Você está na página 1de 4

Fichamento: Não Neutralidade da Ciência-Tecnologia: Problematizando

Silenciamentos em Práticas Educativas CTS

Nome: Luísa Lopes


RA: 11202321425

1. O que é a neutralidade e quais são seus desafios


1.1 "Neutralidade entendida, aqui, como legitimadora de modelos decisórios
tecnocráticos. Em outros termos, conforme iremos argumentar ao longo do texto, o endosso
à concepção de neutralidade da CT pode fragilizar processos participativos, democráticos”
(p.204)
1.2 No entanto, a abordagem de questões axiológicas, como a influência de valores
na orientação do desenvolvimento científico-tecnológico e na formulação da agenda de
pesquisa, muitas vezes é negligenciada e pouco explorada nos processos educacionais.

2. A educação e a missão de um Grupo de Estudos Temáticos na Universidade


Federal de Santa Maria (UFSM):
2.1 A missão é fomentar e disseminar uma cultura de engajamento ativo na
condução de processos decisórios relacionados a desafios contemporâneos que envolvem
a interseção entre Ciência, Tecnologia e Sociedade (CTS).
2.2 Foram inspirados pelos princípios educacionais de Paulo Freire, fundamentamos
nossa abordagem nos valores do movimento CTS e na filosofia do Pensamento
Latino-Americano em CTS (PLACTS).
2.3 Reflete a implementação de práticas educacionais que combatem o
silenciamento.
2.4 Indica sinais de maior participação nos processos decisórios.

3. A não neutralidade da Ciência e Tecnologia e seu impacto na pesquisa


3.1 Frequentemente, a ideia de neutralidade na Ciência e Tecnologia (CT) é
equivocada, pois não reconhece a influência dos valores nas decisões relacionadas à
pesquisa e na definição da agenda de pesquisa.
3.2 A limitada compreensão da não neutralidade CT pode resultar em abordagens
simplistas que se concentram exclusivamente na aplicação da CT, negligenciando a lógica
subjacente à sua produção e os valores envolvidos no progresso científico-tecnológico.
3.3 A análise da não neutralidade da ciência enfatiza que a ciência e a tecnologia
não são neutras; estão intrinsecamente sujeitas a valores e interesses que exercem
influência sobre o desenvolvimento e a utilização de produtos científico-tecnológicos.
3.3.1 Com frequência, a ciência é percebida como uma força positiva e
benevolente, desconsiderando, assim, a influência de interesses privados na concepção de
produtos tecnológicos.
3.4 Argumenta-se que uma compreensão mais abrangente da não neutralidade é
fundamental para fomentar uma cultura de participação efetiva em processos decisórios
relacionados à CT.

4. Desmistificando os conceitos de Imparcialidade, neutralidade e autonomia


4.1 O autor Lacey (2008, 2010) examina a presença de valores na atividade
científica e argumenta que a crença na imparcialidade da ciência se baseia em três
conceitos: imparcialidade, neutralidade e autonomia.

4.2 Segundo o conceito de imparcialidade, os valores morais e sociais não deveriam


influenciar a escolha entre teorias concorrentes na atividade científica.
4.3 No entanto, a imparcialidade não implica necessariamente em neutralidade, uma
vez que uma teoria imparcial não precisa, obrigatoriamente, aderir a qualquer sistema de
valores ou projeto de sociedade. Por outro lado, a autonomia defende que as práticas
científicas devem ser conduzidas em comunidades independentes, livres de influências
externas.

5. As quatro dimensões interdependentes sobre a não neutralidade de CT


5.1 Essa não neutralidade pode manifestar-se em diversas dimensões

5.1.1 O direcionamento dado à atividade científico-tecnológica resulta de


decisões políticas;
5.1.2 A apropriação do conhecimento científico-tecnológico resulta de
decisões políticas;
5.1.3 O conhecimento científico produzido não é resultado apenas dos
tradicionais fatores epistêmicos: lógica e experiência;
5.1.4 O aparato ou produto científico-tecnológico incorpora, materializa
interesses, desejos de sociedade ou de grupos sociais hegemônicos.
4.2 Argumenta-se que a apropriação desigual dos produtos científico-tecnológicos é
um indicativo claro da não neutralidade, uma vez que essa disparidade reflete a influência
dos valores na distribuição desses produtos.

6. A Pesquisa
6.1 "O presente trabalho tem como pano de fundo uma pesquisa de Mestrado
(ROSA, 2014) que buscou problematizar modelos tecnocráticos, bem como
perspectivas/visões associadas à suposta neutralidade da CT." (p.210)
6.2 O processo de pesquisa compreendeu três etapas separadas
6.3 Análise dos Textos: Os textos foram submetidos a uma análise detalhada,
desagregando seus elementos constituintes.
6.3.1 Dessa desconstrução, emergiram as unidades de análise, também
conhecidas como unidades de significado ou sentido.
6.4 Categorização das Unidades de Análise: As unidades de análise foram
agrupadas em categorias com base em seus significados similares.
6.4.1 Isso resultou na formação de três categorias distintas.
6.5 Construção do Metatexto: Para apresentar os resultados da pesquisa, um
metatexto foi elaborado.
6.5.1 O metatexto buscou compreender o panorama geral da pesquisa,
utilizando os argumentos identificados nas categorias como base.

7. Os resultados da pesquisa
7.1 "Da análise do corpus, com um olhar pautado pelos objetivos da pesquisa e os
referenciais, citados anteriormente, resultaram categorias que, conforme caracterização de
Moraes (2003), podem ser denominadas de mistas, considerando que as mesmas
resultaram de aprofundamento e desdobramento das anteriormente referidas construções
históricas sobre CT. Assim, chegamos às categorias: i) Silenciamento sobre a origem, sobre
a concepção de CT pode estar sinalizando o endosso a uma compreensão próxima do
determinismo científico-tecnológico, ii) Silenciamento sobre dimensões de outras naturezas,
além da cientifico-tecnológica, em processos decisórios e iii) Silenciamento quanto aos
valores internalizados no produto científico-tecnológico." (p.212)
7.2 A análise do corpus resultou em categorias que podem ser consideradas
"mistas", uma vez que emergiram a partir de um aprofundamento e desenvolvimento das
construções históricas relacionadas à Ciência e Tecnologia (CT).
7.3 As categorias identificadas foram as seguintes:
7.3.1 Silenciamento sobre a Origem e a Concepção de CT: Aponta para a
ausência de discussão sobre a origem e concepção da Ciência e Tecnologia, indicando um
apoio implícito ao determinismo científico-tecnológico.
7.3.2 Silenciamento sobre Dimensões Não Científico-Tecnológicas nos
Processos Decisórios: Destaca a falta de consideração de dimensões que vão além do
âmbito científico-tecnológico nos processos de tomada de decisões.
7.3.3 Silenciamento Quanto aos Valores Incorporados no Produto
Científico-Tecnológico: Aborda a ausência de discussão sobre os valores presentes nos
produtos da Ciência e Tecnologia.
7.4 A análise dos textos revela um silenciamento em relação à origem e à
concepção da Ciência e Tecnologia (CT), o que pode sugerir uma aceitação implícita do
determinismo científico-tecnológico. O determinismo tecnológico baseia-se na ideia de que
a tecnologia é autônoma, desenvolvendo-se por sua própria lógica, independente da ação
humana.
7.4.1 A mudança tecnológica é vista como a principal causa da mudança
social, e a tecnologia é considerada independente e livre de valores.
7.4.2 Alguns autores questionam essa visão determinista e enfatizam a
importância de os países subdesenvolvidos seguirem caminhos distintos dos países
desenvolvidos, buscando um desenvolvimento voltado para suas necessidades e problemas
específicos, por meio da participação ativa e consciente da sociedade.
7.5 O artigo argumenta que o silenciamento em relação à origem da CT pode indicar
a aceitação de uma compreensão próxima do determinismo científico-tecnológico, onde a
sociedade parece ter um papel passivo na aceitação da CT, considerando-a como algo com
vida própria e isento de valores.
7.5.1 Essa participação limitada pode resultar na aceitação passiva do
avanço científico-tecnológico, sem buscar influenciar sua direção ou considerar os valores
subjacentes.
7.5.2 Existem exemplos de práticas educativas que desafiam esse
silenciamento e apontam para uma compreensão mais ampla das relações entre Ciência,
Tecnologia e Sociedade (CTS), reconhecendo a mutualidade das influências entre essas
áreas e a capacidade da sociedade de influenciar o curso do desenvolvimento
científico-tecnológico.

8. Outros pontos principais que é importante mencionar


8.1 A Construção Histórica do Salvacionismo na Ciência e Tecnologia: O texto
aborda a formação histórica da ideia do "salvacionismo da ciência e tecnologia", a qual
pressupõe que o avanço científico-tecnológico inevitavelmente conduzirá ao progresso e ao
bem-estar da humanidade. No entanto, essa perspectiva negligencia as influências das
relações sociais e dos valores que moldam a ciência e a tecnologia.
8.2 Perspectiva Crítica Limitada: Embora exista uma perspectiva crítica em relação à
noção de que um aumento da ciência e tecnologia automaticamente resultará em benefícios
sociais, o texto ressalta que essa crítica ainda é restrita, pois não aborda de forma
abrangente os valores subjacentes às práticas científico-tecnológicas.

Você também pode gostar