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Vinícius Augusto Batista dos Santos – Nº USP: 11289556 – 192/23

Fichamento – Filosofia do Direito I

Na monitoria desta semana aconteceu a apresentação da nossa colega Maria Eduarda


sobre alguns dos temas abordados até o momento. Inicialmente, abordou-se a
construção da imagem da histeria antes de Freud, quando este fenômeno era associado
ao feminino, demonstrando um forte teor machista da sociedade, visto que associavam
estas à prática de mentiras e dissimulação, sendo a forma que, também, viam a histeria
durante este tempo. Após isso, foi abordada a construção da teoria freudiana, com seu
início baseado nos trabalhos acerca dos efeitos hipnóticos de Breuer, conhecida como
hipnose sugestiva.

Posteriormente, tratou-se do caso de Anna O., um dos mais emblemáticos para os


trabalhos de Freud. Se tratava de uma garota que durante muito tempo cuidou de seu pai
acamado, demonstrando muito amor por este, mas que passou a manifestar uma série de
sintomas fortemente ligados à histeria, como paralisias, alterações de personalidade,
entre outros. Durante o tratamento de Breuer, percebeu-se que no estado de absence, ela
emitia diversas palavras desconexas, então este usava da sugestão para gerar um efeito
associativo nesta, levando-a a superação de alguns sintomas. Este tratamento passou a
ser conhecido como talking cure. Esse processo se baseia na visão de que o que os
pacientes manifestam, como sintomas, são mecanismos do corpo contra desejos internos
deste, sendo uma forma de regulação da mente sobre os desejos pautada pelos valores
sociais. No caso de Anna O., se observa que a garota tossia sempre que ouvia uma
música, refletindo o desejo desta de sair e se divertir, mas sendo impedida pela
necessidade de cuidar de seu pai doente.

Analisando mais profundamente o caso da garota, foi teorizado que experiências de


grande afeto e o estrangulamento deste podem levar à histeria, sendo o isolamento da
lembrança originária essencial para o tratamento. Um outro exemplo fornecido foi o do
copo da água, no qual a paciente demonstrava hidrofobia e, após a hipnose e descoberta
da lembrança que causava este trauma, possibilitou que ela voltasse a consumir o
líquido. Freud, observando estes casos, e percebendo que a hipnose não era possível em
todos os casos, elaborou a Teoria da Concentração, que abandonava a hipnose sugestiva
e usava da conversa para o tratamento, durante a qual o paciente expunha tudo que lhe
vinha à mente, sem quaisquer critérios de valor, expondo todo o histórico da doença.
Em sequência, foi abordada a construção da Psicologia Jurídica. Tal área se origina
junto da criminologia, em 1874, a qual aplicava a Psicologia Criminal para buscar
entender a relação entre criminoso e o crime, mas servia como mero instrumento em
busca da verdade, demonstrando diversos valores positivistas. Passando para o cenário
brasileiro, pode-se fazer um paralelo com o Código Mello de Matos, de 1927, que
normatizava acerca de menores abandonados e afins, instaurando o Comissariado de
Menores. Somente em 1990 vai surgir a renovação dessa visão, com o nascimento do
Estatuto da Criança e do Adolescente.

Um convidado das semanas anteriores, Cláudio Rossi, fez mais alguns comentários
interessantes sobre as temáticas abordadas. Segundo este, nosso conceito de
“normalidade” serve apenas como uma âncora, que visa pautar nosso comportamento de
acordo com as expectativas sociais, tentando fornecer um sentido ao imenso e complexo
espectro de comportamento humano.

Por fim, exibiu-se um vídeo, também sobre o caso de Anna O. Foi possível perceber
que a garota vivia de forma a sempre reprimir seus desejos, gerando uma imensa
retenção do afeto, e o conflito oriundo disto a levava a uma dissociação da consciência.
Um outro exemplo de sintoma analisado é o da sua perda de concentração em um
ambiente com muitas pessoas, que era originário pelos sermões de seu pai quando ela
acabou sendo indelicada, sem querer, com um convidado por se distrair. Outro fator
interessante foi o efeito de deslocamento observado na garota, pois conforme se
curavam certos sintomas, outros iam surgindo, demonstrando uma “disposição inata da
sua consciência” de se dissociar frente ao conflito. O último conceito apresentado foi o
de transferência, que ocorria quando esta começou a desenvolver um enorme apego
pelo Dr. Breuer, falando inclusive que estava grávida deste, sendo este um efeito da
mente que transfere o sentido que atribuímos à pessoas do passado à outras do presente,
sendo, segundo a teoria freudiana, parte do tratamento.

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