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24/05/2022 15:15 BATALHA DE LEPANTO — 450 anos da vitória da Cruz contra o Crescente – Agência Boa Imprensa – ABIM

BATALHA DE LEPANTO — 450 anos


da vitória da Cruz contra o Crescente
Publicado em 7 de outubro de 2021 · Comentários desativados em BATALHA
DE LEPANTO — 450 anos da vitória da Cruz contra o Crescente

Este quadro do Palácio Ducal de Veneza representa a Batalha de


Lepanto. Nele vemos, em destaque nos círculos, de cima para
baixo, o Príncipe Marco Antônio Colonna (comandante da
esquadra Pontifícia), Dom João d’Áustria (generalíssimo de toda
a frota) e Sebastiano Venier (no comando da frota veneziana).

De suma importância para a Igreja e a


civilização, a batalha de Lepanto,
vencida no dia 7 de outubro de 1571
pelas esquadras católicas no mar
Jônico, decidiu os rumos do Ocidente
cristão ameaçado pelas forças
maometanas do Império Otomano. Foi
a maior batalha naval até então
travada na História.

Oscar Vidal

pós a conquista de Constantinopla em 1453 pelo Sultão Maomé II,


o poderio militar do Império turco-otomano crescia
assustadoramente. Em meados do século XVI dominava quase

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A
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todo o Mediterrâneo. Em 1570 invadiu e capturou a


ilha de Chipre, apesar da forte resistência
encontrada por parte dos habitantes de Nicósia e
Famagusta. Os otomanos passaram a saquear
outras ilhas nas águas mediterrâneas, incendiavam
igrejas, degolavam sacerdotes, escravizavam cristãos para serem
seus remadores em naus de guerra, sequestravam mulheres,
inclusive crianças, abusadas em práticas perversas; numerosas
outras atrocidades faziam correr torrentes do sangue cristão.

Em 1571, cumprindo ordens do Sultão Selim II, filho do mítico


Solimão I (conhecido como ‘o Magnífico’), as forças maometanas
— apesar da derrota no cerco de Malta em 1565 — ainda
cobiçavam tomar aquela ilha, que lhes serviria de “trampolim”
para a invasão da Europa. Tudo empreendiam para suprimir a
Religião Católica, dominar e aniquilar o continente cristão, já
muito debilitado por guerras de religião e pelas investidas da
Revolução Protestante, deflagrada pelo monge apóstata Lutero em
1517.

Na perspectiva que chamavam de “o sonho de Osmã”, os


otomanos, sonhavam em subjugar a Cristandade europeia,
primeiramente dominar a Itália e a França, e logo transformar em
mesquitas a Basílica de São Pedro, em Roma, e a Catedral Notre-
Dame de Paris.

Os três comandantes da coalizão católica, da esquerda


para a direita: Dom João d’Áustria, o Príncipe Marco
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Antônio Colonna e o almirante veneziano Sebastiano


Venier.
[Quadro: Os vitoriosos da batalha naval de Lepanto –
Anônimo, atribuído à Escola Italiana, c. 1575.
Kunsthistorisches Museum, Viena].

São Pio V forma uma coalizão de príncipes


católicos
Em face do iminente perigo para a Cristandade, o Sumo Pontífice
de então, o Papa São Pio V (nascido em 1504, na cidade italiana de
Bosco Marengo, da nobre família dos Ghislieri) conclamou alguns
príncipes europeus a estabelecerem uma coalizão, numa frente
comum contra as hordas maometanas. Ele desejava formar uma
verdadeira cruzada dotada de uma esquadra naval. As
complicadas tratativas com alguns soberanos cristãos contaram
com o auxílio de São Francisco de Borja, superior-geral dos
Jesuítas.

Após a recusa de alguns soberanos e as hesitações de outros, a


duras penas o Papa conseguiu reunir uma esquadra composta com
o apoio, inclusive financeiro, de Felipe II da Espanha, da
República aristocrática de Veneza, de Gênova, do Reino de
Nápoles e dos cavaleiros da Ordem de Malta, além de um
contingente dos Estados Pontifícios. Assim se constituiu a “Santa
Liga”, sem a qual seria impossível conter o avanço do poderio
otomano.

O Santo Pontífice não desanimou ante a desproporção das forças,


pois confiava inteiramente na proteção do Senhor Deus dos
Exércitos e da Santíssima Virgem Maria, “terribilis ut castrorum
acies ordinata” (terrível como um exército em ordem de batalha –
Ct 6, 9). Corroborando esse princípio, d’Ela disse São Luís
Grignion de Montfort: “Maria é a mais terrível inimiga que Deus
armou contra o demônio”. (Tratado da Verdadeira Devoção à
Santíssima Virgem, Ed. Vozes – VI Edição, Petrópolis, 1961, pp.
54-56).

O Papa confia na liderança de Dom João d


´Áustria
Percebendo a
urgência de se cortar
o passo aos infiéis
que avançavam na
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bacia do
Mediterrâneo, São
Pio V nomeou Dom
João d’Áustria para o
comando da frota.
Concedeu-lhe o título
de generalíssimo de
todo o exército, pois
confiava em seu
Estandarte da “Santa Liga” grande poder de
liderança. O
destemido príncipe, no esplendor de seus 24 anos, era filho
natural de Carlos V e irmão bastardo de Felipe II. Por intermédio
do Cardeal Gravelle, o Papa lhe enviou um estandarte com a
imagem de Nossa Senhora de Guadalupe, pedindo-lhe que
partisse o quanto antes ao encontro dos inimigos mouros. [a
respeito, veja quadro no final desta matéria]

São Pio V depositou sua esperança em Dom João d´Áustria.


Referindo-se a esse talentoso líder militar, aplicou-lhe uma
passagem do Evangelho concernente a São João Batista — “Houve
um homem enviado por Deus, cujo nome era João” (Jo 1, 6) —,
passagem que está inscrita na sepultura do príncipe na cripta do
Mosteiro El Escorial (no noroeste de Madrid): “Fuit homo missus
a Deo, cui nomen erat Johannes!” [foto abaixo]

Como comandante
da esquadra
Pontifícia, o Papa
nomeou Marco
Antonio Colonna, ao
qual deu também um
estandarte, este com
a imagem de um
Crucifixo, com a
inscrição “In hoc
signo vinces” (Com este sinal vencerás). Colonna era príncipe,
senhor de Genazzano — famosa cidade italiana do milagroso
quadro de Nossa Senhora do Bom Conselho, junto ao qual, após a
batalha de Lepanto, depositou algumas das bandeiras tomadas
dos chefes maometanos.

Deslumbrante cortejo de navios rumo à


esquadra inimiga
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Nos primeiros dias de outubro, as esquadras católicas reuniram-se


em Messina, na Sicília. Depois de três dias de vigília de orações e
jejuns, os combatentes se confessaram, comungaram, receberam
as indulgências concedidas pelo Vigário de Cristo para a cruzada,
assim como Agnus Dei e terços bentos por ele. No porto, o Núncio
Papal abençoou cada uma das naus. Os novos cruzados
levantaram âncoras e zarparam num deslumbrante cortejo de
navios rumo à esquadra do inimigo mouro, que se concentrara no
golfo de Lepanto, nas proximidades da Grécia.

Ao avistar os navios inimigos, Dom Joao d’Áustria, revestido de


imponente elmo e armadura dourada, segurando uma enorme
espada numa das mãos e um crucifixo na outra, encorajou os
combatentes com estas palavras “Vencer ou morrer, se o céu
assim o dispuser, aqui viemos. Não deis ocasião para o inimigo
vos perguntar com ímpia arrogância: onde está o vosso Deus?
Lutai em seu santo nome, porque mortos ou vitoriosos, tereis
alcançado a imortalidade”. Era o dia 7 de outubro de 1571, que
ficou marcado na História ad perpetua rei memoriam.

Preparação para a iminente batalha contra


a mourama
A frota otomana contava com 34.000 soldados e 50.000
marinheiros e remadores; possuía 222 galeras, 60 barcos de
guerra menores movidos a remos e 741 canhões. A esquadra da
“Santa Liga” se compunha de 28.500 soldados e quase 40.000
marinheiros e remadores; possuía 208 galeras, seis barcos e 1.815
canhões.

O conjunto das duas poderosas esquadras, postadas frente uma da


outra na tarde daquele histórico domingo, formava um cenário
espetacular. Em um misto de admiração e espanto, ambos os lados

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se contemplaram mutuamente. Aconselhado por seus oficiais


Uluch-Ali e Pertev, o comandante turco Mehmet Ali-Pachá por um
instante pensou em recuar. Mas mudou de ideia e instou à luta os
infiéis, dominados por um demoníaco fanatismo, prometendo-
lhes o “paraíso”, onde Maomé e Alá os receberiam se matassem
cristãos. Do outro lado, animados por Dom João d’Áustria, os
cristãos estavam dispostos a lutar destemidamente pelo ideal
católico, prontos para o martírio se fosse necessário.

Na esquadra da “Santa Liga”, sacerdotes deram a absolvição geral


aos combatentes católicos. Estes invocaram em alta voz a
Santíssima Trindade e a Santa Mãe de Deus. Dom João os
exortou: “Lembrai-vos de que combateis pela Fé; nenhum poltrão
ganhará o Céu”.

No centro da frota posicionou-se La Real, a nau capitânia de Dom


João d’Áustria. O jovem príncipe mandou hastear o estandarte
oferecido por São Pio V e bradou: “Aqui venceremos ou
morremos”, e deu a ordem de preparação para a batalha contra os
sequazes de Maomé. La Real foi ladeada pelos barcos de Marco
Antônio Colonna e os de Sebastiano Vernier. No flanco direito
posicionaram-se os barcos comandados pelo genovês Giovanni
Andrea Doria. No flanco esquerdo, aqueles do veneziano Agostino
Barbarigo, enquanto os do Marquês de Santa Cruz, Álvaro Bazan,
se puseram na retaguarda.

Milagre impressionante: El Santo Cristo de


Lepanto
Os trompetes soaram e os
tambores rufaram. Seguiu-
se um instante de sublime
silêncio, imediatamente
rompido por uma bombarda
de canhão ordenada por Ali-
Pachá da galera La Sultana.
Dom João d’Áustria
responde da sua La Real
com outra bombarda. Os
canhões de ambos os lados
começam a fazer o mesmo.

Os primeiros embates foram


favoráveis aos muçulmanos,
que formados em meia-lua
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El Santo Cristo de Lepanto, não paravam de disparar


que movendo seu corpo violentas cargas de suas
milagrosamente, bocas de fogo. Eles
evitou ser atingido por uma contavam com os ventos
bala de canhão dos muçulmanos. favoráveis às suas velas e o
sol incidindo fortemente de
frente aos cristãos, dificultando-lhes a visão. Em pouco tempo,
tanto o sol quanto os ventos se inverteram a seu favor.

Naquele árduo entrechoque, em meio a um ruído ensurdecedor de


instrumentos, cimitarras contra espadas, gemidos, brados e tiros,
os guerreiros católicos — com arma em uma das mãos e o terço na
outra ou ao pescoço — estavam prontos a dar a vida por Deus e
tirar a dos infiéis. Eles respondiam com o máximo vigor possível
aos ataques. No ardor do combate destacaram-se os famosos
Tercios espanhóis e os cavaleiros da Ordem de Malta. Dentre os
numerosos atos de bravura, citemos o de um combatente siciliano
que estando enfermo e deitado em seu leito de dor, em vez de
morrer de sua doença, saltou da cama e foi combater no convés.
Antes de ser ferido por nove flechas e cair morto, conseguiu matar
quatro mouros.

Mesmo com tantos atos de nobreza e coragem demonstrados no


fragor do enfrentamento, por um momento o lado católico
hesitou, pois os infiéis pareciam obter vantagem na peleja.

De repente, o ânimo dos cristãos reacendeu. Um grande crucifixo,


considerado milagroso, havia sido mandado pelo rei Felipe II para
ser fixado numa das caravelas. Uma bombarda de canhão
adversário iria destruí-lo, mas o corpo da imagem de Cristo
crucificado se afasta milagrosamente para não ser alvejado.
Posteriormente ele recebeu honras de Capitão Geral do Exército, e
até hoje se encontra na catedral de Barcelona, onde é venerado
como El Santo Cristo de Lepanto.

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Socorro celeste da Senhora Auxiliadora dos


Cristãos
Na batalha, outro fato animou ainda mais os cristãos: um tiro de
arcabuz mata o chefe turco Ali-Pachá; um soldado espanhol
consegue pular para a embarcação adversária, degola a cabeça do
comandante islamita e a coloca no alto de uma lança. Os mouros,
vendo a cabeça decepada de seu líder, perdem vigor. Algumas
galeras se colidem e começa um combate corpo-a-corpo,
maometanos na popa e cristãos na proa. As flechas e tiros de
mosquetes, arcabuzes e canhões disparavam uns contra os outros
incessantemente.

Entretanto, apesar do ânimo e bravura dos soldados de Cristo, a


imensa frota da mourama parecia vencer novamente. Após
algumas horas de encarniçado confronto, os guerreiros católicos
receavam a derrota, que traria graves consequências para a
Europa cristã. Mas, ó prodígio, ficaram surpresos ao perceberem
que de modo súbito e inexplicável os muçulmanos começam a
fugir apavorados, muitos caem no mar e tentam nadar naquelas
águas avermelhadas de sangue.

Tempos depois se obteve a explicação: capturados pelos católicos,


alguns mouros confessaram que uma brilhante e majestosa
Senhora aparecera no céu, ameaçando-os e incutindo-lhes tanto
medo, que entraram em pânico e começaram a fugir.

Logo no início da retirada dos barcos muçulmanos, os católicos


socorridos pela Senhora Auxiliadora dos Cristãos se reanimaram,
inverteram o rumo da batalha e venceram. Naquele momento, a
Europa estava salva!

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A maior vitória já alcançada em uma


batalha naval
Naquele combate —
classificado como uma das
maiores batalhas marítimas,
com a maior concentração
de frotas da História — a
Santa Liga Católica obteve a
maior vitória já alcançada
em batalha naval até então.
Os otomanos perderam 224
embarcações (sem contar as
que foram afundadas ou
incendiadas depois do
embate); na fuga, eles só
conseguiram salvar 40
galeras; perderam quase
30.000 vidas e 3.468
mouros foram capturados. Representação do chefe turco Ali-
Enquanto a Santa Liga Pachá.
perdeu apenas 15 galeras e a Ao lado, sua cabeça no alto de uma
vida de 7.500 bravos lança e um navio com a bandeira
cruzados. Mas conseguiu otomana afundando no mar,
libertar quase 12.000 resumo de um grande desastre
católicos que estavam otomano. A Santa Liga Católica
presos ou escravizados pelos obteve
maometanos. a maior vitória já alcançada
em batalha naval até então.
Entre os despojos de guerra,
os soltados de Cristo
conseguiram 110 grandes canhões e 256 pequenos, assim como os
estandartes dos comandantes muçulmanos. Mas a pior derrota
para os mouros foi o fato de perderem a reputação de invencíveis
no mar! O império otomano entrou em decadência!

São Pio V foi honrado por uma sobrenatural


revelação
Enquanto nas águas de Lepanto se travava a árdua batalha contra
os turcos otomanos, em Roma o Papa São Pio V rogava o auxílio
da Rainha do Santíssimo Rosário pela Cristandade. Ele pedira aos
conventos e aos fiéis que redobrassem suas preces, seus jejuns e
penitências. As Confrarias do Rosário promoviam procissões e

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orações nas igrejas, na Praça de São Pedro realizava-se uma


procissão a Nossa Senhora do Rosário suplicando a vitória da
armada católica. [a respeito, veja quadro no final]

O Pontífice rezava dia e noite suplicando ao Senhor Deus dos


exércitos para que o desenlace da batalha fosse propício aos
católicos. No momento em que ocorria o desfecho em Lepanto, ele
estava trabalhando com o tesoureiro Bussoti na presença de
alguns prelados. De repente se levanta, faz um gesto de silêncio
com a mão, e se dirige até uma janela onde permanece por alguns
instantes em profunda contemplação. Ele estava radiante. Teve
uma visão sobrenatural na qual tomou conhecimento do ocorrido
a centenas de quilômetros: a armada católica acabara de obter
espetacular vitória. Imediatamente, exultando de alegria e com
lágrimas nos olhos, voltou-se para seus acompanhantes
exclamando: “Não falemos mais de trabalhos; não é tempo para
isso. Vamos rápido dar graças a Deus, nossa armada acabou de
obter a vitória!” São Pio V se ajoelha diante de seu oratório para
agradecer. Bussoti e os prelados, testemunhas privilegiadas do
milagre, correm para transmitir aos Cardeais a recente boa-nova.

A milagrosa visão foi confirmada somente na noite do dia 21 de


outubro (duas semanas após o histórico acontecimento), quando,
por fim, o correio chegou a Roma confirmando a vitória da Cruz
sobre o Crescente, alcançada no 7º dia de outubro daquele ano, na
mesma hora em que o Papa havia tido a revelação milagrosa.
Numa época em que sequer havia telégrafo, o Pontífice dispunha
de meios mais rápidos e eficazes para se informar!

“A Virgem Maria do Rosário é que nos deu a


vitória”
Em memória da
estupenda
intervenção da
Santíssima Virgem, o
Papa se dirigiu em
procissão à Basílica
de São Pedro, onde
cantou um solene Te
Deum Laudamus e
introduziu a
invocação Auxílio dos
Cristãos na Ladainha
de Nossa Senhora. E
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para perpetuar essa prodigiosa vitória da Cristandade, foi


instituída a festa de Nossa Senhora das Vitórias, que dois anos
mais tarde — no Pontificado de Gregório XIII, sucessor de São Pio
V —, tomou a denominação de festa de Nossa Senhora do Rosário,
comemorada pela Igreja no dia 7 de outubro de cada ano.

Ainda com o mesmo objetivo de deixar gravado para sempre na


História que a Vitória de Lepanto se deveu à intercessão da
Senhora do Rosário, o Senado veneziano mandou pintar um
quadro representando a grande batalha naval, com a seguinte
inscrição: “Non virtus, non arma, non duces, sed Maria Rosarii
victores nos fecit”. (Nem as tropas, nem as armas, nem os
comandantes, mas a Virgem Maria do Rosário é que nos deu a
vitória).

Ameaças de uma nova e grande ‘jihad’


A rememoração da extraordinária vitória das armas católicas
sobre o Império Otomano no século XVI nos remete a um grande
problema de nosso século, em particular no momento presente:
surpreendente e fulminante reconquista do Afeganistão pelos
maometanos do Talibã e de seus braços terroristas.

Essa vergonhosa derrota do Ocidente encheu os ‘jihadistas’ do


mundo islâmico de ânimo para, por assim dizer, vingar a derrota
sofrida há exatos 450 anos em Lepanto.

Em 1962, Gamal Abdel Nasser, presidente do Egito entre 1954 e


1970, ameaçou: “Só uma cavalgada muçulmana é que nos poderá
restituir a glória de outrora. Essa glória não será reconquistada
senão quando os cavaleiros de Alá tiverem pisoteado [a basílica
de] São Pedro de Roma e [a catedral de] Notre-Dame de Paris”.
(Nouvelles de Chrétienté, nº. 362, de 13-9-62).

Após um dos atentados do terrorismo islâmico em Paris, em 2015,


Aboubakar Shekau, líder do grupo muçulmano Boko Haram,
declarou “Estamos muito felizes com o que aconteceu no centro
da França. Ó, franceses, vocês que seguem a religião da
democracia, entre vocês e nós a inimizade é eterna”.

Um ano antes dessa patética declaração, Dom Amel Nona,


Arcebispo de Mosul, terceira maior cidade do Iraque, após relatar
as atrocidades praticadas pelos maometanos em sua região —
abusos de meninas, incêndios de igrejas e casas, escravidão de
mulheres que viram seus maridos serem degolados etc. —,

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afirmou: “Nossos sofrimentos de hoje são um prelúdio daqueles


que também vós, europeus e cristãos ocidentais, padecereis no
futuro próximo, se não reagirdes a tempo”.

Quantas derrotas, como a recente sofrida pelos Estados Unidos no


Afeganistão, deverão acontecer para acordar o Ocidente e fazê-lo
reagir enquanto é tempo ao iminente perigo islâmico? Quem
ainda acredita que o “islamismo é uma religião de paz”? Ou
vamos repetir o que disse o capitulacionista Manuel Valls, o
socialista ex-primeiro-ministro francês, no dia seguinte ao terrível
atentado terrorista islâmico em Nice (15-7-16), que atropelou
centenas de pessoas e matou quase 100: “Entramos em uma nova
era. E a França terá que conviver com o terrorismo”.

Policiais a cavalo em frente da Grande Mesquita de Paris

Deus nos livre da realização do sonho


otomano
O mundo ocidental encontra-se numa apocalíptica
encruzilhada e poderá sofrer uma invasão islâmica, como já
alertava o Prof. Plinio Corrêa de Oliveira, conforme reproduzido
em algumas edições de Catolicismo. Enquanto alguns chefes de
Estado europeus abrem indiscriminadamente suas fronteiras para
a entrada de “imigrantes” maometanos, estes vão se
estabelecendo, sendo aliciados e preparados nas mesquitas para
perpetrarem atentados terroristas visando colocar a Europa de
joelhos e “islamizá-la”.

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“Os minaretes serão as nossas baionetas, as cúpulas os nossos


capacetes, as mesquitas serão os nossos quartéis, os crentes os
nossos soldados”. Repetiu o atual presidente da Turquia Recep
Tayyip Erdoğan, citando palavras de um poeta do país. O que nos
remete às imensas e numerosas mesquitas da religião islâmica que
estão sendo construídas na Europa, além das numerosas já
existentes. Para dar apenas um exemplo: em Estrasburgo (França)
está sendo construída a mesquita do sultão Eyyub. Ela será a
maior da Europa, podendo abrigar em seu interior 3.000 crentes
— o que, no dizer do presidente turco, significa “soldados”, assim
como mesquita significa “quartel”. Esses crentes e esses quartéis
já estão espalhados por toda a Europa; outros “crentes” estão
chegando para ocupar os novos, imensos e numerosos “quartéis”
que estão sendo construídos.

Nessas mesquitas, os líderes religiosos sempre alentam e


incentivam seus seguidores crentes com o sonho otomano da
aniquilação da Cristandade europeia, por meio de uma espécie de
gigantesca contra-cruzada a fim de destruir a Cruz Cristo e
implantar o Crescente de Maomé no mundo ocidental!

O que não falta são ameaças de uma nova e grande jihad (“guerra
santa” na concepção islâmica). Por isso, mais do que nunca,
precisamos suplicar à Santíssima Virgem do Rosário aquilo que o
Papa São Pio V pediu e obteve na batalha de Lepanto: a vitória da
civilização cristã sobre o mundo maometano.

____________

Obras consultadas:

– Abbé Rohrbacher, Histoire Universelle de l´Église Catholique, Gaume Frères,


Libraires, Paris, 1846, tomo 24.

– Césare Cantu, História Universal, Editora das Américas, São Paulo, 1954, tomo
XXI.

– André Damino, Na Escola de Maria, Ed. Paulinas, 4ª edição, São Paulo, 1962.

– William Thomas Walsh, Felipe II, Espasa-Calpe, Madrid, 1951.

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Túmulo de São Pio V na Basílica


de Santa Maria Maggiore,
Roma.

Vitória de Lepanto
graças ao Papa São
Pio V
Plinio Corrêa de Oliveira

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Vou destacar aqui um herói da batalha de Lepanto, a


respeito do qual pouco se fala. Esse herói foi o Papa
São Pio V.

O Pontífice via bem o poder otomano crescer cada vez


mais, e o perigo de os otomanos se jogarem sobre a
Itália ou sobre qualquer outra parte da Europa, e
operarem uma invasão que poderia ter efeitos tão
ruinosos ou talvez mais ruinosos do que teve a invasão
dos árabes na Espanha, no começo da Idade Média.

Nessa situação, São Pio V tinha que apelar


naturalmente para o varão que era o apoio temporal
da Igreja naquele tempo: Felipe II, Rei da Espanha.

O Imperador do Sacro Império Romano Alemão não


tinha condições, por causa da divisão religiosa no
império [em razão da revolução protestante], de lutar
eficazmente contra os mouros. A França estava
corroída por uma crise religiosa muito grande, guerra
de religião etc.

O Papa só podia contar, dentre as grandes potências


católicas, com Felipe II de um lado, e, de outro, com
Veneza, que dispunha de grande poder marítimo.

Caso Felipe II se retraísse, a horda maometana


desataria sobre a Itália, e depois atingiria toda a
Cristandade. Seria o fim da civilização cristã no
Ocidente. Não seria o fim da Igreja, porque ela é
imortal; mas, ao que a Igreja poderia ficar reduzida,
ninguém sabe.

Se não fosse a pressão de São Pio V, não se teria


realizado a Batalha de Lepanto, porque a Espanha
não teria mandado sua esquadra. Esta era o grande
contingente decisivo dentro das esquadras aliadas que
lutaram e venceram em Lepanto.

Assim se compreende melhor por que razão houve a


famosa aparição a São Pio V: a revelação da vitória
das esquadras católicas.

São Pio V foi um verdadeiro herói, como Dom João


d’Áustria e os outros grandes guerreiros que venceram
em Lepanto.

(Trecho de conferência em 7-10-75, sem


revisão do autor).

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24/05/2022 15:15 BATALHA DE LEPANTO — 450 anos da vitória da Cruz contra o Crescente – Agência Boa Imprensa – ABIM

Representação do momento em que o


Papa São Pio V teve a revelação do
triunfo dos católicos na Batalha de
Lepanto.

Lepanto, vitória do
Rosário

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24/05/2022 15:15 BATALHA DE LEPANTO — 450 anos da vitória da Cruz contra o Crescente – Agência Boa Imprensa – ABIM

A eficácia e o poder do Santo Rosário foram depois


experimentados também no século XVI, quando as
imponentes forças dos turcos ameaçavam sujeitar
quase toda a Europa ao jugo da superstição e da
barbárie. Nessa circunstância, o Pontífice São Pio V,
depois de estimular os soberanos cristãos à defesa de
uma causa que era a causa de todos, dirigiu todo o seu
zelo em obter que a poderosíssima Mãe de Deus,
invocada por meio do Santo Rosário, viesse em auxílio
do povo cristão.

E a resposta foi o maravilhoso espetáculo então


oferecido ao Céu e à Terra; espetáculo que empolgou
as mentes e os corações de todos! Com efeito, de um
lado os fiéis prontos a dar a vida e a derramar o
sangue pela incolumidade da Religião e da pátria,
junto ao golfo de Corinto esperavam impávidos, o
inimigo; e de outro lado, os que estavam sem armas,
em piedosa e súplice falange, invocavam a Maria, e
com a fórmula do Santo Rosário repetidamente A
saudavam, a fim de que assistisse aos combatentes até
a vitória.

E Nossa Senhora, movida por aquelas preces, os


assistiu: porquanto, havendo a frota dos cristãos
travado batalha perto de Lepanto, sem graves perdas
dos seus, derrotou e aniquilou os inimigos, e alcançou
uma esplêndida vitória. Por este motivo o santo
Pontífice, para perpetuar a lembrança da graça
obtida, decretou que o dia do aniversário daquela
grande batalha fosse considerado festivo em honra da
Virgem das Vitórias; festa que depois Gregório XIII
consagrou sob o título do Rosário.

(Da Encíclica Supremi Apostolatus de Leão


XIII, de 1º de novembro de 1883).

 Cristandade, Islamismo, Lepanto, Nobreza, Papado, São Pio V

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