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1BARCELLOS, Ana Paula de Curso de direito constitucional / Ana Paula de Barcellos. – Rio de
Janeiro: Forense, 2018. P. 303
que não deve ser confundida com uma divisão territorial do Poder, típica de um
Estado Federal. Assim leciona Ana Paula de Barcellos a respeito do tema:
“A separação de Poderes é frequentemente descrita como uma
divisão/separação horizontal de Poderes. É possível cogitar ainda de
uma divisão vertical ou territorial, classificação por vezes identificada
como “formas de Estado” que, em geral, ocupa-se de descrever como
o poder político se distribui pelo território, identificando três principais
modelos: os sistemas federativos, os Estados regionais e os Estados
unitários mais ou menos descentralizados.
2
BARCELLOS, Ana Paula de Curso de direito constitucional / Ana Paula de
Barcellos. – Rio de Janeiro: Forense, 2018. P. 304
convocadas eleições, forme-se nova maioria ou coalizão que sustente o Governo
existente ou promova sua substituição”3
3
BARCELLOS, Ana Paula de Curso de direito constitucional / Ana Paula de
Barcellos. – Rio de Janeiro: Forense, 2018. P. 312
4
BARCELLOS, Ana Paula de Curso de direito constitucional / Ana Paula de
Barcellos. – Rio de Janeiro: Forense, 2018. P. 313
entre o Legislativo e o Judiciário. Eis decisão do STF que trata do tema, ao vedar
controle excessivo de CPI sobre atuação de membros do Poder Judiciário:
5
“STF, DJU, 12 maio 2000, MS 23.452/RJ, Rel. Min. Celso de Mello
6
MENDES, Gilmar Ferreira; COELHO, Inocêncio Mártires; BRANCO, Paulo
Gustavo Gonet. Curso de direito constitucional. 12. ed. rev. e atual. São
Paulo: Saraiva, 2017. p. 741.
“Art. 2º São Poderes da União, independentes e harmônicos entre si, o Legislativo,
o Executivo e o Judiciário.”7
Por outro lado, podemos listar, também, dispositivos que consagram justamente
a fórmula de “freios e contrapesos”, com os mecanismos desenhados pelo
constituinte originário com a finalidade de garantir um controle recíproco dos
Poderes entre si. De início, podemos citar o poder de veto a projetos de lei,
garantido ao Poder Executivo:
[...]
7
BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988.
Disponível em: <http://www.
planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/ConstituicaoCompilado.htm>. Acesso em:
02.05.2022.
De idêntica maneira, ao Poder Legislativo também foi garantida a
possibilidade de controlar exercícios abusivos de posições jurídicas por parte de
outros Poderes. Como exemplo podemos citar os seguintes dispositivos:
[...]
Assim sendo, no caso dos tratados internacionais não basta que o Poder
Executivo, ao representar a República Federativa do Brasil no plano
internacional (é sempre importante traçar a distinção entre a República
Federativa do Brasil, sujeito de direito público internacional e a União, sujeito de
direito público interno), assine um Tratado para que tal acordo passe a vincular
o país. É preciso que o Congresso Nacional, exercendo claro mecanismo
controlador, manifeste sua vontade, para que, só então, o Presidente da
República ratifique tal Tratado em âmbito internacional. Assim se manifestou o
STF sobre a matéria:
8
. ADI 1.480 MC, rel. min. Celso de Mello, j. 4-9-1997, P, DJ de 18-5-2001.
O outro dispositivo colacionado acima também é manifestação da
separação de Poderes em sua vertente de “freios e contrapesos”, já que
assegura ao Congresso Nacional o poder de autorizar ou não que o Presidente
e o Vice-Presidente da República se afastem do território nacional por mais de
15 dias. Tal previsão, inclusive, é tida pelo STF como norma essencial à
Federação, sendo, portanto, de reprodução obrigatória por parte dos Estados-
Membros, que não podem prever que a autorização deva ocorrer para qualquer
período de afastamento do País, incidindo na espécie o Princípio da Simetria.
Vejamos decisão do STF a respeito do tema:
2.3 (Im)possibilidade
de modificação de dispositivos que versem
sobre a separação de poderes
9
ADI 5373, Relator(a): CELSO DE MELLO, Tribunal Pleno, julgado em
24/08/2020, PROCESSO ELETRÔNICO DJe-229 DIVULG 16-09-2020 PUBLIC
17-09-2020
Após termos analisado o que vêm a ser as cláusulas pétreas e como elas
se relacionam com a mutabilidade ou não da Constituição Federal, bem como
após tecermos análise com maior grau de detalhamento acerca de uma cláusula
pétrea em espécie (separação de Poderes), cumpre determinar se a
impossibilidade de uma Emenda Constitucional modificar a estrutura de
separação de Poderes posta pelo constituinte originário é absoluta ou se
comporta alguma flexibilização.
Outro exemplo dado tanto pela doutrinadora acima citada como pelos
grandes professores Luis Roberto Barroso (cujo livro colacionamos excerto
abaixo) e Daniel Sarmento envolve a criação do CNJ. Vejamos:
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BARCELLOS, Ana Paula de Curso de direito constitucional / Ana Paula de
Barcellos. – Rio de Janeiro: Forense, 2018. P. 322
“A questão, no entanto, já foi debatida em mais de uma ocasião, inclusive
em ação direta movida contra a Reforma do Judiciário (EC n. 45/2004), na
parte em que criou o Conselho Nacional de Justiça.A Corte entendeu
inexistir violação ao princípio porque o CNJ integra a estrutura do Poder
Judiciário e a presença, em sua composição, de um número minoritário de
membros de fora do Judiciário – e não egressos diretamente da estrutura
interna dos outros dois Poderes, ainda quando por eles indicados – não
caracterizava ingerência de um Poder em outro.”11
11 11
BARROSO, Luís Roberto ; Curso de direito constitucional contemporâneo: os conceitos
fundamentais e a construção do novo modelo / Luís Roberto Barroso. – 9. ed. – São Paulo :
Saraiva
Educação, 2020., p. 183
12 12
BARROSO, Luís Roberto ; Curso de direito constitucional contemporâneo: os conceitos
fundamentais e a construção do novo modelo / Luís Roberto Barroso. – 9. ed. – São Paulo :
Saraiva
Educação, 2020., p. 182
13Souza Neto, Cláudio Pereira de Direito constitucional: teoria, história e métodos de trabalho;
Cláudio Pereira de Souza Neto, Daniel Sarmento. – Belo Horizonte : Fórum, 2012.
-- 1. ed. -- Belo Horizonte : Fórum, 2012. P. 269
visão tradicional e ortodoxa da separação de poderes, desde que não
importem em concentração excessiva de poderes nas mãos de qualquer
órgão ou autoridade estatal, e se mostrem compatíveis com os valores
referidos no parágrafo anterior.”
14
RABAT, Márcio Nuno, LUGAR DO SEMIPRESIDENCIALISMO ENTRE OS
SISTEMAS DE GOVERNO, disponível em :
https://bd.camara.leg.br/bd/handle/bdcamara/40872 , acesso em 14 de agosto de 2022.
que continuaria a existir, apenas com contornos distintos. É um debate rico e
sem resposta pré-definida, que, caso venha a ocorrer, atrairá a atenção de toda
a população brasileira para o julgamento por parte do STF. No tocante a tal tema,
Ana Paula de Barcellos15 assim se manifesta:
15
BARCELLOS, Ana Paula de Curso de direito constitucional / Ana Paula de
Barcellos. – Rio de Janeiro: Forense, 2018. P. 323
ampliativa as cláusulas pétreas, tendo em conta a restrição que elas
impõem às maiorias de cada momento histórico.
3. CONCLUSÃO
REFERÊNCIAS
STF, DJU, 12 maio 2000, MS 23.452/RJ, Rel. Min. Celso de Mello
MENDES, Gilmar Ferreira; COELHO, Inocêncio Mártires; BRANCO, Paulo Gustavo Gonet.
Curso de direito constitucional. 12. ed. rev. e atual. São Paulo: Saraiva, 2017.
BARCELLOS, Ana Paula de Curso de direito constitucional / Ana Paula de Barcellos. – Rio de
Janeiro: Forense, 2018
Souza Neto, Cláudio Pereira de Direito constitucional: teoria, história e métodos de trabalho;
Cláudio Pereira de Souza Neto, Daniel Sarmento. – Belo Horizonte : Fórum, 2012.
-- 1. ed. -- Belo Horizonte : Fórum, 2012