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LEGISLAÇÃO APLICADA A SEGURANÇA DO TRABALHO.

1.0 REQUISITOS LEGAIS E ÉTICOS DOS TERCEIRIZADOS.

1.1. Conceito de Terceirização


A terceirização é o contrato pelo qual a empresa produtora (tomador de
serviços) entrega a outra empresa à execução de determinada tarefa (atividades e
serviços não incluídos em seus fins sociais) para que esta a realize habitualmente através
de seus próprios empregados. Ou seja, terceirizar nada mais é que repassar uma
atividade de meio a terceiros, como por exemplo, atividades de limpeza e manutenção.
Por não se tratar de contratação de mão-de-obra, a terceirização é um típico contrato
de prestação de serviços regulado pelo Código Civil Brasileiro.
A terceirização é um fenômeno relativamente novo, assumindo clareza
estrutural e amplitude de dimensão apenas nas últimas três décadas do segundo milênio
no Brasil. A CLT faz menção a apenas duas figuras delimitadas de subcontratação de
mão-de-obra: a empreitada e a subempreitada (art. 455), englobando também a figura
da pequena empreitada (art. 652, “a”, III, CLT), mas não a terceirização propriamente
dita. Nos anos de 1980 e 90, com a crescente exploração das práticas terceirizantes,
agora em relações privadas, o Tribunal Superior do Trabalho posicionou-se a respeito
do tema e editou, inicialmente, o Enunciado nº 256, já cancelado, e, posteriormente
substituído pelo Enunciado nº 331.
Então, por exemplo, quando um hospital deixa de ter o seu laboratório
constituído por empregados do próprio hospital e passa a comprar este serviço de outra
empresa, isto é terceirização.

Hipóteses em que a terceirização é admitida


A terceirização é atualmente permitida nas hipóteses do Enunciado nº 331 do
Tribunal Superior do Trabalho (TST), ou seja, nas hipóteses de trabalho temporário –
sendo respeitadas as regras específicas deste tipo de trabalho –, bem como nos serviços
de vigilância, limpeza e quaisquer outros que não estejam ligados à atividade-fim da
empresa, desde que não estejam presentes os elementos da pessoalidade e
subordinação.
Na hipótese de terceirização ilícita ou caso se verifique a presença dos elementos
de pessoalidade e subordinação, o vínculo empregatício será formado diretamente com
o tomador de serviços. A exceção diz respeito aos órgãos da administração pública
direta, indireta e fundacional, já que a admissão tem como requisito indispensável à
aprovação do candidato em concurso público, na forma do que dispõe o artigo 37, inciso
II, da Constituição Federal de 1988.

1.2 Conceito de atividade-fim e atividade-meio


Existe um amplo debate a respeito dos conceitos de atividade-meio e atividade
fim de uma empresa, que ainda não são totalmente delimitados. Infere-se da leitura do
artigo 581, parágrafo 2º da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), que atividade-fim
corresponde à preponderante dentro da empresa, a atividade essencial. Órgãos como o
Ministério do Trabalho e as Delegacias Regionais do Trabalho entendem que atividade-
fim é aquela ligada ao objeto social da empresa, aquilo em que ela é especializada. Já
atividade-meio seria aquela complementar, de apoio, que não integra o fim principal
buscado.
A distinção entre atividade-fim e atividade-meio ainda é o ponto mais discutido
do Enunciado nº 331 e suas respectivas caracterizações dependerão do caso concreto.
Segundo manifestação do Presidente do Tribunal Superior do Trabalho, o referido
Enunciado poderá ser revisto a qualquer momento, exatamente com relação a este
ponto.

1.3 Áreas de Aplicação da Terceirização.


A terceirização pode ser aplicada em todas as áreas de empresa definidas como
atividade-meio, em uma indústria, por exemplo, as seguintes atividades:
Serviços de alimentação, serviços de conservação patrimonial e de limpeza,
serviço de segurança, serviços de manutenção geral predial e especializada,
engenharias, arquitetura, manutenção de máquinas e equipamentos, serviços
mecânicos para veículos, transporte de funcionários, frota de veículos, serviços de
mensageiros, serviços de recepção, serviços de digitação, serviços de processamento de
dados, administração de recursos humanos, distribuição interna de correspondência,
administração de relações trabalhistas e sindicais, serviços de
assistência médica, serviços jurídicos, distribuição de produtos, serviços
de movimentação interna de materiais,serviços de telefonistas, serviços de secretaria
e em serviços especializados ligados a atividade-meio do tomador de serviços.

Via de regra, qualquer atividade pode ser terceirizada desde que a atividade da
empresa contratada não coincida com a atividade que conste no contrato social da
contratante. A exceção ocorre quando a atividade for exercida fora das instalações
da contratante (subcontratação).

Exemplo: transportadora contratada outra transportadora para realizar o


transporte de mercadoria em determinado percurso ou em todo o trajeto. Outros
exemplos de terceirização são as atividades de desverticalização, facção, franquias,
permissão, concessão e distribuição (acima explicadas).

Para identificar as áreas que podem ter terceirizadas deve-se analisar


criteriosamente o contrato social das empresas e definir acertadamente a atividade fim.

A CLT, no art. 581 § 2º, dispõe que se entende por atividade-fim a que
caracterizar a unidade do produto, operação ou objetivo final, para cuja obtenção todas
as demais atividades convirjam, exclusivamente em regime de conexão funcional.

A atividade fim é a constante no contrato social da empresa pela qual foi


organizada.

As demais funções que nada tem em comum com a atividade-fim são


caracterizadas como assessorias, ou de suporte à atividade principal, as quais podem ser
terceirizadas.
1.4 Diferença entre terceirização de mão de obra e terceirização de serviços.

TERCEIRIZAÇÃO DE SERVIÇOS→ o tomador compra, de fornecedores


especializados, resultados, que se caracterizam em volumes de serviços determinados
e específicos para atender a uma atividade.

TERCEIRIZAÇÃO DE MÃO DE OBRA→ não existe a compra de atividade, mas sim


a aquisição ou aluguel de horas de trabalho.

✓ Trabalho temporário disciplinado pela Lei 6.19/74


✓ Trabalho avulso sindicalizado amparado pelo art.513, § único da CLT.
✓ Estagiário

Na segunda não existe a compra de atividade, mas sim a aquisição ou aluguel de


horas de trabalho.

O agenciamento da mão-de-obra não é legal, exceto nos casos acima citados.


Portanto, negociar a força de trabalho, alugando-a ou vendendo-a, sem cobertura
legal (trabalho temporário e mão-de-obra avulsa sindicalizada), constitui uma infração
à Lei Trabalhista, gerando para o contratante desse tipo de atividade os riscos jurídicos
trabalhistas, ligados ao vínculo empregatício.

DIFERENÇA ENTRE PRESTAÇÃO E VENDA DE SERVIÇOS

PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS→ Quando o terceirizado opera dentro das instalações


do fornecedor, diz-se que está prestando serviços.

VENDA DE SERVIÇOS→ O fornecedor de serviços, ao desenvolver os serviços


contratados nas suas próprias instalações, há a venda de serviços, ou seja, os serviços
são realizados fora das instalações do tomador,

Por exemplo, terceiriza-se a contabilidade da empresa, ao invés do contador


enviar seus funcionários à empresa contratada, o serviço contábil é feito nas instalações
do escritório contábil.
1.5 Responsabilidades diretas ou subsidiárias

A regra é que o empregador é o único responsável pela integralidade das verbas


trabalhistas devidas ao empregado. Aplicado este conceito à terceirização, o prestador
de serviço, que é, por sua vez, o empregador, seria o responsável pelo adimplemento
das verbas trabalhistas. Contudo, em se tratando de terceirização de serviços, existem
situações nas quais o tomador de serviços poderá ser o responsável principal pelo
adimplemento das verbas trabalhistas ou o responsável subsidiário.
A responsabilidade principal direta se dá nos casos em que a terceirização é
considerada ilícita, restando configurado o vínculo de emprego entre o empregado
terceirizado e a tomadora de serviços. A terceirização lícita também gera
responsabilidade para a empresa tomadora de serviço, no caso de inadimplência da
prestadora de serviços. Contudo, tal responsabilidade é somente subsidiária.
A responsabilidade subsidiária da tomadora decorre, basicamente, da presunção
das culpas, bem como do fato de ter a tomadora de serviços se beneficiado do trabalho
do empregado terceirizado. O reconhecimento da responsabilidade subsidiária da
tomadora de serviços deve constar do título executivo judicial.

1.6 Efeitos da Terceirização na Saúde dos Trabalhadores


Os efeitos da terceirização nas condições de trabalho – e, portanto, na saúde dos
trabalhadores – é, em todo o mundo, uma das maiores preocupações. A terceirização,
freqüentemente, resulta em intensificação do trabalho, não raro sob exposição a fatores
de risco. Um grande número de empresas terceirizadas descumpre as normas de
proteção da saúde dos trabalhadores, o que acaba elevando a ocorrência de acidentes
e doenças ocupacionais.
Dois exemplos ajudam a ilustrar a gravidade do problema. No setor de energia a
terceirização tem levado vários trabalhadores terceirizados à morte por choques de alta
tensão, em função de jornadas de trabalho excessivas, treinamentos inadequados
oferecidos pelas empreiteiras e descumprimento das medidas de proteção individuais e
coletivas por parte das empresas.
No setor petroquímico, o número de acidentes fatais entre os trabalhadores
terceirizados também é bastante elevado. Nos últimos dez anos cerca de duas centenas
de trabalhadores morreram em acidentes de trabalho na Petrobrás, sendo que destes
mais de 85% eram terceirizados. Isto acontece porque, com freqüência, os terceirizados
ganham menos, têm jornada maior e não têm a mesma proteção.
As estatísticas sobre terceirização ainda são muito precárias no Brasil, para não
dizer inexistentes.

1.7 Enunciado nº 331 do Tribunal Superior do Trabalho (TST) e Projetos de


Regulamentação da Terceirização.

O Enunciado nº 331 do TST estabelece que a contratação de mão de obra por


empresa interposta é ilegal, à exceção do trabalho temporário. No entanto, ele também
determina que a terceirização nas atividade-meio e nos serviços de vigilância e
conservação e limpeza (que têm regulamentação própria) não gera vínculo trabalhista
entre a empresa tomadora e os trabalhadores terceirizados.
No papel, o Enunciado proíbe, veta a terceirização na atividade-fim.
Mas, em realidade, ele está muito longe de ser suficiente para impedir o
processo de precarização do trabalho. Em parte, isto se deve ao fato de que ele deixa
para o juiz – e somente nos casos em que este é acionado judicialmente – a decisão de
definir o que é a atividade-fim de cada setor.
Atualmente há três projetos em tramitação no Congresso Nacional propondo,
sob perspectivas diferentes, a regulamentação das relações de trabalho nos processos
de terceirização:
I. O Projeto de Lei nº 4302/1998 encaminhado ao Congresso por Fernando
Henrique Cardoso (PSDB-SP), com a proposta de flexibilizar a Lei n º 6019/1974 sobre o
trabalho temporário e de regulamentar a intermediação de mão-de-obra por meio de
empresas prestadoras de serviço nos processos de terceirização;
II. O Projeto de Lei nº 4330/2004, do deputado Sandro Mabel (PL-GO) que
mantém as linhas mestras do Projeto de Lei nº 4302/1998 (porém, ao invés do trabalho
temporário, este Projeto propõe de forma direta a regulamentação das relações
contratuais que envolvem a terceirização, visando a sua ampliação e a eliminação de
“riscos” de reclamação trabalhista);
III. O Projeto de Lei nº 1621/2007, elaborado pela CUT e apresentado ao Congresso
pelo deputado Vicente Paulo da Silva, o Vicentinho (PT-SP), que visa regulamentar as
relações de trabalho nos processos de terceirização, com vistas à sua restrição e ao
combate à precarização do trabalho.

7.8 Sistemas de Controle e Riscos dos Terceirizados.


Considerando que, mesmo na hipótese de terceirização lícita, haverá formação
de vínculo empregatício diretamente com o tomador de serviços, caso estejam
presentes os elementos da pessoalidade e da subordinação, para evitar que reste
configurado o vínculo empregatício, são necessários alguns cuidados.
O empregado terceirizado deverá ser fiscalizado por um preposto da empresa
prestadora de serviços, de quem receberá ordens. Do mesmo modo, é importante que
o tomador de serviços não se dirija diretamente ao empregado terceirizado, no
estabelecimento de regras ou nos casos de reclamações, devendo manter o contato
sempre diretamente com a prestadora de serviços. O tomador de serviços não deverá
disciplinar o empregado terceirizado em nenhuma hipótese, pois o poder disciplinar,
assim como o poder diretivo, deve ser sempre do prestador de serviços.
É recomendável, ainda, que o tomador de serviços não forneça ao empregado
do prestador de serviço uniforme ou crachá de identificação da empresa, igual ao de
seus funcionários, mas, sim, que exija da prestadora de serviço que elas forneçam
uniforme e identificação própria para os empregados terceirizados.
A terceirização sempre conta com o risco de inadimplência por parte da
prestadora de serviços, ocasião na qual a tomadora poderá vir a ser responsabilizada
por todas as verbas, trabalhistas, previdenciárias e tributárias, referentes ao empregado
terceirizado.
Por esta razão, é recomendável que as empresas terceirizadas adotem práticas
como exigir da prestadora de serviços a apresentação mensal dos comprovantes de
recolhimento de FGTS e INSS, onde estão concentrados os maiores índices de
inadimplência. Nas hipóteses em que a terceirização pode ser considerada ilícita, restará
configurado o vínculo empregatício diretamente entre o empregado terceirizado e a
tomadora do serviço, gerando para esta o custo equivalente ao de um empregado seu
que exerça tarefa semelhante ao empregado terceirizado.
A escolha da empresa prestadora de serviços é a etapa mais importante do
processo de terceirização, tendo em vista que a possibilidade da tomadora de serviços
terem que arcar com os custos do empregado terceirizado, como se seu fosse, é
diretamente proporcional à idoneidade, solidez e saúde financeira da empresa
prestadora de serviços, em razão das culpas.
Das modalidades de trabalho terceirizado permanente, existe a possibilidade de
terceirização de trabalhadores temporários, bem como de cooperativados, Contrato de
Trabalho Temporário ou Locação de Mão de Obra
Envolvem três figuras: a tomadora de serviços, a empresa de trabalho
temporário e o trabalhador temporário. A sua finalidade é atender a necessidade de
substituição transitória do pessoal permanente e o acréscimo extraordinário de
serviços.
O prazo de duração atualmente o contrato é de, no máximo, 3 (três) meses. De
acordo com o Projeto de Lei nº 4.302/98, este período aumentaria para 6 (seis) meses.
O artigo 17, item I, do Decreto nº 73.841/74, que regulamenta a Lei nº 6019/74,
determina que o trabalhador temporário deva receber salário igual àquele pago ao
empregado substituído, o que onera sensivelmente o custo dessa contratação, já que,
além do salário e encargos relativos ao empregado, a empresa tomadora dos serviços
tem ainda que pagar a taxa de administração cobrada pela empresa de trabalho
temporário (locadora de mão-de-obra).
Os valores que podem ser economizados com a contratação de trabalhador
temporário são os benefícios in natura pagos pela tomadora dos serviços aos seus
empregados (vales-refeição e alimentação, auxílio médico/dentário, cesta básica etc).
Resumo:

Neste capitulo foi apresentado aspectos da terceirização de determinadas


atividades pelas empresas.
Além disso, podemos distinguir a terceirização das demais formas de
subcontratação de serviços, identificação dos riscos e responsabilidades envolvidas
para as partes em um contrato de terceirização e análise das vantagens e
desvantagens da terceirização.
Abordamos a legislação, que tratam de terceirização no Enunciado 331 do TST
e os projetos de Lei em tramitação no Congresso Nacional.

VANTAGENS E DESVANTAGENS DA TERCEIRIZAÇÃO

Vantagens:
✓ Concentração de esforço na atividade principal.
✓ Redução de custos e diminuição de desperdício;
✓ Maior atenção a gestão de custos;
✓ Melhor qualidade e administração do tempo;
✓ Maior competitividade;
✓ Aumento da Especialização;
✓ Redução de áreas ocupadas.
✓ Melhor atendimento e flexibilidade organizacional.
✓ Transferência de processos suplementares a quem os tenha como
atividade-fim.

Desvantagens:
✓ Dificuldade de encontrar novos parceiros de confiança.
✓ Aumento da dependência de terceiros.
✓ Aumento do risco empresarial e possível queda na qualidade.
✓ Aumento de risco de acidentes pessoais.
✓ Aumento do risco de passivo trabalhista.
✓ Maiores riscos de furtos de informação;
✓ Diferença de benefícios;
✓ Maior rotatividade de mão de obra;
✓ Não há impedimento de que os mesmos serviços sejam prestados pela
concorrência;
✓ Presunção de vínculo empregatício;
ATIVIDADES DE APRENDIZAGEM

1) O que é terceirização?
2) Qual o instrumento legal permite a terceirização no Brasil?
3) Conceitue atividade-fim e atividade-meio.
4) Cite exemplos de atividade-fim e atividade-meio.
5) Qual a diferença entre mão de obra e terceirização de serviços?
6) Qual a diferença entre prestação e venda de serviços?
7) Explique a diferença de responsabilidade principal e subsidiária.
8) Quais os efeitos da terceirização na saúde dos trabalhadores?
9) Quais os principais projetos de regulamentação da terceirização em debate
no Congresso Nacional?
10) Cite alguns cuidados que se deve ter no sistema de controle nos serviços
terceirizados.
11) Cite algumas vantagens da terceirização.
12) Cite algumas desvantagens da terceirização.

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