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EDITORIAL

Dinâmicas do encontro
sociabilidade é a marca da adolescência. Os jovens se aglutinam em grupos,
tribos e gangues; exercitam princípios e constroem valores, mas também acir-
ram disputas e buscam se impor por meio de ações transgressivas, violentas
ou delituosas.
Não é fácil amadurecer, este é um fato. Ainda mais hoje, quando a sociedade parece
cada vez mais querer prorrogar os anos de juventude, tornando-os eternos. Num mundo
como o nosso, regido pelo imediatismo das relações, pela sedução das imagens estetizantes
e pelo consumo desenfreado, que modelos fornecemos aos nossos adolescentes?
No caso do Brasil, acrescente-se ainda todo o contexto sociocultural e económico
permeado pela exclusão social. Ou se está dentro ou se está fora, "in ou out, na panela
ou fora dela", como diz um de nossos articulistas.
A adolescência, no que ela tem de volúpia, transitoriedade e renovação, é extremamente per-
meável ao tecido sociocultural. E os adultos a ela. Derivam daí avanços e também sintomas. Não
há como passar incólume quando somos bombardeados por notícias de adolescentes protagoni-
zando cenas de agressão, barbárie, infrações ou delitos. Ou, ao contrário, quando seus comporta-
mentos transgressivos, apáticos ou sintomáticos revelam algo que está em todos nós.
Sabemos que todo ser humano é fruto de uma combinação única de diversos fatores
individuais (psicológicos, genéticos, cerebrais, cognitivos) e coletivos (históricos, fami-
liares, culturais, entre outros) - temas explorados ao longo dos quatro números desta
coleção dedicada à adolescência.
Individuais ou coletivos, entretanto, todos os aspectos que nos conformam trazem,
de algum modo, a marca de nosso encontro com o outro - seja por meio dos genes, da
nacionalidade, da época, da cultura etc. -, convocando-nos a interagir com nossos seme-
lhantes, muitas vezes tão diversos de nós. É por intermédio deles que moldamos valores
e princípios, que exercitamos o criar, o fazer e o renovar. Em sentido inverso, os sintomas
psicossociais ecoam as turbulências desse encontro.
Neste número que conclui a série O olhar adolescente, procuramos apresentar as
diversas formas de enredamento do adolescente nas malhas sociais, a começar pela histo-
riografia da adolescência no Brasil e pelos ritos de passagem, percorrendo, entre outras,
as questões da violência, maioridade penal, moral e ética, até chegar à mídia, às mobili-
zações e aos movimentos juvenis.
Graziela Costa Pinto, editora

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APRESENTA

adolescente
OS INCRÍVEIS ANOS DE TRANSIÇÃO PARA A IDADE ADULTA

C E M • MORAL E ÉTICA • VALORES E CONSUMO •


JUVENTUDE E MÍDIA • GÉNERO E DIVERSIDADE • MAIORIDADE PENAL •
VIOLÊNCIA • MOVIMENTOS SOCIOCULTURAIS • ADULTOS DE AMANHÃ

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