
social.

Art. 5º, caput, da CR/88 art. 1º, III, da CR/88

Comentários a respeito de pontos relevantes da Lei


Maria da Penha, com foco na jurisprudência dos
Tribunais Superiores

26
27/08/2018

Como nós devemos interpretar a Lei Maria da Penha?

Lei nº 11.340/2006 – Lei Maria da Penha

Interpretação Sociológica do Direito = Adequação das Leis


às exigências sociais.

27
27/08/2018

Lei nº 11.340/2006 – Lei Maria da Penha

Art. 4o Na interpretação desta Lei, serão considerados os


fins sociais a que ela se destina e, especialmente, as
condições peculiares das mulheres em situação de
violência doméstica e familiar.

Interpretação Sociológica do Direito = Adequação das Leis


às exigências sociais.

Lei nº 11.340/2006 – Lei Maria da Penha

Art. 4o Na interpretação desta Lei, serão considerados os fins sociais a


que ela se destina e, especialmente, as condições peculiares das
mulheres em situação de violência doméstica e familiar.

Art. 5º LINDB Na aplicação da lei, o juiz atenderá aos fins sociais a que
ela se dirige e às exigências do bem comum.

Interpretação Sociológica do Direito = Adequação das Leis às exigências


sociais.

28
27/08/2018

Lei nº 11.340/2006 – Lei Maria da Penha

Art. 4o Na interpretação desta Lei, serão considerados os fins sociais a


que ela se destina e, especialmente, as condições peculiares das
mulheres em situação de violência doméstica e familiar.

Art. 20 LINDB (alterado Lei 13.655/2018) Nas esferas administrativa,


controladora e judicial, não se decidirá com base em valores jurídicos
abstratos sem que sejam consideradas as consequências práticas da
decisão.

Interpretação Sociológica do Direito = Adequação das Leis às exigências


sociais.

...Exemplo de julgado "interessante"...

29
27/08/2018

...Exemplo de julgado "interessante"...

[A Lei Maria da Penha é] "um monstrengo tinhoso,


um conjunto de regras diabólicas". (...) "a desgraça
humana começou no Éden: por causa da mulher,
todos nós sabemos, mas também em virtude da
ingenuidade, da tolice e da fragilidade emocional do
homem (...). O mundo é masculino! A ideia que
temos de Deus é masculina! Jesus foi homem!" (...)

(Juiz da Comarca de Sete Lagoas)

O que se considera
violência doméstica e
familiar contra a
mulher?

30
27/08/2018

O que se considera
violência doméstica e
familiar contra a
mulher?

(Art. 5º) Violência


doméstica e familiar é
qualquer ação ou
omissão baseada no
gênero que cause à
mulher morte, lesão,
sofrimento físico,
sexual ou psicológico e
dano moral ou
patrimonial.

É necessária
habitualidade
para se
caracterizar a
violência
doméstica?

31
27/08/2018

É necessária habitualidade
para se caracterizar a
violência doméstica?

Doutrina: NÃO

De que modo (ou em


que locais) pode
ocorrer violência
doméstica e familiar
contra a mulher?

(Art. 5º)

32
27/08/2018

De que modo (ou em que


locais) pode ocorrer
violência doméstica e
familiar contra a mulher?

(Art. 5º)

a) dentro da unidade
doméstica

De que modo (ou em que


locais) pode ocorrer
violência doméstica e
familiar contra a mulher?

(Art. 5º)

a) dentro da unidade
doméstica

b) na família da mulher

33
27/08/2018

De que modo (ou em que


locais) pode ocorrer
violência doméstica e
familiar contra a mulher?

(Art. 5º)

a) dentro da unidade
doméstica

b) na família da mulher

c) em qualquer relação
íntima de afeto

Súmula 600 do STJ (Novembro de 2017)

Para configuração da violência doméstica e familiar


prevista no artigo 5º da Lei 11.340/2006, Lei Maria da
Penha, não se exige a coabitação entre autor e vítima.

34
27/08/2018

Vamos pensar em alguns exemplos?

Vamos pensar em alguns exemplos?

Irmão agride irmã na casa do pai de ambos. (Cada


um mora em uma casa).

35
27/08/2018

Vamos pensar em alguns exemplos?

Irmão agride irmã na casa do pai de ambos. (Cada


um mora em uma casa).

SIM. STJ: Resp 1239850-DF

Vamos pensar em alguns exemplos?

Ex-namorado, com ciúmes porque sua ex-


namorada arranjou novo parceiro, agride-a na
porta de uma boite de onde ela saía. (Nunca
moraram juntos, eram apenas namorados).

36
27/08/2018

Vamos pensar em alguns exemplos?

Ex-namorado, com ciúmes porque sua ex-namorada


arranjou novo parceiro, agride-a na porta de uma boite
de onde ela saía. (Nunca moraram juntos, eram apenas
namorados).

SIM. STJ: HC 182.411-RJ


(Mudança de posicionamento. Decisão em sentido
oposto CComp 91980-MG)

Vamos pensar em alguns exemplos?

Parceira homoafetiva agride a outra parceira. (2


mulheres)

37
27/08/2018

Vamos pensar em alguns exemplos?

Parceira homoafetiva agride a outra parceira. (2


mulheres)

SIM. Art. 5º, Parágrafo único. As relações pessoais


enunciadas neste artigo independem de
orientação sexual. (Tese STJ: Resp 1183378-RS)

Vamos pensar em alguns exemplos?

Tia e prima agridem menininha que mora com elas


(Mulheres agredindo menina)

38
27/08/2018

Vamos pensar em alguns exemplos?

Tia e prima agridem menininha que mora com


elas. (Mulheres agredindo menina)

SIM. STJ: HC 250435-RJ

Vamos pensar em alguns exemplos?

Irmãs se desentendem quanto à forma de


administrar os bens do pai doente e uma agride a
outra verbalmente.

39
27/08/2018

Vamos pensar em alguns exemplos?


Irmãs se desentendem quanto à forma de administrar os
bens do pai doente e uma agride a outra verbalmente.

NÃO. STJ: CC 88027-MG


" No caso, havendo apenas desavenças e ofensas entre irmãs,
não há qualquer motivação de gênero ou situação de
vulnerabilidade que caracterize situação de relação íntima que
possa causar violência doméstica ou familiar contra a mulher.
Não se aplica a Lei nº 11.340/06".

Vamos pensar em alguns exemplos?

Patrão agride empregada doméstica .

40
27/08/2018

Vamos pensar em alguns exemplos?

Patrão agride empregada doméstica .

SIM. Doutrina ("esporadicamente agregados") + art. 27,


parágrafo único, VII, da LC 150/2015: "O contrato de
trabalho poderá ser rescindido por culpa do empregador:
(...) VII – o empregador praticar qualquer das forma de
violência doméstica ou familiar contra mulheres de que
trata o art. 5º da Lei nº 11.340/06".

Vamos pensar em alguns exemplos?

Esposa lança objetos da cozinha no marido,


ferindo-o, e o faz na frente dos filhos.

41
27/08/2018

O homem pode ser vítima de violência doméstica?

Aplica-se ao homem a Lei Maria da Penha?

STJ: Não.
Tese: "A Lei nº 11.340/2006, denominada Lei
Maria da Penha, objetiva proteger a mulher da
violência doméstica e familiar que lhe cause
morte, lesão, sofrimento físico, sexual ou
psicológico, e dano moral ou patrimonial, desde
que o crime seja cometido no âmbito da unidade
doméstica, da família ou em qualquer relação
íntima de afeto".

42
27/08/2018

STJ: Não.
Tese: "A Lei nº 11.340/2006, denominada Lei Maria da Penha,
objetiva proteger a mulher da violência doméstica e familiar
que lhe cause morte, lesão, sofrimento físico, sexual ou
psicológico, e dano moral ou patrimonial, desde que o crime
seja cometido no âmbito da unidade doméstica, da família ou
em qualquer relação íntima de afeto".

Tese: "O sujeito passivo da violência doméstica objeto da Lei


Maria da Penha é a mulher, já o sujeito ativo pode ser tanto o
homem quanto a mulher, desde que fique caracterizado o
vínculo de relação doméstica, familiar ou de afetividade, além
da convivência, com ou sem coabitação".

STJ: Não.
Tese: "A Lei nº 11.340/2006, denominada Lei Maria da Penha,
objetiva proteger a mulher da violência doméstica e familiar
que lhe cause morte, lesão, sofrimento físico, sexual ou
psicológico, e dano moral ou patrimonial, desde que o crime
seja cometido no âmbito da unidade doméstica, da família ou
em qualquer relação íntima de afeto".

Tese: "O sujeito passivo da violência doméstica objeto da Lei


Maria da Penha é a mulher, já o sujeito ativo pode ser tanto o
homem quanto a mulher, desde que fique caracterizado o
vínculo de relação doméstica, familiar ou de afetividade, além
da convivência, com ou sem coabitação".
STJ: RHC 51.481-SC

43
27/08/2018

Parte Doutrina e algumas Decisões Judiciais (isoladas):

SIM. Princípio da Igualdade

Juizado Especial Criminal Unificado de Cuiabá: “A inovadora Lei


11.340 veio por uma necessidade premente e incontestável que
consiste em trazer uma segurança à mulher vítima de violência
doméstica e familiar, já que por séculos era subjugada pelo
homem que, devido a sua maior compleição física e cultura
machista, compelia a fêmea a seus caprichos, à sua vilania e
tirania.(...) Não é vergonha nenhuma o homem se socorrer ao
Pode Judiciário para fazer cessar as agressões da qual vem sendo
vítima. Também não é ato de covardia. (...) compete à Justiça
fazer o seu papel de envidar todos os esforços em busca de uma
solução de conflitos, em busca de uma paz social”.

Sujeito Ativo ---------------------------------- Sujeito Passivo


(Homem ou Mulher) (Apenas Mulher)

Objeto: Ação ou Omissão baseada no gênero

44
27/08/2018

Vamos pensar em alguns exemplos?

Transgênero é agredido por outro


transgênero

Transgênero pode ser vítima de violência doméstica?

Quem são os indivíduos transgêneros?


(Dra. Isabel Amora – UnB e Glossário do Queermuseu: Cartografias
da Diferença na Arte Brasileira – Secretaria de Cuktura do RJ )

45
27/08/2018

...Vamos fazer um parênteses...

STJ: "(...) a exigência de cirurgia de transgenitalização


para viabilizar a mudança do sexo registral dos
transexuais vai de encontro à defesa dos direitos
humanos internacionalmente reconhecidos (...) por
condicionar o exercício do direito à personalidade à
realização de mutilação física, extremamente traumática,
sujeita a potenciais sequelas (como necrose,
incontinência urinária, entre outras) e riscos (inclusive de
perda completa da estrutura genital)". (j. 09.05.2017)

...Vamos fazer um parênteses...

STJ: "(...) a exigência de cirurgia de transgenitalização


para viabilizar a mudança do sexo registral dos
transexuais vai de encontro à defesa dos direitos
humanos internacionalmente reconhecidos (...) por
condicionar o exercício do direito à personalidade à
realização de mutilação física, extremamente traumática,
sujeita a potenciais sequelas (como necrose,
incontinência urinária, entre outras) e riscos (inclusive de
perda completa da estrutura genital)". (j. 09.05.2017)

Direito à Felicidade

46
27/08/2018

...Vamos fazer um parênteses...

STF: i) O transgênero tem direito fundamental


subjetivo à alteração de seu prenome e de sua
classificação de gênero no registro civil, não se
exigindo, para tanto, nada além da manifestação
de vontade do indivíduo, o qual poderá exercer tal
faculdade tanto pela via judicial como diretamente
pela via administrativa; ii) Essa alteração deve ser
averbada à margem do assento de nascimento,
vedada a inclusão do termo 'transgênero'. (ADI
4.275 e RE 670.422, j. 15.08.2018)

Transgênero pode ser vítima de violência


doméstica?
Sim, caso sua identificação seja com o sexo
feminino

47
27/08/2018

Formas de Violência
Doméstica

Art. 7º

Formas de Violência
Doméstica:

- Violência Física

48
27/08/2018

Formas de Violência
Doméstica:

- Violência Física

- Violência Psicológica

Formas de Violência
Doméstica:

- Violência Física

- Violência Psicológica

- Violência Sexual

49
27/08/2018

Formas de Violência
Doméstica:

- Violência Física

- Violência Psicológica

- Violência Sexual

- Violência Patrimonial

Formas de Violência
Doméstica:

- Violência Física

- Violência Psicológica

- Violência Sexual

- Violência Patrimonial

- Violência Moral

50
27/08/2018

Medidas Protetivas de Urgência

...Alguns exemplos...
- suspensão ou restrição ao porte e uso de armas
- afastamento do lar
- proibição de aproximação da ofendida, parentes,
testemunhas

Medidas Protetivas de Urgência

...Alguns exemplos...

Rol meramente exemplificativo ------> art. 4º


(adequação às necessidades sociais)

51
27/08/2018

Que juiz é esse?

Art. 14. Os Juizados de Violência Doméstica e Familiar contra a


Mulher, órgãos da Justiça Ordinária com competência cível e
criminal, poderão ser criados pela U no DF e nos T, e pelos E, para
o processo, o julgamento e a execução das causas decorrentes da
prática de violência doméstica e familiar contra a mulher.

52
27/08/2018

Medida protetiva de
urgência

Medida protetiva de
urgência

53
27/08/2018

Lei nº 13.641/2018

Art. 24-A. Descumprir decisão


judicial que defere medidas
protetivas de urgência previstas
nesta Lei:
Pena – detenção, de 3 (três)
meses a 2 (dois) anos.

Qual a necessidade desta


previsão, diante do art. 330
do CP?

(Art. 330 - Desobedecer a


ordem legal de funcionário
público:
Pena - detenção, de quinze
dias a seis meses, e multa).

54
27/08/2018

Tese do STJ

O descumprimento de medida
protetiva de urgência não
configura o crime de
desobediência, em face da
existência de outras sanções
previstas no ordenamento
jurídico para a hipótese. (Ag
Rg no HC 305448-RS, HC
312513-RS, HC 299165-RS)

"Foi só um tapinha"
"Foi só um empurrão"

Súmula 589 STJ (Setembro de 2017)

É inaplicável o princípio da insignificância nos


crimes ou contravenções penais praticados contra
a mulher no âmbito das relações domésticas.

55
27/08/2018

Súmula 588 STJ (Setembro 2017)

A prática de crime ou contravenção penal contra a mulher,


com violência ou grave ameaça, no ambiente doméstico
impossibilita a substituição da pena privativa de liberdade
por restritiva de direitos.

Art. 17. É vedada a aplicação, nos casos de violência


doméstica e familiar contra a mulher, de penas de cesta
básica ou outras de prestação pecuniária, bem como a
substituição de pena que implique o pagamento isolado de
multa.

Violência Doméstica Ato Ilícito

56
27/08/2018

Violência Doméstica Ato Ilícito

Esse ato ilícito gera danos ao Erário?

Violência Doméstica Ato Ilícito

Danos ao Erário

Exemplos:

57
27/08/2018

Violência Doméstica Ato Ilícito

Danos ao Erário

Exemplos:

- inserir mulher em programa assistencial

Violência Doméstica Ato Ilícito

Danos ao Erário

Exemplos:

- inserir mulher em programa assistencial

- pagar benefício previdenciário a mulher/seus


dependentes

58
27/08/2018

Violência Doméstica Ato Ilícito

Danos ao Erário

Exemplos:

- inserir mulher em programa assistencial

- pagar benefício previdenciário a mulher/seus dependentes

- gastos com tratamento médico da mulher que procura o SUS

Violência Doméstica Ato Ilícito

Danos ao Erário
Exemplos:

- inserir mulher em programa assistencial


- pagar benefício previdenciário a mulher/seus dependentes
- gastos com tratamento médico da mulher que procura o SUS
- investir em espaços de acolhimento temporário (ex. Casas da
Mulher Brasileira)

59
27/08/2018

Quem paga esta conta?

O Estado (sentido amplo) pode regressar contra o


agressor?

O Estado (sentido amplo) pode regressar contra o


agressor?

SIM. STJ: Resp 1431150-RS

60
27/08/2018

INSS ------------------------------ Agressor

Ação de Responsabilidade Civil por Danos Materiais


(Regressiva)

Objeto: Ressarcimento pelas despesas com o


pagamento do benefício previdenciário

STJ: (...) “o benefício é devido pela autarquia


previdenciária aos filhos da vítima em razão da
comprovada relação de dependência e das
contribuições previdenciárias recolhidas pela
segurada. Logo, o INSS possui legitimidade e
interesse para postular o ressarcimento de
despesas decorrentes da concessão de
benefício previdenciário aos dependentes de
segurado, vítima de assassinato. O agente que
praticou o ato ilícito do qual resultou a morte do
segurado deve ressarcir as despesas com o
pagamento do benefício previdenciário”.

61
27/08/2018

...Uma proposta para U, E, DF, M...

Lei nº 13.505/2017 – Atendimento Humanizado

Art. 10-A. É direito da mulher em situação de violência doméstica e


familiar o atendimento policial e pericial especializado, ininterrupto
e prestado por servidores - preferencialmente do sexo feminino -
previamente capacitados.

Diretrizes para inquirição da mulher:


1. salvaguarda da integridade física, psíquica e emocional da
depoente
2. garantia de a mulher, familiares e testemunhas não terão contato
direto com o agressor
3. evitar sucessivas inquirições sobre o mesmo fato nos âmbitos
criminal, cível e administrativo, bem como questionamentos
sobre a vida privada = "revitimização".

62
27/08/2018

Lei nº 13.505/2017 – Atendimento Humanizado

Art. 10-A. É direito da mulher em situação de violência doméstica e


familiar o atendimento policial e pericial especializado, ininterrupto
e prestado por servidores - preferencialmente do sexo feminino -
previamente capacitados.

Diretrizes para inquirição da mulher:


1. salvaguarda da integridade física, psíquica e emocional da
depoente
2. garantia de a mulher, familiares e testemunhas não terão contato
direto com o agressor
3. evitar sucessivas inquirições sobre o mesmo fato nos âmbitos
criminal, cível e administrativo, bem como questionamentos
sobre a vida privada = "revitimização".

O que é a
"revitimização"?

Diretrizes gerais e
protocolos de
atendimento.
Programa “Mulher,
viver sem violência”.
Brasil: Governo
Federal. Secretaria
Especial de Políticas
para mulheres. 2015

63
27/08/2018

- Repetidas inquirições sobre o mesmo fato (trauma


secundário)

- Repetidas inquirições sobre o mesmo fato (trauma


secundário)
- Culpabilização da vítima

64
27/08/2018

- Repetidas inquirições sobre o mesmo fato (trauma


secundário)
- Culpabilização da vítima
- Envolvimento excessivo

- Repetidas inquirições sobre o mesmo fato (trauma


secundário)
- Culpabilização da vítima
- Envolvimento excessivo
- Distanciamento excessivo

65
27/08/2018

- Repetidas inquirições sobre o mesmo fato (trauma


secundário)
- Culpabilização da vítima
- Envolvimento excessivo
- Distanciamento excessivo
-Minimização do sofrimento

132

66
27/08/2018

"Ah! Desgraçados!
Um irmão é maltratado e vocês olham para
o outro lado?
Grita de dor o ferido e vocês ficam calados?
A violência faz a ronda e escolhe a vítima,
e vocês dizem: "a mim ela está poupando,
vamos fingir que não estamos olhando".
Mas que cidade?
Que espécie de gente é essa?
Quando campeia em uma cidade a
injustiça,
é necessário que alguem se levante.
Não havendo quem se levante,
é preferível que em um grande incêndio,
toda cidade desapareça,
antes que a noite desça".

(Bertold Brecht – Dramaturgo Alemão)

67

Você também pode gostar