Produção e controle de qualidade de medicamentos II
Tópico 4: Água para uso farmacêutico
1. Água para uso farmacêutico
* Quais os empregos da água para uso
farmacêutico?
↪ São considerados como água para uso
farmacêutico os diversos tipos de
empregados:
- Na síntese de fármacos
- Na formulação e produção
medicamentos
- Em laboratórios de ensaios diagnósticos e
demais aplicações, relacionadas à área da
saúde
- Principal componente na limpeza de
utensílios, equipamentos e sistemas.
↪ As propriedades da água a tornam um excelente
meio para solubilizar, absorver, adsorver ou
suspender diversos compostos, inclusive para
carrear contaminantes e substâncias indesejáveis,
que podem alterar a pureza e eficácia de um
produto farmacêutico.
↪ é utilizada em várias etapas do processo de
fabricação, análise e controle de qualidade de
medicamentos. Alguns dos empregos da água na
indústria farmacêutica incluem:
- Matéria-prima para Formulação
↪ frequentemente utilizada como veículo para
dissolver ou diluir substâncias ativas e outros
ingredientes
- Lavagem e Limpeza
↪ essencial para a limpeza de equipamentos,
utensílios e instalações utilizadas na produção
farmacêutica.
- Preparação de Meios de Cultura
↪ A água é usada na preparação de meios de
cultura .
Controle de Temperatura
↪ usada como meio de transferência de calor em
água sistemas de controle de temperatura durante
processos de produção.
- Análises Laboratoriais
de ↪ A água é utilizada na preparação de reagentes,
padrões e soluções.
Estabilidade de Produtos
↪ usada em estudos de estabilidade para avaliar
como os produtos farmacêuticos se comportam ao
longo do tempo em diferentes condições, ajudando
a determinar a vida útil dos medicamentos.
- Limpeza de Instrumentos Analíticos
↪ Equipamentos analíticos, como cromatógrafos
e espectrofotômetros, frequentemente requerem
água de alta pureza para limpeza e preparação de
amostras.
- Produção de Vapor
↪ Em algumas operações farmacêuticas, a água é
usada na geração de vapor para processos como
esterilização.
- Água de Injeção (API)
↪ utilizada na fabricação de medicamentos
injetáveis deve atender a padrões rigorosos de
pureza e é muitas vezes chamada de "Água de
Injeção" (API - Água para Preparação de
Injetáveis).
- Controle Ambiental
↪ Em ambientes controlados, como salas limpas,
a água é usada para manter condições ambientais
específicas, incluindo umidade controlada.
↪ É importante observar que a água utilizada na
indústria farmacêutica deve atender a requisitos
específicos de qualidade, como os estabelecidos
pelas farmacopeias e regulamentações locais. A
pureza e a qualidade da água são críticas para
garantir a segurança, eficácia e conformidade dos
produtos farmacêuticos.
* Quais os dois grupos de contaminantes da
água e suas principais fontes?
↪ O controle da contaminação da água é crucial,
uma vez que a água tem grande capacidade de
agregar compostos e, também, de se contaminar
novamente após a purificação. Os contaminantes
da água são representados por dois grandes grupos,
são eles:
↳ Químico
↪ Os contaminantes orgânicos e inorgânicos têm
origens diversas da fonte de alimentação:
- Da extração de materiais com os quais a
água entra em contato;
- Da absorção de gases da atmosfera;
- De resíduos poluentes, ou resíduos de
produtos utilizados na limpeza
sanitização de equipamentos, dentre
muitos outros.
↪ Incluem-se aqui as endotoxinas bacterianas,
resultantes de micro-organismos aquáticos Gram
negativos, contaminantes críticos que devem ser
removidos adequadamente.
↪ Esses contaminantes podem ser avaliados,
principalmente, pelos ensaios de carbono orgânico
total – COT e de condutividade.
↪ A maioria dos compostos orgânicos pode ser
removida por osmose reversa, entretanto, aqueles
com baixo peso molecular demandam técnicas
adicionais, como a resina de troca iônica,
eletrodeionização, carvão ativado ou oxidação por
ultravioleta ou ozônio, para serem removidos.
↪ Os limites estabelecidos para os parâmetros
dos contaminantes químicos orgânicos
inorgânicos destinam-se a proteger a saúde e evitar
que compostos químicos críticos possam interferir
na fase de pré-tratamento dos sistemas de água,
considerando que, posteriormente, podem ser de
difícil remoção.
➢ Contaminantes Químicos:
- Poluentes Orgânicos
↪ Substâncias químicas orgânicas, como
pesticidas, herbicidas, solventes industriais e
produtos farmacêuticos, podem contaminar a água
proveniente de escoamento superficial, descargas
industriais e uso inadequado de produtos
químicos.
- Metais Pesados
↪ Metais como chumbo, mercúrio e cádmio
podem ser liberados na água por meio de descargas
industriais, lixiviação de resíduos sólidos e
processos naturais.
- Nutrientes em Excesso
↪ O escoamento de nutrientes em excesso, como
nitrogênio e fósforo provenientes de atividades
agrícolas e de esgoto, pode levar a problemas como
a eutrofização, causando crescimento excessivo de
e algas e prejudicando a qualidade da água.
- Ácidos e Bases
↪ Descargas industriais podem introduzir ácidos
e bases na água, afetando seu pH e podendo causar
danos aos ecossistemas aquáticos.
- Poluentes Inorgânicos
↪ Além dos metais pesados, outros poluentes
inorgânicos, como sais solúveis em água, podem
entrar na água a partir de fontes como águas
subterrâneas contaminadas e atividades industriais
↳ Microbiológico.
↪ São representados principalmente por bactérias
e apresentam um grande desafio à qualidade da
água.
↪ São originários da própria microbiota da fonte
e de água e de alguns equipamentos de purificação.
 ↪ Podem surgir, também, devido a procedimentos
de limpeza e sanitização inadequados, que
possibilitam a formação de biofilmes e, por
consequência, instalam um ciclo contínuo de
crescimento a partir de compostos orgânicos que,
em última análise, são os próprios nutrientes para
os microorganismos.
↪ As bactérias podem afetar a qualidade da água
por desativar reagentes ou alterar substratos por
ação enzimática, aumentar o conteúdo em COT -
carbono orgânico total, alterar a linha de base
(ruído de fundo) em análises espectrais e produzir
pirogênios, como as endotoxinas.
↪ A contagem de bactérias é reportada em
unidades formadoras de colônias por mililitro
(UFC/mL) e, em geral, aumenta com o tempo de
estocagem da água.
↪ Os contaminantes mais frequentes
bastonetes Gram negativos, principalmente dos
gêneros Alcaligenes, Pseudomonas, Escherichia,
Flavobacterium, Klebsiella, Enterobacter,
Aeromonas e Acinectobacter.
↪ O padrão microbiológico é especificado, em
paralelo aos contaminantes químicos, e consiste na
ausência de coliformes totais e termotolerantes,
além de enterovírus, cistos e oocistos
protozoários, como Giardia sp e Cryptosporidium
sp em amostra de 100 mL.
↪ Para atender a esses limites, as estações de
tratamento utilizam processos de desinfecção com
substâncias químicas contendo cloro ou outros
oxidantes, empregadas há décadas, e consideradas
relativamente seguras para os seres humanos.
↪ Entretanto, esses oxidantes podem reagir com o
material orgânico de origem natural e gerar
produtos secundários da desinfecção,
trihalometanos, cloraminas ou ainda
resíduos dos próprios desinfetantes. Esses
produtos indesejáveis requerem atenção especial,
por parte dos legisladores e usuários.
↪ As cloraminas, em particular, podem danificar
irreversivelmente um equipamento de decloração
integrante de um sistema de purificação, além de
apresentarem risco de formação e liberação de
amônia.
↳ Além desses dois grupos fundamentais de
contaminantes, existem os particulados,
constituídos por sílica, resíduos da tubulação ou
coloides e que, além de ser um risco à qualidade da
água purificada, podem provocar entupimentos e
prejudicar gravemente o processo de purificação,
por reduzir seu desempenho, ou até mesmo causar
danos irreversíveis aos equipamentos.
↪ Podem ser detectados por filtração combinada
são com gravimetria ou microscopia. Em geral não é
necessário identificar o tipo de partícula, apenas
removê-la.
* A medida da condutividade e resistividade é
indicativo de que?
↪ São indicativas da capacidade da água de
conduzir corrente elétrica.
de ↪ Essas propriedades são frequentemente usadas
como indicadores da qualidade da água e podem
fornecer informações sobre a presença de íons
dissolvidos nela.
- Condutividade
↪ É uma medida da capacidade de um meio (neste
caso, a água) conduzir corrente elétrica.
↪ Águas com maior concentração de íons
dissolvidos (como sais minerais) geralmente têm
uma condutividade elétrica mais alta.
↪ A condutividade elétrica é frequentemente
como
usada como um indicador indireto da concentração
deixar
total de sólidos dissolvidos (TDS) na água.
 ↪ Medida em microsiemens/cm ou siemens/m
↪ Recomendada para avaliar água com grande
quantidade de íons
↪ A condutividade elétrica da água é uma medida
do fluxo de elétrons, o qual é facilitado pela
presença de íons.
↪ Moléculas de água dissociam-se em íons em
função do pH e da temperatura, resultando em
uma determinada condutividade.
↪ Alguns gases, em especial o dióxido de carbono,
dissolvem-se em água e interagem para formar
íons que afetam a condutividade e o pH da água.
Esses íons e sua condutividade resultante podem
ser considerados como intrínsecos à água.
↪ A exposição da amostra à atmosfera pode
alterar a condutividade/resistividade, devido à
perda ou ganho de gases dissolvidos.
↪ O íon cloreto e o íon amônio são algumas das
principais impurezas encontradas na água e,
também, influenciam na sua condutividade. Esses
íons externos podem ter impacto significativo na
pureza química da água e comprometer a sua
utilização em aplicações farmacêuticas.
↪ As condutividades combinadas dos íons
intrínsecos secos e dos íons externos variam em
função do pH e são a base para as especificações da
condutividade.
➢ Íons intrínsecos X íons extrínsecos
- Íons Intrínsecos (Naturais):
↪ São os íons naturalmente presentes na água
devido à dissociação de compostos iônicos, como
sais minerais. Esses íons podem incluir cátions
como Na+ (sódio), Ca2+ (cálcio), Mg2+ (magnésio) e
ânions como Cl- (cloreto), HCO3- (bicarbonato),
SO4^2- (sulfato), entre outros.
↪ A presença desses íons contribui para a
condutividade elétrica da água. Quanto mais íons
presentes, maior será a capacidade da água de
conduzir eletricidade.
- Íons Externos (Contaminantes):
↪ Podem ser introduzidos na água a partir de
diversas fontes, como poluição industrial,
escoamento de águas pluviais, lixiviação de
resíduos, entre outros. Exemplos de íons externos
incluem íons metálicos provenientes de atividades
industriais.
↪ A presença de íons externos pode aumentar
significativamente a condutividade da água,
especialmente se esses íons forem altamente
carregados e facilmente dissociáveis.
↪ Há três etapas para determinação da
condutividade ideal da água (se a água cumpre o
teste de condutividade).
↪ Se as condições do teste e os limites de
condutividade são atendidos em qualquer uma das
etapas preliminares (Etapas 1 e 2), a água satisfaz
as exigências deste teste e não é necessária a
aplicação da Etapa 3.
↪ Somente no caso de a amostra não obedecer às
exigências da Etapa 3, a água é julgada como não
conforme com os requerimentos do teste de
condutividade.
- Etapa I
↪ Nessa etapa temos uma tabela na qual iremos
identificar os valores de condutividade com relação
a temperatura na qual a condutividade foi medida.
↪ Se o valor de condutividade medido não é maior
que o valor correspondente na Tabela 2, a água
atende às exigências para a condutividade. Porém,
se o valor medido é maior que o da tabela, proceder
à determinação de acordo com a Etapa 2.
Tabela 2: Valores limites para condutividade de acordo com
a temperatura
Temperatura (°C) Condutividade (μЅ/cm)
0 0,6
5 0,8
 10 0,9 ↪ Se a condutividade for maior ou o valor do pH
estiver fora da faixa de 5 a 7, a água não atende o
15 1,0
teste para condutividade.
20 1,1

25 13 - Resistividade

Ex: O valor obtido deve ser inferior a 1,3 μS/cm, ↪ A resistividade elétrica é o inverso da

na temperatura de (25,0 ± 0,1) ºC. condutividade e é uma medida da dificuldade que a

↪ Caso o valor de condutividade medido não é água tem em conduzir eletricidade.

maior que o valor correspondente na Tabela, a ↪ É expressa em ohms por centímetro (Ω/cm) ou

água atende às exigências para a condutividade. ohms por metro (Ω/m).

Porém, se o valor medido é maior que o da tabela, ↪ Águas com baixa concentração de íons terão

proceder à determinação de acordo com a Etapa 2. uma resistividade elétrica mais alta, indicando uma

- Etapa II menor capacidade de condução elétrica.

↪ Se a condutividade medida após o ↪ A resistividade elétrica é frequentemente

procedimento descrito na FB6 para essa etapa for utilizada em laboratórios e na indústria para

menor que 2,1 μЅ/cm, a água obedece às exigências monitorar a pureza da água, especialmente em

para o teste de condutividade. Se a condutividade é aplicações como laboratórios de pesquisa,

maior que 2,1 μЅ/cm, proceder conforme a Etapa 3. indústrias eletrônicas e farmacêuticas.

- Etapa 3 ↪ Medida em megohm.cm

↪ Realizar este teste no máximo cinco minutos ↪ É utilizada quando há baixa concentração de

após a Etapa 2 com a mesma amostra, mantendo íons dissolvidos.

sua temperatura a (25 ± 1) °C.

↳ Ambas as medidas são importantes em diversas
↪ Utilizando a Tabela 3, determinar o valor limite
aplicações, como:
para a condutividade de acordo com o pH.
Tabela 3: Valores limites para condutividade de acordo com
- Controle de Qualidade da Água
o pH
↪ Assegurar que a água atenda aos padrões de
pH Condutividade (μЅ/cm)
qualidade necessários para uso humano, industrial
5,0 4,7 e outras aplicações.
5,1 4,1 - Tratamento de Água
↪ Avaliar a eficácia dos processos de
5,2 3,6
dessalinização, desmineralização e purificação.
6,0 2,4
- Monitoramento Ambiental
6,2 2,5 ↪ Na avaliação da qualidade da água em

7,0 4,6
ambientes naturais, a condutividade pode ser
usada para inferir mudanças nas concentrações de
íons dissolvidos, o que pode ser indicativo de
↪ Após determinado o pH e estabelecido o limite
poluição ou alterações nas condições ambientais.
de acordo com a Tabela 3, a água atende o teste se
a condutividade medida na Etapa 2 não é maior
* A medida de COT (Carbono orgânico total) é
que esse limite.
indicativo de que?
 ↪ A medida do Carbono Orgânico Total (COT) é oxidado por combustão, aplicando calor, emissão
indicativa da quantidade total de carbono presente de raios ultravioleta ou agentes oxidantes, como o
em uma amostra, na forma de compostos persulfato de sódio.
orgânicos. ↪ A quantificação do dióxido de carbono é feita
↪ O COT é uma medida que engloba todos os por detecção do gás produzido com infravermelho
compostos orgânicos, independentemente de sua ou pela leitura da condutividade da solução.
origem ou natureza química específica. ↪ O método emprega uma solução padrão de
↪ Essa análise é comumente utilizada em diversos substância facilmente oxidável, como a sacarose,
contextos, como controle da qualidade da água, por exemplo, numa concentração tal que a resposta
avaliação de processos industriais, monitoramento instrumental obtida corresponda ao limite
ambiental e análise de solos. estabelecido para o COT. O método pode
↪ A determinação do carbono orgânico total igualmente ser realizado com um aparelho
(COT) é um método sensível e inespecífico de instalado em linha, que tenha sido
quantificar os átomos de carbono ligados por convenientemente calibrado e que satisfaça ao
covalência em moléculas orgânicas presentes em ensaio de conformidade do sistema.
uma amostra. Tabela 1: Valores médios esperados para os principais
↪ A análise é utilizada para identificar a tipos de purificação de água
contaminação da água por impurezas orgânicas e
Tipo Faixa de COT mg/L
auxiliar no controle dos processos de purificação e
distribuição. Água potável 0,5 a 7,0

↪ Baixos níveis de COT sugerem a ausência de Destilação Cerca de 0,10

substâncias químicas orgânicas potencialmente
Deionização 0,05 a 0,50
perigosas na água usada na elaboração de
fármacos. Osmose reversa 0,04 a 0,10
↪ O teor de COT pode estar relacionado à
Os re + deionização 0,01 a 0,05
ocorrência de endotoxinas, ao crescimento
microbiano e ao desenvolvimento de biofilmes nas Tecnolo combinadas 0,003 a 0,005
paredes da tubulação dos sistemas de distribuição
Tec c + oxidação UV < 0,002
de água de uso farmacêutico
↪ O conteúdo de COT independe do estado de
ÁGUA COT (ACOT)
oxidação da matéria orgânica e não sofre
↪ Utilizar água de alta pureza, que satisfaça às
interferência de outros átomos ligados à estrutura
seguintes especificações:
química, como nitrogênio e hidrogênio. Há vários
- Condutividade: no máximo 0,1 μS.cm–1 a 25 °C;
métodos apropriados para a análise de COT e as
- Carbono orgânico total: no máximo 0,10 mg/L.
determinações podem ocorrer em linha ou no
↪ Dependendo do tipo de equipamento utilizado,
laboratório.
os teores de metais pesados e de cobre podem ser
↪ Os métodos, geralmente, fundamentam-se na
críticos.
oxidação completa das moléculas orgânicas a
↪ Utilizar a água COT como branco; na
dióxido de carbono, que é quantificado como
preparação das soluções do padrão; da solução de
carbono. Normalmente, o carbono orgânico é
conformidade do sistema e na limpeza do
equipamento. A preparação da solução padrão e da ↪ Pode ser utilizada, também, na climatização
solução de conformidade do sistema deve ser térmica de alguns aparatos e na síntese de
concomitante à da amostra. ingredientes intermediários.
↪ O controle rigoroso e a manutenção de
* Discutir separadamente cada tipo de água, conformidade dos parâmetros de potabilidade da
focando nas características, parâmetros críticos e água são fundamentais, críticos e de
exemplos de aplicação. responsabilidade do usuário do sistema de
↪ Basicamente, há três tipos de água para uso
purificação que será alimentado.
farmacêutico: a água purificada (AP); a água para
↪ O controle deve ser periódico para garantir que
injetáveis (API) e a água ultrapurificada (AUP)
o sistema de purificação utilizado esteja
↪ Compêndios oficiais internacionais
apropriado para as condições da fonte de
especificam, além desses, outros tipos de água,
alimentação e que não houve alteração na
como: acondicionadas em frascos, estéreis ou
qualidade da água fornecida.
bacteriostáticas, para irrigação ou inalação. Porém,
↪ No entanto, a maioria das aplicações requer
todas possuem características de pureza
tratamentos adicionais da água potável, seja por
semelhantes aos tipos fundamentais já
destilação, deionização, troca iônica, osmose
mencionados.
reversa, isolados ou acoplados, ou outro processo
↪ Além destas, há a água potável, que é
adequado para produzir a água purificada, livre da
amplamente utilizada e tem aplicação direta em
interferência de contaminantes que possam afetar
instalações farmacêuticas, principalmente em
a qualidade dos medicamentos produzidos.
procedimentos gerais de limpeza. Assim, são
➢ Características:
considerados os quatro tipos de água a seguir, em
↳ Obtida de mananciais ou da rede de distribuição
relação às suas características principais e as
pública.
sugestões de aplicação.
➢ Parâmetros críticos sugeridos:
↳ Possui legislação específica.
- Água potável
↪ A legislação que rege a água potável pode variar
↪ Como diretriz fundamental, o ponto de partida
significativamente de acordo com o país e a região.
para qualquer processo de purificação de água para
Cada país estabelece seus próprios padrões e
fins farmacêuticos é a água potável.
regulamentações para garantir a qualidade e
↪ Esta é obtida por tratamento da água retirada
segurança da água potável. No entanto, existem
de mananciais, por meio de processos adequados
algumas diretrizes e organizações internacionais
para atender às especificações da legislação
que estabelecem padrões amplamente
brasileira relativas aos parâmetros físicos,
reconhecidos. Aqui estão algumas referências
químicos, microbiológicos e radioativos, para um
comuns:
determinado padrão de potabilidade e, portanto,
↪ A OMS fornece diretrizes globais para a
não possui monografia específica neste
qualidade da água potável. “As Diretrizes para a
compêndio.
Qualidade da Água Potável da OMS” abordam
↪ A água potável é empregada, normalmente, nas
vários parâmetros, incluindo microbiológicos,
etapas iniciais de procedimentos de limpeza e
químicos e físicos, com o objetivo de proteger a
como fonte de obtenção de água de mais alto grau
saúde humana.
de pureza.
 ↪ A União Europeia possui diretrizes específicas
para a qualidade da água potável. A Diretiva
98/83/CE estabelece padrões de qualidade para a
água destinada ao consumo humano em todos os
estados membros.
↪ Nos Estados Unidos, a Agência de Proteção
Ambiental dos Estados Unidos (EPA) estabelece
padrões nacionais para a qualidade da água
potável. O "Safe Drinking Water Act" (Lei da Água
Potável Segura) fornece a estrutura legal para a
regulamentação da água potável nos Estados
Unidos.
↪ No Brasil, a Portaria de Consolidação nº 5/2017
do Ministério da Saúde estabelece os padrões de
potabilidade da água para consumo humano. Essa
portaria define os parâmetros físicos, químicos e
microbiológicos que a água deve atender.
↪ Ainda no Brasil há a Portaria n° 2914 de
12/12/2011 do Ministério da Saúde que Dispõe sobre
os procedimentos de controle e de vigilância da
qualidade da água para consumo humano e seu padrão
de potabilidade.
↪ Muitos outros países têm suas próprias
legislações e padrões para a água potável. Essas
regulamentações geralmente especificam limites
aceitáveis para diversos parâmetros, como
coliformes fecais, substâncias químicas específicas
e características físicas da água.
➢ Exemplos de aplicação
↳ Limpeza em geral e fonte de alimentação de
sistemas de tratamento.
- Água purificada (AP)
↪ A água purificada é produzida a partir da água
potável
↪ Não contém qualquer outra substância
adicionada
↪ É obtida por uma combinação de sistemas de
purificação, em uma sequência lógica, tais como:
múltipla destilação; troca iônica; osmose reversa;
eletrodeionização; ultrafiltração, ou outro processo
capaz de atender, com a eficiência desejada, aos
limites especificados para os diversos
contaminantes.
↪ É empregada como excipiente na produção de
formas farmacêuticas não parenterais e em
formulações magistrais, desde que não haja
nenhuma recomendação de pureza superior no seu
uso ou que não necessite ser apirogênica.
↪ Também, pode ser utilizada na lavagem de
material, preparo de soluções reagentes, meios de
cultura, tampões, diluições diversas, microbiologia
em geral, análises clínicas, técnicas por Elisa ou
radioimunoensaio, aplicações diversas na maioria
dos laboratórios, principalmente em análises
qualitativas ou quantitativas menos exigentes
(determinações em porcentagem).
↪ É utilizada nos ensaios e determinações que
indiquem o emprego de água, a não ser que haja
especificação em contrário quanto ao nível de
pureza requerido, como por exemplo, alguns
métodos analíticos instrumentais e análises que
exijam água apirogênica ou de pureza química
superior.
↪ Pode ser empregada em cromatografia a líquido
de alta eficiência, quando confirmado que o seu
emprego não afeta a exatidão nem a precisão dos
resultados.
↪ Dependendo da aplicação, pode ser esterilizada,
sem necessariamente atingir o limite de
endotoxinas bacterianas estabelecido para a Água
para injetáveis.
↪ Necessita monitoramento de contagem do total
de organismos aeróbios viáveis, na produção e
estocagem, visto que não possui nenhum inibidor
de crescimento adicionado.
↪ Minimamente, é caracterizada por
condutividade de, no máximo, 1,3 µS/cm a 25,0 °C
(resistividade > 1,0 MW-cm) e COT ≤ 0,50 mg/L e
contagem total de bactérias ≤ 100 UFC/mL, a não ↪ Essa modalidade de água é requerida em
ser que especificado de forma diferente. aplicações mais exigentes, principalmente em
↪ Todo o sistema de obtenção, armazenamento e laboratórios de ensaios, para diluição de
distribuição deve ser devidamente validado e substâncias de referência, em controle de
monitorado quanto aos parâmetros de qualidade e na limpeza final de equipamentos e
condutividade e contagem microbiana. Ainda que utensílios utilizados em processos que entrem em
seja especificada uma contagem microbiana contato direto com a amostra que requeira água
máxima de 100 UFC/mL na monografia, cada com esse nível de pureza.
instalação deverá estabelecer o seu limite de alerta ↪ É ideal para métodos de análise que exijam
ou de ação, caso as características específicas de mínima interferência e máxima precisão e
utilização sejam mais restritivas. exatidão. A utilização de água ultrapurificada em
➢ Características: análises quantitativas de baixos teores de analito é
↳ Níveis variáveis de contaminação orgânica e essencial para obtenção de resultados analíticos
bacteriana. Exige cuidados de forma a evitar a precisos.
contaminação química e microbiológica. ↪ Outros exemplos de aplicação da água
↳ Pode ser obtida por osmose reversa ou por uma ultrapurificada são: análises de resíduos, dentre
combinação de técnicas de purificação a partir da eles os traços de elementos minerais, endotoxinas,
água potável. preparações de calibradores, controles, substância
➢ Parâmetros críticos sugeridos: química de referência, espectrometria de absorção
↳ Condutividade máxima de 1,3 µS/cm a 25,0 °C atômica em geral, ICP/IOS, ICP/MS,
(resistividade > 1,0 MΩ-cm); COT ≤ 0,50 mg/L; espectrometria de massa, procedimentos
Contagem do número total de bactérias enzimáticos, cromatografia a gás, cromatografia a
heterotróficas: no máximo, 100 UFC/mL; Ausência líquido de alta eficiência (determinação de resíduos
de Pseudomonas sp e coliformes. em ppm ou ppb), métodos em biologia molecular e
➢ Exemplos de aplicação: com cultivo celular etc.
↳ Produção de medicamentos e cosméticos em ↪ Deve ser utilizada no momento em que é
geral, farmácias, lavagem de material, preparo de produzida, ou no mesmo dia da coleta. O
soluções reagentes, meios de cultura, tampões, laboratório deve utilizar o mesmo tipo de água
diluições, microbiologia em geral, análises clínicas, requerida para a leitura final da análise na
técnicas por Elisa, radioimunoensaio, aplicações preparação das amostras, na obtenção da curva
diversas na maioria dos laboratórios, padrão, de controles, preparo de soluções, brancos,
principalmente em análises qualitativas ou lavagem final do material e em toda a vidraria que
quantitativas menos exigentes (em %). Em CLAE estará em contato direto com a amostra, sempre
(em %). que for apropriado.
↪ A água ultrapurificada caracteriza-se por
- Água ultrapurificada (AUP) condutividade de, no máximo, 0,055 µS/cm a 25,0
↪ A água ultrapurificada possui baixa oC (resistividade > 18,0 MW-cm), COT ≤ 0,50 mg/L,
concentração iônica, baixa carga microbiana e endotoxinas < 0,25 UE/mL (quando alta qualidade
baixo nível de COT. biológica é requerida) e contagem total de
bactérias ≤ 10 UFC/100 mL.
 ➢ Características:
↳ Para análises que exigem mínima interferência
e máxima precisão e exatidão. Baixa concentração
iônica, baixa carga microbiana e baixo nível de
carbono orgânico total. Água purificada tratada
por processo complementar.
➢ Parâmetros críticos sugeridos:
↳ Condutividade máxima de 0,055 µS/cm a 25,0 °C
(resistividade > 18,0 MΩ-cm); COT ≤ 0,50 mg/L;
Contagem do número total de bactérias
heterotróficas: no máximo, 10 UFC/100 mL.
Endotoxinas: < 0,25 UE/mL (quando alta qualidade
biológica é requerida) Ausência de Pseudomonas
sp e coliformes
➢ Exemplos de aplicação:
↳ Dosagem de resíduos minerais ou orgânicos,
endotoxinas, preparações de calibradores,
controles, SQR, espectrometria de absorção
atômica, ICP/IOS, ICP/MS, espectrometria de
massa, procedimentos enzimáticos, cromatografia
a gás, CLAE (ppm ou ppb), biologia molecular e
cultivo celular etc. Eventualmente em preparações
farmacêuticas que requeiram água de alta pureza.
➢ Água para injetáveis (API)
↪ Água para injetáveis é utilizada como
excipiente na preparação de produtos
farmacêuticos parenterais de pequeno e grande
volume, na fabricação de princípios ativos de uso
parenteral, de produtos estéreis, demais produtos
que requeiram o controle de endotoxinas e não são
submetidos à etapa posterior de remoção.
↪ É utilizada ainda na limpeza e preparação de
processos, equipamentos e componentes que
entram em contato com fármacos e medicamentos
estéreis durante sua produção.
↪ O processo de purificação de primeira escolha é
a destilação, em equipamento cujas paredes
internas sejam fabricadas em metal apropriado,
como o aço inox AISI 316L, vidro neutro ou
quartzo.
↪ Alternativamente, a API pode ser obtida por
processo equivalente ou superior à destilação para
a remoção de contaminantes químicos e
microorganismos, desde que seja validado e
monitorado quanto aos parâmetros estabelecidos.
↪ A água de alimentação deve ser, no mínimo,
potável e, em geral, necessita ser pré-tratada para
alimentar os equipamentos. O processo é assim
especificado em razão da robustez que tais
equipamentos apresentam quanto à operação e ao
desempenho.
↪ A água para injetáveis deve atender aos ensaios
físico-químicos preconizados para a água
purificada, além dos testes de contagem total de
bactérias ≤ 10 UFC/100 mL e de endotoxinas
bacterianas, cujo valor deve ser menor que 0,25
UE/mL.
➢ Características:
↳ Água purificada tratada por destilação ou
processo similar.
➢ Parâmetros críticos sugeridos:
↳ Atende aos requisitos químicos da água
purificada e exige controle de endotoxinas.
Contagem do número total de bactérias
heterotróficas: no máximo, 10 UFC/100 mL.
Endotoxinas < 0,25 UE/mL. Ausência de
Pseudomonas sp e coliformes
➢ Exemplos de aplicação:
↳ Como veículo ou solvente de injetáveis,
fabricação de princípios ativos de uso parenteral,
lavagem final de equipamentos, tubulações e
recipientes usados em preparações parenterais.
Usada como diluente de preparações parenterais.
* Quais os principais sistemas de purificação de
água? Entenda o princípio de cada técnica e tipo
de água gerada.
↪ Os projetos, instalações e operação de sistemas
para produção de água purificada (AP), água
ultrapurificada (AUP) e a água para injetáveis (API)
possuem componentes, controles e procedimentos
similares. A diferença reside na presença do
parâmetro endotoxinas bacterianas na água para
injetáveis e nos seus métodos de preparação,
especificamente no último estágio. Essas
similaridades de parâmetros de qualidade
possibilitam estabelecer uma base comum para o
projeto de sistemas destinados à obtenção de AP,
AUP ou API, sendo pontos críticos diferenciais o
grau de controle do sistema e os estágios finais de
purificação necessários para remover bactérias,
endotoxinas bacterianas e reduzir a condutividade.
↪ A tecnologia de destilação é consagrada pelo
seu longo histórico de confiabilidade e pode ser
validada para produção de água para injetáveis.
Porém, outras tecnologias ou combinação de
tecnologias podem igualmente ser efetivas e
validadas para essa finalidade.
↪ Para produzir a água para injetáveis, há novas e
promissoras aplicações validáveis devido ao
desenvolvimento de novos materiais para
tecnologias como osmose reversa e ultrafiltração,
que permitem operar e sanitizar em temperatura
mais elevada, possibilitando uma redução
microbiana mais efetiva.
↪ O projeto de instalação de um sistema de
purificação de água deve considerar a qualidade da
água de fornecimento e da água desejada ao final, a
vazão necessária, a distância entre o sistema de
produção e os pontos de uso, o traçado da
tubulação e conexões, o material empregado,
facilidades de assistência técnica e manutenção e
os instrumentos adequados para o monitoramento.
↪ As tecnologias de purificação destinam-se à
remoção de contaminantes nos diversos estágios
da sequência de purificação.
↪ A escolha de quais tecnologias serão utilizadas
e a ordem em que são aplicadas dependerão da
qualidade da água potável de entrada e do tipo de
água que se busca obter.
- Pré-filtração
↪ Também conhecida como filtração de
profundidade ou filtração inicial, destina-se a
remover contaminantes particulados na faixa de
tamanho entre 5 e 10 μm, essencialmente para
proteger as tecnologias subsequentes, utilizando
filtros de areia ou combinação de filtros.
- Adsorção por carvão vegetal ativado
↪ Essa tecnologia emprega a capacidade de
adsorção do carvão vegetal ativado em contato com
compostos orgânicos ou contaminantes, como as
cloraminas.
↪ Além disso, remove agentes oxidantes por
redução química, em especial o cloro livre, que
afeta outras tecnologias baseadas em membrana,
como a osmose reversa ou a ultrafiltração.
↪ A retirada de agentes sanitizantes propicia o
crescimento bacteriano e a formação de biofilme, o
que implica na necessidade de sanitização do
próprio carvão ativado, com vapor direto ou água
quente, por exemplo, e do controle de partículas e
contagem microbiana de seu efluente.
- Tratamento com aditivos químicos
↪ Destina-se a ajustar o pH ou a remover
carbonatos e amônia, para a proteção de outras
tecnologias, entre elas a osmose reversa.
↪ Como aditivos químicos podem ser empregados
o ozônio, comumente usado no controle de
microorganismos, e o metabissulfito, aplicado
como agente redutor para cloro livre, em
substituição ao carvão vegetal ativado.
↪ Os aditivos químicos são, necessariamente,
removidos em algum estágio posterior de
purificação e não podem deixar resíduo na água
final.
- Tratamento com abrandadores
 ↪ Nos casos em que a água de alimentação é
“dura”, torna-se necessário usar os abrandadores.
Essa tecnologia emprega resinas regeneráveis de
troca iônica, que capturam os íons cálcio e
magnésio, e liberam íons sódio na água.
↪ O abrandamento é utilizado na proteção de
tecnologias sensíveis à incrustação, como a osmose
reversa.
↪ É necessário controlar a contagem microbiana,
com regeneração frequente, recirculação ou outras
formas de redução de contagem microbiana, para
evitar a formação de biofilme.
- Deionização e eletrodeionização contínua
↪ São tecnologias eficazes para a remoção de sais
inorgânicos dissolvidos.
↪ Os sistemas de deionização, também
conhecidos como deionização convencional,
produzem água purificada de uso rotineiro, por
meio de resinas de troca iônica específicas para
cátions ou para ânions.
↪ São polímeros orgânicos, geralmente
sulfonados, na forma de pequenas partículas. As
resinas catiônicas capturam os íons liberando o íon
H+ na água e as aniônicas liberam OH- . São
regeneráveis com ácidos e bases, respectivamente.
↪ Esse processo isolado não produz água de alta
pureza, por haver fuga de pequenos fragmentos da
resina, facilidade de crescimento microbiano e por
haver baixa remoção de orgânicos.
↪ Os sistemas de eletrodeionização contínua
combinam resinas catiônicas e aniônicas com
membranas semipermeáveis e a aplicação de um
campo elétrico, promovendo a remoção de íons de
forma contínua, isto é, sem necessidade de parada
para regeneração. Em ambos os casos é necessário
ter um controle sobre a geração de partículas
decorrente das regenerações sucessivas, além de
microorganismos. Isso pode ser realizado
controlando-se as regenerações, no caso da
deionização, utilizando-se recirculação da água e
aplicando-se radiação UV para o controle de
micro-organismos na saída, cuja eficácia precisa
ser comprovada.
- Osmose reversa
↪ É uma tecnologia de purificação baseada em
membranas semipermeáveis e com propriedades
especiais de remoção de íons; microrganismos e
endotoxinas bacterianas. Remove 90 a 99% da
maioria dos contaminantes.
↪ Entretanto, diversos fatores, como pH; pressão
diferencial ao longo da membrana; temperatura;
tipo do polímero da membrana e a própria
construção dos cartuchos de osmose reversa
podem afetar significativamente essa separação.
↪ As membranas de osmose reversa devem ser
devidamente controladas quanto à formação de
incrustações provenientes de sais de cálcio,
magnésio e outros, e de biofilme, fonte crítica de
contaminação microbiana e de endotoxinas. Por
isso é imprescindível instalar um sistema de
pré-tratamento antes da osmose reversa, que
remova partículas e agentes oxidantes, e, em
paralelo, deve se fazer, periodicamente, a
sanitização do sistema. Essa prática ajuda a
aumentar a vida útil das membranas e reduz a
frequência de sua regeneração.
↪ Existem os sistemas de osmose reversa de
duplo passo, em que a água purificada pelo
primeiro estágio alimenta o segundo estágio,
incrementando e complementando a purificação.
- Ultrafiltração
↪ É frequentemente utilizada para a remoção de
endotoxinas.
↪ É realizada utilizando-se uma membrana
especial com a propriedade de reter moléculas
conforme o seu peso molecular e estereoquímica.
↪ Denomina-se de Corte Nominal de Peso
Molecular “cut off” a faixa utilizada para a
separação das partículas, caracterizado pelo
tamanho do peso molecular.
 ↪ Na remoção de endotoxinas são utilizados
filtros na faixa de 10 000 Da, que retêm moléculas
com massa molecular, maior ou igual a 10 000 Da.
↪ Essa tecnologia pode ser usada em uma etapa
final ou intermediária do sistema de purificação,
desde que validada, e, da mesma forma que a
osmose reversa, requer um pré-tratamento, um
controle adequado das condições operacionais e
procedimentos apropriados de limpeza
sanitização, para manter a qualidade da água
conforme o estabelecido.
- Filtração com carga eletrostática
↪ Esse tipo de filtração emprega cargas positivas
na superfície das membranas e destina-se a reduzir
os níveis de endotoxinas que possuem natureza
elétrica negativa.
↪ Apresentam uma capacidade marginal de
remoção de micro-organismos, porém sua maior
eficiência é devido à remoção de endotoxinas.
↪ Apresenta uma limitação importante: quando
as cargas estão totalmente neutralizadas, por
saturação pela captura das endotoxinas, a remoção
se paralisa. Por essa razão, filtros com carga
eletrostática são extremamente difíceis de validar,
dada essa imprevisibilidade, quanto ao momento
em que efetivamente não mais retêm esses
contaminantes.
- Microfiltração – retenção
micro-organismos
↪Essa tecnologia utiliza membranas
microporosas, com uma especificação de tamanho
de poro de 0,2 ou 0,22 μm.
↪ Devem ser validadas quanto à retenção, por
meio de um teste bacteriológico, que determina o
valor da redução logarítmica
micro-organismos nas membranas.
↪ O modelo usado emprega uma suspensão de
Brevundimonas diminuta a 107 UFC/cm2 de área
filtrante e testa a esterilidade do filtrado. Ainda
que a membrana seja especificada como 0,2 ou 0,22
μm de diâmetro de poro, não necessariamente será
esterilizante se não produzir um filtrado estéril por
meio desse teste, ou seja, um valor de redução
logarítmica igual a 7. Caso a redução logarítmica
obtida não seja da ordem de sete, a membrana
pode ser utilizada para reduzir a contagem
microbiana, porém não deve ser utilizada para
esterilizar.
e ↪ A microfiltração é aplicada na filtração de
gases, ou ventilação de tanques de armazenamento,
para evitar contaminação da água neles contida.
Nesses casos, utilizam-se membranas hidrofóbicas,
para que o filtro opere sem acúmulo de água
condensada, a partir da umidade do próprio ar.
- Radiação ultravioleta (UV)
↪ É utilizada em sistemas de purificação de água
em dois comprimentos de onda: 185 nm e 254 nm,
que promovem dois efeitos:
• 185 nm e 254 nm – Oxidação de compostos
orgânicos e consequente redução de sua
concentração, para atender aos limites da AP, AUP
e API;
• 254 nm – Ação germicida nos diversos pontos
da sequência de purificação, para reduzir a
contagem microbiana.
↪ Para a oxidação de orgânicos a água deve estar
no estágio final da purificação, e essa remoção será
de mais efetiva quanto menor for a carga de
contaminantes.
- Destilação
↪ Em instalações industriais pode haver
destiladores simples, de múltiplos efeitos e os de
compressão de vapor, que são usados, em geral,
para sistemas de produção de grandes volumes.
dos ↪ A água de alimentação para esses
equipamentos requer controles diferentes daqueles
usados em osmose reversa. Nesse caso, a
concentração de silicatos é crítica, como em
qualquer sistema de geração de vapor.
 ↪ Outro aspecto importante é a possibilidade de
carreamento de compostos voláteis no condensado.
Isso é especialmente importante no que se refere a
impurezas orgânicas, como trihalometanos e gases
dissolvidos na água, como dióxido de carbono e
amônia.
↪ Assim, é fundamental o controle da água
potável de entrada, conforme mencionado sobre a
água de alimentação para sistemas de purificação.
* Como é feito o monitoramento da qualidade da
água?
↪ O monitoramento da qualidade da água deve
abranger todos os pontos críticos e representativos
do sistema, de acordo com o planejamento
estabelecido, de forma consistente e contínua.
↪ O monitoramento da qualidade da água deve
ser realizado por meio de análises físico-químicas
e microbiológicas.
↪ Devem ser estabelecidos procedimentos
operacionais e de sanitização, um programa de
monitoramento abrangente, com manutenção
preventiva e um sistema de controle de mudanças,
que determine criteriosamente se o sistema
necessitará ser revalidado após qualquer
modificação.
- Parâmetros ideais para monitoramento:
↪ Devem ser consideradas, na elaboração do
plano, as questões sazonais que podem afetar a
qualidade da água da fonte de fornecimento.
↪ Os equipamentos e aparatos utilizados nas
verificações devem ser capazes de fornecer a
leitura na faixa requerida para a pureza
estabelecida.
↪ Os equipamentos utilizados devem estar
devidamente calibrados.
↪ As verificações realizadas devem
registradas em formulário próprio, em que conste,
pelo menos, o(s) parâmetro(s) medido(s), a data da
medição, o valor obtido, a faixa de aceitação e o
responsável pela leitura.
↪ O pessoal que realiza essa tarefa deve conhecer
o plano de amostragem e os métodos utilizados,
bem como os limites de alerta e de ação
estabelecidos.
↪ Caso o usuário terceirize esse controle, deve
garantir que o terceirizado cumpra com os
requisitos e procedimentos definidos.
↪ Os dados obtidos são comparados com as
especificações típicas e os limites de alerta e de
ação. Esses são estabelecidos pelo usuário, com
base nos dados da validação, no histórico do
sistema de purificação e distribuição e nas
exigências de qualidade para uma determinada
aplicação.
↪ O usuário deve definir os limites de alerta e de
ação, de forma a evitar a obtenção do produto com
especificação de qualidade inferior à requerida
para uma dada aplicação.
↪ O limite de alerta indica que um desvio na
qualidade pode acontecer e não necessariamente
requer uma medida corretiva.
↪ O limite de ação indica que o desvio da
qualidade excedeu os parâmetros toleráveis e
requer interrupção da atividade para a correção.
↪ Resultados não conformes requerem uma
intervenção extraordinária no local, em adição às
operações normais, a fim de restaurar o sistema
para que o padrão de qualidade esperado seja
mantido.
➢ Monitoramento Físico-Químico
↪ Acompanha, principalmente, a condutividade e
o carbono orgânico total, que também podem ser
medidos em linha. Esses ensaios abrangem um
grande número de contaminantes inorgânicos.
ser Caso a amostra não seja analisada em seguida à
coleta, deve ser preservada e armazenada em
condições que garantam a sua integridade e
conservação por período adequado. Dependendo
da aplicação requerida os parâmetros críticos a
serem monitorados podem variar.
➢ Monitoramento Microbiológico
↪ A importância do controle da água para uso
farmacêutico está em garantir sua qualidade de
modo a atender aos parâmetros determinados em
cada monografia e evitar o carreamento da
contaminação para os produtos.
↪ Sendo assim, requer rigoroso controle de
qualidade microbiológico, visto que, por suas
características intrínsecas e pelos processos
envolvidos na sua produção, é altamente suscetível
à contaminação microbiana.
↪ O alvo do controle microbiológico são as
bactérias patogênicas, existindo a necessidade de
identificar ou selecionar certas espécies de
micro-organismos que podem ser prejudiciais a
processos e produtos, como, por exemplo,
Pseudomonas aeruginosa, Burkholderia cepacia,
Escherichia coli e Salmonella sp.
2. Avaliação da qualidade de águas
purificadas utilizadas em farmácias de
manipulação
* Qual o tipo de água farmacêutica mais
empregada em farmácias de manipulação para a
produção dos medicamentos?
↪ Acredito que seja a água purificada, porque o
artigo só trouxe essa.
↪ A água purificada é produzida a partir de água
reagente que atenda os requisitos estabelecidos
para a potabilidade da água, segundo a Portaria n°
2914 de 12/12/2011 do Ministério da Saúde.
↪ Qualquer método de purificação é aceitável
contanto que sejam atingidos os requisitos de
qualidade necessários àquele uso.
↪ As combinações de métodos de purificação,
numa determinada sequência, como osmose
reversa, deionização, destilação, troca iônica,
ultrafiltração, ultrapurificação e outros processos,
são válidas contanto que o produto final atenda às
especificações estabelecidas para o determinado
fim.
↪ É necessário haver um bom controle dos
reagentes utilizados nas manipulações, para que
seja conferida segurança e credibilidade aos
medicamentos produzidos. Por esse motivo, a
avaliação da qualidade de águas purificadas é
essencial para se atingir o padrão requerido pelos
órgãos que regulam as práticas farmacêuticas.
* Quais os parâmetros mínimos que a RDC
67-2007 determina no controle de qualidade da
água?
↪ A resolução RDC n° 33 de 2000 da ANVISA,
sobre Boas Práticas de Manipulação em farmácias,
instituiu a necessidade do controle de qualidade
das águas purificadas utilizadas nas preparações
magistrais. Contudo, a RDC n° 33 não definia
quais análises mínimas eram necessárias para a
avaliação da qualidade das águas purificadas.
↪ Existem diversos parâmetros que podem ser
avaliados na qualidade da água, variando conforme
o fim a que se destinam. Sendo assim, uma maior
especificação na resolução RDC n° 33 se fez
necessária para que o controle da qualidade das
águas purificadas em farmácias fosse adequado, foi
aí que criaram a resolução nº 67.
↪ A Resolução RDC nº 67 de 08/10/2007 da
ANVISA, que revogou a RDC n° 33 em Boas
Práticas de Manipulação de preparações
magistrais e oficinais para uso humano em
farmácias, regulamentou que as farmácias de
manipulação têm o dever de realizar análises
microbiológicas e físico-químicas periódicas da
água purificada utilizada em suas práticas, assim
como manter seus respectivos registros
↪ 7.5.1.4. Devem ser realizadas, no mínimo, as
seguintes análises: pH, cor aparente, turbidez,
cloro residual livre, sólidos totais dissolvidos
(STD), contagem total de bactérias, coliformes
totais, presença de Escherichia coli. e coliformes ↪ A descrição dos parâmetros apresentados na
termotolerantes. RDC n° 67 de 2007, visou melhorar a qualidade das
águas purificadas, contudo, a adequação das
7.5.1. Água Potável: A farmácia deve ser
farmácias às novas resoluções não é instantânea e,
abastecida com água potável e, quando possuir
para tanto, ficou estabelecido um prazo de 360 dias
caixa d'água própria, ela deve estar devidamente
para a adequação dos estabelecimentos.
protegida para evitar a entrada de animais de
↪ Com isso, se faz necessária a verificação
qualquer porte ou quaisquer outros contaminantes,
frequente dos parâmetros estabelecidos pela
devendo definir procedimentos escritos para a
legislação.
limpeza e manter os registros que comprovem sua
realização.
* Fazer uma análise geral dos resultados.
7.5.1.3. Devem ser feitos testes físico-químicos e Correlacionar os desvios de qualidade às

microbiológicos, no mínimo a cada seis meses, possíveis causas e efeitos.

↪ A maior parte das amostras, 78,90%, estava em
para monitorar a qualidade da água de
conformidade com os padrões estabelecidos.
abastecimento, mantendo-se os respectivos
Nenhuma amostra apresentou irregularidade
registros. As especificações para água potável
quanto aos parâmetros cor e coliformes
devem ser estabelecidas com base na legislação
termotolerantes/E. coli. Esse é um fato positivo,
vigente.
pois embora os coliformes fecais estejam presentes
7.5.2. Água Purificada: A água utilizada na na flora normal humana, existem algumas cepas
manipulação deve ser obtida a partir da água que podem causar diarreias e infecções urinárias
potável, tratada em um sistema que assegure a oportunistas.
obtenção da água com especificações ↪ Além disso, a presença de coliformes
farmacopéicas para água purificada, ou de outros termotolerantes indica contaminação fecal recente
compêndios internacionais reconhecidos pela na água, podendo haver também vírus entéricos e
ANVISA, conforme legislação vigente. cistos de parasitas intestinais.
↪ Considerando que a água será utilizada para a
7.5.2.1. Deve haver procedimentos escritos para a
manipulação de medicamentos, podendo atingir
limpeza e manutenção do sistema de purificação
um público debilitado, os efeitos de uma
da água com os devidos registros.
contaminação seriam agravados.
7.5.2.2. Devem ser feitos testes físico-químicos e ↪ Apresentaram contaminação por coliformes
microbiológicos da água purificada, no mínimo totais 4,56% amostras. A presença dessas bactérias
mensalmente, com o objetivo de monitorar o pode significar contaminação externa, uma vez que
processo de obtenção de água. esses micro-organismos deveriam ser eliminados
durante os processos de purificação da água.
7.5.2.5. A água purificada deve ser armazenada
↪ As enzimas e produtos da atividade bacteriana
por um período inferior a 24 horas e em condições
podem alterar a composição das formulações
que garantam a manutenção da qualidade da
farmacêuticas e comprometer a integridade dos
mesma, incluindo a sanitização dos recipientes a
produtos finais.
cada troca de água.
↪ Por esse motivo, mesmo as bactérias
não-patogênicas devem ser avaliadas para
determinar a qualidade das águas purificadas, qualidade da água purificada, que é um dos
também considerando que os métodos principais reagentes utilizados na produção de
convencionais de purificação de água não medicamentos e outros produtos farmacêuticos.
fornecem água livre de micro-organismos, apenas
proporcionam o controle dos mesmos
↪ A turbidez da água é causada pela presença de
partículas em suspensão, materiais coloidais e
microrganismos. Uma alta turbidez demonstra alta
concentração desses compostos.
↪ Quanto à turbidez, somente 0,54% das amostras
apresentaram irregularidade para turbidez, o que
mostra alta qualidade nesse parâmetro.
↪ Em relação a fluoretos, 7,80% das amostras
apresentaram irregularidade e em relação ao cloro
residual livre elas não passaram de 0,54%. A
presença de sais dissolvidos em preparações
farmacêuticas pode influenciar na estabilidade da
mesma.
↪ Para o parâmetro pH, 10,75% das amostras
estavam irregulares. Observando as amostras
separadas anualmente, percebe-se que o parâmetro
pH foi o que contribuiu para um maior número de
irregularidades isso é um fato preocupante, uma
vez que muitos produtos farmacêuticos mudam de
estado ou precipitam quando o pH é alterado, o
que pode modificar sua formulação ou diminuir
sua eficácia e absorção no organismo.
↪ Embora os valores de pH possam variar durante
todas as etapas da fabricação de um medicamento,
o controle do pH dos reagentes e solventes
utilizados nos processos pode evitar problemas
com etapas subsequentes da produção do mesmo.
↪ De maneira geral, de 744 amostras analisadas
no decorrer de quatro anos, 21,10% apresentaram
alguma irregularidade, dentre elas, 50,95% foram
referentes ao parâmetro pH. Esses dados
demonstram que as farmácias ainda estão em
processo de adequação às normas. É necessário que
a ANVISA e outros órgãos reguladores fiquem
atentos a esses dados para garantir uma boa