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Constância Manhiça

Domingas Muchongo
Maitê Dimande
Rosa Zena Watsenga Manguene

Avaliação do desempenho de Empresas em Moçambique: Caso dos Indices de Prazos Medios


nas Pequenas Empresas (2020-20222).

Universidade Pedagógica de Maputo


Faculdade de Economia e Gestão
Maputo, Novembro 2023
Constância Manhiça
Domingas Muchongo
Maitê Dimande
Rosa Zena Watsenga Manguene

Avaliação do desempenho de Empresas em Moçambique: Caso dos Indices de Prazos Medios


nas Pequenas Empresas (2020-20222).

Licenciatura em Gestão de Empresa

Trabalho de pesquisa que tem como


obejectivo a busca de informações de
Crise Económica. apresentado na
Cadeira de Estrategia Empresarial II, 2◦
ano, pós-laboral.
Docente: Erneste Manhica

Universidade Pedagógica de Maputo


Faculdade de Economia e Gestão
Maputo, Novembro 2023
Indice

1. Introdução ............................................................................................................................. 1

2. Revisão de Literatura ............................................................................................................ 2

2.1. Avaliação do Desempenho de uma Empresa .................................................................... 2

2.2. Critérios de Avaliação ....................................................................................................... 4

2.3. Índices De Liquidez .......................................................................................................... 6

2.4. Índices de Actividade ........................................................................................................ 7

4. Conclusão ...................................................................................................................... 11

5. Referências Bibliográficas ................................................................................................. 12


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1. Introdução

O objectivo deste trabalho é o de dar a conhecer um conjunto de indices ou rácios

financeiros que demonstrem e avaliem de uma forma eficaz, eficiente e objectiva o

desempenho global de uma empresa. Com este estudo pretende-se explorar uma ferramenta,

que será baseada na análise de rácios financeiros, que permita esclarecer o utilizador, seja

ele investidor ou cliente, sobre o sucesso financeiro e global de uma empresa presente na

Vosso Super Mercado, Sociedade Unipessoal.

Os investidores estão cada vez mais interessados na avaliação de desempenho no sentido de

lhes ser possível seleccionar, de uma forma óptima, os fundos mais promissores, no que à

relação risco rendibilidade diz respeito (Glawischnig et al, 2009). Assim, se uma avaliação

de desempenho for actualizada periodicamente e tiver apresentada de uma forma clara,

exacta e concisa, permite atrair novos investidores aumentando a sua reputação.

Recentemente, a utilização de indicadores de desempenho como avaliação dos objectivos da

organização têm vindo a aumentar (van der Geer et al, 2009). Os rácios financeiros são

concebidos para ajudar a avaliar as demonstrações financeiras (Brigham e Houston, 2003) e

consequentemente a empresa.

O valor real das demonstrações financeiras reside no facto de poderem ser usadas para

ajudar a prever as receitas e os dividendos futuros. Na óptica do investidor, prever o futuro é

o interesse principal, enquanto que na óptica da gestão, as demonstrações financeiras são

úteis no sentido em que ajudam a antecipar condições futuras e, mais importante, ajuda o

planeamento de decisões futuras com o intuito de melhorar o seu desempenho (van der Geer

et al, 2009).
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2. Revisão de Literatura

2.1. Avaliação do Desempenho de uma Empresa

A competitividade de um país deriva directamente do desempenho que as suas empresas


possam ter. A um nível nacional, a competitividade é reflectida no desempenho da economia,
enquanto que a um nível operacional, é vista tendo como base a quota de mercado da
empresa (Barros, 2005). A avaliação de desempenho é uma ferramenta para medir a obtenção
dos objectivos organizacionais (Kuo e Chen, 2007).

Uma interpretação exacta e a existência de medidas de avaliação do desempenho de uma


empresa, são vitais para garantir o sucesso da organização. É essencial para os gestores saber
o que aconteceu, porque aconteceu e o que pode ser melhorado no desempenho futuro. Na
prática, a concentração da avaliação do desempenho está na abordagem tradicional, onde os
aspectos quantificáveis do desempenho, tais como as relações entre as quantidades
mensuráveis, são facilmente comparados com o desempenho passado, com os valores
orçamentados ou com os padrões de mercado.

A avaliação de desempenho é um assunto diverso. Vários académicos de diferentes áreas e


funções, tais como contabilistas, gestores de operações, de marketing, financeiros,
economistas, psicólogos e sociólogos estão a trabalhar de forma activa nesta matéria (Neely,
2002). As equipas de gestão têm uma preocupação constante na gestão efectiva do seu
desempenho, visto que este, pode ser utilizado como referência nas tomadas de decisão, e
pode ser relevante e determinante para os melhoramentos detectados (Chen, 2009).

Os objectivos da avaliação do desempenho de uma empresa são vários. Para Thomas, em


2006, a avaliação de desempenho tem respondido a diversos propósitos, que tanto podem ser
de carácter politico como de administrativo. Nem todos estes objectivos e propósitos são
consistentes, e portanto, é impossível, para um sistema de avaliação de desempenho, servi-los
a todos de forma equitativa e com sucesso. Na Tabela 2, estão sintetizados os propósitos mais
relevantes da avaliação de desempenho.
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Tabela 1: Objectivos da avaliação do desempenho

Objectivos da avaliação de
desempenho
Para ajudar a esclarecer os objectivos, as direcções e as expectativas

Para ajudar as organizações a aprender a cumprir objectivos mais eficazmente

Para comunicar as prioridades da organização

Para suportar o planeamento estratégico, ligando as declarações gerais de

orientação para os resultados operacionais

Apoiar a planificação orçamental e os processos de alocação de recursos

Para acompanhar o funcionamento dos programas e fazer melhorias contínuas

Para avaliar se a organização está a alcançar os seus objectivos

Para fortalecer a responsabilidade administrativa.

Fonte: Thomas (2006)


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2.2. Critérios de Avaliação

Segundo Neves et al (2008) existem sete critérios para a avaliação de desempenho de uma

organização. Estes critérios são a simplicidade, objectividade, convergência, coerência,

controlabilidade, integralidade e equidade. A utilização dos critérios de uma forma

ponderada contribui para uma melhoria da eficiência e da eficácia na implementação da sua

estratégia.

Relativamente a cada um dos critérios de avaliação sugeridos por Neves et al (2008)

concluímos que:

• Simplicidade: Além da facilidade de compreensão os critérios devem ser fáceis de

utilizar para que o gestor possa avaliar com rapidez o impacto das suas decisões. Por

exemplo, se o gestor concede mais 15 dias de crédito aos clientes deve ser capaz de

saber qual o impacto desta sua decisão sobre a medida de desempenho de avaliação

da sua gestão;

• Objectividade: é necessário que haja uma avaliação apropriada e concentrada na

verdadeira missão do departamento visado. Por exemplo para avaliar o desempenho

do departamento de contabilidade é fundamental verificar a qualidade das

informações contabilísticas (grau de erro nelas contido);

• Convergência: o critério de avaliação do desempenho deve traduzir a convergência

dos objectivos de cada centro para com os objectivos globais da empresa. Por

exemplo, avaliar o departamento comercial apenas pelo volume de vendas não é o

mais adequado, visto que este departamento tem poder de decisão sobre preços e

condições de pagamento a conceder aos clientes;

• Coerência: a avaliação do desempenho deve reflectir com rigor a natureza de toda e

qualquer decisão. Por exemplo, fixar para um departamento de compras um critério


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baseado no prazo médio de pagamento de fornecedores poderá não ser coerente, na

medida em que poderá desprezar outras condições oferecidas pelo fornecedor, tais

comoprazos de entrega, níveis de compra, descontos especiais, etc;

• Controlabilidade: deve haver controlo sobre o que se avalia, no sentido em que o

critério a usar só deve integrar os parâmetros sobre os quais o responsável pode agir

ou actuar.

• Integralidade: o indicador deve conter todos os parâmetros que estejam no raio de

actuação de cada gestor, não esquecendo nenhum deles. Por exemplo, se o

responsável da produção tem poder de decisão sobre o volume de investimentos,

estes não poderão se excluídos do seu critério de avaliação.

• Equidade: O processo de avaliação de desempenho de uma empresa deve ser

equitativo de forma a não provocar distorção na avaliação global. Deve centrar-se

numa “unidade de medida” justa.


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2.3. Índices De Liquidez

A liquidez de uma empresa é medida em termos de sua capacidade de saldar suas obrigações
de curto prazo à medida que se tornam devidas. A liquidez diz respeito à solvência da posição
financeira geral da empresa a facilidade com que pode pagar suas contas em dia. Como um
precursor comum de dificuldades financeiras é uma liquidez baixa ou em declínio, esses
índices podem fornecer sinais antecipados de problemas de fluxo de caixa e insolvência
iminente do negócio. As duas medidas fundamentais de liquidez são o índice de liquidez
corrente e o índice de liquidez seca.

O índice de liquidez corrente, um dos índices financeiros mais comumente citados, mede a
capacidade da empresa de pagar suas obrigações de curto prazo. É expresso como:

𝐴𝑐𝑡𝑖𝑣𝑜 𝑐𝑖𝑟𝑐𝑢𝑙𝑎𝑛𝑡𝑒
Índice de liquidez corrente =
𝑃𝑎𝑠𝑠𝑖𝑣𝑜 𝐶𝑖𝑟𝑐𝑢𝑙𝑎𝑛𝑡𝑒

O índice de liquidez corrente do Vosso Super Mercado, Sociedade Unipessoal em 2020 é

1.223.000
= 1,97
620.00

De modo geral, quanto maior o índice de liquidez corrente, mais líquida a empresa. Um
índice igual a 2,0 pode ser considerado aceitável, mas isso depende do sector em que a
empresa actua. Por exemplo, um índice de liquidez corrente de 1,0 seria aceitável para uma
empresa de serviços públicos, porém inaceitável para uma indústria. Quanto mais previsíveis
os fluxos de caixa de uma empresa, menor o índice aceitável. Como o Vosso Super Mercado,
Sociedade Unipessoal está num sector de fluxos de caixa anuais relativamente previsíveis,
seu índice de 1,97 deve ser perfeitamente aceitável.
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2.4. Índices de Actividade

Os índices de atividade medem a velocidade com que diversas contas se convertem em


vendas ou caixa entradas ou saídas. No que se refere às contas do circulante, as medidas de
liquidez costumam ser inadequadas porque as diferenças entre a composição dos ativos
circulantes e os passivos circulantes podem afetar significativamente sua ‘real’ liquidez.
Assim, é importante ir além das medidas de liquidez geral e avaliar a atividade (liquidez) de
contas específicas do circulante. Há diversos índices disponíveis para medir a atividade das
principais contas do circulante, inclusive estoques, contas a receber e contas a pagar.
Também pode ser empregada a eficiência do uso do ativo total.

2.4.1. Giro do estoque

O giro do estoque costuma medir a atividade, ou liquidez, do estoque de uma empresa. É


calculado da seguinte forma:

Custo das mercadorias vendidas


Giro do estoque =
𝐸𝑠𝑡𝑜𝑞𝑢𝑒

Aplicando esta relação o Vosso Super Mercado, Sociedade Unipessoal em 2020, temos:

2.088.000
Giro do estoque = = 7,2
289.000

O giro resultante só tem significado se comparado com o de outras empresas do mesmo setor
ou com o giro da mesma empresa no passado. Um giro do estoque de 20,0 não seria atípico
para uma quitanda, ao passo que 4,0 é um resultado comum para uma fabricante de
aeronaves.
O giro do estoque pode ser facilmente convertido na idade média do estoque, dividindo-se
365 o número presumido de dias do ano pelo resultado. No caso do Vosso Super Mercado,
Sociedade Unipessoal a idade média do estoque em 2020 é de 50,7 dias (365 ÷ 7,2). Este
valor também pode ser encarado como o número médio de dias de vendas em estoque.
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2.4.2. Prazo médio de recebimento

O prazo médio de recebimento, ou a idade média das contas a receber, é útil para avaliar as
políticas de crédito e cobrança. Pode ser obtido dividindo -se o saldo de contas a receber de
clientes npelo valor diário médio das vendas:

𝐶𝑜𝑛𝑡𝑎𝑠 𝑎 𝑟𝑒𝑐𝑒𝑏𝑒𝑟 𝑑𝑒 𝑐𝑙𝑖𝑒𝑛𝑡𝑒𝑠 𝐶𝑜𝑛𝑡𝑎𝑠 𝑎 𝑟𝑒𝑐𝑒𝑏𝑒𝑟 𝑑𝑒 𝑐𝑙𝑖𝑒𝑛𝑡𝑒𝑠


Prazo médio de recebimento = =
𝑉𝑎𝑙𝑜𝑟 𝑑𝑖𝑎𝑟𝑖𝑜 𝑚𝑒𝑑𝑖𝑜 𝑑𝑎𝑠 𝑣𝑒𝑛𝑑𝑎𝑠 𝑉𝑒𝑛𝑑𝑎𝑠 𝑎𝑛𝑢𝑎𝑖𝑠/365

O prazo médio de recebimento do Vosso Super Mercado, Sociedade Unipessoal em 2009 é


de:

503.000 503.000
= = 59.7 𝑑𝑖𝑎𝑠
3.074.000/365 8.422

Em média, portanto, a empresa leva 59,7 dias para receber uma conta que lhe é devida. O
prazo médio de recebimento somente é significativo em relação às condições de crédito da
empresa. Se a Bartlett Company oferece prazo de 30 dias para pagamento a seus clientes, um
prazo médio de recebimento de 59,7 dias pode indicar um departamento de crédito ou de
cobrança mal administrado, ou ambos. Também é possível que o prazo prolongado resulte de
um relaxamento intencional dos prazos de crédito como reação a pressões competitivas. Se a
empresa tiver oferecido prazo de 60 dias, um prazo médio de recebimento de 59,7 dias será
bastante aceitável. Evidentemente, é necessário contar com informações adicionais par
avaliar a eficácia das políticas de crédito e cobrança da empresa.
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2.4.3. Prazo médio de pagamento

O prazo médio de pagamento, ou idade média das contas a pagar a fornecedores, é calculado
da mesma forma que o prazo médio de recebimento:

𝐹𝑜𝑟𝑛𝑒𝑐𝑒𝑑𝑜𝑟𝑒𝑠 𝐹𝑜𝑟𝑛𝑒𝑐𝑒𝑑𝑜𝑟𝑒𝑠
Prazo médio de recebimento = =
𝑉𝑎𝑙𝑜𝑟 𝑑𝑖𝑎𝑟𝑖𝑜 𝑚𝑒𝑑𝑖𝑜 𝑑𝑎𝑠 𝑐𝑜𝑚𝑝𝑟𝑎𝑠 𝐶𝑜𝑚𝑝𝑟𝑎𝑠 𝑎𝑛𝑢𝑎𝑖𝑠/365

A dificuldade para o cálculo desse índice reside na necessidade de identificar as compras


anuais, valor este que não consta das demonstrações financeiras publicadas. Normalmente, as
compras são estimadas como uma porcentagem do custo das mercadorias vendidas. Se
admitirmos que as compras do Vosso Super Mercado, Sociedade Unipessoal correspondam a
70% do custo das mercadorias vendidas em 2009, seu prazo médio de pagamento será

382.000 382.000
= = 95,4 𝑑𝑖𝑎𝑠
0,70 𝑥 2.088.000/365 4.004

Esse valor só é significativo em relação às condições médias de crédito oferecidas à empresa.


Se os fornecedores da empresa lhe tiverem oferecido, em média, 30 dias de prazo para
pagamento, um analista atribuirá o Vosso Super Mercado, Sociedade Unipessoal tem um
baixo rating de crédito. Credores e fornecedores em potencial são os principais interessados
no prazo médio de pagamento porque isso fornece informações a respeito dos padrões de
pagamento de contas da empresa.
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2.4.4. Giro do activo total

O giro do ativo total indica a eficiência com que a empresa utiliza seus ativos para gerar
vendas. O giro do ativo total é calculado da seguinte maneira:

𝑉𝑒𝑛𝑑𝑎𝑠
Giro do ativo total =
𝐴𝑐𝑡𝑖𝑣𝑜 𝑇𝑜𝑡𝑎𝑙

O valor do giro do activo total do Vosso Super Mercado, Sociedade Unipessoal em 2009 é

3.074.000
= 0.85
3.597.000

Isso quer dizer que a empresa gira seus ativos 0,85 vezes ao ano. De modo geral, quanto mais
alto o giro do ativo total de um negócio, maior a eficiência na utilização de seus ativos. Essa
medida tende a ser de grande interesse para a administração porque indica se suas operações
foram financeiramente eficientes.
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4. Conclusão

Com a elaboração deste trabalho percebemos desde logo, que a avaliação do desempenho

global de uma empresa, é algo complexo que exige cálculos elaborados e uma preparação

prévia antes da avaliação. O objectivo do presente estudo, era tentar transformar essa

complexidade em algo simples e objectivo para a utilização de qualquer individuo. Esta

abordagem foi conseguida, somente na perspectiva financeira, onde recolhemos uma série

de rácios financeiro que ajudam a definir o estado actual e futuro de uma empresa. No

entanto estes rácios têm limitações, como já foi referido.

Para uma avaliação de desempenho mais precisa e eficaz, o avaliador precisa centrar-se, não

apenas na informação financeira inerente às demonstrações financeiras, mas também, é de

extrema importância a análise de indicadores não financeiros. Esta análise torna-se mais

difícil para alguém externo à empresa analisada, visto que os muito dos indicadores

necessários estão relacionados directamente com os processos internos da empresa e se não

existir nenhum veículo que extraia essa informação para o avaliador torna-se difícil obter

acesso. No entanto, o balanço social das empresas pode facultar algum tipo de informação

não financeira para a elaboração da avaliação.


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5. Referências Bibliográficas

Anderson, R.I., Fok, R., Scott, J. (2001) Hotel Industry Efficiency: An Advanced Linear
Programming Examination, American Business Review, pp 40-48.
Anderson, R.I., Fish, M., Xia, Y., Michello, F. (1999) Measuring efficiency in the hotel
industry: A stochastic frontier approach, Hospitality Management 18, pp 45-57.

Baker, M., Riley, M., (1994) New perspectives on productivity in hotels: Some advances
and new directions. International Journal of Hospitality Management 13(4), pp 297—311.

Banker, R.D., Charnes, A., Cooper, W.W. (1984), Some Models for Estimating Technical
and Scale Inefficiencies in Data Envelopment Analysis, Management Science

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