Você está na página 1de 16

te0or:rios.

%blinhaos o ad5<rbio 0uase 0or2e, na 5erdade, o 0rinc0io da


4esta 0o0lar do carna5al < indestrt5el. Ebora redido e debilitado, ele
ainda assi contina a 4ecndar os di5ersos donios da 5ida e da cltra.
H:  as0ecto 0articlar desse 0rocesso 2e de5e ser assinalado. A
literatra desses s<clos n!o est: ais sbetida  inV>ncia direta da
debilitada cltra 4esti5a 0o0lar. A conce0ç!o carna5alesca do ndo e o
sistea de ia3ens 3rotescas contina 5i5endo e transitindo/se nicaente
na tradiç!o liter:ria, 0rinci0alente na do
Renasciento.
Ao 0erder ses laços 5i5os co a cltra 0o0lar da 0raça 0Gblica, ao
tornar/se a era tradiç!o liter:ria, o 3rotesco de3enera. Assiste/se a a
certa ormalização das ia3ens 3rotescas do carna5al, o 2e 0erite a
di4erentes tend>ncias tili:/las 0ara 6ns di5ersos. Essa 4oraliaç!o n!o 4oi
a0enas exterior' a ri2ea da 4ora 3rotesca e carna5alesca, se 5i3or artstico
e herstico, 3eneraliador, sbsiste e todos os acontecientos
i0ortantes da <0oca +s<clos $II e $III' na commedia dell8arte +2e
conser5a sa relaç!o co o carna5al de onde 0ro5<, nas co<dias de
MoliYre +a0arentadas co a commedia dell8arte&, no roance c?ico e
tra5estis do s<clo $II, nos roances 6los6cos de $oltaire e iderot %9es
!iou" indiscrets, ;ac0ues le <ataliste&, nas obras de %Zi4t e 5:rias otras.
Nesses casos, a0esar das di4erenças de car:ter e orientaç!o, a 4ora do
3rotesco carna5alesco c0re 4nç@es seelhantes; ilina a osadia da
in5enç!o, 0erite associar eleentos hetero3>neos, a0roxiar o 2e est:
distante, aDda a liberar/se do 0onto de 5ista doinante sobre o ndo, de
todas as con5enç@es e de eleentos banais e habitais, coente
aditidos; 0erite olhar o ni5erso co no5os olhos, co0reender at< 2e
0onto < relati5o tdo o 2e existe, e 0ortanto 0erite co0reender a
0ossibilidade de a orde totalente di4erente do ndo.
Mas a co0reens!o te1rica clara e 0recisa da nidade dos as0ectos 2e
abarca o tero grotesco e do se car:ter artstico es0ec6co, 0ro3ride ito
lentaente. Ali:s, o 0r0rio tero te5e os ses sbstittos [31]' 8arabesco8
+a0licado essencialente aos oti5os ornaentais e 8brlesco8 +a0licado 
literatra. &or casa do 0onto de 5ista cl:ssico doinante na est<tica, essa
co0reens!o terica era ainda I0oss5el.
Na se3nda etade do s<clo $III, ocorre danças 4ndaentais no
ca0o liter:rio e est<tico. Na Aleanha, discte/se ardorosaente a 0ersona3e
Arle2i, 2e ent!o 63ra5a obri3atoriaente e todas as re0resentaç@es
teatrais, eso as ais s<rias. Sottsched e os deais re0resentantes do
classiciso 0retendia ex0lsar Arle2i da cena 8s<ria e decente8, e o
conse3ira 0or al3 te0o. Pessin3, 0elo contr:rio, sai e de4esa de
Arle2i.
Esse 0roblea a0arenteente restrito era ito ais a0lo, encobrindo
alternati5as de 0rinc0io' 0odia aditir/se dentro da est<tica de belea e do
sblie eleentos 2e n!o corres0ondia aos ses re2isitosJ E otras
0ala5ras, 0odia/se aditir o 3rotescoJ sts M[ser dedico  0e2eno estdo
+0blicado e *7L* a esse 0roblea' =arle6in oder die )erteidigung des
>rotes64?omiscen %Arle0uim ou a deesa do c@mico grotesco&. Arle2i e
0essoa 4ala5a e de4esa do 3rotesco. M[ser destaca 2e Arle2i < a
0arcela isolada de  icrocosos ao 2al 0ertence -olobina, o -a0it!o, o
otor, etc., isto <, o ndo da commedia dellarte. Esse ndo 0ossi a
inte3ridade e leis est<ticas es0eciais,  crit<rio 0r0rio de 0er4eiç!o n!o
sbordinado  est<tica cl:ssica da belea e do %blie. Ao eso te0o,
M[ser o0@e esse ndo  coicidade 8In4erior8 dos artistas de 4eira, o 2e
0ro5oca a restriç!o da noç!o de 3rotesco. E se3ida, M[ser re5ela certas
0articlaridades do ndo 3rotesco' 2ali6ca/o de 82i<rico8 0or sa
tend>ncia 0ara renir o hetero3>neo, co0ro5a a 5iolaç!o das 0ro0orç@es
natrais +car:ter hi0erblico, a 0resença do caricatresco e 0ardico. En6
M[ser sblinha o 0rinc0io c?ico no 3rotesco, ex0licando o riso coa a
necessidade de 3oo e ale3ria da ala hana. A obra de M[ser, ebora
liitada, < a 0rieira a0olo3ia do 3rotesco.
E *7\\, o crtico liter:rio ale!o Fl[3el, ator de a histria da
literatra c?ica e 2atro 5oles e de a =ist1ria dos !u*es da corte,
0blica sa =ist1ria do c@mico grotesco. Fl[3el n!o de6ne ne deliita a noç!o
de 3rotesco, ne do 0onto de 5ista histrico ne do 0onto de 5ista
siste:tico. ali6ca de 3rotesco tdo o 2e se a0arta sensi5elente das re3ras
est<ticas correntes, tdo 2e cont<  eleento cor0oral e aterial
nitidaente arcado e exa3erado. [32] No entanto, a aior 0arte da obra <
dedicada s ani4estaç@es do 3rotesco edie5al. Fl[3el exaina as 4oras
das 4estas 0o0lares +84esta dos locos8, 84esta do asno8, os eleentos
0o0lares e 0Gblicos da 4esta do -or0o de es, os carna5ais, etc., as
sociedades liter:rias do 6 da Idade M<dia %9e Ro$aume de Ia Basoce, 9es
enants sans souci, etc., soties, 4arsas, Do3os do Mardi >ras, certas 4oras do
c?ico 0o0lar da 0raça 0Gblica etc. E 3eral, Fl[3el red  0oco as
diens@es do 3rotesco' n!o estda as ani4estaç@es 0raente liter:rias do
realiso 3rotesco +0or exe0lo, a 0ardia latina da Idade M<dia. A as>ncia
de  0onto de 5ista histrico e siste:tico deterina 2e a escolha dos
ateriais seDa s 5ees deixada ao acaso. 9 ator co0reende a0enas
s0er6cialente o sentido dos 4en?enos 2e analisa; na realidade, liita/se a
reni/los coo criosidades. A0esar de tdo, e 3raças 0rinci0alente aos
docentes 2e cont<, a obra de Fl[3el conser5a ainda sa i0ort1ncia.
M[ser e Fl[3el conhece a0enas o c?ico 3rotesco, o seDa, o 3rotesco
baseado no 0rinc0io do riso, ao 2al atribe  5alor de re3oiDo e ale3ria.
Este 4oi o obDeto de ses estdos' a commedia dell8arte 0ara M[ser e o 3rotesco
edie5al 0ara Fl[3el.
9ra, na esa <0oca e 2e a0arecera essas obras, 2e 0arecia
orientadas 0ara o 0assado, 0ara as eta0as anteriores do 3rotesco, este entra5a
na no5a 4ase de desen5ol5iento. Na <0oca 0r</ro1ntica e e 0rinc0ios
do Roantiso, assiste/se a a ressrreiç!o do 3rotesco, dotado ent!o de
 no5o sentido. Ele ser5e a3ora 0ara ex0ressar a 5is!o do ndo
sbDeti5a e indi5idal, ito distante da 5is!o 0o0lar e carna5alesca dos
s<clos 0recedentes +ebora conser5e al3ns de ses eleentos. A 0rieira e
i0ortante ex0ress!o do no5o 3rotesco sbDeti5o < o roance de %terne, )ida
e opini*es de Cristram 7and$ +tradç!o ori3inal da 5is!o do ndo de
Rabelais e -er5antes na lin3a3e sbDeti5a da <0oca. 9tra 5ariedade do
no5o 3rotesco < o roance 3rotesco o ne3ro.
Foi 0ro5a5elente na Aleanha 2e o 3rotesco sbDeti5o se desen5ol5e de
aneira ais 0oderosa e ori3inal. Ali nasce a draatr3ia do 7turm und 'rang,
o Roantiso +Pen, Klin3er, o Do5e Tieck, [33] os roances de Hi00el e ean/
&al e a obra de Ho]ann, 2e inVra 4ndaentalente na e5olç!o do no5o
3rotesco, assi coo e toda a literatra ndial. F. %chle3el e ean/&al
con5ertera/se nos tericos dessa tend>ncia,
9 3rotesco ro1ntico 4oi  aconteciento not:5el na literatra ndial.
Re0resento, e certo sentido, a reaç!o contra os c1nones da <0oca
cl:ssica e do s<clo $III, res0ons:5eis 0or tend>ncias de a seriedade
nilateral e liitada' racionaliso sentencioso e estreito, atoritariso do
Estado e da l3ica 4oral, as0iraç!o ao 0er4eito, co0leto e n5oco, didatiso e
tilitariso dos 6lso4os ilinistas, otiiso in3>no o banal, etc. 9
roantiso 3rotesco recsa5a tdo isso e a0oia5a/se 0rinci0alente e
%hakes0eare e -er5antes, 2e 4ora redescobertos e  l dos 2ais se
inter0reta5a o 3rotesco da Idade M<dia. %terne exerce a inV>ncia
consider:5el sobre o roantiso, a tal 0onto 2e 0ode ser considerado o se
iniciador.
A inV>ncia direta das 4oras carna5alescas de es0et:clos 0o0lares +D:
ito e0obrecidos era a0arenteente 4raca, 0ois 0redoina5a as tradiç@es
liter:rias. C 0reciso, contdo, notar a inV>ncia ito i0ortante do teatro
0o0lar +0rinci0alente do teatro de arionetes e de certas 4oras c?icas
dos artistas de 4eira.
Ao contr:rio do 3rotesco da Idade M<dia e do Renasciento, diretaente
relacionado co a cltra 0o0lar e ibdo do se car:ter ni5ersal e 0Gblico,
o 3rotesco ro1ntico <  3rotesco de %cDmara, a es0<cie de carna5al 2e o
indi5do re0resenta na solid!o co a consci>ncia a3da do se isolaento. A
sensaç!o carna5alesca do ndo trans0@e/se de al3a 4ora  lin3a3e do
0ensaento 6los6co idealista e sbDeti5o, e deixa de ser a sensaç!o 5i5ida +0ode/
se eso dier corporalmente 5i5ida da nidade e do car:ter ines3ot:5el da
exist>ncia 2e ela constita no 3rotesco da Idade Mdia e do Renasciento.
9 0rinc0io do riso so4re a trans4oraç!o ito i0ortante. -ertaente,
o riso sbsiste; n!o desa0arece ne < excldo coo nas obras 8s<rias8; as no
3rotesco ro1ntico o riso se atena, e toa a 4ora de hor, ironia o
sarcaso. eixa de ser Docoso e ale3re. 9 as0ecto regenerador e 0ositi5o do
riso red/se ao nio.
E a das obras/0rias do 3rotesco ro1ntico, Rondas noturnas, de
BonaZentra +0sed?nio de  ator desconhecido, tal5e ean/Sas0ard
^etel, encontraos o0ini@es ito si3ni6cati5as sobre o riso na boca de 
3arda/notrno. N certo 0onto, o narrador ex0lica o riso' 8Ha5er: no ndo
eio ais 0oderoso 0ara [34] o0or/se s ad5ersidades da 5ida e do destino_ 9
inii3o ais 0oderoso 6ca horroriado diante desta :scara satrica e a 0r0ria
des3raça reca diante de i, se e atre5o a ridiclari:/la_ E, 2e diabo, esta
terra, co se sat<lite sentiental, a la, n!o erece ais do 2e brla_8 Essa
reVex!o destaca o car:ter ni5ersal do riso e a conce0ç!o de ndo 2e 0ossi,
eleento obri3atrio do 3rotesco; 3lori6ca/se a sa 4orça li!eradora, as n!o
se alde  sa 4orça regeneradora, e 0or casa disso 0erde o se to Docoso e
ale3re.
9 ator +atra5<s do narrador, o 3arda/notrno d: a otra ex0licaç!o
ori3inal' in5esti3a o ito da ori3e do riso; o riso 4oi en5iado  terra 0elo
diabo, a0arece aos hoens co a :scara da alegria e eles o acolhera co
a3rado. No entanto, ais tarde, o riso tira a :scara ale3re e coeça a reVetir
sobre o ndo e os hoens co a creldade da s:tira.
A de3eneraç!o do 0rinc0io c?ico 2e or3ania o 3rotesco, a 0erda de sa
4orça re3eneradora sscita no5as danças 2e se0ara ais 0ro4ndaente
o 3rotesco da Idade M<dia e do Renasciento do 3rotesco ro1ntico. As
danças ais not:5eis ocorre co relaç!o ao terrível, 9 ni5erso do
3rotesco ro1ntico se a0resenta 3eralente coo terr5el e aleio ao hoe.
Tdo o 2e < costeiro, banal, habital, reconhecido 0or todos, torna/se
sbitaente insensato, d5idoso, estranho e hostil ao hoe. 9 ndo
hano se trans4ora de re0ente e  ndo e"terior. 9 costeiro e
tran2iliador re5ela o se as0ecto terr5el. Tal < a tend>ncia do 3rotesco
ro1ntico +nas sas 4oras extreas, ais 0rotot0icas. A reconciliaç!o co o
ndo, 2ando se realia, ocorre e  0lano sbDeti5o e lrico, s 5ees
eso stico. Ao contr:rio, o 3rotesco edie5al e renascentista, associado 
cltra c?ica 0o0lar, re0resenta o terr5el atra5<s dos espantalos c@micos,
isto <, na 4ora do terr5el 5encido 0elo riso. 9 terr5el ad2ire se0re  to
de boba3e ale3re.
9 3rotesco, inte3rado  cltra 0o0lar, 4a o ndo a0roxiar/se do
hoe, cor0ori6ca/o, reinte3ra/o 0or eio do cor0o  5ida cor0oral
+di4erenteente da a0roxiaç!o ro1ntica, totalente abstrata e es0irital.
No 3rotesco ro1ntico, as ia3ens da 5ida aterial e cor0oral' beber, coer,
satis4aer necessidades natrais, co0lar, 0arir, 0erde 2ase co0letaente
sa si3ni6caç!o re3eneradora ç. trans4ora/se e 85ida in4erior8. As ia3ens
do 3rotesco ro1ntico s!o 3eralente a ex0ress!o do teor 2e ins0ira o
ndo e 0rocra conicar esse teor aos leitores +8aterrori:/los8. As
ia3ens 3rotescas da cltra 0o0lar n!o 0rocra assstar o leitor,
caracterstica 2e co0artilha co as obras/0rias liter:rias do
Renasciento. Nesse sentido, o roance de Rabelais < a ex0ress!o ais t0ica,
n!o/h: 5est3io de edo, a ale3ria 0ercorre/o inte3ralente. Mais do 2e
2al2er otro no ndo, o roance de Rabelais excli o teor. [35]
9tras 0articlaridades do 3rotesco ro1ntico denota o en4ra2eciento
da 4orça re3eneradora do riso. 9 oti5o da locra, 0or exe0lo, <
caracterstico de 2al2er 3rotesco, a 5e 2e 0erite obser5ar o ndo co
 olhar di4erente, n!o 0ertrbado 0elo 0onto de 5ista 8noral8, o seDa, 0elas
ideias e Dos cons. Mas, no 3rotesco 0o0lar, a locra < a ale3re
0ardia do es0rito o6cial, da 3ra5idade nilateral, da 85erdade8 o6cial. C a
locra estiva. No 3rotesco ro1ntico, 0or<, a locra ad2ire os tons
sobrios e tr:3icos do isolaento do indi5do.
9 oti5o da m+scara < ais i0ortante ainda. C o oti5o ais co0lexo,
ais carre3ado de sentido da cltra 0o0lar. A :scara trad a ale3ria das
altern1ncias e das reencarnaç@es, a ale3re relati5idade, a ale3re ne3aç!o da
identidade e do sentido Gnico, a ne3aç!o da coincid>ncia estG0ida consi3o
eso; a :scara < a ex0ress!o das trans4er>ncias, das etaor4oses, das
5iolaç@es das 4ronteiras natrais, da ridiclariaç!o, dos a0elidos; a :scara
encarna o 0rinc0io do Do3o da 5ida, est: baseada na 0ecliar interrelaç!o da
realidade e da ia3e, caracterstica das 4oras ais anti3as dos ritos e
es0et:clos. 9 co0lexo siboliso das :scaras < ines3ot:5el. Basta Iebrar
2e ani4estaç@es coo a 0ardia, a caricatra, a careta, as contorç@es e as
8aca2ices8 s!o deri5adas da :scara. C na :scara 2e se re5ela co clarea
a ess>ncia 0ro4nda do 3rotesco.L
No 3rotesco ro1ntico, a :scara, arrancada da nidade da 5is!o 0o0lar e
carna5alesca do ndo, e0obrece/se e ad2ire 5:rias ntras si3ni6caç@es
alheias  sa natrea ori3inal' a :scara dissila, encobre, en3ana, etc.
Na cltra 0o0lar or3anicaente inte3rada, a :scara n!o 0odia
dese0enhar essas 4nç@es. No Roantiso, a :scara 0erde 2ase
co0letaente se as0ecto re3enerador e reno5ador, e ad2ire  to
lG3bre. Mitas 5ees ela dissila  5aio horroroso, o 8nada8 +tea 2e se
destaca nas Rondas noturnas de BonaZentra. &elo contr:rio, no 3rotesco
0o0lar, a :scara recobre a natrea ines3ot:5el da 5ida e ses Glti0los
rostos.
No entanto, eso no 3rotesco ro1ntico, a :scara conser5a traços da
sa indestrt5el natrea 0o0lar e carna5alesca. Meso na 5ida cotidiana
conte0or1nea, a :scara cria a atos4era es0ecial, coo se 0ertencesse
a otro ndo. Ela n!o 0oder: Daais toar/se  obDeto entre otros.
No 3rotesco ro1ntico, as arionetes dese0enha  0a0el liito
i0ortante. Esse oti5o n!o < alheio, e5identeente, ao 3rotesco 0o0lar. Mas
o Roantiso coloca e 0rieiro 0lano a ideia [36] de a 4orça sobre/
hana e desconhecida, 2e 3o5erna os hoens e os con5erte e arionetes.
Essa ideia < totalente alheia  cltra c?ica 0o0lar. 9 oti5o 3rotesco da
tragédia da marionete 0ertence exclsi5aente ao Roantiso.
A aneira coo < tratada a 0ersona3e do diabo 4a tab< ressaltar a
di4erença entre os dois 3rotescos. Nas diabrras dos ist<rios da Idade M<dia,
nas 5is@es c?icas de al</tGlo, nas lendas 0ardicas e nos a!liau", etc., o
diabo <  ale3re 0orta/5o abi5alente de o0ini@es n!o/o6ciais, da santidade
ao a5esso, o re0resentante do in4erior aterial, etc. N!o te nada de
aterroriante ne estranho +e Rabelais, a 0ersona3e E0ist<on, 5oltando do
in4erno, 8asse3ra5a a todos 2e os diabos era boa 3ente8. =s 5ees, o diabo
e o in4erno s!o descritos coo eros 8es0antalhos ale3res8. Mas no 3rotesco
L Re4erio/nos a2i s :scaras e se si3ni6cado na cltra 0o0lar da Anti3idade
e da Idade M<dia, se exainar se sentido nos cltos anti3os.
ro1ntico, o diabo encarna o es0anto, a elancolia, a tra3<dia. 9 riso in4ernal
torna/se sobrio e ali3no.
C 0reciso obser5ar 2e, no 3rotesco ro1ntico, a abi5al>ncia se trans4ora
habitalente e  contraste est:tico brtal o e a anttese 0etri6cada.
Assi, 0or exe0lo, o 3arda/notrno 2e narra as Rondas noturnas te coo
0ai o diabo e coo !e a santa canoniada; ele costa rir nos te0los e
chorar nos bord<is. essa 4ora, a anti3a ridiclariaç!o rital da di5indade e o
riso no te0lo, t0icos na Idade M<dia drante a 4esta dos locos, con5erte/se
e 0rinc0ios do s<clo I no riso exc>ntrico de  ori3inal no interior de 
te0lo.
Noteos ainda a otra 0articlaridade do 3rotesco ro1ntico' ele te
a 0redileç!o 0ela noite %As rondas noturnas de BonaZentra, os Eoturnos de
Ho]ann, < a obscridade e n!o a l 2e o caracteria. &elo contr:rio, no
3rotesco 0o0lar a l < o eleento i0rescind5el' o 3rotesco 0o0lar <
0ria5eril, atinal e aroreal 0or excel>ncia.7
Esses s!o os eleentos 2e caracteria o 3rotesco ro1ntico ale!o.
Estdareos ais adiante sa 5ariante ro1ntica. &or a3ora, 5aos nos deter
 0oco sobre a teoria ro1ntica do 3rotesco. No se 'iscurso so!re a poesia
%>esprac F!er die Goesie, *\)), Friedrich %chle3el exaina o conceito de
3rotesco, 2e 2ali6ca habitalente de 8arabesco8. -onsidera/o a 84ora ais
anti3a da 4antasia hana8 e a 84ora natral da 0oesia8. Encontra eleentos
3rotescos e %hakes0eare, -er5antes, %terne e ean/&al. &ara ele, trata/se da
escla 4ant:stica dos eleentos hetero3>neos da realidade, a destriç!o da
orde e do re3ie habitais do ndo, a li5re excentricidade das ia3ens e a
8altern1ncia do entsiaso e da ironia8. [37]
Na sa Introdução H estética %)orscule der Aesteti6&, ean/&al re5ela
co aior acidade os eleentos do 3rotesco ro1ntico. N!o e0re3a
ta0oco o tero 3rotesco, as desi3na/o co o noe de 8hor destrti5o8.
Te a conce0ç!o ito a0la desse 8hor destrti5o8, 2e ltra0assa os
2adros da literatra e da arte' incli nele a 84esta dos locos8, a 84esta do
asno8 +8issas dos asnos8, isto <, as 4oras de ritos e es0et:clos c?icos
edie5ais. Entre os atores renascentistas, cita de 0re4er>ncia Rabelais e
%hakes0eare. Menciona es0ecialente a 8ridiclariaç!o do ndo8
%eltverlacung& e %hakes0eare, re4erindo/se aos ses b4@es 8elanclicos8
e a Halet.
ean/&al co0reende 0er4eitaente o car:ter ni5ersal do riso 3rotesco. 9
8hor destrti5o8 n!o se diri3e contra 4en?enos ne3ati5os isolados da
realidade, as contra toda a realidade, contra o inndo 0er4eito e acabado. 9
0er4eito < ani2ilado coo tal 0elo hor. ean/&al sblinha o radicaliso
dessa 0osiç!o' 3raças ao 8hor destrti5o8, o ndo se con5erte e al3o
e"terior, terr5el e inustifcado, o ch!o nos esca0a sob os 0<s, sentios a
5erti3e, 0ois n!o 5eos nada est:5el  nossa 5olta. ean/&al distin3e o eso
ni5ersaliso, o eso radicaliso na destriç!o de todos os 4ndaentos
7 Mais 0recisaente, o 3rotesco 0o0lar reVete o oento e 2e a l sucede  obscridade,
a anh!  noite, a 0ria5era ao in5erno.
orais e sociais 2e se o0era nos ritos e es0et:clos da Idade Media.
N!o se0ara o 3rotesco do riso' ele co0reende 2e, se o 0rinc0io
c?ico, o 3rotesco < i0oss5el. Mas a sa conce0ç!o terica só conhece o riso
redido +hor, destitdo de 4orça re3eneradora e reno5adora 0ositi5a e,
0ortanto, sobrio e se ale3ria. estaca o car:ter melanc1lico do 8hor
destrti5o8 e a6ra 2e o diabo +na sa ace0ç!o ro1ntica, claro teria sido o
aior dentre os horistas.
Ebora ean/&al cite 4atos relacionados co o 3rotesco edie5al e
renascentista +inclsi5e Rabelais, ex0@e na realidade a teoria do 3rotesco
ro1ntico; atra5<s desse 0risa, considera as eta0as anteriores do 3rotesco,
8roantiando/os8 +se3indo sobretdo a inter0elaç!o de Rabelais e -er5antes
0or %terne.
a esa 4ora 2e %chle3el, inter0reta o as0ecto 0ositi5o do 3rotesco, a
sa Gltia 0ala5ra, 4ora do 0rinc0io c?ico, conhece/o coo a e5as!o 0ara
 0lano es0irital, lon3e de todo o 0er4eito e acabado, o 2al < destrdo 0elo
hor.\
Be ais tarde, lo3o antes de *\Q), assiste/se a  renasciento do ti0o
de ia3ens 3rotescas no Roantiso 4ranc>s.
No 0re4:cio de #rom5ell, e 0rieiro l3ar, e no illiam [38]
7a6espeare, e se3ida, $ictor H3o coloco o 0roblea do 3rotesco de
aneira interessante, caracterstica tab< do Roantiso 4ranc>s.
Atribi  sentido ito a0lo ao ti0o de ia3ens 3rotescas. escobre a
sa exist>ncia na Anti3idade 0r</cl:ssica +a Hidra, as H:r0ias, os -iclo0es e
e 5:rias 0ersona3ens do 0erodo arcaico e, e se3ida, classi6ca coo
0ertencente a esse ti0o toda a literatra 0s/anti3a, a 0artir da Idade M<dia. 8No
0ensaento oderno, 0elo contr:rio, o 3rotesco `... est: e toda 0arte' 0or
 lado, cria o dis4ore e o horr5el; 0or otro, o c?ico e b4o.8
9 as0ecto essencial do 3rotesco < a de4oridade. A est<tica do 3rotesco <
e 3rande 0arte a est<tica do dis4ore. Mas, ao eso te0o, H3o
en4ra2ece o 5alor at?noo do 3rotesco, considerando/o coo eio de
contraste 0ara a exaltaç!o/do sblie. 9 3rotesco e o sblie co0leta/se
taente, sa nidade +2e %hakes0eare alcanço elhor 2e 2al2er
otro 0rod a belea at>ntica 2e o cl:ssico 0ro < inca0a de atin3ir.
E illiam 7a6espeare, H3o 4a as an:lises ais interessantes e ais
concretas da ia3e 3rotesca e, e es0ecial, do 0rinc0io c?ico, aterial e
cor0oral. Estdareos se 0onto de 5ista ais adiante, 0ois H3o a ex0@e
tab< sa conce0ç!o da obra rabelaisiana.
9tros atores ro1nticos 4ranceses 0artilhara i3alente o interesse
0elo 3rotesco e sas 4ases anti3as, as < 0reciso obser5ar 2e, na França, o
3rotesco era considerado coo a tradiç!o nacional. E *\WQ, Th<o0hile
Satier 0blico a antolo3ia intitlada 9es grotes0ues, onde se renia os

\ Nas obras liter:rias de ean/&al, encontra/se nerosas ia3ens t0icas do 3rotesco


ro1ntico, sobretdo nos ses 8sonhos8 e 85is@es8. +-4. o conDnto de obras desse 3>nero
editado 0or R. Ben' ;ean Gaul, CrJume und )isionen, Mni2e, *W. Esse 5ole cont<
exe0los not:5eis do 3rotesco notrno e se0lcral.
re0resentantes do 3rotesco 4ranc>s toado n sentido bastante a0lo'
encontraos $illon, os 0oetas libertinos do s<clo $II +Th<o0hile de $ia,
%aint/Aant, %carron, -#rano de Ber3erac e at< eso %cd<r#.
= 3isa de concls!o, de5eos destacar dois as0ectos 0ositi5os' e
0rieiro l3ar, os ro1nticos 0rocrara as raes 0o0lares do 3rotesco; e
se3ndo l3ar, n!o se liitara a atribir ao 3rotesco 4nç@es exclsi5aente
satricas.
C claro, nossa an:lise do 3rotesco ro1ntico est: lon3e de ser exasti5a.
Al< disso, ad2ire  car:ter  0oco nilateral, tal5e eso 0ol>ico, ao
tentar ilinar as di4erenças entre o 3rotesco ro1ntico e o 3rotesco 0o0lar da
Idade M<dia e do Renasciento. C 0reciso reconhecer 2e o Roantiso 4e
 descobriento 0ositi5o, de consider:5el i0ort1ncia' o descobriento do
indi5do sbDeti5o, 0ro4ndo, ntio, co0lexo e ines3ot:5el.
Esse car+ter infnito interior do indi5do era estranho ao 3rotesco da Idade
M<dia e do Renasciento, as a sa descoberta 0elos ro1nticos s 4oi
0oss5el 3raças ao e0re3o do <todo 3rotesco, da [39] sa 4orça ca0a de
s0erar 2al2er do3atiso, 2al2er car:ter acabado e liitado. N
ndo 4echado, acabado, est:5el, no 2al se traça 4ronteiras ntidas e
it:5eis entre todos os 4en?enos e 5alores, o in6nito interior n!o 0oderia ser
re5elado. &ara con5encer/se disso, basta co0arar as an:lises racionalistas e
exasti5as dos sentientos internos 4eitas 0elos cl:ssicos e as ia3ens da 5ida
ntia e %terne e os ro1nticos. A 4orça artstica e herstica do <todo
3rotesco sobressai de 4ora 3ritante. Mas tdo isso ltra0assa o 2adro do
nosso estdo.
Acrescentareos ainda al3as 0ala5ras a res0eito da co0reendo do
3rotesco na est<tica de He3el e de Fischer.
He3el 4a als!o a0enas  4ase arcaica do 3rotesco, 2e ele de6ne coo a
ex0ress!o do estado de ala 0r</cl:ssico e 0r</6los6co. Bscando/se na 4ase
arcaica hind, He3el caracteria o 3rotesco 0or tr>s 2alidades' escla de
onas hetero3>neas da natrea; diens@es exa3eradas e iensr:5eis; e a
lti0licaç!o de certos r3!os e ebros do cor0o hano +di5indades hinds
co 5:rios braços e 0ernas. He3el i3nora totalente o 0a0el or3aniador do
0rinc0io c?ico no 3rotesco e considera/o 4ora de 2al2er li3aç!o co a
coicidade.
Nesse as0ecto, Fischer di5er3e de He3el. &ara ele, a 0r0ria ess>ncia e a
4orça otri do 3rotesco s!o o ris5el e o c?ico. 89 3rotesco < o c?ico, no
se as0ecto ara5ilhoso, < o Oc?ico itol3icoO.8 Essa de6niç!o te a
certa 0ro4ndidade.
C 0reciso lebrar 2e na e5olç!o se3ida 0ela est<tica 6los6ca at< aos
nossos dias, o 3rotesco n!o 4oi co0reendido ne a0reciado de acordo co o
se 5alor, ne encontro  l3ar no sistea est<tico.
e0ois do Roantiso, a 0artir da se3nda etade do s<clo I, o
interesse 0elo 3rotesco diini nota5elente, tanto na literatra coo na
histria liter:ria. ando se 4a als!o a ele, < 0ara rele3:/lo s 4oras do
c?ico 5l3ar de baixa cate3oria, o 0ara inter0ret:/lo coo a 4ora 0articlar
da s:tira, orientada contra 4en?enos indi5idais, 0raente ne3ati5os. essa
aneira, toda a 0ro4ndidade, todo o ni5ersaliso das ia3ens 3rotescas
desa0arece 0ara se0re.
E *\, a0arece a obra ais 5olosa sobre o assnto' A ist1ria da
s+tira grotesca de %chnee3ans %>escicte der grotes6en 7at$re&, dedicada
sobretdo a Rabelais, 2e o ator considera o aior re0resentante da s:tira
3rotesca; 4a ao eso te0o  reso de certas ani4estaç@es do 3rotesco
edie5al. %chnee3ans < o re0resentante ais t0ico da inter0retaç!o 0raente
satrica do 3rotesco. &ara ele, o 3rotesco < se0re e nicaente a s:tira
ne3ati5a, < o e"agero do 0ue não deve e"istir, exa3ero 2e ltra0assa o
5erossil e se torna assi 4ant:stico. Atra5<s do exa3ero do 2e [40] n!o
de5e existir, a6ra %chnee3ans, a0lica/se/lhe  3ol0e ortal e social.
%chnee3ans n!o co0reende e absolto o iper!olismo positivo do
0rinc0io aterial e cor0oral no 3rotesco edie5al e e Rabelais. Ta0oco
ca0ta a 4orça re3eneradora e reno5adora do riso 3rotesco. -onhece a0enas o
riso 0raente ne3ati5o, retrico e triste da s:tira do s<clo I, e inter0reta
as ani4estaç@es do 3rotesco edie5al e renascentista a 0artir desse 0onto de
5ista. Esse <  exe0lo extreo da 8oderniaç!o8 des5irtada do conceito
de riso na histria da literatra. 9 ator n!o co0reende ta0oco o
ni5ersaliso das ia3ens 3rotescas. %a conce0ç!o < t0ica dos historiadores
da literatra da se3nda etade do s<clo I e 0rieiras d<cadas do .
Meso na atalidade, sbsiste o sistea de inter0retaç!o 0raente satrica
do 3rotesco, 0rinci0alente e relaç!o a Rabelais. -oo D: encionaos,
%chnee3ans se baseia sobretdo nas an:lises da obra rabelaisiana. &or isso
5aos 5oltar ainda  sa obra no decorrer do nosso trabalho.

No s<clo , assistios a  no5o e 0oderoso renasciento do 3rotesco,


se be 2e o tero de 8renasciento8 seDa di6cilente a0lic:5el a certas
4oras do 3rotesco ltraoderno.
A linha da sa e5olç!o < bastante co0licada e contraditria. No entanto,
e 3eral, 0ode/se distin3ir das linhas 0rinci0ais. A 0rieira < o 3rotesco
modernista +Al4red arr#, os srrealistas, os ex0ressionistas, etc.. Esse 3rotesco
retoa +e 3ras di4erentes as tradiç@es do 3rotesco ro1ntico; atalente
se desen5ol5e sob a inV>ncia das di5ersas correntes existencialistas. A se3nda
linha < o 3rotesco realista +Thoas Mann, Bertolt Brecht, &ablo Nerda, etc. 2e
retoa as tradiç@es do realiso 3rotesco e da cltra 0o0lar, e s 5ees
reVete tab< a inV>ncia direta das 4oras carna5alescas +&ablo Nerda.
N!o < nosso 0ro0sito de6nir as 0articlaridades do 3rotesco atal.
Exainareos si0lesente a Gltia teoria li3ada  linha odernista. Aldios
 obra do einente crtico liter:rio ale!o ^ol43an3 Ka#ser, 'as >rotes6e in
Malerei und 'ictung, *W7 %O grotesco na pintura e na poesia&.
Na realidade, a obra de Ka#ser < o 0rieiro estdo, e at< o oento o
Gnico, consa3rado  teoria do 3rotesco. Ele cont<  [41] 3rande nGero de
obser5aç@es 0reciosas e an:lises stis. No entanto, n!o 0odeos a0ro5ar a
conce0ç!o 3eral do ator.
Ka#ser 0ro0?s/se a escre5er a teoria 3eral do 3rotesco, a re5elar a
0r0ria ess>ncia do 4en?eno. Na realidade, se li5ro cont< a0enas a teoria +e
 bre5e histrico dos 3rotescos ro1ntico e odernista, o, 0ara ser 0reciso,
do se3ndo a0enas, a 5e 2e o ator s 5> o 3rotesco ro1ntico atra5<s do
0risa do 3rotesco odernista, ra!o 0ela 2al ele o co0reende e a0recia de
a 4ora  0oco des5irtada. A teoria de Ka#ser < absoltaente
ina0lic:5el aos il>nios de e5olç!o anteriores ao Roantiso' 4ase arcaica,
anti3a +0or exe0lo, o draa satrico o a co<dia :tica, Idade M<dia e
Renasciento, inte3rados na cltra c?ica 0o0lar. 9 ator ne se2er
in5esti3a essas ani4estaç@es +contenta/se co encion:/las. Baseia sas
concls@es e 3eneraliaç@es na an:lise do 3rotesco ro1ntico e odernista, as
< a conce0ç!o odernista 2e deterina sa inter0retaç!o. Ta0oco
co0reende a 5erdadeira natrea do 3rotesco, inse0ar:5el do ndo da
cltra c?ica 0o0lar e da 5is!o carna5alesca do ndo. No 3rotesco
ro1ntico, essa natrea est: en4ra2ecida, e0obrecida e e 3rande 0arte
reinter0retada. -ontdo, eso no 3rotesco ro1ntico, os 3randes teas
ori3in:rios do carna5al conser5a reinisc>ncias do 0oderoso conDnto a 2e
0ertencera. Essa reinisc>ncia des0onta nas elhores obras do 3rotesco
ro1ntico +co a 4orça 0articlar, ebora de ti0o di4erente, e %terne e
Ho]ann. Essas obras s!o ais 0oderosas, 0ro4ndas e ale3res 2e a sa
0r0ria conce0ç!o sbDeti5a e 6los6ca do ndo. Mas Ka#ser i3nora essas
reinisc>ncias e n!o as in5esti3a. 9 3rotesco odernista 2e d: o to  sa
conce0ç!o, ol5ida 2ase co0letaente essas reinisc>ncias e inter0reta de
aneira extreaente 4oralista a herança carna5alesca dos teas e
sbolos 3rotescos.
ais s!o, se3ndo Ka#ser, as caractersticas 4ndaentais da ia3e
3rotescaJ
Pendo sas de6niç@es, 6caos sr0reendidos 0elo to lG3bre, terr5el e
es0antoso do ndo 3rotesco, 2e ele < o Gnico a ca0tar. Na realidade, esse
to < totalente alheio a toda a e5olç!o do 3rotesco at< o Roantiso.
isseos 2e o 3rotesco da Idade M<dia e do Renasciento, i0re3nado da
5is!o carna5alesca do ndo, libera a este Gltio de tdo 2e nele 0ode ha5er
de terr5el e ateoriador, torna/o totalente ino4ensi5o, ale3re e linoso.
Tdo 2e era terr5el e es0antoso no ndo habital, trans4ora/se no ndo
carna5alesco e ale3res 8es0antalhos c?icos8. 9 edo < a ex0ress!o
extrea de a seriedade nilateral e estG0ida 2e no carna5al e 5encida
0elo riso +Rabelais elabora a3ni6caente esse tea na sa obra,
0rinci0alente atra5<s do 8tea de Malbro3h8. A liberdade absolta 2e
caracteria o 3rotesco, n!o seria 0oss5el n ndo doinado 0elo edo.
[42]
&ara Ka#ser, o essencial do ndo 3rotesco < 8al3o hostil, estranho e
desano8 %das Kneimlice, das )erremdete und Knmensclice, 0. \*.
Ka#ser destaca es0ecialente o as0ecto estranho; 89 3rotesco < o ndo
2e se torna estranho8 %das >rotes6e ist die entremdete elt, 0. *QL. Ex0lica
essa de6niç!o, co0arando o 3rotesco ao ni5erso dos contos ara5ilhosos, o
2al, 5isto de 4ora, 0ode tab< ser de6nido coo estranho e inslito, as
n!o coo  ndo 2e se tomou estrano. No ndo 3rotesco, 0elo
contr:rio, o habital e 0rxio torna/se sbitaente hostil e exterior. C o nosso
ndo 2e se con5erte de re0ente no ndo dos outros.
Essa de6niç!o, 2e se a0lica a certos 4en?enos do 3rotesco oderno, n!o
< inteiraente ade2ada ao 3rotesco ro1ntico, e enos ainda s 4ases
anteriores.
Na realidade, o 3rotesco, inclsi5e o ro1ntico, o4erece a 0ossibilidade de
 ndo totalente dierente, de a orde ndial distinta, de a otra
estrtra da 5ida. Fran2eia os liites da nidade, da indisctibilidade, da
iobilidade 6ctcias +en3anosas do ndo existente. 9 3rotesco, nascido da
cltra c?ica 0o0lar, tende se0re, de a 4ora o otra, a retornar ao
0as da idade de oro de %atrno, e cont< a possi!ilidade 5i5a desse retorno.
9 3rotesco ro1ntico tab< cont< essa 0ossibilidade +caso contr:rio,
deixaria de s>/lo, as dentro das 4oras sbDeti5as 2e lhe s!o 0ecliares. 9
ndo existente torna/se de re0ente  ndo exterior +0ara retoar a
terinolo3ia de Ka#ser, Dstaente 0or2e se re5ela a 0ossibilidade de 
ndo 5erdadeiro e si eso, o ndo da idade de oro, da 5erdade
carna5alesca. 9 hoe encontra/se consi3o eso, e o ndo existente <
destrdo 0ara renascer e reno5ar/se e se3ida. Ao orrer, o ndo d:  l.
No ndo 3rotesco, a relati5idade de tdo 2e existe < se0re ale3re, o
3rotesco est: i0re3nado da ale3ria da dança e das trans4oraç@es, eso
2e e al3ns casos essa ale3ria se reda ao nio, coo no Roantiso.
C 0reciso sblinhar ainda a 5e 2e o as0ecto t0ico +8a idade de
oro8 re5ela/se no 3rotesco 0r</ro1ntico, n!o sob a 4ora do 0ensaento
abstrato o das eoç@es internas, as na realidade total do omem:
0ensaento, sentientos e corpo. A 0artici0aç!o do cor0o n otro ndo
0oss5el, a 4acldade de co0reens!o do cor0o ad2ire a i0ort1ncia
ca0ital 0ara o 3rotesco.
A conce0ç!o de Ka#ser, 0or<, n!o deixa l3ar ao 0rinc0io aterial e
cor0oral, ines3ot:5el e 0er0etaente reno5ado. Ta0oco a0arece o te0o,
o as danças, o as crises, isto <, nada do 2e ocorre sob o sol, na terra, no
hoe, na sociedade hana, e 2e constiti a ra!o de ser do 5erdadeiro
3rotesco. [43]
Esta de6niç!o de Ka#ser < extreaente t0ica do 3rotesco odernista' 8o
3rotesco < a 4ora de ex0ress!o do 8id88 +0. *Q7.
&ara Ka#ser, LidL re0resenta al3o ais existencialista do 2e 4rediano;
LidL < a 4orça estranha 2e 3o5erna o ndo, os hoens, sas 5idas e ses
atos. Ka#ser red 5:rios oti5os 4ndaentais do 3rotesco a a Gnica
cate3oria, a 4orça desconhecida 2e re3e o ndo, re0resentada, 0or exe0lo,
atra5<s do teatro de arionetes. Essa < tab< a sa conce0ç!o de locra.
&ressentios se0re no loco al3o 2e n!o lhe 0ertence, coo se  es0rito
n!o/hano se ti5esse introdido na sa ala. : encionaos 2e o 3rotesco
e0ilho de aneira radicalente di4erente o oti5o da locra' a 6 de
liberar/se da 4alsa 85erdade deste ndo8 e conte0l:/lo co  olhar li!erto
dessa 85erdade8.
Ka#ser re4ere/se 4re2enteente  li!erdade da 4antasia caracterstica do
3rotesco. Mas coo 0oderia existir liberdade n ndo ilinado 0ela 4orça
estranha do LidLJ A conce0ç!o de Ka#ser cont< a contradiç!o ins0er:5el.
Na realidade, a 4nç!o do 3rotesco < liberar o hoe das 4oras de
necessidade inana e 2e se baseia as ideias doinantes sobre o nindo. 9
3rotesco derrba essa necessidade e descobre se car:ter relati5o e liitado. A
necessidade a0resenta/se n deterinado oento coo al3o s<rio,
incondicional e 0ere0trio. Mas historicaente as ideias de necessidade s!o
se0re relati5as e 5ers:teis. 9 riso e a 5is!o carna5alesca do ndo, 2e est!o
na base do 3rotesco, destroe a seriedade nilateral e as 0retens@es de
si3ni6caç!o incondicional e inte0oral e libera a consci>ncia, o 0ensaento e a
ia3inaç!o hana, 2e 6ca assi dis0on5eis 0ara o desen5ol5iento de
no5as 0ossibilidades. a 2e a certa 8carna5aliaç!o8 da consci>ncia 0recede
e 0re0ara se0re as 3randes trans4oraç@es, eso no donio cient6co.
No ndo 3rotesco, 2al2er LidL é desisti6cado e trans4ora/se e
8es0antalho c?ico8; ao 0enetrar nesse ndo, eso no ndo do 3rotesco
ro1ntico, sentios' a ale3ria es0ecial e 8licenciosa8 do 0ensaento e da
ia3inaç!o.
Analisareos a3ora ais dois as0ectos da conce0ç!o de Ka#ser.
Resindo as sas an:lises, ele a6ra 2e 8no 3rotesco n!o se trata de
edo da orte, as de edo da 5ida8.
Essa a6raç!o, 4eita a 0artir de  0onto de 5ista existencialista, o0@e a
5ida  orte, o0osiç!o 2e n!o existe no sistea de ia3ens 3rotescas, onde a
orte n!o a0arece coo a ne3aç!o da 5ida +entendida na sa ace0ç!o
3rotesca, isto <, a 5ida do 3rande cor0o 0o0lar. entro dessa conce0ç!o, a
orte < considerada a entidade da 5ida na 2alidade de 4ase necess:ria, de
condiç!o 0ara a sa reno5aç!o e reD5enesciento 0eranente. A orte est:
se0re relacionada ao nasciento, o se0lcro ao seio terreno 2e d:  l.
[44] Nasciento/orte e orte/nasciento s!o as 4ases constitti5as da
0r0ria 5ida, coo o ex0ressa e 0ala5ras c<lebres o es0rito da Terra no
<austo de Soethe. A orte est: inclda na 5ida e deterina se o5iento
0er0<to, 0aralelaente ao nasciento. 9 0ensaento 3rotesco inter0reta a
lta da 5ida contra a orte dentro do cor0o do indi5do coo a lta da 5ida
5elha recalcitrante contra a no5a 5ida nascente, coo a crise de
re5eaento.
Peonardo da $inci disse' 8ando o hoe es0era co ale3re i0aci>ncia
o no5o dia, a no5a 0ria5era, o ano no5o, n!o 0ensa 2e deste odo as0ira 
sa 0r0ria orte8. Ebora ex0resso na 4ora n!o/3rotesca, o a4oriso est:

 >e!urt und >ra!,  3in e5iges Meer,  3in 5ecselnd e!en,  3in glFend 9e!en. +Nasciento e se0ltra, 
U eterno ar,  U o5iento scessi5o,  Ua 5ida ardente. A2i a orte e a 5ida não se op*em/ o
nascimento e a sepultura sobre0@e/se, li3a/se da esa 4ora ao seio 0rocriador e absor5ente da terra
e do cor0o, entra da esa aneira, coo 4ases necess:rias, no conDnto 5i5o da 5ida e eterna
dança, e eterna reno5aç!o. Isso < ito t0ico da conce0ç!o do ndo de Soethe. 9 ndo onde
se o0@e a 5ida e a orte, < totalente di4erente do ndo onde nasciento e se0ltra se
con4ronta. Este Gltio 0ertence  cltra 0o0lar e < tab< e 3rande 0arte o do 0oeta.
ins0irado na conce0ç!o carna5alesca do ndo.
No sistea de ia3ens 3rotescas, 0ortanto, a orte Y a reno5aç!o s!o
inse0ar:5eis do conDnto 5ital, e inca0aes de in4ndir teor.
C 0reciso notar 2e no 3rotesco da Idade M<dia e do Renasciento h:
eleentos c?icos eso na ia3e da orte +at< no ca0o 0ictrico,
coo 0or exe0lo nas 8anças acabras8 de Holbein o rer. A 63ra do
es0antalho c?ico rea0arece co aior o enor rele5o. Nos s<clos
se3intes, 0rinci0alente o s<clo I, 0erde/se a co0reens!o da coicidade
0resente nessas ia3ens, 2e 4ora inter0retadas co absolta seriedade e
nilateralidade, ra!o 0ela 2al se tornara 4alsas e andinas. 9 s<clo I
br3>s s tinha olhos 0ara a coicidade satrica, o riso retrico, triste, s<rio e
sentencioso +n!o adira 2e tenha sido co0arado ao l:te3o o aos açoites.
Aditia/se ainda o riso 0raente recreati5o, des0reoc0ado e tri5ial. 9 s<rio
tinha 2e 0eranecer 3ra5e, isto <, ontono e se rele5o.
9 tea da orte concebida coo reno5aç!o, a s0er0osiç!o da orte e
do nasciento e as ia3ens de ortos ale3res t>  0a0el 4ndaental no
sistea de ia3ens de Rabelais, e 0or isso 5aos analis:/las concretaente
nos ca0tlos se3intes do nosso estdo.
9 Gltio as0ecto da conce0ç!o de Ka#ser 2e exainareos a2i, < a sa
an:lise do riso 3rotesco.
Esta < a sa de6niç!o' 89 riso esclado de dor ad2ire, ao entrar no
3rotesco, os traços do riso brlador, cnico e 6nalente sat1nico8.
Ka#ser concebe o riso 3rotesco da esa 4ora 2e o 5i3ia de BonaZentra
e a teoria do 8riso destrti5o8 de ean/&al isto <, dentro do es0rito do 3rotesco
ro1ntico. 9 riso n!o te o as0ecto ale3re, liberador e re3enerador, o seDa,
criador. &or otro lado, Ka#ser co0reende ito be a i0ort1ncia do
0roblea do riso no 3rotesco e e5ita resol5>/lo de aneira nilateral +c4. op cit.,
0. *Q.
-oo D: disseos, o 3rotesco < a 4ora 0redoinante 2e adota as
di5ersas correntes odernistas atais. A conce0ç!o de Ka#ser no essencial 0ode
ser5ir/lhes de 4ndaento terico e, ebora co al3as reser5as, esclarecer
certos as0ectos do 3rotesco ro1ntico. Mas 0arece/nos inadiss5el estend>/la s
otras 4ases da e5olç!o da Ia3e 3rotesca.
9 0roblea do 3rotesco e de sa ess>ncia est<tica s 0ode ser
inteiraente colocado e resol5ido dentro do 1bito da cltra 0o0lar da Idade
M<dia e da literatra do Renasciento, e nesse sentido Rabelais <
0articlarente esclarecedor. &ara co0reender a 0ro4ndidade, as Glti0las
si3ni6caç@es e a 4orça dos di5ersos teas 3rotescos, < 0reciso 4a>/lo do 0onto
de 5ista da nidade da cltra 0o0lar e da 5is!o carna5alesca do ndo; 4ora
desses eleentos, os teas 3rotescos torna/se nilaterais, d<beis e andinos.

N!o resta dG5ida 2anto  ade2aç!o do 5oc:blo 83rotesco8 a0rado a


 ti0o es0ecial de ia3ens da cltra 0o0lar da Idade Media e  literatra
do Renasciento. Mas at< 2e 0onto se Dsti6ca a nossa denoinaç!o de
88realismo 3rotesco8J
Nesta introdç!o, s 0odeos dar a res0osta 0reliinar a essa 2est!o.
As caractersticas 2e di4erencia de aneira t!o arcante o 3rotesco
edie5al e renascentista do 3rotesco ro1ntico e odernista 0rinci0alente a
co0reens!o es0ontaneaente aterialista e dial<tica da exist>ncia  0ode
ser de6nidas da aneira ais ade2ada coo realistas. Nossas an:lises
lteriores concretas das ia3ens 3rotescas ir!o con6rar essa hi0tese.
As ia3ens 3rotescas do Renasciento, diretaente li3adas  cltra
0o0lar carna5alesca +e Rabelais, -er5antes e %terne, inVra e toda a
literatra realista dos s<clos se3intes. 9 realiso e 3rande estilo +%tendhal,
Balac, H3o, ickens, etc. este5e se0re lidado +direta o indiretaente 
tradiç!o renascentista, e a r0tra desse laço condi 4atalente ao
abastardaento do realiso,  sa de3eneraç!o e e0iriso natralista.
A 0artir do s<clo $II, certas 4oras do 3rotesco coeça a de3enerar
e 8caracteriaç!o8 est:tica e estreita 0intra de costes, coo conse2>ncia
da liitaç!o es0ec6ca da conce0ç!o br3esa de inndo. &elo contr:rio, o
5erdadeiro 3rotesco n!o < de aneira al3a est:tico; es4orça/se, ali:s, 0or
ex0riir nas sas ia3ens o [46] de5ir, o cresciento, o inacabaento
0er0<to da exist>ncia' < o oti5o 0elo 2al ele d: nas sas ia3ens os dois
0olos do de5ir, ao eso te0o o 2e 0arte e o 2e est: che3ando, o 2e
orre e o 2e nasce; ostra dois cor0os no interior de  Gnico, a 3erinaç!o
e a di5is!o da c<lla 5i5a. Nas 4oras ais altas do realiso 3rotesco e
4olclrico, coo nos or3anisos nicellares, n!o resta Daais  cad:5er +a
orte do or3aniso nicellar coincide co o 0rocesso de lti0licaç!o, < a
di5is!o e das c<llas, dois or3anisos, se 8des4aientos8, a 5elhice est:
3r:5ida, a orte est: 0renhe, tdo 2e < liitado, caracterstico, 6xo, acabado,
0reci0ita/se 0ara o 8in4erior8 cor0oral 0ara a ser re4ndido e nascer de no5o.
Mas, drante o 0rocesso de de3eneraç!o e desa3re3aç!o do realiso 3rotesco,
se 0olo 0ositi5o desa0arece, isto <, a alha Do5e do de5irO+sbstitda 0ela
sentença oral e 0ela conce0ç!o abstrata, e resta a0enas  cad:5er, a
5elhice se 0renhe, 0ra, i3al a si esa, isolada, arrancada do conDnto e
0leno cresciento no seio do 2al ela se li3a5a  alha Do5e se3inte, na
cadeia Gnica da e5olç!o e do 0ro3resso.
N!o resta ais 2e  3rotesco tilado, e43ie do de?nio da 4ecndidade
co o 4alo cortado e o 5entre encolhido. E o 2e d: ori3e a todos os ti0os
est<reis do 8caracterstico8, a todos os ti0os 80ro6ssionais8 de ad5o3ados,
ercadores, alco5iteiras, 5elhos e 5elhas, etc., si0les :scaras de  realiso
4alsi6cado e de3enerado. Esses ti0os existia tab< no realiso 3rotesco,
as n!o constita o 2adro de toda a 5ida, era a0enas a 0arte a3oniante
da 5ida renascente. Na realidade, a no5a conce0ç!o de realiso traça otras
4ronteiras entre os cor0os e as coisas. %e0ara os cor0os d0los e 0oda do
realiso 3rotesco e 4olclrico as coisas 2e brotara Dnto co o cor0o,
0rocra a0er4eiçoar cada indi5idalidade, isolando/a da totalidade fnal 2e D:
0erde a anti3a ia3e, se ter ainda encontrado a no5a. A co0reens!o
do te0o, tab<, odi6co/se considera5elente.
A literatra chaada de 8realiso br3>s8 do s<clo $III +%orel, %carron
e FretiYre, ao lado de eleentos 0raente carna5alescos, cont< D:
ia3ens 3rotescas est:ticas, isto <, 2ase sbtradas  0assa3e do te0o, 
corrente da e5olç!o, 0ortanto, o 6xada na sa d0la natrea o di5idida e
dois. Al3ns atores, coo 0or exe0lo R<3nier, inclina/se a inter0retar esses
0rieiros 0assos coo o coeço do realiso. Na 5erdade, s!o a0enas
4ra3entos ortos, e s 5ees 2ase des0ro5idos de sentido, do 0Dante e
0ro4ndo realiso 3rotesco.

`...

[293]C 0reciso n!o 0erder de 5ista o 0a0el enore 2e dese0enha o


medo c1smico  edo de tdo 2e < incoensra5elente 3rande e 4orte'
6raento, assas ontanhosas, ar  e o edo das 0ertrbaç@es csicas
e das calaidades natrais, nas ais anti3as itolo3ias, conce0ç@es e sisteas
de ia3ens, e at< nas 0r0rias ln3as e nas 4oras de 0ensaento 2e elas
deterina. Kma certa lem!rança o!scura das pertur!aç*es c1smicas passadas,
um certo temor indefnível dos a!alos c1smicos uturos dissimulam4se no pr1prio
undamento do pensamento e da imagem umanos. Na base esse teor, 2e
n!o < absoltaente stico, no sentido 0r0rio do tero +< o teor ins0irado
0elas coisas ateriais de 3rande 0orte e 0ela 4orça aterial in5enc5el, <
tiliado 0or todos os sisteas reli3iosos co o 6 de o0riir o hoe, de
doinar a sa consci>ncia. Meso [294] os testenhos ais anti3os da obra
0o0lar reVete a luta contra o temor c1smico, contra a lem!rança e o
pressentimento dos a!alos c1smicos e da morte violenta. Assi, nas criaç@es
0o0lares 2e ex0riia esse cobate, 4orDa5a/se a autoconscincia
verdadeiramente umana, li!erada de todo medo. N
Essa lta contra o teor csico, e todas as sas 4oras e ani4estaç@es,
a0oia5a/se n!o sobre es0eranças abstratas, sobre a eternidade do es0rito, as
sobre o princípio material incluído no pr1prio omem. e al3a 4ora, o
omem assimilava os elementos c1smicos +terra, :3a, ar, 4o3o, encontrando4
os e e"perimentando4os no seu pr1prio interior, no seu pr1prio corpo/ ele sentia o
cosmos em si mesmo.
No Renasciento, essa assiilaç!o dos elementos c1smicos nos elementos
do corpo realia5a/se de aneira 0articlarente consciente e ex0lcita. Ela
encontro a sa ex0ress!o terica na ideia do microcosmos, de 2e se ser5e
Rabelais no Dl3aento de &anr3e +a res0eito dos credores e de5edores.

*) As ia3ens 2e ex0rie esse cobate, est!o 4re2enteente istradas a otras, 2e reVete a
lta 0aralela desenrolada no cor0o do indi5do, contra o se nasciento e eio s dores e o
0ressentiento da a3onia. 9 teor csico < ais 0ro4ndo e ais essencial; ele 0arece re43iado no cor0o
0roX criador da hanidade, e assi insino/se nos 0r0rios 4ndaentos da ln3a, das ia3ens e do
0ensaento. Esse teor csico < 0ortanto ais essencial e ais 4orte do 2e o edo indi5idal e
cor0oral da orte 5iolenta, se be 2e 0or 5ees as sas 5oes se na nas ia3ens 4olclricas e
sobretdo liter:rias. Esse edo csico 4oi le3ado 0ela i0ot>ncia dos 0rieiros hoens diante das 4orças
da natrea. A cltra 0o0lar i3nora5a esse teor, ani2ila5a/o 0or eio do riso, da cor0ori6caç!o
c?ica da natrea e do cosos, 0ois ela esta5a 4ortalecida na base 0ela con6ança inde4ect5el no 0oder
e na 5itria 6nal do hoe. &elo contr:rio, as cltras o6ciais tilia5a itas 5ees, e at< eso
clti5a5a, esse teor a 6 de hilhar e o0riir o hoe.
$oltareos ais tarde a esses as0ectos da 6loso6a do Renasciento. No
oento, 3ostaraos de sblinhar 2e as 0essoas assimilavam e sentiam em si
mesmas o cosmos material, com os seus elementos naturais, nos atos e unç*es
eminentemente materiais do corpo/ alimentação, e"crementos, atou se"uais/ a <
2e encontra5a e si esos e tatea5a, 0or assi dier, saindo do seu
corpo, a terra, o ar, o ar, o 4o3o e, de aneira 3eral, toda a at<ria do ndo
e todas as sas ani4estaç@es, o assi a assiila5a. Fora Dstaente as
imagens relativas ao L!ai"oL corporal 2e ad2irira  valor microc1smico
essencial.
Na obra 4olclrica liter:ria, o temor c1smico +coo 2al2er teor <
5encido 0elo riso. Assi, a matéria ecal e a urina , matéria c@mica, corporal,
compreensível, tinha a  0a0el ito i0ortante. Elas 63ra tab< e
0uantidade astron@mica, numa escala [295] c1smica. O cataclismo c1smico,
descrito co a aDda das imagens do !ai"o material e corporal, é re!ai"ado,
umanizado e transormado num alegre espantalo. Assi o riso 5ence o terror
csico.
`...

Você também pode gostar