Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
1
EXERCÍCIOS
Citações
ALUSÃO
by Carlos Ceia | Dez 29, 2009 | 0 comments
Referência explícita ou implícita a uma obra de arte, um facto histórico ou um autor, para
servir de termo de comparação, e que apela à capacidade de associação de ideias do leitor. O
recurso à alusão literária testemunha a relação de um autor com a tradição que representa ou com
a qual se identifica. Contudo, como aconteceu por exemplo na literatura religiosa medieval, a
alusão pode servir apenas para exibir erudição. Só pelo processo de reconhecimento e/ou
reidentificação desta relação por parte do leitor é que a alusão se pode tornar efectiva, pelo que
tem uma função mais exigente do que a mera citação. A alusão difere desta ainda pelo facto de o
seu sentido depender fortemente do contexto em que esta inserida.
Fenómenos como a paródia e a sátira podem recorrer à alusão, mas porque todos os tipos
considerados podem servir-se destes recursos, não é correcto falar de “alusão parodística” e
“alusão satírica” como espécies diferenciadas. A alusão possui características tais que a permitem
combinar-se com a paródia, por exemplo, mas já não tem o mesmo objectivo de contra-estilização
destrutiva que é essencial para compreendermos a essência da paródia. Só aliada à paródia, a
alusão pode cumprir esse objectivo. A paródia pode ir mais longe do que a simples alusão: não se
contentando com a denúncia, pode também julgar e condenar à morte artística aquilo que parodia.
2
A alusão deve ser ainda distinguida da paródia, como recursos autónomos mas inter-relacionados,
porque toda a repetição ou retoma de um texto a ser objecto de paródia tem que pressupor uma
diferenciação; na alusão, apenas se referencia, e não se transforma. Na paródia, o texto A que
parodia o texto B tem que resultar diferente pelo sentido, pela ideologia (como sistema de ideias do
texto) e/ou pela forma; por seu lado, a alusão procura a identificação do sentido de duas
proposições ou situações diferentes à partida. A paródia não é uma duplicatio de estilos ou de
textos, como pode acontecer na alusão, mas é um efeito metalinguístico que se obtém sempre por
meio de uma diferença subentendida. Por aqui, os dois recursos respeitam a mesma condição de
recepção. Se aquilo que separa os dois textos (A- parodiante/alusivo e B-parodiado/aludido) não
ficar subentendido, o leitor não reconhecerá o efeito pretendido, assumindo tratar-se de mera
paráfrase. Em suma, a alusão é reafirmadora do sentido; a paródia é desafiadora de tudo o que num
texto preexistente suportar ser desconstruído.
Se a alusão é a referência directa ou indirecta de um texto preexistente, a citação é a
transcrição completa de um texto preexistente. A alusão referencia, mas não deforma, não censura,
não imita, não desenvolve e não transcreve um texto preexistente; a citação transcreve, imita e
referencia, mas não deforma, não censura e não desenvolve um texto pré-existente. Os casos da
alusão e da citação podem seguir o mesmo padrão acriativo do plágio – salvaguardem-se os casos
que à frente se descrevem de alusões criativas. Luís António de Verney deu-nos já um curioso
diagnóstico dos abusos destas formas de imitação discursiva: “Outro defeito ainda acho, em que
comummente caem, e vem a ser encher o discurso de alegações importunas, de passos latinos, de
versinhos, e outras coisas que encontram. Podem as alusões, alegações etc. ter lugar, quando há
necessidade de ouvir as palavras na mesma língua original, ou para mostrar a sinceridade de quem
as cita, ou a elegância de quem as escreveu, o que raras vezes sucede.” (Verdadeiro Método de
Estudar, vol.II: Estudos Literários, Sá da Costa, Lisboa, 1950, pp. 106-107). Este propósito de
validação estética e científica da alusão e da citação não pode ser partilhado pela paródia, que, pelo
contrário, não valida mas invalida o sentido original parodiado. A alusão e a citação baseiam-se
numa relação de correspondência verbal entre dois textos, ao passo que a paródia difere sempre do
texto que parodia. Como regra geral, certamente sujeita a excepções, podemos dizer que citamos
e/ou aludimos para comprovar um ponto forte e parodiamos para mostrar uma fraqueza.
③ Leia o texto, integrado no E-Dicionário de Termos Literários, coordenado por Carlos Ceia.
DESCRIÇÃO
by Olegário Paz | Dez 30, 2009 | 0 comments
{bibliografia}
Buescu, Helena, Incidência do Olhar – Percepção e Representação, Edit. Caminho, Lisboa, 1990.
Garcia, Othon M., Comunicação em Prosa Moderna, Edit. F. Getulio Vargas, Rio de Janeiro, 1978.
Shaw, Harry, Dicionário de Termos Literários, Publ. D. Quixote, 2ª ed., Lisboa, 1982.
In https://edtl.fcsh.unl.pt/encyclopedia/descricao/ (com supressões)
4
Referências bibliográficas
Hendrickson (1980). The treatment of error in written work. Modern Language Journal, 64, pp.
216-221.
Bitchner, J., & Ferris, D. Written corrective feedback in second language acquisition and
writing. New York: Routledge.
Caldes (2009). Géneros de texto e receção textual: estabilidade e dinâmica. Estudos
Linguísticos / Linguistic Studies, 153-169.
Pereira, L. Á. (2000). Escrever em Portugês: Didácticas e práticas. Lisboa: ASA.
M. J. Gamboa (2013). Plano Nacional de Leitura: na encruzilhada dos discursos. Aprender, 33,
18-24.
Assunção, I.; Araújo, A. I. (2001). O Ensino e a aprendizagem do Português na transição do
milénio. Lisboa: APP.
Sequeira (2013). “A literatura na aula de língua estrangeira e a competência intercultural”.
Revista de Estudos Literários, 3, 211-229.
Melo, C. e Cavalcante, M. (2007).“Superando os obstáculos de avaliar a oralidade”. In
Marcuschi, B. e Suassuna, L., Avaliação em língua portuguesa: contribuições para a prática
pedagógica, 89-102.
Mendes, E. Formar professores de português LE/L2 na universidade: desafios e projeções. In
M. Kaneoya, “Português língua estrangeira em contextos universitários: experiências de ensino
e deformação docente”, Vol. I (pp. 68-90). Campinas-SP: Mercado de Letras.
5
② Considere a informação infra. Apresente as referência bibliográficas adequadamente, seguindo
as normas APA (7.ª edição).
6
③ Observe as seguintes fichas catalográficas de obras existentes numa biblioteca.
Faça a referência bibliográfica das quatro obras indicadas, seguindo as normas APA.
7
Síntese
① Redija uma síntese dos dois textos, utilizando entre 100 e 150 palavras e não recorrendo a
citações diretas.
Texto 1
Termo utilizado para classificar uma palavra nova que surge numa língua devido à necessidade de
designar novas realidades – novos conhecimentos técnicos, objetos gerados pelo progresso científico
(neologismos técnicos e científicos) e até por questões estilísticas e literárias, tornando a língua mais
expressiva e rica (neologismos literários).
O que sucede quando precisamos de atribuir um novo nome para designar uma ideia
ou objeto novos é escolher uma destas opções: formar uma palavra nova a partir de elementos que já
existam; adotar um termo de uma outra língua; alterar o significado de uma palavra já antiga. Daí que
os neologismos criados possam possuir diferentes processos de formação: por derivação
(ficcionismo, metaficção), por composição (astronauta, homeopatia), por imitação de outras palavras
já existentes na língua (eurocrata), por transferência de vocábulos pertencentes a outras línguas
(clicar, inputar, scannear), ou palavras completamente novas que são criadas. Neste último grupo,
incluem-se os neologismos literário-estilísticos que são criados para se conseguir um efeito único,
especial, ou tornar uma frase mais maleável, concentrando uma expressão numa palavra, de modo a
tornar o sentido mais explícito, por exemplo: […] «gouvarinhar» (verbo criado por Eça de Queirós
em Os Maias para se referir aos momentos de conversa, convívio, em casa da família Gouvarinho) […].
Neste grupo de palavras novas que são criadas, incluem-se, também, os termos originários da gíria dos
jovens que, após algum tempo de resistência, acabam por integrar o vocabulário português: «bué»
(muito); «cota» (pai, mãe, qualquer outro adulto).
Texto 2
Dependendo do tipo de vocabulário que se pretende estudar, assim será escolhido o corpus
para recolha dos neologismos. Por exemplo, se o objetivo é estudar o vocabulário dos adolescentes
e/ou jovens, verificando o que no seu discurso é neológico, deverá constituir-se um corpus adequado,
constituído ou por conversas formais interpares, ou por revistas e outras publicações destinadas a este
público. É preciso não esquecer que, nos dias que correm, a Internet é uma fonte inesgotável de texto
escrito (algum de pouca qualidade, é certo, mas, se a perspetiva não for normativa, a “qualidade”
pode não ser um aspeto muito relevante, para além de que materiais com “erros” constituem, como é
sabido, excelentes pontos de partida para o ensino-aprendizagem de diferentes aspetos da língua.).
Normalmente, os estudos de neologia são feitos com base em corpora dos meios de
comunicação social: jornais, revistas, emissões de rádio e/ou televisão (embora estes dados sejam
menos usados, apenas porque a sua transcrição é sempre morosa e dispendiosa). Porquê esta
seleção? Basicamente porque, por um lado, os meios de comunicação têm como principal objetivo dar
conta do que é novo, novidade, notícia, e, por outro lado, porque as temáticas abordadas são as mais
diversificadas possível, sendo maior a probabilidade de encontrar neologismos.
Correia, Margarita, & Lemos, Lúcia (2005). Inovação lexical em português. Colibri.
8
② Redija uma síntese dos dois textos, utilizando entre 100 e 150 palavras e não recorrendo a
citações diretas.
Texto 1
Pelo simples contacto com as palavras escritas, as crianças aprendem que algumas combinações
de letras são mais frequentes do que outras e até que algumas combinações são impossíveis. Não são
precisos muitos meses de contacto com palavras escritas em português para que as crianças percebam
que não é possível começar uma palavra dobrando consoantes: gg ou tt. Possivelmente são até
capazes de notar que em português as únicas consoantes que são duplicadas são o <s> e o <r>, mas
nunca no início de uma palavra. Muitos outros padrões ortográficos são também detetados pela
simples exposição repetida às formas escritas das palavras. Tipicamente, a aprendizagem dos padrões
nas letras decorre de forma implícita, mas há vantagens em que os professores os possam usar
estrategicamente (por exemplo, selecionando textos em que esses padrões são salientes) e inclusive
que os explicitem quando eles podem ser aprendidos como regras.
A morfologia é outra fonte de conhecimento ortográfico, particularmente rica no português.
Basta pensar na flexão de género, de número, de grau dos adjetivos e na flexão verbal, nos processos
de derivação por prefixação e sufixação para compreender como o conhecimento sobre a formação
das palavras pode facilitar a aprendizagem da ortografia portuguesa. […]
A investigação tem demonstrado amplamente que ensinar a ortografia das palavras melhora a
leitura. Aliás, as correlações entre competência ortográfica e competência de leitura são
habitualmente muito fortes. Crianças que escrevem com grande correção ortográfica são
frequentemente também muito boas leitoras. Infelizmente, o inverso também acontece. Crianças com
dificuldades na leitura também têm dificuldades na ortografia. A relação entre leitura e ortografia é
mutuamente reforçante. No entanto, no início da aprendizagem da leitura ela parece ser mais forte no
sentido da ortografia para a leitura. Escrever de forma ortograficamente correta exige uma
representação exata de todas as posições na palavra. Escrever essa palavra reforça mais a sua
representação ortográfica do que lê-la. Isto acontece porque a leitura é frequentemente possível
mesmo sem uma representação perfeita da palavra. É por isso importante que, além de lidas, as
palavras possam ser escritas. A escrita beneficia a leitura.
Texto 2
Muito elucidativa é a comparação da aprendizagem da leitura e da escrita em línguas diferentes.
Como umas línguas têm uma escrita mais regular (por exemplo, o alemão, o espanhol, o finlandês) e
outras, menos regular e com mais inconsistências (o inglês, o francês), será que os progressos na
aprendizagem avançam ao mesmo ritmo em todas as línguas?
Um importante estudo europeu procurou responder a esta pergunta […]. Crianças no primeiro
ano de escolaridade, da Islândia a norte à Grécia a sul, e de Portugal a oeste à Finlândia a leste, ao
todo com 13 línguas diferentes, foram testadas quanto ao conhecimento das letras e na leitura de
palavras familiares e de palavras inventadas. Exemplos de palavras familiares usadas em português
foram “ali, tu, pé, uva, gato, porta”; em espanhol, “tan, pero, sol, casa, niño, estoy”; em inglês, “my,
here, boy, two, home, blue”. As listas em cada língua eram mais extensas, estas são apenas uma
pequena amostra.
O estudo mostrou que a percentagem de palavras corretamente lidas no final do primeiro ano de
escolaridade era muito diferente conforme as línguas que estavam a ser aprendidas. Crianças a
aprender línguas mais regulares como o finlandês, o espanhol e o alemão quase não tiveram erros de
9
leitura (apenas 2 a 6% de erros). Em contrapartida, as que aprendiam línguas de ortografia menos
regular tiveram uma taxa de sucesso bem mais baixa. O caso extremo foi o das crianças a aprender
inglês, uma língua conhecida pela sua elevada inconsistência: a percentagem de erros foi superior a
50%. A meio caminho ficaram as crianças francesas e portuguesas, duas ortografias que também estão
a meio caminho quanto à regularidade/irregularidade, isto é, que não são tão regulares como o
espanhol, nem tão irregulares como o inglês; a percentagem de erros, nestes casos, foi de cerca de
25%.
A principal conclusão deste estudo é que o ritmo de aprendizagem depende da língua em que se
aprende, sendo que línguas contendo poucas ou nenhumas irregularidades podem ser aprendidas
mais fácil e rapidamente do que línguas em que elas existem em maior número. Como é o caso do
português.
③ Redija uma síntese dos dois textos, utilizando entre 100 e 150 palavras e não recorrendo a
citações diretas.
Texto 1
Estudar etimologia requer conhecimentos de muitas línguas e etapas de línguas. O português, por
exemplo, tem palavras de origem latina, grega, árabe, tupi, iorubá, entre outras. Além disso, o
português medieval não é o mesmo que o do Renascimento ou do Romantismo. Isso promove uma
especialização muito grande, uma vez que é possível estudar apenas as etimologias das palavras de
origem árabe do português, ou apenas as de origem africana, por exemplo. É possível, ainda, diante de
um vocabulário de português medieval, tentar estabelecer etimologias a partir do latim ou fazer
reconstruções de suas prováveis etimologias. Poucas coisas trazem mais satisfação e motivação
quanto o momento em que entendemos que, por um único radical latino ou grego, dezenas ou até
centenas de palavras são explicáveis.
Durkin (2009) define, inicialmente, que Etimologia é a investigação da história das palavras e
que este termo também tem sido usado para descrever todo o esforço em tentar fornecer uma
explicação coerente da história de uma palavra (p. 1). Ainda segundo o autor, a Etimologia faz parte do
campo mais vasto da Linguística Histórica, isto é, de tentativas de explicar como e por que as línguas
mudaram e se desenvolveram. Dessa maneira, Durkin (2009) esclarece que, como essas explicações
não podem ser dadas contando apenas com um nível linguístico, a Etimologia pode ser definida como
a aplicação, ao nível de uma palavra individual, de diversos métodos da Linguística Histórica (fonologia,
morfologia, sintaxe e semântica), a fim de produzir uma explicação coerente para a história da palavra.
Viaro (2013, p. 3), ao tratar da Etimologia, elucida que ela diz respeito aos “conhecimentos de
muitas línguas e etapas de línguas”. O autor ainda explica que ela favorece o falante, pois é “uma
chave que abre o significado de milhares de palavras em português e de outras línguas, inclusive
palavras desconhecidas que se fecham numa aparente opacidade” (Viaro, 2013, p. 7).
10
④ Redija uma síntese dos dois textos, utilizando entre 100 e 150 palavras e não recorrendo a
citações diretas.
Texto 1
A caligrafia é a arte e o estudo da escrita à mão. Treinar a caligrafia é treinar uma forma de
destreza motora para o desenho do grafema, mas também uma forma de literacia visual. Por isso, a
criança deve saber que a caligrafia lhe serve, exactamente, para conhecer bem a forma das letras, de
modo a que seja capaz de as escrever com rigor e proporcionalidade dentro de um texto e que a
harmonia da caligrafia não é muito diferente da harmonia de outros padrões gráficos, onde deve, aliás,
ser iniciada. A caligrafia destina-se a tornar visível a coerência gráfica de um texto escrito à mão e a
impedir que a escrita se torne um empecilho à leitura. O domínio da caligrafia torna o escrevente
independente das constrições das tecnologias, livre e mais poderoso. Fica assim claro que a caligrafia
serve o objetivo primordial da escrita: ser lida. […]
A ordem de aquisição da competência gráfica deve ser ponderada em função de vários factores
e, por isso, pode não fazer sentido seguir a ordem do alfabeto para a aprendizagem caligráfica. Em
função das opções realizadas pelo professor, o ensino da escrita pode ou não ser concomitante com o
ensino da leitura. Actualmente, é vulgar que isso aconteça. No entanto, algumas das letras que podem
constituir-se idealmente como as primeiras a aprender na leitura são significativamente difíceis de
grafar, pelo que propor uma ordem que respeite facilidades de aquisição da leitura e,
simultaneamente, facilidades de aquisição na caligrafia foi e continua a ser uma das questões mais
controversas na iniciação à leitura e à escrita.
Autoria: Adriana Baptista, Fernanda Leopoldina Viana, Luís Filipe Barbeiro Publicação: 2010
Texto 2
No início da aprendizagem da escrita à mão deve-se monitorizar o modo como a criança segura
no lápis e a pressão que sobre ele exerce. Uma má pega no lápis e demasiada pressão tornam a escrita
lenta e desconfortável. É também importante verificar se a sequência de gestos motores na caligrafia
de cada letra e das palavras é a mais eficiente.
O domínio da caligrafia pode ser avaliado de forma relativamente simples e eficiente pelos
professores. Basta para tal um cronómetro, uma indicação do material a escrever e metas do que
possam ser bons desempenhos. Uma das tarefas mais simples para avaliar o domínio da caligrafia é
aquela em que se pede à criança que escreva a sequência de letras do alfabeto, o mais rápido possível,
mantendo a legibilidade, e o maior número de vezes durante um minuto.
É comum usar também a cópia rápida e repetida de uma frase ou de um segmento de texto
durante um tempo fixo. Exemplo: copiar repetidamente, durante 90 segundos, a frase “O rouxinol azul
fugiu do jardim porque chovia bastante”. Nestas tarefas a rapidez da escrita à mão é dada pelo
número de letras ou palavras legíveis que a criança foi capaz de produzir no tempo considerado.
Alguns estudos mostraram que a rapidez da caligrafia progride com a prática e é só nos adultos que
tende a atingir os valores máximos. Atualmente, com o uso de canetas digitais, é muito simples a
obtenção de medidas fidedignas de rapidez da escrita à mão.
11
⑤ Redija uma síntese dos dois textos, utilizando entre 100 e 150 palavras e não recorrendo a
citações diretas.
Texto 1
A origem do alfabeto cursivo
Da pesquisa que fizemos sobre «cursivo», verificámos que se trata de «forma de letra
manuscrita», «letra que se faz, correndo a letra sobre o papel» (Grande Dicionário da Língua
Portuguesa, da Porto Editora, 2010), «o modo corrente de escrever, a caligrafia» (Grande Dicionário
Etimológico Prosódico da Língua Portuguesa, de Silveira Bueno, 1964). Este termo que deriva do latim
medieval cursivu-, utilizado para se referir à escrita romana cursiva (também chamada de maiúscula
cursiva ou capitalis cursiva), ou seja, «a forma quotidiana de escrita à mão, utilizada para cartas, por
mercadores nos seus relatórios, pelos alunos que estudavam o alfabeto romano e até pelos
imperadores nos seus despachos», uma vez que o estilo mais formal de escrita era baseado em
maiúsculas quadradas romanas. O estilo cursivo era, portanto, utilizado para uma escrita mais rápida
e informal, havendo notícias de que teria sido usado com mais intensidade do século I a. C. ao séc. III
d. C.
A referência à escrita cursiva romana não surge por acaso, pois o alfabeto português resulta do
alfabeto latino original. Ora, se a escrita cursiva corresponde à escrita à mão, conclui-se que o
alfabeto — enquanto «o conjunto ordenado das letras de que nos servimos para transcrever os sons
da linguagem falada» (Cunha e Cintra, Nova Gramática do Português Contemporâneo, 17.ª ed.,
Lisboa, Sá da Costa, p. 63) — cursivo represente o alfabeto manuscrito, grafando as formas de cada
uma das letras que são traçadas de forma corrente, imitando a maneira de escrever à mão, distinta da
tipográfica, o que se pode verificar através do registo das imagens do alfabeto cursivo.
Eunice Marta, 5 de maio de 2011 (com supressões)
https://ciberduvidas.iscte-iul.pt/consultorio/perguntas/a-origem-do-alfabeto-cursivo/29728
Texto 2
Desconhece-se ainda muito sobre a origem dos alfabetos. Acredita-se que tenham tido origem
no silabário cuneiforme sumero-acadiano, antes do III milénio a.C., que por sua vez terá estado na
origem dos hieróglifos egípcios, entre o III e o II milénios a.C. O alfabeto que usamos, o latino,
deriva do alfabeto grego, que terá surgido cerca de oito séculos a.C. O alfabeto cirílico, por seu
turno, que a par do grego e do latino constitui a trindade de alfabetos em uso na União Europeia
(desde a adesão da Bulgária em 2007), terá sido criado no século IX d.C. e é usado principalmente
para escrever línguas eslavas.
A invenção do alfabeto deu origem a uma das maiores revoluções tecnológicas da
humanidade. As letras do alfabeto registam os sons da língua (e não já conceitos e palavras,
milhares em cada língua, como os logogramas), recorrendo ao chamado princípio alfabético, i.e.,
para cada som um carácter, o que resulta num sistema de tal modo económico que, com recurso a
um número limitado de caracteres, em geral 20 ou 30, permite escrever todas as palavras de uma
língua. A simplicidade da escrita alfabética terá sido crucial no aperfeiçoamento da imprensa
por Gutenberg no século XV, que, por seu turno, foi determinante para a difusão do conhecimento.
Alguns autores realçam, ainda, o papel que os alfabetos terão tido na consolidação das
democracias, fruto da expansão da educação, e, alguns defendem, na supremacia do Ocidente
sobre o Oriente na história moderna.
Margarita Correia, Diário de Notícias, 18 de janeiro de 2021 (com supressões)
Apud https://ciberduvidas.iscte-iul.pt/artigos/rubricas/idioma/as-cerejas-as-ideias-e-o-alfabeto/4374
12