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PROGRAMA INSTITUCIONAL DE BOLSAS DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA -

PIBIC
FUNDAÇÃO CENTRO TECNOLÓGICO DE MINAS GERAIS-CETEC
Julho/2006

Projeto: Efeito do tratamento térmico nas propriedades mecânicas de


filmes finos de coloração em aços inoxidáveis

Bolsista:Adriano Amâncio Trajano

Orientadora: Rosa Maria Rabelo Junqueira


1 RESUMO

As aplicações dos aços inoxidáveis coloridos por interferência vão desde a decoração de
interiores de prédios à sua parte externa, passando por utensílios domésticos como espelhos,
balcões, e arquitetura em geral. Como todo produto lançado no Mercado, existe a necessidade
de avaliar sua vida em serviço, o que tem demandado o estudo de suas propriedades, visando
elaborar estudos de caracterização que possam apoiar o controle de qualidade do produto. O
presente trabalho tem por finalidade avaliar o efeito do tratamento térmico nos aços inoxidáveis
coloridos por interferência com diferentes espessuras, bem como investigar as propriedades
mecânicas destes filmes para avaliação do desempenho dos aços inoxidáveis coloridos obtidos
a partir de tecnologia desenvolvida e patenteada pela Fundação Centro Tecnológico de Minas
Gerais - CETEC. Para tanto, foram realizados ensaios de nanodureza por penetração
instrumentada, para medição de dureza em escala nanométrica, bem como medições de
nanodureza e módulo de elasticidade em um sistema de microscopia de varredura de sonda
(SPM). No primeiro caso, aplicaram-se cargas de 5mN, com tempo de permanência de 2
segundos, tendo sido feito diversas repetições nos ensaios, visando à obtenção de resultados
mais precisos, tanto das amostras tratadas, como das amostras não tratadas termicamente. No
segundo caso, o sistema de varredura de sonda da HYSITRON trabalhou com carga abaixo de
0,1 mN, resultando em profundidades de penetração extremamente reduzidas mais compatíveis
com as espessuras dos filmes estudados, sendo estes dados importantes na caracterização dos
filmes finos sem a influência das propriedades do substrato. Os resultados já obtidos indicam
que os filmes de interferência crescidos sob a superfície dos aços inoxidáveis, após tratamento
térmico, alteram as propriedades mecânicas dos mesmos, pelo aumento da nanodureza. A
conclusão deste trabalho prevê o tratamento dos dados realizados dos ensaios de
nanopenetração antes do tratamento térmico, bem como repetições dos ensaios das amostras
tratadas termicamente e a comparação dos dados obtidos nos dois sistemas, sendo estes
importantes para a caracterização e otimização das propriedades mecânicas dos aços
inoxidáveis coloridos por interferência.

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2 ÍNDICE

 1 RESUMO 2
 2 ÍNDICE 3
 3 OBJETIVO CIENTÍFICO E TÉCNICO DO PROJETO DO BOLSISTA 4
 4 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 5
4.1 Coloração de Aços Inoxidáveis por Interferência...................................................................5
4.2 Propriedades Mecânicas de Conjugados..............................................................................6
4.3 Ensaios de Dureza................................................................................................................. 7
4.4 Penetrador Vickers................................................................................................................ 7
4.5 Penetrador Berkovich............................................................................................................9
4.6 Ensaios por penetração instrumentada (EPI)........................................................................9
4.6.1 Equipamentos de Penetração Instrumentada..................................................................14
4.6.2 Penetração Instrumentada associada à Microscopia de Varredura por Sonda...............16
 5 MATERIAL E MÉTODOS 18
5.1 Preparação das Amostras...................................................................................................18
5.2 Ensaios de Nanodureza por Penetração Instrumentada.....................................................18
5.2.1 Ultramicrodurômetro Shimadzu........................................................................................19
5.2.2 Sistema Triboscope – Hysitron.........................................................................................20
 6 RESULTADOS E DISCUSSÃO 22
6.1 Ensaios Penetração Instrumentada/Shimadzu....................................................................22
6.1.1 Controle da temperatura ambiente...................................................................................25
6.1.2 Problemas de Manutenção no Shimadzu.........................................................................26
6.2 Ensaios por Penetração Instrumentada/ Hysitron...............................................................27
 7 CONCLUSÕES 33
 8 SUGESTÃO DE TRABALHOS FUTUROS 34
 9 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 35

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3 OBJETIVO CIENTÍFICO E TÉCNICO DO PROJETO DO BOLSISTA

Objetivo:

Este trabalho teve como objetivo estudar propriedades mecânicas dos filmes de óxidos coloridos
por interferência e o efeito do tratamento térmico nestas propriedades.

O projeto de bolsa IC se insere dentro do projeto “Modernização da infra-estrutura de metrologia


e ensaios do CETEC”, FINEP 1779/04, e “Padronização de medição de dureza e propriedades
mecânicas de materiais por penetração instrumentada nas faixas micro e nanométrica.”, CNPq
610104/2002-0, ambos em andamento no CETEC.

Metas:

Levantamento de curvas carga-descarga de filmes coloridos por interferência antes e após


tratamento térmico.
Determinação da dureza e do módulo de elasticidade de filmes coloridos por interferência antes
e após tratamento térmico.
Correlação de parâmetros morfológicos medidos por técnicas de microscopia eletrônica de alta
resolução com propriedades mecânicas dos filmes coloridos por interferência.
Desenvolvimento de metodologia assistida por microscopia de força atômica de medida de
nanodureza por penetração instrumentada para filmes ultrafinos.

Produto Final:

Metodologia para determinação de dureza e Módulo de Elasticidade de filmes de coloração por


interferência para apoio e a avaliação da vida em serviço do produto: Aço Inoxidável Colorido, e
para estudos de adaptações e otimização do processo de coloração.

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4 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

4.1 Coloração de Aços Inoxidáveis por Interferência

A coloração do aço resulta de uma seqüência de tratamentos químicos e eletroquímicos, sem


emprego de pigmentos e corantes, que fazem crescer uma camada de óxidos que reveste a
superfície do aço inox. A figura 1 representa o esquema de formação das cores por interferência
da luz sobre o filme depositado. Com o crescimento homogêneo dos óxidos, é produzido um
espectro de cores características e reprodutíveis. Por analogia, o efeito da interferência da luz na
superfície do inox colorido é o mesmo que produz diferentes tipos de cores em uma fina camada
de óleo sobre a água. As cores vão se sucedendo, de acordo com o aumento da espessura do
óxido, iniciando com tons de bronze, seguidos de azul, dourado, vermelho e verde. Tons de
grafite, marrom e preto são obtidos com modificações do processo.

Figura 1. Diagrama esquemático ilustrativo da formação de cores por interferência nos aços
inoxidáveis colorido (Nix,1997)

O processo de coloração de aços inoxidáveis via eletroquímica foi desenvolvido no Cetec


(patente PI9703991) e permite a operação à temperatura ambiente, com consequente redução
do potencial poluidor, redução dos custos de investimento, produção e manutenção do processo,
maior homogeneidade da cor e maior resistência á abrasão, quando comparado ao método
convencional. Este processo é constituído das seguintes etapas: (1) desengraxamento, (2)
lavagem, (3) pré - tratamento eletrolítico opcional, (4) lavagem, (5) coloração em solução
sulfocrômica em concentrações compreendidas entre 0,5 a 3,0 mol/l de CrO 3 e 4,0 a 7,0 mol/l de
H2SO4, (6) lavagem, (7) endurecimento eletrolítico, (8) lavagem e (9) secagem (JUNQUEIRA et

5
al., 2004). Um equipamento chamado potenciostato/ galvanostato controla o fluxo das correntes,
que é responsável pelo nível de deposição dos filmes no substrato. O produto obtido pode ser
aplicado na construção civil e arquitetura, para revestimentos externos e internos de paredes,
tetos, telhados, metais sanitários, mobiliário urbano, além do processo aumentar a resistência à
corrosão em relação ao não colorido.

O aço colorido obtido pelo processo eletroquímico é duas vezes mais resistente ao desgaste que
o produzido pelo processo químico convencional. Além disso, o processo eletroquímico propicia
cores mais firmes e homogêneas e não polui o ambiente. Aprofundando o estudo sobre filmes
ultrafinos, Junqueira et al. (2004), determinou a espessura dos filmes coloridos por interferência
a partir de perfis de profundidade obtidos por espectrometria de emissão ótica por centelhamento
(EEOC), as cores e as respectivas espessuras encontradas dos filmes foram: Marrom (73,1nm),
Azul (134,9nm), Dourado (298,7nm), Verde (441,4nm). O sucesso do desempenho e da
confiabilidade de filmes finos é freqüentemente limitado pelas propriedades mecânicas, dentre
elas a dureza e o módulo de elasticidade.

4.2 Propriedades Mecânicas de Conjugados

As propriedades mecânicas de um determinado filme fino são determinadas fortemente pelas


características físicas e químicas das superfícies externas e/ou internas, delimitando assim as
potencialidades de aplicação tecnológica deste revestimento. Assim, deve-se estudar o
comportamento de um determinado material de revestimento relativamente a sua dureza,
elasticidade, resistência à oxidação, corrosão, dependendo da aplicação associada.

O conhecimento das propriedades mecânicas (nanodureza, módulo de elasticidade) dos filmes


coloridos por interferência e aços inoxidáveis por técnicas de penetração instrumentada é de
fundamental importância na compreensão e otimização das propriedades dos sistemas
revestidos para as mais variadas aplicações, bem como na criação de uma metodologia do
estudo e caracterização de filmes finos (LEPIENSKI et al.,2004).Assim, há a necessidade de
fazermos uso de técnicas e instrumentos, conhecidos como sistemas de penetração
instrumentada, a fim de dar continuidade na aquisição de dados referentes aos parâmetros em
questão. Tais dispositivos expandem a capacidade dos durômetros para escalas nanométricas,
podendo obter cargas tão baixas como 1nN e atingir penetrações de até 0,1 nm (PHARR,
2003).

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4.3 Ensaios de Dureza

A propriedade mecânica denominada dureza é largamente utilizada na especificação de


materiais, nos estudos e pesquisas mecânicas e metalúrgicas e na comparação de diversos
materiais. Para sua medição faz-se uso do ensaio de dureza – ou ensaio de penetração,
caracterizado pela compressão de um penetrador sobre uma superfície previamente preparada
(SOUZA,1982). Cada fórmula varia também de acordo com o penetrador utilizado, que por sua
vez varia com o tipo de ensaio proposto para cada material.

Sua grandeza pode ser expressa de diversas formas, mas genericamente é definida como:

(1)

onde H é a dureza, é a carga – da ordem de quilos – e A é a área superficial da impressão cuja


leitura varia para cada penetrador.

Uma grandeza que provém da definição anterior é a Dureza Martens (HM), que é definida como a
força dividida pela área superficial em função da profundidade de penetração durante a
aplicação da força de medição (até 2001 era chamada de Dureza Universal (HU)). Inclui as
deformações plástica e elástica (N/mm 2). F é a força de medição e As(h) é a área superficial de
contato do penetrador, como mostrado na equação 2.

(2)

4.4 Penetrador Vickers

Essa dureza foi introduzida em 1925 por Smith e Sandland, que denominou de dureza Vickers,
porque a Companhia Vickers-Armstrong fabricou as máquinas mais conhecidas para operar com

7
esse tipo de dureza. O penetrador Vickers é de diamante e tem a pirâmide de base quadrada,
com um ângulo de 136° entre as faces opostas.

Como o penetrador é constituído de diamante, ele é praticamente indeformável, e como todas as


impressões são semelhantes entre si, independente do tamanho, a dureza Vickers (HV) é
independente da carga, isto é, o número de dureza obtido é o mesmo qualquer que seja a carga
usada para materiais homogêneos. Para esse tipo de dureza, a carga varia de 1 a 100 ou 120
kgf. A mudança da carga é necessária para se obter uma impressão regular, sem deformação e
de tamanho compatível para a medida de suas dimensões no visor da máquina; isso depende,
naturalmente, da dureza do material que se está ensaiando, como no caso da dureza Brinell
(SOUZA,1982). A forma da impressão é um losango regular, ou seja, quadrada, e pela média L
(ver figura 2) das suas diagonais, tem-se, conforme a expressão seguinte, a dureza Vickers:

Figura 2. Ilustração esquemática da forma de impressão da dureza Vickers (SOUZA,1982).

O valor da dureza Vickers (HV), mostrada na equação 3, é obtido a partir da aplicação de uma
carga de teste, que forma uma penetração piramidal quadrada na amostra, cujo ângulo é de 136
graus. A área de penetração é dada através de suas diagonais(L), chegando à fórmula
característica:

(3)

Onde:
HV: Dureza Vickers, Q: Carga de teste (gf), L: Valor médio das diagonais em milímetros.

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4.5 Penetrador Berkovich

A ação do penetrador no processo de penetração instrumentada pode gerar alguns defeitos de


impressão devidos ao afundamento ou à aderência do metal em volta das faces do penetrador
(pilling-up, sinking-in). Em vista disso, alguns trabalhos sugerem (Fischer-Cripps, 2002) que o
uso do penetrador Berkovich é escolha mais acertada em ensaios de nanodureza,
principalmente pelo fato de sua forma apresentar a vantagem de maior localização pontual em
relação aos outros penetradores, além de sua ponta ser mais facilmente moldada em forma
afiada do que a geometria de quatro lados do penetrador Vickers. Um penetrador Berkovich
possui a forma de uma pirâmide de três lados, com ângulos de face de 65,3º. Para uma
impressão satisfatória, a área de contato é normalmente determinada em função da
profundidade de penetração “ hc ”. A área de contato é dada pela fórmula:

A = 3 (3)1/2 hc 2 tan2 θ (4)

Θ=65,3º, a equação da área projetada torna-se:

(5)

Um ponto importante é que Penetradores piramidais não são perfeitamente pontiagudos, e a


forma teórica de sua ponta não representa a realidade na faixa micro e nanométrica. Essa forma
pode ser afetada principalmente pelos processos de fabricação e lapidação e pela anisotropia
cristalina do diamante, notadamente para o penetrador Berkovich, que é uma pirâmide de
diamante de base triangular (Fischer-Cripps, 2002).

4.6 Ensaios por penetração instrumentada (EPI)

O método de Ensaio por Penetração Instrumentada (EPI), “Instrumented Indentation Test (IIT)”,
também conhecido como método sensível à profundidade de penetração, “Depth Sensing
Indentation (DSI)”, surgiu como uma ferramenta para determinação e caracterização mecânica
de materiais e tem se tornado importante técnica no desenvolvimento de materiais

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nanoestruturados, filmes finos e materiais cerâmicos, pela sua rapidez e capacidade em se
determinar propriedades mecânicas e caracterizar novos materiais, independente da dureza,
sendo que este método é freqüentemente o único que possibilita a pesquisa de propriedades em
regiões diminutas de materiais (< 200nm), constituintes individuais e partículas em sistemas
multifase (Göeken e Kempf, 2001).

Os ensaios de EPI começaram a ser realizados nos anos 70 e o processo de normalização do


ensaio em 1993, quando foi proposto o estabelecimento de um novo método de medição, a
Dureza Universal. O ensaio consiste na penetração de uma ponta de diamante com geometria
conhecida sobre a superfície do material onde a força aplicada P, e o deslocamento do
penetrador (ou seja, a profundidade da penetração), h, são controlados e medidos simultânea e
continuamente. Tipicamente os equipamentos têm resolução da ordem de 10 μN e atingem 0,2
μm. (Fischer-Cripps, 2002).

Há uma importante distinção a ser feita entre definições convencionais de dureza e a dureza
obtida através de nanopenetração por profundidade de penetração. Nos testes convencionais de
dureza, o tamanho da impressão residual na superfície é utilizado para determinar a área de
contato e, então, a dureza. Nos testes de penetração por profundidade de penetração, o
tamanho da área de contato sob carga máxima é determinado pela profundidade de penetração
do penetrador e pela forma de recuperação elástica durante a retirada da carga. Este último
fornece uma estimativa da área de contato sob carga máxima. Usualmente as áreas dadas pela
forma da impressão residual e pela técnica de profundidade de penetração são quase idênticas.

Nos ensaios de dureza por penetração instrumentada, inicialmente, a carga é aplicada com uma
taxa pré-determinada até atingir um valor máximo P máx. Em seguida, a força é mantida constante
por um determinado intervalo de tempo permitindo assim a acomodação do material. Em uma
última etapa, a carga é retirada controladamente e o penetrador removido da amostra. Durante
todo o processo de penetração, a profundidade da ponta do penetrador é medida em função da
carga P. Exemplos típicos de curvas de carga versus profundidade são ilustrados na figura 3
para materiais com comportamentos a) totalmente plástico, b) elasto-plástico e c) totalmente
elástico. Na Figura 3c, quando a carga é removida do penetrador, o material tende a retornar à
sua forma original. Todavia, muitas vezes ele é impedido de fazê-lo devido a deformações
plásticas sofridas durante o processo de carga como apresentado na Figura 3a. Entretanto, com
à relaxação das tensões elásticas no material pode ocorrer um certo grau de recuperação como

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na Figura Fig. 3b. A análise desta recuperação elástica após a retirada da carga fornece uma
estimativa do módulo de elasticidade da amostra (Lepienski et al., 2004).

Figura 3. Curvas características de carga x profundidade para materiais com comportamento


a) totalmente plástico, b) elasto-plástico e c) totalmente elástico (Fischer-
Cripps ,2002).

Uma vez conhecida a profundidade de contato hc, também conhecida por profundidade
plástica, indicada na Fig. 4 e a geometria do penetrador, determina-se a área projetada A, a
área da penetração quando P = Pmax.

Figura 4. Representação esquemática da geometria da superfície da amostra nas situações


de carga máxima e após a retirada do indentador. hc, hmax e hr são as profundidades
de contato, da superfície original na situação de carga máxima e da impressão

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residual, respectivamente, e he é o deslocamento elástico durante a descarga
(ISO 14577-1).

Sendo:

p : ponta do penetrador.
i :superfície da impressão residual na amostra.
Sa: superfície da amostra à profundidade de penetração máxima e em força de medição
máxima.
hmax:: profundidade de penetração máxima em Fmax (mm).
hp :profundidade de penetração permanente após remoção da força (mm).
hc : profundidade de contato do penetrador com a amostra em Fmax (mm).

A partir da curva de remoção, pode-se determinar hc a partir da equação 6 (ISO 14577-1):

(6)

Onde ε é um fator de correção e é dependente da geometria do penetrador (no caso de um


penetrador Berkovich e Vickers, ε=3/4 ) e hc é derivada da tangente da curva de remoção da
força e da profundidade de penetração máxima. Esta profundidade é primordial na
determinação dos valores de dureza e módulo de elasticidade por penetração.

Como foi visto anteriormente, para um penetrador ideal do tipo Berkovich (uma pirâmide de três
lados com cada lado formando um ângulo de 65,3° com um plano normal à base da pirâmide),
a área projetada se relaciona com a profundidade de contato através da equação (5) do
item 4.5:

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É interessante comentar que na prática, devido a imperfeições e ao desgaste do penetrador, a
relação entre a profundidade de contato e a área projetada é determinada a partir de análises
de penetrações feitas periodicamente em um material, normalmente quartzo, com H e E
conhecidos. A análise dos resultados obtidos com um penetrador Berkovich (o tipo mais
comumente empregado), é geralmente feito usando o método desenvolvido por Oliver e Pharr
et al. (1992). Neste método, o efeito de penetradores não perfeitamente rígidos é levado em
consideração com a introdução do chamado módulo elástico reduzido Er, definido pela
equação 7:

(7)

sendo ‫ע‬s e ‫ ע‬i, respectivamente, as razões de Poisson (definida como a razão entre as
deformações específicas transversal e longitudinal ) da amostra e do penetrador e E i é o módulo
de Young do penetrador. No nosso caso, com uma ponta de diamante, E i = 1141 GPa e ni =
0,07. Os outros parâmetros são:

Ei : Módulo de young do penetrador.


Ef: Módulo de young do filme.
Es: Módulo de Young do substrato.

Um outro método de cálculo da profundidade de contato hc é dado por (Lepienski et al.,2004):

(8)

onde a grandeza S, denominada rigidez de contato do material, é obtida a partir da inclinação da


porção inicial da curva de descarga (Fig. 5) ou seja,

(9)

Com isto, pode-se então obter a dureza do material usando a equação (1), do item 4.3:

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Figura 5. Curva carga versus deslocamento para carregamento elasto-plástico seguido por
descarga elástica (Oliver e Pharr, 1992).

Finalmente, o módulo reduzido é obtido a partir da expressão:

(10)

4.6.1 Equipamentos de Penetração Instrumentada

O aparecimento de novas técnicas de medição dinâmica de profundidade e de resolução óptica


proporciona um avanço na investigação da nanodureza dos revestimentos, possibilitando a
medição dinâmica do valor da carga, da profundidade de penetração e até da temperatura do
ensaio. O ensaio com equipamentos de penetração instrumentada alia duas características

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inexistentes nos equipamentos convencionais de dureza: forças de ensaio menores que 0,01 N e
o acompanhamento contínuo da profundidade de penetração ao longo do ensaio (Fischer-
Cripps, 2002). Deste modo passa a ser possível estudar outros aspectos associados ao
comportamento dos materiais; tais como:

• a evolução da carga aplicada em função da profundidade de indentação: que por sua vez
elucida acerca da dureza dinâmica (elástica mais plástica) em função da penetração;

• as características elásticas e plásticas dos materiais ensaiados: nomeadamente o módulo de


Young (elasticidade);

As especificações e definições das principais funções atualmente disponíveis e monitoradas nos


equipamentos de penetração instrumentada são (Fischer-Cripps, 2002):

• Força mínima de contato: é tipicamente limitada pela vibração do piso e ruído do equipamento
e do ambiente de ensaio. Seu valor dever ser o suficiente para minimizar o erro associado à
penetração de contato inicial.

• Resolução da força de ensaio: determina a mudança mínima em força que pode ser detectada
pelo equipamento. Pode chegar a nanonewtons.

• Ruído da força: é o fator mais importante para a determinação da força mínima de contato
obtida pelo sistema. O ruído é normalmente limitado pelo ruído eletrônico ou pelo ambiente na
qual o equipamento está localizado.

• Ruído do deslocamento: é uma das medidas mais importantes no desempenho de um


equipamento. É o sistema de medição de deslocamento que irá determinar qual a profundidade
de penetração mínima utilizada.

• Tempo de ensaio: é o tempo de um ciclo de penetração típico para aplicação e remoção da


força.

• O sistema de penetração instrumentada consiste de três partes: (a) um penetrador de


geometria específica montado em uma rígida coluna através da qual a força é transmitida, (b) um

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sistema de aplicação de força e (3) um sensor para medir os deslocamentos do penetrador. Uma
representação esquemática do sistema está ilustrada na figura 6.

Figura 6. Representação esquemática dos principais componentes de um sistema de


penetração instrumentada (ISO/FDIS 14577-4).

Aplicações de forças baixas podem ser geradas eletromagneticamente ou com sistemas


piezoelétricos.

4.6.2 Penetração Instrumentada associada à Microscopia de Varredura por Sonda

Um microscópio de varredura por sonda, ou SPM (Scanning Probe Microscope) é um termo


genérico para a família de microscópios que possuem subcomponentes similares e tipos de
sondas diferentes, constituindo uma classe dos mais importantes instrumentos analíticos
recentemente desenvolvidos. Estes microscópios utilizam uma sonda mecânica que varre a
superfície de amostra, gerando a imagem e permitindo uma visualização de características
microscópicas dificilmente observáveis em outras técnicas. Três atributos distinguem os SPM
dos outros microscópios: imagens tridimensionais de grande ampliação, até alguns milhões de
vezes, alta resolução e dispensa complexa preparação de amostras (Hysitron/Triboscope User
Manual).

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O microscópio de força atômica (MFA) é uma das técnicas de microscopia de varredura por
sonda que opera medindo as forças entre a sonda e a amostra que dependem de diversos
fatores como, por exemplo, dos materiais que compõem a amostra e a sonda, da distância entre
elas, da geometria da sonda e de qualquer tipo de contaminação que houver sobre a superfície
da amostra. A grande vantagem do MFA sobre outros sistemas é que permite estudar não
apenas materiais condutores, mas também todo tipo de material isolante.

Uma extensão da técnica de microscopia de força atômica é o sistema “Triboscope” para teste
nanomecânico da HYSITRON, pelo qual é possível testar propriedades de vários materiais em
resoluções micro e nanométrica. Pelo sistema é possível a realização de ensaios de penetração
e de risco por modo instrumentado, sendo acrescida à possibilidade de obtenção das imagens
superficiais “in-situ”, imediatamente após o ensaio, com altas resoluções. O principal
componente do equipamento é um transdutor capacitivo de três discos de força/deslocamento
projetado para fornecer um sinal de saída de alta sensibilidade de força ou deslocamento linear,
conforme mostrado na figura 7 (Hysitron/Triboscope User Manual). A baixa massa (200mg) do
disco central do transdutor minimiza a sensibilidade do instrumento às vibrações externas, e
permite que baixas forças (menores que 25μN) sejam aplicadas. O sensor consiste de dois
discos externos, nas quais são direcionados por sinais de corrente alternada (AC) com
defasagem de 180°. Como os discos são paralelos e muito próximos entre si com respeito às
dimensões laterais, o potencial de campo elétrico entre os discos varia linearmente.

Figura 7. Princípio de funcionamento do transdutor capacitivo do equipamento de penetração


instrumentada Nanoindenter Hysitron/Triboscope.

Dentre as inúmeras vantagens deste sistema tem-se a localização imediata das impressões
realizadas, a possibilidade de avaliação da forma da impressão ou do risco, avaliação da
condição da superfície em que foi realizado o teste, além de permitir com relativa facilidade a
realização de ensaios automatizados em áreas pré-selecionadas. O ponto forte para o sistema

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“Triboscope” é sua capacidade de trabalhos com cargas abaixo de 0,1mN, o que permite análise
das propriedades nanomecânicas de filmes muito finos ou ainda de regiões de interesse para
análise muito pequenas, como nanoprecipitados.

5 MATERIAL E MÉTODOS

5.1 Preparação das Amostras

Foram cortadas em tamanho 50 x 35 cm amostras de aço inoxidável ABNT 304, em acabamento


espelhado BB (bright buffing), coloridas industrialmente em marrom, azul, dourado, verde além e
do substrato sem coloração. Após o corte, as amostras foram lavadas com sabão líquido neutro,
esponja macia água e secas com jato de argônio.

Parte das amostras preparadas foi submetida a um tratamento térmico em estufa a 150ºC por
256 horas em tamanhos de 19 x 35 cm.

Na identificação das amostras foi utilizada caneta tipo retroprojetor para evitar qualquer tipo de
alteração da planicidade das amostras que podem induzidas em sistemas mecânicos de
gravação.

Como os equipamentos a serem utilizados nas medidas de dureza possuem algumas


particularidades é de fundamental importância e devem obedecer alguns critérios:

 as dimensões permitidas para a amostra são largura máxima de 30 mm, comprimento


máximo de 100 mm, espessura máxima de 7 mm e espessura mínima de 0,1 mm;
 a superfície da amostra deve ser o mais plana possível . Idealmente o ângulo entre a
superfície de apoio e a superfície de medição deve ser menor do que o um grau. Ângulos
maiores introduzem erros maiores nas medidas.

5.2 Ensaios de Nanodureza por Penetração Instrumentada

As medidas de nanodureza foram realizadas em dois sistemas distintos de penetração


instrumentada: o ultramicrodurômetro Shimadzu modelo DUH-W201S, que opera na faixa 0,1 a

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1960mN, e um sistema de mais alta resolução modelo Triboscope da Hysitron acoplado ao
microscópio de força atômica da Digital Dimension 3000, que trabalha em cargas 1nN a 30mN.

5.2.1 Ultramicrodurômetro Shimadzu

Com este sistema foram realizados dez ensaios de penetração instrumentada para cada tipo de
amostra preparada: amostras de aço inoxidáveis coloridas e substrato, com e sem tratamento
térmico (conforme item 5.1). As condições operacionais dos ensaios estão apresentadas na
tabela I. O penetrador utilizado foi o piramidal quadrático (Vickers-136º). A operação do sistema
foi realizada a partir de um programa aplicativo do equipamento.

Tabela I. Condições operacionais dos ensaios de EPI/Shimadzu.

Carga 5mN
Velocidade 5 (0,284393 mN/sec)
Tempo de manutenção da Carga 5 segundos
Número de medidas 10
Modo de operação carga - descarga

Na figura 8 está apresentada uma imagem fotográfica do ultramicrodurômetro Shimadzu

Figura 8. Ultra-microdurômetro Shimadzu, modelo DUH-W201S


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Neste equipamento a carga especificada para o ensaio é aplicada de forma crescente sobre o
penetrador por uma célula de carga eletromagnética que incide em uma região selecionada para
análise. Após atingir um valor pré-definido, a carga é reduzida até ao relaxamento total ou
parcial. Em cada passo deste procedimento a posição do penetrador relativamente à superfície
da amostra é monitorada com uma precisão elevada através de um sensor de deslocamento
diferencial capacitivo. A resolução do valor da carga e do deslocamento é aproximadamente 0,01
µN e 0,1 nm, respectivamente. Para cada ciclo de carga-descarga obtém-se uma curva da carga
aplicada em função da profundidade (posição) do penetrador.

As curvas de carga-descarga proporcionam dados especificamente relacionados com o material


em análise. Existem modelos de análise quantitativa que permitem calcular através destas
curvas os valores associados da dureza e módulo de elasticidade (módulo de Young) do material
em questão. Para a realização dos ensaios e obtenção dos valores de dureza e até mesmo de
outras propriedades mecânicas do material, foi utilizado o modo de operação de Carga-descarga
(Load-Unload). Neste modo de operação, a medida é monitorada durante a aplicação e remoção
da força. A força de medição é aplicada até o valor especificado, mantém-se a força pelo tempo
determinado e, em seguida, há a remoção da força. Este modo de operação é normalmente
utilizado para avaliar a recuperação elástica do material e medir a dureza considerando apenas a
deformação plástica. Permite ainda calcular o módulo de elasticidade baseado na inclinação da
curva na remoção da força A profundidade final obtida, h f, é sempre menor que a profundidade
máxima.

Ao final de cada ensaio, o sistema fornece o valor da dureza (H), a carga aplicada e
profundidade de penetração bem como suas respectivas médias.

Os dados coletados foram tratados em um programa aplicativo chamado “Dureza”, que realiza a
correção dos dados pela abordagem de Oliver-Pharr, fornecendo valores de dureza e módulo de
elasticidade por penetração. Este aplicativo foi desenvolvido por pesquisadores da equipe de
nanodureza do CETEC [Shumann et al., 2004].

5.2.2 Sistema Triboscope – Hysitron

20
Com este sistema foram realizados ensaios de penetração instrumentada (figura 9) para
amostras de aço inoxidável colorido em verde com e sem tratamento térmico além do substrato.
As condições dos ensaios estão apresentadas na tabela II.

Foram obtidos dados da evolução do comportamento elástico-plástico das três amostras


ensaiadas a partir das curvas de força-deslocamento registradas no sistema.

Tabela II. Condições operacionais dos ensaios de EPI/Hysitron.

Área de Varredura 10 µm
Velocidade de Varredura 1 Hz
Número de Campos Analisados 3

Número de penetrações por campo 9*


Módulo de Operação automático
Movimento do scanner Módulo serpentina
Força empregada 150 µm
Aplicação de Força Função Trapezoidal (15-5-5)
Penetrador Berkovich

 O arranjo é da forma 3 X 3, com espaçamento de 3 µm , no plano X e Y.

21
Figura 9. Sistema Hysitron/Triboscope

22
6 RESULTADOS E DISCUSSÃO

6.1 Ensaios Penetração Instrumentada/Shimadzu

Os valores obtidos no Ultra-microdurômetro Shimadzu, estão apresentados na Tabela III e IV.

Tabela III. Nanodureza de amostras de aços inoxidáveis coloridos sem tratamento térmico.
Cor da
H (MPa) Média Desvio Padrão
Amostra
2979
2907
3356
2851
4165
Substrato 3542 767
3023
3086
4243
5187
3615
3200
3017
2745
3166
3483
Marrom 3335 420
3343
3579
4113
2899
3801
2331
3091
2775
3350
2992
Azul 2998 359
2983
2923
2934
2883
3715
2936
3222
3066
3558
2642
Dourada 3231 391
2682
3761
3433
3641
3368
Verde 4762 3217 1172
3839
1090
4503
3223

23
3569
1411
3309
3143
3318

Tabela IV. Nanodureza de amostras de aços coloridos após tratamento térmico.

Cor da
H (MPa) Média Desvio Padrão
Amostra
4023
2457
3496
3927
3593
Substrato 3773 549
3917
4001
3625
4491
4199
2599
1964
3688
2472
2455
Marrom 2885 595
3289
3326
2603
3568
5921
2633
2714
3421
3326
3140
Azul 3105 567
3091
4487
2674
2949
2612
2208
2646
2592
2599
2505
Dourada 2785 459
2611
3774
3252,
3119
2541
Verde 3668 4225 577
3628
4197
4117
4673
3502
4141

24
4446
4433
5447

As figuras 10 e 11 apresentam um resultado comparativo dos valores encontrados de dureza e


módulo de elasticidade, antes e após o tratamento térmico.

Figura 10. Resultados comparativos dos valores de nanodureza antes e após tratamento
térmico, obtidos pelo sistema Shimadzu. Força aplicada de 5mN.

25
Figura 11. Resultados comparativos dos valores do Módulo de Elasticidade, antes e após
tratamento térmico, obtidos pelo sistema Shimadzu. Força aplicada de 5mN.

A figura 10 indica uma tendência de decréscimo da dureza com o aumento da espessura do


filme. O decréscimo da dureza com a espessura pode ser justificado considerando a diminuição
da influência do substrato, que por sua vez é mais duro do que o filme de óxidos. Filmes mais
finos, como marrom e azul, estariam mais influenciados pelo substrato do que os mais espessos,
dourado e verde. Resultados semelhantes foram encontrados por Junqueira (2004) ao realizar
medidas de nanodureza em aços inoxidáveis coloridos nas mesmas cores com um penetrador
Berkovich. No entanto, os valores de dureza encontrados neste trabalho foram em média 30%
inferiores aos obtidos por Junqueira (2004). A diferença observada foi atribuída a fatores
externos como variação da temperatura ambiente e problemas de manutenção no equipamento,
os quais causaram interferência nos ensaios realizados.

5.2.1 Controle da temperatura ambiente

Após alguns ensaios realizados no Ultra-micro Durômetro DUH-W201S/Shimadzu, percebeu-se


que os gráficos de carga-descarga gerados após os ensaios apresentavam algumas distorções.
Inicialmente, percebeu-se que elevadas e variadas temperaturas durante a execução dos
ensaios de penetração instrumentada afetavam o funcionamento do aparelho levando a curvas
ruidosas. Esta evidência está comprovada nas curvas obtidas das figuras 12 e 13.

26
Figura 12. Curva Força-deslocamento de aço colorido obtido a temperatura ambiente de 22 ° C

Figura 13. Curva Força-deslocamento de aço colorido obtido a temperatura ambiente de 26 ° C

Esse fenômeno tem sido mencionado na literatura como “thermal drift error”, que se manifesta
principalmente em medidas com carregamento constante, onde a expansão e contração do
aparelho, provocadas pela variação de temperatura, acarretam distúrbios de medições os quais
refletem nas curvas carga-descarga. No EPI é necessário garantir que o equipamento esteja em
equilíbrio térmico com o ambiente e que a amostra e o penetrador também estejam
termicamente estabilizados com o equipamento. (Fischer-Cripps, 2002).

A inoperância temporária do sistema de controle de temperatura ambiente do Laboratório de


Nanodureza do CETEC, ocorrida durante o período dessas medidas realizadas, foi considerada
um dos fatores que provocou a variação dos valores.

6.1.2 Problemas de Manutenção no Shimadzu

Após a correção do sistema de controle de temperatura ambiente verificou-se que problemas


nas curvas carga e descarga dos ensaios não foram totalmente equacionados. Com isso, foi
realizada uma manutenção do equipamento por um técnico da SHIMADZU. Nesta visita

27
verificou-se que uma peça responsável por prender o penetrador Vickers encontrava-se solta,
comprometendo a operação normal do equipamento.

6.2 Ensaios por Penetração Instrumentada/ Hysitron

Os resultados obtidos para os ensaios no sistema Hysitron/Triboscope estão apresentados nas


Tabela V, VI e VII.

Tabela V. Nanodureza e Módulo de Elasticidade do Substrato obtidos pelo sistema


Hysitron/Triboscope. Força aplicada de 150μN, penetrador Berkovich.

Ensaios E(GPa) H(GPa)


01 218 9,0
02 207 9,0
03 235 9,0
04 239 8,8
05 219 9,4
06 224 8,3
07 207 9,6
08 220 9,9
09 245 10,4
10 231 11,5
11 217 12,8
12 247 11,4
13 220 10,3
14 244 10,2
15 224 12,8
16 219 10,3
17 252 10,0
18 238 10,9
19 200 11,8
20 231 12,6
21 226 14,8
22 247 14,7
23 233 11,3
24 218 13,28

28
Tabela VI. Nanodureza e Módulo de Elasticidade da amostra na cor verde, com tratamento
térmico obtidos pelo sistema Hysitron/Triboscope.

Ensaios E(GPa) H(GPa)


01 88 3,8
02 74 2,6
03 90 2,9
04 107 2,4
05 141 4,2
06 107 3,6
07 40 2,2
08 100 4,8
09 103 4,5
10 97 4,9
11 84 5,2
12 103 3,7
13 61 3,1
14 66 3,0
15 103 4,4
16 83 5,7
17 81 5,4
18 82 5,1
19 82 5,3
20 81 5,4
21 79 3,6
22 77 3,8
23 80 3,8
24 78 4,1
Média 4,1

29
Tabela VII. Nanodureza e Módulo de Elasticidade da amostra na cor verde, sem tratamento
térmico obtidos pelo sistema Hysitron/Triboscope.

Ensaios E(GPa) H(GPa)


01 88 3,1
02 89 3,2
03 86 3,2
04 97 3,1
05 84 2,9
06 87 3,0
07 87 3,0
08 92 3,1
09 93 2,9
10 90 2,9
11 94 3,2
12 94 3,4
13 99 3,4
14 102 3,4
15 100 3,3
16 83 4,4
17 71 4,3
18 87 4,6
19 103 4,3
20 100 4,2
21 97 3,7
Média 3,5

As curvas de força-deslocamento obtidas para o substrato de aço inoxidável e aço colorido verde
estão apresentadas nas figuras 14, 15 e 16.

30
Figura 14. Curvas força-deslocamento obtidas para o substrato de aço inoxidável e aço colorido
verde no modo automático de teste do sistema Hysitron. Força utilizada 150µm,
penetrador Berkovich.

Figura 15. Curvas força-deslocamento obtidas para o aço colorido verde, sem e com tratamento
térmico, no modo automático de teste do sistema Hysitron. Força utilizada 150µm,
penetrador Berkovich.

Na figura 16 está apresentada uma imagem típica de impressões residuais obtidas com ensaios
de penetração instrumentada em amostra de aço inoxidável colorido.

31
Figura 16. Impressões típicas de nanodureza obtidas no aço inoxidável colorido por interferência
utilizando modo automatizado de análise. Forças 150 µN, penetrador Berkovich.

Nas figuras 17 e 18 estão apresentados, respectivamente, os resultados de dureza e módulo de


elasticidade obtidos para o substrato e para o aço inoxidável colorido em verde tratado e não
tratado termicamente. Pelos resultados apresentados conclui-se que a dureza do filme colorido é
menor que a do substrato. Observa-se ainda que o tratamento térmico provoca um aumento do
valor de dureza do aço inoxidável colorido, o que está de acordo com os resultados obtidos
anteriormente com o sistema Shimadzu. Quanto ao módulo de elasticidade, não foi observada
sua alteração no aço inoxidável colorido, quando tratado termicamente. No entanto seu valor é
muito inferior quando comparado ao substrato.

Pela curvas força-deslocamento da Figura 15 observa-se que a profundidade de penetração com


força aplicada de 150µN foi da ordem de 30nm, valor que representa 7% da espessura do filme
verde. Este resultado indica que a influência do substrato na medida da dureza do filme é
praticamente nula. Segundo a literatura, não existe influência do substrato nas propriedades
mecânicas de um revestimento se a profundidade de penetração for da ordem de 10% da
espessura do filme [Li et al., 1998].

32
Figura 17. Resultados comparativos dos valores de dureza encontrados para o substrato de aço
inoxidável e a amostra na cor verde, tratada e não tratadas termicamente.

Figura 18. Resultados comparativos dos valores do módulo de elasticidade encontrados para o
substrato de aço inoxidável e a amostra na cor verde, tratada e não tratadas
termicamente.

33
7 CONCLUSÕES

 A dureza do filme colorido por interferência é menor do que a dureza do substrato;


 A dureza diminui com o aumento da espessura do filme de interferência;
 O tratamento térmico por 256 horas a 150°C provoca um aumento na dureza dos filmes
coloridos por interferência;
 O módulo de elasticidade do substrato é maior que o módulo do aço inoxidável colorido;
 O tratamento térmico parece não alterar o módulo de elasticidade do aço inoxidável colorido;
 O sistema Hysitron se apresentou mais adequado para medidas de propriedades
nanomecânicas dos filmes investigados neste trabalho.

34
8 SUGESTÃO DE TRABALHOS FUTUROS

Pelos resultados obtidos com este trabalho comprovou-se que o sistema Hysitron é mais
adequado para estudos das propriedades nanomecânicas de filmes finos de interferência do que
o Shimadzu. Considerando que o sistema Hysitron foi recentemente instalado no Cetec, sugere-
se que seja dada continuidade das pesquisas para estudo das propriedades nanomecânicas em
filmes finos de interferência. Neste novo sistema será possível estudar a nanodureza dos filmes
sem a influência do substrato. O aperfeiçoamento da técnica será de grande importância para
apoio a processos de otimização de novos processos de coloração de aços inoxidáveis, bem
como para outros processos de deposição de filmes finos.

35
9 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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New York, 2002.

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JUNQUEIRA, R.M.R, MARQUES, M.S., SANTOS, L.C. Resistência ao calor a ao Desgaste de


Aços Inoxidáveis Coloridos. Anais do VI Seminário Brasileiro de Aços Inoxidáveis, p.153-160,
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37

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