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SOCIEDADE PSICANALÍTICA DO PARANÁ

POLO DE AJURICABA-RS

CURSO DE FORMAÇÃO EM PSICANÁLISE

RESUMO DO CASO ANNA O.

PROF. JOSÉ L. KOLLENBERG

AJURICABA/RS

DEZEMBRO/2018

RESUMO DO CASO ANNA O.


Sigmund Freud foi um médico de grande inteligência fascinado pelos enigmas
da mente humana. Ele foi o criador da psicanálise e isso mudou completamente o
que era conhecido até então. Dentro de seu extenso trabalho, uma paciente se
destacaria e entraria para a história: o caso de Anna O.
Freud tinha uma curiosidade particular pelos casos que a medicina da época
chamava de “inexplicáveis”.
Naquela época, vários desses casos foram tratados através da hipnose.
Freud fez o mesmo. Ele aprendeu as técnicas necessárias para realizá-la e praticá-
la em seu consultório. No entanto, notou que seus pacientes se curavam, mas
recaíam com os mesmos sintomas mais tarde. Ou desenvolviam outros como
substituição. Para ele e para Josef Breuer, seu professor, tudo parecia uma
encruzilhada até que seus caminhos se cruzaram com o caso de Anna O.
Josef Breuer era especialista em temas de histeria. Ele também era a figura
mais proeminente na hipnose clínica naquela época. Freud tornou-se seu aprendiz e
o admirava profundamente. Juntos, eles escreveram as primeiras linhas no que seria
a história da psicanálise. O caso de Anna O. foi decisivo para ambos avançarem na
compreensão da mente humana.
Naquela época, a histeria era vista como uma doença de mulheres. Elas
fingiam ter problemas físicos apenas para chamar a atenção. Breuer estava
convencido de que elas não estavam mentindo e Freud pensava o mesmo. Ou seja,
nenhum deles pensou que eram simulações.
Anna O. era uma jovem austríaca de 21 anos de uma família rica. Ela era
uma garota particularmente inteligente e culta. No entanto, começou a apresentar
sintomas extravagantes, diferentes. Ela entrou em uma espécie de “transe” que ela
chamava de “nuvens”. Sofria de alucinações em que via cobras e crânios. Ficava
muda. Ficava paralisada. Não podia beber líquidos. Às vezes, esquecia sua língua
materna, o alemão, e só podia falar em inglês ou francês.
Breuer começou a tratá-la quando teve uma tosse persistente que a deixou
cansada. Ela também teve paralisia em seu rosto, em um braço e em uma perna.
Seu pai sofria de um abscesso tuberculoso e era ela quem cuidara dele durante a
doença. No entanto, ela mesma começou a ficar doente.
Josef Breuer a hipnotizou, mas percebeu que só obtinha relatos muito
caóticos. Na segunda vez que ele a hipnotizou, perguntou-lhe se algo a incomodava.
Anna respondeu com esta frase: “ajamáis acht nobody bella mió please lieboehn

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nuit“. Era algo louco e inusitado. Uma única oração dita em cinco línguas. Breuer
decidiu, intuitivamente, que trataria Anna O sem hipnose.
Desde então, Breuer focou o tratamento usando a escuta como sua principal
ferramenta. Ele incentivou Anna O. a falar e dizer o que quer que viesse à mente. Os
sintomas melhoraram e as bases do que seria a associação livre ou o método de
associação livre apareceram.
Ela começou a chamar essas sessões de “limpeza de chaminé” ou “cura pela
palavra”. Sob este último significado foi identificada a psicanálise na história. Breuer,
por sua vez, chamou esse procedimento de “método catártico”.
O processo terapêutico com Anna O. teve muitos altos e baixos.
Finalmente, ela se apaixonou por Breuer e desenvolveu uma forte dependência por
ele. Ele também se sentia atraído por ela. Sendo casado, decidiu encerrar o
tratamento. Algum tempo depois, Freud descobriu nestes eventos o fenômeno da
“transferência” e do desejo sexual que estava como pano de fundo da histeria.
Anna O. teve duas internações e várias recaídas. Mesmo assim, houve um
ponto em que ela conseguiu ter todos os sintomas que a afligiam sob controle. Ela
se tornou uma ativista dos direitos das mulheres e das crianças. Também foi
escritora e tradutora de alguma importância. Sua vida tomou um curso que poderia
ser chamado de “normal”.
Onze anos depois, Joseph Breuer e Sigmund Freud publicaram uma das
obras em que a psicanálise já aparecia como uma abordagem diferenciada. Trata-se
do livro “Estudos sobre histeria”. O caso Anna O. é, finalmente, o mais ilustrativo
desse trabalho. Muitos chegaram a dizer, de forma simbólica, é claro, que a histeria
de Anna O. inventou a psicanálise.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

3
O CASO DE ANNA O. E A CRIAÇÃO DA PSICNALISE. 2017. Disponível em: <
https://amenteemaravilhosa.com.br/caso-de-anna-o-psicanalise/> Acesso em: 18
dez. 2018.

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