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INTRODUÇÃO

A terceirização é uma prática comum na administração pública, que consiste na


contratação de empresas especializadas para prestação de serviços específicos.
Essa modalidade de contratação traz consigo benefícios e desafios para os
entes públicos, que devem estar atentos aos aspectos legais e éticos envolvidos.

Por um lado, a terceirização permite a contratação de serviços especializados,


redução de custos e maior eficiência na execução de atividades. Além disso, a
administração pública pode se concentrar em atividades essenciais e deixar para
as empresas terceirizadas a realização de atividades secundárias e de suporte.

Por outro lado, a terceirização pode trazer problemas relacionados à qualidade


dos serviços prestados, à precarização das condições de trabalho dos
trabalhadores terceirizados e à falta de controle sobre as atividades
desenvolvidas pelas empresas contratadas.

Assim, é fundamental que a administração pública realize uma análise criteriosa


das necessidades e riscos envolvidos na terceirização de serviços, além de
garantir o cumprimento das obrigações legais e contratuais, a fiscalização da
execução dos serviços e a proteção dos direitos dos trabalhadores terceirizados.

A terceirização é uma prática cada vez mais comum na administração pública, que
busca por meio dela a otimização de recursos e eficiência na prestação de serviços. No
entanto, essa modalidade de contratação também traz consigo uma série de desafios e
riscos, que precisam ser cuidadosamente protegidos e gerenciados pelos entes
públicos.

REGIME DE CONTRATAÇÃO DE SERVIÇOS

O regime de contratação de serviços na administração pública também pode


variar de acordo com a natureza do serviço e a legislação aplicável. No Brasil,
existem basicamente três tipos de contratação de serviços na administração
pública: a contratação direta, a licitação e a contratação de serviços
terceirizados.

A contratação direta ocorre quando a administração pública contratada de


serviços sem a conclusão de um processo licitatório, geralmente por motivo de
emergência ou de inviabilidade de concurso. Nesse caso, a contratação deve
estar amparada por lei específica e seguir as regras restritas para a modalidade
de contratação direta.

Já a licitação é a forma mais comum de contratação de serviços na


administração pública. Ela ocorre por meio de um processo administrativo em
que empresas interessadas em prestar o serviço apresentam propostas e
concorrem entre si. O processo de licitação é regido pela Lei nº 8.666/93,
conhecida como Lei de Licitações, que estabelece critérios para a seleção da
empresa vencedora e para a execução do contrato.

A contratação de serviços terceirizados é outra modalidade de contratação de


serviços na administração pública, que ocorre quando a administração pública
contrata uma empresa especializada para executar determinado serviço. Essa
modalidade de contratação é regida pela Lei nº 13.429/2017, conhecida como
Lei da Terceirização, que estabelece as regras para a contratação de serviços
terceirizados e os direitos dos trabalhadores terceirizados.

Vale destacar que, independentemente da modalidade de contratação de


serviços, a administração pública deve observar os princípios constitucionais
como a legal

Algumas obras que abordam o regime de contratação de serviços na


administração pública e podem ser citadas são:

 "Licitações e Contratos Administrativos", de Marçal Justen Filho: obra de


referência no Direito Administrativo brasileiro, que aborda com profundidade o
regime jurídico das licitações e contratos administrativos.

Existem diversas formas de contratação de serviços pela administração pública,


que variam de acordo com a natureza do serviço e a legislação aplicável.
Algumas das formas mais comuns são:

1. Contratação direta: ocorre quando a administração pública contrata serviços


sem a conclusão de um processo licitatório, geralmente por motivo de
emergência ou de inviabilidade de concorrência. Essa modalidade de
contratação deve estar amparada por lei específica e seguir as regras protegidas
para a modalidade de contratação direta.

CONCEITO DE TERCEIRIZAÇÃO E QUARTEIRIZAÇÃO


A terceirização é uma modalidade de contratação de serviços em que uma
empresa contrata outra empresa especializada para prestar serviços em seu
nome. Essa empresa contratada é chamada de empresa terceirizada e é
responsável por fornecer mão de obra e equipamentos necessários para a
execução dos serviços.

A quarteirização, por sua vez, é uma extensão da terceirização, em que a


empresa terceirizada contrata outra empresa para realizar os serviços
contratados. Dessa forma, a empresa contratante passa a ter uma relação com a
empresa quarteirizada, que é responsável pela seleção

A terceirização na administração pública é a contratação de serviços e mão de


obra de empresas privadas para realizar atividades que, em tese, poderiam ser
executadas diretamente pela administração pública. É uma prática comum para
reduzir custos e aumentar a eficiência do setor público.

Já a quarteirização é a contratação de uma empresa terceirizada para prestar


serviços e, em seguida, a contratação de outra empresa para realizar parte ou
todo o trabalho que a primeira empresa foi contratada para executar. Em outras
palavras, é uma terceirização da terceirização.

A quarteirização pode ser utilizada em situações em que a empresa terceirizada


não tem capacidade técnica ou operacional para realizar determinadas
atividades. No entanto, essa prática pode levar a uma perda de controle sobre a
qualidade dos serviços prestados e um aumento da burocracia e dos custos.

Vale ressaltar que tanto a terceirização quanto a quarteirização deve seguir as


normas e legislações específicas da administração pública, como a Lei de
Licitações e Contratos e as normas trabalhistas, para garantir a legalidade e a
transmissão nos processos de contratação e prestação de serviços.

DIFERENÇAS ENTRE RELAÇÃO DE TRABALHO E PRESTAÇÕES DE SERVIÇOS TERCEIRIZADOS

A relação de trabalho é estabelecida entre um empregador e um empregado,


em que este último se compromete a prestar serviços para o empregador de
forma subordinada, ou seja, o cumprimento de ordens e diretrizes adversas pela
empresa contratante. O empregador, por sua vez, é responsável por fornecer ao
empregado os meios necessários para a execução das atividades contratadas,
como equipamentos e materiais de trabalho, além de arcar com encargos
trabalhistas e previdenciários.

Já a prestação de serviços terceirizados ocorre quando uma empresa contrata


outra empresa especializada para prestar serviços em seu nome. Nessa
modalidade de contratação, o contratante não estabelece uma relação de
subordinação com o trabalhador da empresa terceirizada, uma vez que estes
são funcionários desta última e estão subordinados às suas diretrizes e
comandos. A empresa contratada, por sua vez, é responsável por fiscalizar a
execução dos serviços contratados e exigir que a empresa terceirizada compre
com as obrigações trabalhistas e previdenciárias dos trabalhadores.

Portanto, a principal diferença entre relação de trabalho e prestação de serviços


terceirizados é que na primeira há uma relação de subordinação entre
empregador e empregador, enquanto na segunda não há subordinação direta
entre a empresa contratante e os trabalhadores da empresa terceirizada.

RESPONSABILIDADE DO EMPREGADOR E DO TOMADOR DE SERVIÇO TERCEIRIZADO

Tanto o empregador quanto o tomador de serviços terceirizados têm


responsabilidades em relação aos trabalhadores terceirizados. Veja abaixo as
principais responsabilidades de cada um:

Responsabilidades do empregador terceirizado:

 Contratar e remunerar seus empregados, bem como pagar os encargos


trabalhistas, previdenciários e correspondentes fiscais;
 Fornecer aos trabalhadores terceirizados todos os equipamentos, ferramentas e
materiais necessários para a realização do serviço contratado;
 Garantir a segurança e a saúde dos trabalhadores terceirizados, fornecendo-lhes
condições adequadas de trabalho;
 Treinar e capacitar seus funcionários, para que possam exercer suas funções de
forma eficiente e segura;
 Cumprir todas as obrigações legais e contratuais relativas à prestação dos
serviços contratados.

Responsabilidades do tomador de serviços terceirizados:

 Fiscalizar a execução dos serviços contratados, verificando se estão sendo


realizados de acordo com as especificações técnicas e de qualidade definidas
no contrato;
 Certifique-se de que o terceirizado está cumprindo com todas as obrigações
legais e contratuais relativas à prestação dos serviços contratados;
 Garantir a segurança e a saúde dos trabalhadores terceirizados que prestam
serviços em suas dependências, adotando as medidas necessárias para prevenir
acidentes e doenças ocupacionais;
 Garantir a igualdade de direitos entre os trabalhadores terceirizados e os
empregados contratados diretamente, assegurando-lhes condições de trabalho
equivalentes;
 Pagar pelo serviço contratado, garantindo que o valor acordado seja compatível
com a qualidade e a quantidade dos serviços prestados.

É importante ressaltar que a responsabilidade solidária entre empregador e


tomador de serviços terceirizados é prevista em lei, ou seja, ambos podem ser
responsabilizados em caso de irregularidades ou descumprimento das
obrigações trabalhistas

regimes de contratação na administração pública e seus fundamentos legais

A administração pública pode contratar pessoal por diferentes regimes de


contratação, cada um com suas características e fundamentos legais. Abaixo,
apresentamos os principais regimes de contratação na administração pública:

1. Regime Estatutário: é o regime de contratação para servidores públicos efetivos.


Esses servidores são selecionados por meio de concurso público e permanecem
estáveis no emprego, após o cumprimento de um período probatório. O
Regime Estatutário está previsto no artigo 39 da Constituição Federal e na Lei
nº 8.112/90.
2. Regime Celetista: é o regime de contratação de empregados públicos regidos
pela Consolidação das Leis do Trabalho (CLT). Esses empregados são
contratados pela administração pública por meio de processo seletivo
simplificado e não possuem estabilidade no emprego. O Regime Celetista está
previsto no artigo 173 da Constituição Federal.
3. Regime de Contratação Temporária: é o regime de contratação de pessoal para
atender necessidades temporárias e induzidas da administração pública, tais
como substituição de servidores em licença ou afastamento, realização de
eventos e atividades específicas, entre outras. A contratação temporária deve
ser feita por meio de processo seletivo simplificado e tem prazo determinado.
Esse regime está previsto na Constituição Federal, na Lei nº 8.745/93 e na Lei nº
9.849/99.
4. Terceirização: é a contratação de serviços especializados de empresas
terceirizadas para a realização de atividades-meio ou atividades-fim da
administração pública. A terceirização está prevista na Lei nº 8.666/93 e na Lei
nº 13.429/17.
5. Regime de Emprego Público: é um regime de contratação específico para
empresas estatais que prestam serviços públicos ou exploram atividade
econômica de natureza empresarial. Os funcionários dessas empresas são
regidos pela CLT e têm estabilidade no emprego. Esse regime está previsto no
artigo 173 da Constituição Federal.

Cada regime de contratação tem seus próprios fundamentos legais, que variam
de acordo com as especificidades de cada um. É importante destacar que a
escolha do regime de contratação deve levar em consideração a natureza da
atividade a ser exercida e as necessidades da administração pública, visando
sempre ao atendimento do interesse público.

CRITICA A TERCEIRIZAÇÃO MEDIANTE DISPENSA DE LICITAÇÃO E RESPONSABILIDADE DE


CONTAS

A terceirização mediante dispensa de licitação pode ser alvo de críticas, pois é


uma prática que pode levar à contratação de empresas sem a cooperação
oferecida, o que pode resultar em prejuízo aos cofres públicos e à qualidade
dos serviços prestados. Além disso, a dispensa de licitação deve ser utilizada
apenas em situações específicas programadas em lei, como em casos de
emergência ou de contratação de serviços técnicos especializados.

A responsabilidade de contas também é uma questão importante a ser


considerada, uma vez que os gestores públicos têm o dever de zelar pelo uso
do corretor de dinheiro público. Em caso de irregularidades na contratação de
serviços terceirizados, os gestores públicos podem ser responsabilizados por
improbidade administrativa e ter que arcar com as consequências legais e
financeiras.

Assim, é importante que as contratações de serviços terceirizados sejam


realizadas de forma transparente, com a concorrência e fiscalização, de modo a
garantir a qualidade dos serviços prestados e a obediência do uso dos recursos
públicos.

RESPONSABILIDADE DO ESTADO ENQUANTO TOMADOR DE SERVIÇOS TERCEIRIZADOS

Enquanto tomador de serviços terceirizados, o Estado tem a responsabilidade


de garantir a qualidade e a legalidade dos serviços prestados, bem como de
fiscalizar o cumprimento das obrigações trabalhistas e previdenciárias pela
empresa terceirizada.

Essa responsabilidade está prevista na Lei nº 8.666/93, que dispõe sobre as


licitações e contratos administrativos. O artigo 71 da referida lei estabelece que
a inadimplência da empresa contratada em relação às obrigações trabalhistas,
previdenciárias, fiscais e comerciais não transfere a responsabilidade obrigações
para o Estado contratante.

Ou seja, o Estado não pode se eximir da responsabilidade de fiscalização e


controle sobre a empresa terceirizada, e deve adotar medidas para garantir que
esta compre suas obrigações trabalhistas e previdenciárias. Caso a empresa
terceirizada não adquira essas obrigações, o Estado pode ser responsabilizado
solidariamente pelos prejuízos causados aos trabalhadores terceirizados,
devendo arcar com os respectivos ônus.

Assim, é importante que o Estado atue de forma efetiva na fiscalização e


controle dos contratos de terceirização, com o objetivo de garantir a qualidade
dos serviços prestados e a proteção dos direitos dos trabalhadores envolvidos.

Responsabilidade subsidiária da
Administração Púbilca
Julgado constitucional pelo Supremo Tribunal
Federal em sede da Ação Declaratória de
Constitucionalidade n° 16 [STF], em 2010, o art.
71 da Lei n° 8.666 de 1993 [Planalto] dispõe em
seu parágrafo primeiro pela impossibilidade de
transferência à Administração Pública das verbas
trabalhistas inadimplidas pela empresa prestadora
de serviços (BRASIL, 1993).
Mesmo com tal entendimento, o Supremo
Tribunal Federal definiu que a mera inadimplência
da empresa prestadora de serviços não deve
transferir para a administração direta, indireta e
fundacional, a responsabilidade pelo pagamento
das verbas trabalhistas. Todavia, havendo omissão
da Administração Pública na fiscalização dos
contratos, há ensejo para a responsabilidade
subsidiária.
Nesse sentido, ocorreu o afastamento da
responsabilidade extracontratual objetiva do
Estado, presente no art. 37, § 6º, da Constituição
Federal de 1988 [Planalto], em razão do
inadimplemento das empresas prestadoras de
serviços, havendo a aplicação da responsabilidade
subjetiva quando comprovada a culpa do Estado.
A responsabilidade da Administração Pública,
conforme a Lei 6.019 de 1974 [Planalto] é
subsidiária ocorrendo apenas quando a empresa
prestadora de serviços for inadimplente em relação
às obrigações trabalhistas, não arcando com seu
ônus de empregadora. A responsabilidade
subsidiária configura-se quando o responsável
primário não possuir mais forças para cumprir sua
obrigação de reparar o obreiro (CARVALHO
FILHO, 2014, p. 574).
Tornou-se necessária a verificação da culpa in
vigilando da Administração Pública em relação aos
contratos firmados de terceirização, para que enseje
a responsabilidade subsidiária. Nesse sentido, a
administração deverá ser omissa na fiscalização das
empresas prestadoras de serviços para que
prevaleça sua responsabilidade.
Em 30 de março de 2017 ocorreu o julgamento
pelo Supremo Tribunal Federal do Recurso
Extraordinário 760931/Distrito Federal [STF] com
repercussão geral, analisando a reponsabilidade
subsidiária da Administração Pública pelo
inadimplemento da empresa prestadora de serviços
ao pagamento dos encargos devidos ao empregado.
O recurso fora parcialmente provido, reiterando o
entendimento da Ação Direta de
Constitucionalidade n° 16 de 2010 [STF], que
afasta a responsabilidade direta da administração
pública, apenas emergindo a condenação, caso seja
comprovada conduta dolosa ou culposa na
fiscalização dos contratos. Contudo, a tese de
repercussão geral seria proferida posteriormente.
 

CONCLUSÃO

A terceirização é uma prática comum na administração pública, que permite


que o Estado contrate serviços especializados de empresas terceirizadas para
realizar atividades que não fazem parte de sua atividade-fim.

Na perspectiva do ente público, a terceirização pode trazer vantagens como


redução de custos, maior eficiência e agilidade na prestação dos serviços, além
de permitir a contratação de mão de obra especializada sem a necessidade de
realizar concursos públicos.

Porém, é preciso que o Estado adote medidas de fiscalização e controle para


garantir que as empresas terceirizadas adquiram suas obrigações trabalhistas e
previdenciárias, evitando que os
A terceirização é uma prática que tem sido utilizada com frequência pela Administração
Pública, visando a redução de custos e melhoria da eficiência na prestação dos serviços
públicos. No entanto, a terceirização deve ser realizada com cautela e observância aos
princípios constitucionais, de modo a garantir a qualidade dos serviços prestados, a
proteção dos direitos dos

A terceirização pode ser uma alternativa interessante para a Administração


Pública na contratação de serviços especializados e temporários, pois permite a
redução de custos e a agilidade na contratação de serviços. No entanto, é
importante que essa prática seja realizada com cautela e de acordo com as
normas legais, a fim de garantir a eficiência e a qualidade dos serviços
prestados e a proteção dos direitos dos trabalhadores terceirizados.

Para isso, é fundamental que haja uma fiscalização rigorosa por parte do
Estado, visando a fiscalização do cumprimento das obrigações trabalhistas e
previdenciárias por parte da empresa terceirizada, bem como o controle sobre a
qualidade dos serviços prestados. Além disso, é preciso que haja um
planejamento prévio e criterioso na escolha das empresas terceirizadas, levando
em consideração critérios técnicos e financeiros, a fim de evitar escolhas
adquiridas que possam comprometer a qualidade dos serviços.

Assim, a terceirização pode ser uma prática interessante para a Administração


Pública desde que realizada de forma consciente, transparente e legal, visando
sempre à eficiência e à qualidade dos serviços prestados e à proteção dos
direitos dos trabalhadores envolvidos.

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