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Cenografia

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Índice
Apresentação da Disciplina.......................................................................................................... 06
Conteúdo Programático das Unidades ................................................................................................ 07
Contextualização à Disciplina ........................................................................................................ 09
Bibliografia Básica .................................................................................................................. 10
Unidade I – Introdução à Cenografia .................................................................................................. 11
A Cenografia e o Espaço ......................................................................................................... 12
As Definições da Cenografia ...................................................................................................... 13
EspaçodeContemplação ......................................................................................................... 14
OEspaçodaArteedaRepresentação ................................................................................................ 16
A Cenografia nos Espaços Cotidianos .............................................................................................. 18
Material Complementar ......................................................................................................... 21
Referências .................................................................................................................. 22
Unidade II - O Papel do Cenógrafo .................................................................................................... 23
Introdução à História ............................................................................................................ 24
OPapeldoCenógrafo! ........................................................................................................... 27
OCenógrafoeoEspaço ........................................................................................................... 28
Atribuições ................................................................................................................... 31
Diferentes Formas de Aplicação da Cenografia em Diferentes Ambientes .............................................................. 34
Material Complementar ......................................................................................................... 35
Referências .................................................................................................................. 36
Unidade III - História da Cenografia ................................................................................................... 37
Teatros e Espetáculos ................................................................................................................................... 38
TeatroGrego ............................................................................................................................................. 38
TeatroRomano .......................................................................................................................................... 41
Idade Média ............................................................................................................................................ 42
ORenascimento ......................................................................................................................................... 43
Barroco .................................................................................................................................................. 44
Inglaterra ............................................................................................................................................. 46
Italiano .................................................................................................................................................. 47
Século XIX e XX ................................................................................................................. 48
Material Complementar ......................................................................................................... 50
Referências ........................................................................................................................................... 51

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Índice
Unidade IV - A Cenografia e a Arquitetura Efêmera ..................................................................................... 52
Arquitetura Efêmera ............................................................................................................ 53
Exposições ..................................................................................................................... 54
Estandes ....................................................................................................................... 57
Cenários de Programas .......................................................................................................... 63
Material Complementar ......................................................................................................... 67
Referências .................................................................................................................... 68
Unidade V - As Diferentes Aplicações Da Cenografia no Design de Interiores .............................................................. 69
Contextualização ............................................................................................................... 70
Perfil do Cliente................................................................................................................. 71
Estilos e Conceitos .............................................................................................................. 73
Espaços ........................................................................................................................ 75
Iluminação ..................................................................................................................... 77
Lamparina a óleo ............................................................................................................... 77
Materiais e Revestimentos ....................................................................................................... 79
Material Complementar ......................................................................................................... 83
Referências .................................................................................................................... 84
Unidade VI - Projetos de Cenografias.................................................................................................. 85
Estudo de Caso ................................................................................................................. 86
Mostras de arquitetura e Design .................................................................................................. 87
Espetáculos .................................................................................................................... 94
Vitrines ........................................................................................................................ 95
Eventos ........................................................................................................................ 96
Material Complementar ......................................................................................................... 98
Referências .................................................................................................................... 99

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Apresentação da
Disciplina

Objetivo Geral
Estudo da evolução do espaço cênico e das várias possibilidades de
Cenografia | A Cenografia como estudo para desenvolvimento do Projeto
do Espaço, a partir de conceitos teóricos e práticos | Aplicação dos
conceitos para composição do espaço, considerando estilo, função e
necessidade do usuário.

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Conteúdo
Programático
das Unidades

Unidade 1: Introdução à
Cenografia
Entender a definição da Cenografia como técnica de planejar e organizar
espaços a partir de conhecimentos técnicos de estilos e conceitos, entre
outros | Aprender quais são os conceitos de Cenografia e suas definições
através da História.

Unidade 2: O Papel do Cenógrafo


Abordar o papel do cenógrafo através da História, o tipo de trabalho
desenvolvido e suas atribuições profissionais| A Equipe de Produção Teatral
e seus papéis no desenvolvimento do Projeto e sua execução.

Unidade3:História da Cenografia
Ao longo da História, a Cenografia passou por grande evolução até a
concepção atual aplicada em diferentes ambientes | Conhecer tais
referências e sua evolução na História são importantes para o
desenvolvimento profissional e sua aplicação no Design de Interiores.

Unidade 4: A Cenografia e a Arquitetura


Efêmera
Aprender como trabalhar de forma harmônica os materiais, as formas e o
processo de ordenação nos espaços efêmeros, e como estão relacionados à
Cenografia.

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Unidade 5: As Diferentes Aplicações da
Cenografia no Design de Interiores
A Cenografia é aplicada em diferentes Projetos de Design de Interiores, como
palcos de Teatros, stand de vendas, exposições e vitrines, enfim, grande
diversidade de aplicações | Entender o perfil do cliente, o estilo a ser adotado
e o espaço do Projeto, enfim, coletar informações e referências que
possibilitem o desenvolvimento do Projeto de Cenografia pelo Design de
Interiores.

Unidade 6: Projetos de Cenografias


Apresentação e análise de Projetos de Cenografia, desenvolvidos por
profissionais de Projeto, principalmente, Designer de Interiores | Utilizar os
conhecimentos adquiridos nas Unidades anteriores para leitura e
compreensão dos Projetos apresentados.

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Contextualização
à Disciplina

Contexto Acadêmico:
A disciplina de Cenografia para o desenvolvimento dos projetos de Design de
Interiores mostra-se essencial para a formação acadêmica e prática da
profissão, uma vez que todos os espaços projetados são resultados diretos de
imaginários e referências, são cenários desenvolvidos de acordo com a
demanda a ser atendida. Além disso, a Cenografia no Design está presente
em diversos ambientes, residenciais, corporativos, institucionais, enfim, a
cenografia está presente nos mais diversos ambientes.

Contexto Profissional:
Para desenvolver um projeto de Cenografia, aplicado ao design de interiores,
você deverá incluir o conhecimento de diversas disciplinas. Os conteúdos de
materiais e revestimentos serão capazes de auxiliar nas melhores escolhas
de projeto, as histórias permitiram buscar referências de épocas e estilos, a
representação gráfica permitirá desenvolver o projeto tecnicamente correto,
entre outras tantas disciplinas, em cada conteúdo estudado os
conhecimentos devem ser incorporados no projeto cenográfico.

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Bibliografia Básica

AWSON, B. Como arquitetos e designers pensam.

São Paulo: Oficina de textos, 2011. (e-book)

DEL NERO, C. Cenografia: uma breve visita. São Paulo:


Claridade, 2008. (e-book)

DEMETRESCO, S. Vitrinas e exposições: arte e técnica do


visual merchandising. São Paulo: Érica, 2014. (e-book)

MANTOVANI, A. Cenografia. São Paulo: Ática, 1989. (e-book)

MALHOTRA, N. K. Introdução à pesquisa de marketing. São


Paulo: Pearson, 2005. (e-book) ZOGBI, E. Para melhorar o
produto loja e o vitri- nismo. Guia prático de marketing
para comércio e serviços. v. 10. São Paulo: Atlas, 2013. (e-
book)

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Introdução à Cenografia

• A Cenografia e o Espaço;
• As Definições da Cenografia;
• Espaço de Contemplação;
• O Espaço da Arte e da Representação;
• A Cenografia nos Espaços Cotidianos.

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OBJETIVOS DE APRENDIZADO
• Entender a definição da Cenografia como técnica de planejar e organizar espaçosa p artir de
conhecimentos técnicos de estilos e conceitos, entre outros;
• Aprender quais são os conceitos da Cenografia e suas definições através da História.

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A Cenografia e o Espaço
“A Cenografia é a visualização de uma ideia, é como se teletransportar para rea- lidades paralelas,
quando mesmo o impossível é possível.” (DEJTIAR, 2020).

A concepção de um espaço, partindo de uma ideia e seu desenho, está presente co- tidianamente
na prática do Profissional de Design.

Quando observamos a definição de Cenografia no Dicionário, a principal definição em relação


à profissão é a Arte de representar paisagens e locais.

Todo Projeto de Design é resultado de um imaginário e de referências e, portanto, são cenários


que compõem nossos Projetos de Design de Interiores.

Arte de desenhar ou representar paisagens, locais ou prédios segundo as regras da perspec-


tiva. Teatro Arte de projetar cenários para peças. A própria ambientação cênica projetada
pelo cenógrafo: o ponto alto do espetáculo era a Cenografia.

Fonte: https://bit.ly/3fYUlZo

No desenvolvimento da Disciplina, veremos como a Cenografia se aplica ao Designde


Interiores.

De maneira simplista, podemos usar como exemplo uma banheira vitoriana. Quando
aplicamos em um Projeto, precisamos, inicialmente, buscar referências históricas que nos
auxiliem na reprodução de um cenário da época e, a partir daí, reproduzir parte de um cenário da
época.

A Figura a seguir, traz o exemplo de um banho vitoriano. A Figura 1 é um cenário elaborado a


partir de referências.

Podemos encontrar, ainda, projetos contemporâneos com apenas um ou outro elemento de


referência de outro período ou estilo.

Figura 1 – Cenário banho vitoriano


Fonte: Getty Images

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Partindo do princípio de que a Cenografia está na arte de planejar, é importante
registrar a importância nos conhecimentos teóricos, além de noções de técnicas de
representação e execução de Projeto.
Portanto, a Cenografia irá juntar diferentes Áreas de Conhecimento do designer. Nesse
sentido, as Unidades serão apresentadas trazendo o papel do profissional, a história da
Cenografia, suas aplicações e Projetos.

Dessa forma: “Mais que a representação de ideias, o projeto de interiores, assim como
um projeto cenográfico, muito tem particularidades: o traço, o desenho e a concretização
do resultado como processo criativo” (ALMEIDA, 2013, p. 1).

A partir da citação, podemos afirmar que a Cenografia é o resultado do processo cria-


tivo e dos conhecimentos adquiridos nas diversas Disciplinas da formação do Designer de
Interiores: Desenho Técnico, Projeto, História do Design, do Mobiliário, Iluminação,
Paisagismo, Materiais e Revestimentos são exemplos de Áreas de Conhecimento incor-
poradas à Cenografia.

Além dos Conhecimentos Técnicos, veremos as diferentes aplicações cenográficas


no Design de Interiores, como a Cenografia para Eventos, presente em Eventos,
Exposições, Formaturas, Festas, Teatros e outros, a Cenografia para Vitrines, Cenografia
em Quiosques, enfim, diversas de Áreas nas quais o trabalho do profissional de Design de
Interior está amplamente inserido.

Partindo dos princípios citados, serão apresentadas algumas definições de Cenogra-


fia ao longo da História, o papel dos cenógrafos e exemplos de aplicações.

As Definições da Cenografia
O termo Cenografia (skenographie, que é composto de skené, cena e graphein,
escrever, desenhar, pintar, colorir) se encontra nos textos gre- gos – A poética, de
Aristóteles, por exemplo. Servia para designar certos embelezamentos da skené.
Posteriormente, é encontrado nos textos em latim (De arquitectura, de Vitrúvio):
scenographia. Era usado, provavel- mente, para definir no desenho uma noção de
profundidade. No Renasci- mento, os textos de Vitrúvio foram traduzidos e o termo
Cenografia pas- sou a ser usado para designar os traços em perspectiva e, notadamente,
os traços em perspectiva do cenário no espetáculo teatral. A Cenografia existe desde que
existe o espetáculo teatral na Grécia Antiga, mas em cada época teve um significado
diferente, dependendo da proposta do espetáculo teatral. (MANTOVANNI, 1989, p. 13)

A partir da citação de Mantovanni, é possível afirmar que a Cenografia sofreu diversas


modificações ao longo da História, ainda que, a princípio, a conotação da Cenografia fosse
basicamente teatral, sua transição para outras aplicações aconteceu em momento
posterior, mas sua essência cênica e a representação gráfica, seja pela escrita, seja pelo
desenho, seja pela pintura, continua sendo a tradução de uma ideia.

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Figura 2 – Teatro Grego Greek – Sicília, Itália
Fonte: Wikimedia Commons

Com o início das Sociedades modernas e as novas funções de produção, Tecnolo-


gias, Economia, Ciências, enfim, o processo de transformação ocorrido nos séculos XVIII
e XIX foram responsáveis, também, pelas novas discussões acerca da Arte e da aplicação
da Cenografia:
Com a consolidação da cultura de consumo a Cenografia, até então cir-
cunscrita aos palcos, é “descoberta” pelo mercado produtor comercial;
verifica-se um deslizamento da linguagem cenográfica em direção a novas
áreas de atuação: exposições, cinema, televisão, desfiles, feiras e eventos
institucionais, por exemplo. (COHEN, 2007, p. 17)

De forma geral, serão apontados alguns períodos e exemplos do espaço cênico: Tea-
tro grego, romano, medieval, elisabetano, renascentista, italiano e barroco, lembrando-se
de que são alguns dos espaços cênicos apontados na História, vez que alguns autores citam
o espaço cênico como um local de espetáculo e, portanto, consideram locais de rituais
religiosos, presentes inclusive na Pré-história.

A partir dos conceitos abordados, e na busca por relacionar a Cenografia no Design


de Interiores, as definições e os usos cênicos foram divididos nesta Unidade em três itens:
Espaços de Contemplação, Espaço da Arte e Representação e, por último, a Cenografia
nos Espaços Cotidianos.

Espaço de Contemplação
Para os Espaços de Contemplação, o trabalho Introdução histórica sobre
Cenografia – os primeiros rascunhos, de Vianna e Campello Neto, retratam os
Espaços de Rituais como importantes exemplos de espaços cênicos pensados para
atender às demandas do período:

A invocação religiosa, o ato propiciatório, o ato de júbilo, as celebrações


de tristeza, funerais ou sortilégio, desenrolavam-se em determinado
lugar, uma determinada maneira, repetindo-se do mesmo modo,
procurando uma constante repetição e, assim, tornando-se rito. Vários

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escritores encontram, em cada um desses rituais, fatores de menor ou
maior cons- tância no teatro. Estes elementos apresentam características
teatrais. Dessa forma, o local das celebrações no qual se desenrolavam os
rituais seria a cena. (VIANNA; CAMPELLO NETO, 2010, p. 12)

Embora a citação faça referência ao período do Egito Antigo, podemos trazer a re- ferência
dos espaços de celebrações para aplicação atual da Cenografia nos Projetos de Design de
Interiores atuais, por exemplo, festas de casamentos temáticas demandam do profissional um
trabalho de Cenografia intenso, iniciando pela pesquisa de elementos de composição capazes de
responder às solicitações.

Na Figura a seguir (Figura 3), o Templo Karnak, localizado na margem do rio Nilo, foi pensado
para um espaço de contemplação de seus deuses.

Quando observamos a imagem, podemos extrair referências importantes para desen- volver
um Projeto que busque o Antigo Egito como menção: as cores, os tipos de materiais, o paisagismo,
enfim, elementos que podem ser incorporados em diversos Projetos de Interiores.

Figura 3 – Templo de Karnak Egito


Fonte: Getty Images

Mesmo remetendo ao Egito em diferentes períodos, explore o site sugerido no Artigo Deco-
ração egípcia, sua casa brasileira no tipo exportação: para observar como as referências
histórias e culturais são importantes para a escolha de elementos que compõem o Projeto
de Design de Interiores. Disponível em: https://bit.ly/2RyW8Lj

Para entender melhor o contexto das referências da Cenografia, e exemplos de ele- mentos
aplicados aos Projetos, observe as imagens a seguir.

Na Figura 4, a imagem destaca o mosaico da cúpula de uma Igreja, e a aplicação


contemporânea está nos desenhos de revestimentos utilizados atualmente (Figura 5).
Portanto, a utilização do espaço cênico como alusão aos Projetos pode surgir a partir de pequenos
detalhes.

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O caráter religioso dos espaços cênicos permaneceu por diferentes períodos, como na
Antiguidade e na Grécia, por exemplo, onde os espaços foram passando por trans- formações, o
Teatro e sua relação direta com o meio social, assim como os Templos, cumpriam a função de
espaços coletivos e de encontros, importante para o cotidiano das diferentes épocas.

Quando olhamos para a Cenografia, tanto ao longo da História quanto atualmente, ela
também desempenha diferentes funções, como veremos na próxima unidade, e o mesmo
acontecerá com o Cenógrafo: suas atribuições e seus conhecimentos também evoluíram de acordo
com as demandas do período.

O Espaço da Arte e da Representação


Os Espaços de Arte e da Representação são definidos, principalmente, pelos Teatros,
espaços que sofreram diversas modificações de Projeto, transformando-se a partir de mudanças
da própria Arte Cênica e das formas de Representação, além do desenvolvimento de Tecnologias,
como Técnicas de Iluminação, por exemplo.

Na sequência de imagens a seguir, podemos observar algumas mudanças nos espaços dos
Teatros, do estilo arquitetônico até a iluminação, sendo que o mesmo processo acontecerá com a
Cenografia e com o Design de Interiores.

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Assim:

Na Cenografia, a representação não está limitada à substituição de um original:


ela é também um elemento narrativo, um auxiliar que permite situar espacial e
temporalmente o tema abordado por um texto teatral ou por uma exposição.
(ROSSINI, 2012, p. 158)

Além das questões físico-espaciais, conforme observado nas Figuras 6, 7 e 8, também é


importante observar a forma de utilização desses espaços.

Tapeçarias, vestuários, formas de uso do espaço, tanto para os atores quanto para a plateia,
podem ser comparados nas imagens a seguir (Figuras 9 e 10).

Períodos e culturas diferentes são referências importantes para Projetos.

As imagens a seguir trazem exemplos de cenários atuais, sem referências de períodos


anteriores.

O destaque vale para pontuarmos o uso de recursos tecnológicos, como iluminação,


estruturas e água, elementos incorporados em vários espaços cênicos.

As mudanças dos espaços, a partir das transformações e dos desenvolvimentos tecnológicos


são capazes, inclusive, de simular períodos anteriores.

Iluminação teatral – Peça “O despertar da primavera”. Disponível em: https://bit.ly/3x1P3Su


Cenário com utilização de água. Disponível em: https://bit.ly/2TJS0bX

Voltando para as referências históricas, os primeiros registros de Peças Teatrais acon-


teceram na Grécia Antiga, e a principal característica estava em um espaço aberto (conforme
observamos na Figura 2).

A iluminação que, atualmente, algumas vezes, passa a ser elemento principal e não
coadjuvante do Projeto de Interiores, na Arte da Cenografia, teve na maior parte de sua História
um papel complementar.

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Ao afirmar que “Iluminar é, antes de mais nada, um ato intuitivo que corresponde ao de um
artista plástico cuja paleta foi por ele escolhida ou a ele eventualmente imposta” Ratto (1999, p.
93) discute o papel da iluminação artificial na Cenografia.

A transformação do papel da iluminação e o uso nos espaços cenográficos contemporâneos


são observados por Camargo, como se observa na citação a seguir:

Os avanços tecnológicos permitiram fazer da iluminação cênica um es-


petáculo à parte, cheio de pirotecnias para encantar os olhos. Não rara-
mente, temos visto espetáculos em que a iluminação é impactante, como
se fosse algo a merecer um aplauso à parte. No entanto, se perguntamos
qual é a relação que há entre a cena e a luz, nem sempre obteremos res-
posta. Daí a necessidade de se investigar quando e por que a iluminação
se dá por si mesma (como acontecimento à parte) ou por uma relação
intrínseca com a cena. (CAMARGO, 2006, p. 18)

As imagens a seguir são exemplos da iluminação como destaque na Cenografia: na Figura 11,
em uma Peça Teatral, e na Figura 12, em um Desfile de Moda, outra Área com atuações
significativas dos Projetos de Cenografia.

A Cenografia nos Espaços Cotidianos


A Cenografia nos Espaços Cotidianos será mais bem detalhada em outras unidades desta
disciplina, nas quais veremos as aplicações e os projetos de Cenografia relacionados ao Design de
Interiores.

O objetivo desta Unidade é trazer informações preliminares sobre a Arte na Cenografia,


buscando mostrar a relação direta com o Design de Interiores e as Disciplinas abordadas durante
o Curso.

No entanto, vale uma pequena introdução e alguns apontamentos sobre Espaços Cotidianos.
As imagens comentadas a seguir trazem alguns exemplos das aplicações mais atuais.

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Na Figura 13, podemos observar um Stand de Exposições da Lego, na China International
Import Expo (CIIE), no Centro Nacional de Exposições e Convenções, montado em novembro
de 2020.

Para mostrar o alcance mundial da marca, e utilizando referências arquitetônicas e culturais,


podemos observar o Mapa Múndi como tema principal e os edifícios marcantes em diferentes
países, além da interatividade com o público na própria bancada.

Um trabalho como o apresentado aqui requer uma Equipe de Profissionais de Projeto a


Marketing e Execução e, assim, acontecerá em grande parte do trabalho de Design de Interiores.

A Figura 14 é exemplo de algo comum, presente no cotidiano e faz parte do trabalho de


Cenografia, as vitrines temáticas, sazonais e efêmeras, que detalharemos posteriormente.

A vitrine de Natal traz elementos importantes de referência do tema, como decoração,


iluminação, cores e texturas.

19
Por último, na Figura 15, temos o Design de Interiores desenvolvido em um quarto de hotel,
com o tema asiático.

Podemos notar elementos que remetem a características marcantes de referências históricas


e culturais, materiais de acabamentos, texturas e cores e mobiliários.

Enfim, o cenário elaborado pelo profissional de Projeto contempla elementos de composição


que remetem diretamente o usuário ao estilo asiático.

Enfim, a Unidade buscou contemplar, de forma resumida, alguns dos itens da Cenografia no
Design de Interiores e, a partir da próxima Unidade, faremos um resgate histórico dos espaços
cenográficos, do papel do cenógrafo e de suas aplicações.

Explore os links adicionados no conteúdo e no Material Complementar e aproveite para


explorar a Cenografia como Arte de Projetar, utilizando seu conhecimento para aplicar em futuros
Projetos.

Bons estudos!

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Material Complementar
Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade:

Sites
Arte da Cena
https://bit.ly/3glUV2j

Leitura
Urdimento
https://bit.ly/3cs0MBR
Cenografia e Arquitetura: Don Giovanni/Gehry + Rodarte
https://bit.ly/3ipJaKJ
O Que é Cenografia
https://bit.ly/3ipJf0Z

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Referências
ALMEIDA, A. D. S. O Cenógrafo e o Designer de Interiores, Revista Científica Semana
Acadêmica. Fortaleza, ano MMXII, n. 7, 10 jul. 2013. Disponível em: <https://semanaaca-
demica.com.br/artigo/o-cenografo-e-o-designer-de-interiores>. Acesso em: 29/01/2021.

CAMARGO, R. C. Luz e cena: processos de comunicação coevolutivos. 2006. 181f. Tese


(Doutorado em Comunicação e Semiótica) – PUC/SP – Pontifícia Universidade Católica de
São Paulo. São Paulo, 2006.

CENOGRAFIA. In: Dicionário Online de Português. Porto: 7Graus, 2021. Disponível em:
<https://www.dicio.com.br/cenografia/>. Acesso em: 25/01/2021.

COHEN, D. R. Cenografia para além do teatro. 2007. 120f. Dissertação (Mestrado em


Estética e História da Arte – Programa de Pós-graduação Interunidades em Estética e
História da Arte ECA/FAU/FFLCH – Universidade de São Paulo. São Paulo, 2007.

DEJTIAR, F. “Luca Tranchino: “A cenografia utiliza a mesma linguagem da arquitetura””


[Luca Tranchino: “Production Design Uses The Same Language as Architecture”] 11 Jul
2020. ArchDaily Brasil. (Trad. Bisineli, Rafaella). Disponível em: <https://www.
archdaily.com.br/br/943080/luca-tranchino-a-cenografia-utiliza-a-mesma-linguagem-

-da-arquitetura>. Acesso em: 31/05/2021.

MANTOVANI, A. Cenografia. São Paulo: Ática, 1989. 96p. Série princípios.

RATTO, G. Antitratado de Cenografia: variações sobre o mesmo tema. São Paulo: SENAC
São Paulo, 1999.

ROSSINI, E. Cenografia no teatro e nos espaços expositivos: uma abordagem além da


representação, TransInformação, Campinas, v. 24, n. 3, p. 157-164, set./dez. 2012.
Disponível em: <https://doi.org/10.1590/S0103-37862012000300001>.

URSSI, J. N. A linguagem cenográfica. 2006. 122f. Dissertação (Mestrado em Artes)

– Departamento de Artes Cênicas/Escola de Comunicações e Artes – Universidade de São


Paulo. São Paulo, 2006.

VIANA, F.; CAMPELLO NETO, A. H. C. Introdução histórica sobre Cenografia – Os primeiros


rascunhos. São Paulo: Fausto Viana, 2010. 194p. Disponível em: <https://
docplayer.com.br/50931507-Introducao-historica-sobre-Cenografia.html>.

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O Papel do Cenógrafo

• Introdução à História;
• O Papel do Cenógrafo!
• O Cenógrafo e o Espaço;
• Atribuições;
• Diferentes Formas de Aplicação
da Cenografia em Diferentes Ambientes.

2
OBJETIVOS DE APRENDIZADO
• Abordar o papel do Cenógrafo através da História, o tipo de trabalho desenvolvido e suas
atribuições profissionais e a Equipe de Produção Teatral;
• Entender seus papéis no desenvolvimento do Projeto e sua execução.

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Introdução à História
Quanto ao espetáculo cênico, decerto que é o mais emocionante, mas também é o
menos artístico e o menos próprio da poesia. Na verdade, mesmo sem
representação e sem atores, pode a tragédia manifestar seus efeitos; além disso, a
realização de um bom espetáculo mais depende do cenógrafo que do poeta.
(ARISTÓTELES)

Desde a Grécia Antiga, a importância da Cenografia e do profissional era destacada.


O fazer Arte e Poesia, por meio da imagem, do lugar e do tempo, permite ao espectador e ao
usuário ter sua imaginação de forma real, seja em uma Peça Teatral, seja em uma exposição, uma
sala, um dormitório... enfim, Espaços resultado de anseios e desejos.
Na História, a atribuição do Cenógrafo foi se transformando, assim como a Sociedade.
Na Grécia Antiga, os palcos ao ar livre utilizavam paredes que separavam bastidores e criavam
espaços painéis para as cenas, possibilitando a separação do imaginário e do real.
A distribuição dos espaços e os painéis de madeira criaram para os Cenógrafos a
possibilidade de mudanças de cenários e, portanto, novamente destacavam-se como parte
integrante da Peça Teatral.
Os painéis usados até hoje para compor os cenários foram sendo aprimorados. Na Figura 1,
podemos observar Eliseu Visconti pintando o pano de boca do Theatro Municipal do Rio de
Janeiro em 1907, afirmando o uso de Técnicas e da presença da Cenografia em diferentes
ambientes e períodos.

Em outro exemplo, a Figura 2 apresenta a importância de flexibilidade dos cenários para compor
as Peças Teatrais e Painéis aplicados nos mais diversos locais, como Teatros, Exposições, Festas e
outros.

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Posteriormente, veremos de maneira mais detalhada, a História da Cenografia, mas vale
destacar, aqui, algumas das principais mudanças em alguns períodos, buscando, dessa forma,
contextualizar o trabalho do Cenógrafo e, principalmente, compreender como tal atividade é
desempenhada atualmente.

Temos desde os primeiros trabalhos de Cenografia, na Grécia Antiga, até os primeiros


Teatros, como o Teatro Olímpico de Vicenza, projeto do arquiteto Andrea di Pietro, datado de
1585 (Figura 3), construído com riqueza de detalhes, além de uma estrutura física bastante
apropriada para os eventos da época.

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Entre a Grécia Antiga e o período Renascentista, os Teatros como espaços coletivos e de
entretenimento perderam destaque para as Igrejas.

Na Idade Média, os Palcos de Peças Teatrais foram substituídos por manifestações religiosas,
o que mudaria o contexto da História do Teatro, mas a Cenografia continuava presente, e
desempenhava papel importante.

As decorações de Igrejas e suas festividades são observadas até hoje. Arquitetura, Design,
Paisagismo e tantas outras áreas encontram nas Igrejas importante espaço de atuação.
Assim, o conhecimento da história deve auxiliar a prática da profissão, além de melhor
entendimento do tema.

Houve, ainda, outros períodos, como o Barroco e o Elisabetano, ocorrido na Inglaterra e,


posteriormente, o século XIX, com suas importantes mudanças e transformações da Sociedade e
da Política, na busca pela ruptura com o passado, enfim, mudanças também incorporadas pelas
Áreas da Cenografia e do papel do Cenógrafo.

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O Papel do Cenógrafo!
Mundialmente, assim como no Brasil, discussões aquecidas no mundo
teatral colocaram em questão a melhor definição para a Cenografia e a
formação do cenógrafo. Os formadores dos novos cenógrafos e
pensadores contemporâneos dos espaços, dos ambientes e dos
espetáculos devem estabelecer uma nova abordagem conceitual e
construtiva do es- petáculo explorando profundamente os novos
instrumentos tecnológicos, os novos meios e os espaços disponíveis para
a performance. Devemos investigar o significado cultural do espaço, para
capturar seu potencial dramatúrgico de uso e repensar o espetáculo com
um sistema baseado no vocabulário visual e espacial. (URSSI, 2006, p. 16)

O papel do Cenógrafo se destacou em todos os momentos da História. Afinal, o profissional é


capaz de colocar em prática uma ideia, um pensamento, um Projeto. Trabalhando com outros
profissionais, ele transforma um espaço vazio, com infinitas possibilidades.

As imagens a seguir trazem dois períodos: 1940 e 2014. Na Figura 8, podemos observar a
Equipe de Profissionais auxiliando as “fadas” a voarem, enquanto na Figura 9, o profissional está
simulando a presença de névoa com gelo seco.

27
Os exemplos mostram como o trabalho do Cenógrafo ultrapassa o Projeto de Desenho, e a
necessidade de diferentes profissionais para executá-lo.

As inovações tecnológicas, os novos materiais e os revestimentos, os diferentes usos dos


espaços cotidianos, enfim, todas as transformações incluem o papel da Cenografia.

Em cada ambiente, seja espetáculos como Teatro, Balé e Show, entre outros, o papel do
Cenógrafo será reproduzir espaços com linguagens diferentes.

A Cenografia não está limitada à decoração de um espaço: suas etapas de Projeto, o trabalho
multidisciplinar e as infinitas possibilidades fazem com que a Cenografia tenha um significado
mais amplo e abrangente. Deve-se considerar Arte e Técnica alinhadas na organização de um
Espaço de Representação.

O imaginário deve ser também funcional. Em quaisquer Áreas de Atuação, o espaço deverá
permitir movimentos, fluxos, mobiliário, iluminação e vários outros elementos. Para tanto, deverá
conhecer Teorias e Técnicas específicas, como a História da Arte e do Espetáculo, Desenho,
Pintura, Escultura, Modelagem, Composição, Cenotécnica etc. (MANTOVANI, 1989) e, então,
aplicar seu conhecimento.

O Cenógrafo e o Espaço
Segundo URSSI: “O Cenógrafo utiliza-se de elementos como cores, luzes, formas, linhas e
volumes, para solucionar as necessidades apresentadas pelo espetáculo e suas matizes poéticas
em diversos meios e fins” (2006, p. 14).

O Espaço, para o Cenógrafo, é uma tela em branco, e o Projeto deverá ser capaz de permitir
diferentes sensações. Em uma Peça Teatral, por exemplo, o cenário e outros elementos, como
figurino, atuação, luzes e sombras permitirão sensações de alegria, tris- teza, surpresa e outros.

Na Figura 10, a sensação de drama da peça O despertar da primavera, do Cenógrafo


Guilherme Zoldan Peitl, mostrou-se desafiador para a elaboração do cenário, mas, observando a
imagem, é possível verificar que as cores, as estruturas, a iluminação e toda a composição de
elementos de projeto respondem ao drama da história.

28
Acesse o Artigo Cenário da peça “O despertar da primavera”. para conhecer um pouco mais sobre o
trabalho citado. Disponível em: https://bit.ly/3cA8v0T

Cenário da peça “O despertar da primavera”. Disponível em: https://bit.ly/3gwOVUC

O planejamento adequado de qualquer Espaço deve ser fundamental. O Programa de


Necessidades deve ser realizado para todos os tipos de Programa.

A Cenografia no Design de Interiores será encontrada em Ambientes Comerciais, como Lojas,


Hotéis, Restaurantes etc., em Espaços Corporativos, como Escritórios e co-working, em Espaços
Institucionais, como Escolas, Hospitais, Centros Comunitários, enfim, para cada tipo de ambiente,
o Design e a Cenografia deverão atender às demandas específicas.

Bastante atual, a Incubadora para Influenciadores Digitais, da TikTok, criada em Milão, em


janeiro de 2021, contempla Design de Interiores, Cenografia, Referências e temas atuais,
respondendo de maneira bastante adequada aos perfis dos usuários e do público que deseja
atingir.

O uso de formas e de cores reforça a identificação do público jovem (Figuras 10 e 11):

29
Acesse os links para conhecer mais o Projeto da Defhouse:
• Conheça uma casa criada para influenciadores digitais, em Milão
Disponível em: https://bit.ly/2Svqa2O
• Defhouse in Milan is a home for Italy’s up-and-coming influencers
Disponível em: https://bit.ly/3xfaBLz

A reflexão do Instrumental Cenográfico e da percepção dos mais diversos Espaços,


atualmente, pode ser observada no estudo de Urssi, quando ele afirma que:

Um cenário deve ser estruturado visualmente (espacial, sensorial e


pictórico), assim como por uma linguagem (convencional e
significativa). Entre essas duas abordagens teóricas e instrumentais – as
ideias do início do século XX baseadas na percepção e as correntes
contemporâneas centradas na signifi- cação – reside o instrumental para
que o Cenógrafo possa desenvolver seus projetos. (URSSI, 2006, p. 76)

Importante!
Reforçando, trabalhar com Cenografia demanda que o profissional tenha conhecimen- tos teóricos
de diferentes Disciplinas: História, Desenho Técnico, Artes e outros, além de se expressar por meio
de uma Linguagem Visual que seja capaz de traduzir o imagináriopara o usuário.

30
Atribuições
Como já vimos em diferentes momentos, a Cenografia mostra uma ampla diversidade de
Áreas de atuação dos Profissionais de Criação.

Rossini, em seu trabalho, aborda os espaços de Exposições de Artes como um campo de


atuação.

Segundo sua análise:

No entanto, há um consenso para exposições de arte e objetos raros. Na


maior parte dos casos, o responsável pelo projeto, que pode ser o
Cenógrafo, o arquiteto, o artista ou o designer, deve preservar alguma so-
briedade na escolha dos materiais, cores e organização espacial, os quais
possam acolher e mostrar, da melhor forma possível, as peças escolhidas.
(ROSSINI, 2012, p. 164)

Portanto, seja qual for a área escolhida para aplicação da Cenografia no Design de Interiores,
o conhecimento de materiais, cores, texturas, iluminação e outros será impres- cindível para uma
boa execução do Projeto.

O cenário é apenas um item da Cenografia. Assim, devemos entender a amplitude do


significado da palavra e das responsabilidades e das atribuições do Profissional.

O Profissional de Cenografia deverá trabalhar com base no perfil do cliente, seja um roteiro,
seja uma empresa, seja uma família e outros e, a partir daí, para estabelecer a melhor composição
dos elementos – referências, temas, cores, textura, paisagismo, iluminação, mobiliário e outros.

O Quadro anexo ao Decreto no. 82.385, de outubro de 1978, que define as funções em que se
desempenham Atividades Artísticas e Técnicas em Espetáculo de Diversões, define, também:

Cenógrafo: cria, projeta e supervisiona, de acordo com o espírito da obra, a realização e


montagem de todas as ambientações e espaços necessários à cena, incluindo a programação
cronológica dos cenários; determina os materiais necessários; dirige a preparação, montagem,
desmontagem e remontagem das diversas unidades do trabalho.

[...] o Cenógrafo deve entrar em contato com outros profissionais, se


inteirar do trabalho. Passará depois a estudar e analisar a proposta ou
texto dramático, para iniciar uma pesquisa antes de criar a Cenografia.
Esboçará e desenhará a sua proposta até a execução da maquete, que será
apresentada ao grupo e, se aprovada, iniciará a fase propriamente dita de
execução dos cenários. (MANTOVANI, 1989, p. 13)

Para ter acesso a todas as profissões descritas no Quadro Anexo ao “Decreto n.º 82.385, de 5 de
outubro de 1978”. Disponível em: https://bit.ly/35clW36

31
A forma de apresentação do Projeto acontece basicamente com desenhos e maquetes.

Segundo o Arquiteto e o Cenógrafo Alex Suárez, que fez parte da Equipe de Cenários como
Castelo RaTiBum e No Mundo da Lua, a confecção de maquetes é essencial para o entendimento
do Projeto Cenográfico.

Acesse a entrevista do arquiteto Alex Suárez para a TV UNESP, para entender melhor a atua- ção do
profissional na Cenografia de Televisão. Disponível em: https://youtu.be/Mx9gCF-YIFU

A Figura 12, a seguir, reforça a importância do desenho nos Projetos de Cenografia.

A imagem apresenta esboços que representam móveis e acessórios de palco para a peça E se
elas fossem para Moscou?

O Cenógrafo ou Design de Interiores deverá entrar em contato com outros profissionais, e dar
início às etapas de trabalhos.

De maneira resumida, são atribuições do profissional:

• Analisar a proposta de Projeto, que poderá ser um texto ou roteiro, no caso de Espetáculos,
um tema, nos casos de Festas e Confraternizações, uma Referência, no caso de residências, o
perfil dos clientes, nos casos de Lojas, enfim, para cada tipo de trabalho, a proposta deverá
seguir um critério próprio;

• Trabalho de Pesquisa Referencial de época, tema, materiais, localização e outros. Um bom


Trabalho de Pesquisa é primordial para o sucesso do Projeto;

• Desenhar o Projeto e produzir Maquete de Simulação do Projeto;

• Apresentação para aprovação e ajustes finais;

• Execução do Projeto.

Em relação à Equipe, são muitos os profissionais que trabalharão em um Projeto de


Cenografia.

32
Aqui, serão citados como exemplo alguns que têm relação direta com o Cenógrafo em
Espetáculos Teatrais:

• Diretor artístico: Concebe o Espetáculo com um todo, a partir do Texto a ser encenado ou
de outra proposta. Concebe os conceitos;

• Diretor de produção: planeja a realização do Espetáculo;

• Diretor do espetáculo: dirige os atores e coordena o grupo;

• Atores e Figurantes: criam personagens e atuam;

• Cenógrafo e Maquetista: definem o espaço para a ação, criam a Cenografia, acompanham a


execução dos Cenários pelos Cenotécnicos;

• Cenotécnico: realiza o espaço Cenográfico (pintores, montadores, maquinistas,


carpinteiros);

• Coreógrafo: cria e coordena a Expressão Corporal e o movimento dos atores em cena;

• Aderecistas/Decoradores/Assistentes: criam uma realidade na superfície dos Espaços,


além de objetos para a cena;

• Figurinista: cria os figurinos e acompanha sua execução pelas costureiras;

• Guarda-roupeiros: aqueles que guardam, conservam e passam os costumes de cena.


Vestem os atores;

• Eletricista: fazem as ligações de força para as máquinas e luz do Espetáculo;

• Iluminador: cria e esquematiza a luz;

• Programador visual: cria o catálogo e o cartaz do Espetáculo;

• Sonoplasta/Operador de som: cria o som;

• Produtor geral: empresta trabalho e os meios de financiamento para o Espetáculo;

• Equipe administrativa e de produção: responsável pela divulgação, compra de materiais e


objetos e pagamentos, entre outros.

A diversidade de profissionais na arte da cenografia faz com que os profissionais envolvidos


no projeto somem seus conhecimentos na busca do resultado final. Quando observamos a história
da cenografia é possível verificar a diversidade de profissionais, mas na sociedade contemporânea
a diversidade acontece também nas diferentes aplicações da cenografia:

Sua definição contemporânea apresenta diversas possibilidades de uso, como


projetos de representações, espetáculos, exposições, ambientes, lugares para as
mídias e eventos artísticos-estéticos. Podemos encontrar aplicações cenográficas
além da cena teatral, nos campos das artes visuais, da arquitetura e do design, o
que amplia consideravelmente os horizontes de atuação do Cenógrafo em nossa
cultura. A definição da Cenografia, a partir desses inúmeros olhares, contempla a
ideia que integra o compo- nente cultural ao problema espacial em questão.
(URSSI, 2006, p. 14)

33
Diferentes Formas de Aplicação da Cenografia
em Diferentes Ambientes
Enfim, o Cenógrafo poderá atuar na Arquitetura, no Design de Interiores, nos Espetáculos, no
Marketing e em todas as Áreas nas quais os elementos visuais são importantes e demandam
criatividade, composição e conhecimentos técnicos essenciais para a execução dos Projetos.

Segundo Urssi: “[...] Sem dúvidas criar a Cenografia destes novos tempos é gerenciar conflitos
e necessidades, mas antes de tudo compreender o novo pensamento espacial que o ser humano
vem construindo com as novas tecnologias” (2006, p. 75).

Posteriormente, veremos a história da Cenografia, apontando os principais conceitos, estilos


e representações.

Explore os links de vídeos do Material Complementar e bons estudos!

34
Material Complementar
Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade:
Vídeos
Cenografia – TV Guia do Ator (Programa 69)
https://youtu.be/gfX5BlUpJw8
Conheça o Cenógrafo, profissional que cria cenários de todos os tipos e gostos
https://youtu.be/mw9yYQZat9o
Curso: Cenografia, com Cyro del Nero
https://youtu.be/eQ3zZu17QPY
Videoaula sobre Iluminação Cênica
https://youtu.be/qt2JAtT3CAw

35
Referências
ALMEIDA, A. D. S. O Cenógrafo e o Designer de Interiores, Revista Científica Semana
Acadêmica, Fortaleza, ano MMXII, n. 000007, 10/07/2013. Disponível em:
<https://semanaacademica.com.br/artigo/o-cenografo-e-o-designer-de-interiores>. Acesso em:
29/01/2021.

ARISTÓTELES. Poética. Tradução de Eudoro de Souza. São Paulo: Abril Cultural, 1979.

CAMARGO, R. C. Luz e cena: Processos de comunicação coevolutivos. 2006. 181f. Tese


(Doutorado em Comunicação e Semiótica) – PUC/SP – Pontifícia Universidade Católica de
São Paulo. São Paulo, 2006.

COHEN, D. R. Cenografia para além do teatro. São Paulo, 2007, 120f. Dissertação (Mestrado em
Estética e História da Arte – Programa de Pós-graduação Interunidades em Estética e História da
Arte). Universidade de São Paulo. São Paulo, 2207.

FERRER, M. C. Entrevista com Marcelo Lipiani e com a participação de Christiane Jatahy.


Sala Preta, [S. l.], v. 15, n. 2, p. 231-243, 2015. DOI: 10.11606/issn.2238-
3867.v15i2p231-243. Disponível em: <https://www.revistas.usp.br/salapreta/article/
view/106836>. Acesso em: 11/06/2021.

MANTOVANI, A. Cenografia. São Paulo: Ática, 1989. 96p. Série princípios. CENÁRIO da

peça O despertar da primavera. Projetos, São Paulo, ano 12, n. 137.09


– Vitruvius, maio 2012. Disponível em: <https://vitruvius.com.br/revistas/read/proje-
tos/12.137/4196>.

RATTO, G. Antitratado de Cenografia: variações sobre o mesmo tema. São Paulo: SENAC
São Paulo, 1999.

ROSSINI, E. Cenografia no teatro e nos espaços expositivos: uma abordagem além da


representação, TransInformação, Campinas, v. 24, n. 3, p. 157-164, set./dez., 2012.
Disponível em: <https://doi.org/10.1590/S0103-37862012000300001>.

URSSI, J. N. A linguagem cenográfica. 2006. 122f. Dissertação (Mestrado em Artes)


– Departamento de Artes Cênicas/Escola de Comunicações e Artes/Universidade de São Paulo.
São Paulo, 2006.

VIANA, F.; CAMPELLO NETO, A. H. C. Introdução histórica sobre Cenografia – Os


primeiros rascunhos. São Paulo: Fausto Viana, 2010. p. 194.

36
História Da Cenografia

• Teatros e Espetáculos;
• Teatro Grego;
• Teatro Romano;
• Idade Média;
• O Renascimento;
• Barroco;
• Inglaterra;
• Italiano;
• Século XIX e XX.

OBJETIVOS DE APRENDIZADO

3
• Ao longo da História, a Cenografia passou por grande evolução, até a concepção atual, apli
cada em diferentes ambientes;
• Conhecer tais referências e sua evolução na História é importante para o desenvolvimento
profissional e sua aplicação no Design de Interiores.

37
Teatros e Espetáculos
Cada um dos espetáculos mencionados – cinema, ópera, balé etc. – é
diferente, tem proposta e objetivo diferentes, possui uma linguagem
específica. Assim, como elemento desses espetáculos, a Cenografia
também tem propostas e objetivos adequados a cada espetáculo.
(MANTOVANI, 1989, p. 6)

Estudar a História permite entender o presente. A construção de memórias e as referências nos


conduzem a buscar respostas para as soluções e as aplicações atuais.

No caso da Cenografia, o Teatro é a principal referência. A Arte da Cenografia se desenvolveu


a partir das transformações dos Espaços Teatrais, como Espaços de Manifestações e
Entretenimento.

A partir disso, usaremos a História do Teatro como referência para a Cenografia,


considerando, principalmente, seus espaços físicos e os elementos de composição dos palcos:

A Cenografia, o figurino, a luz e, de certa forma, o ator são elementos


visuais do espetáculo. A Cenografia pode ser considerada uma
composição em um espaço tridimensional – o lugar teatral. Utiliza-se de
elementos básicos, como cor, luz, formas, volumes e linhas. Sendo uma
composição, tem peso, tensões, equilíbrio ou desequilíbrio, movimento e
contrastes. (MANTOVANI, 1989, p. 6)

Todos os elementos citados por Mantovani afirmam a importância da Cenografia no Design de


Interiores e, portanto, a forma como os elementos de composição foi sendo criada e aplicada nos
espaços deve ser referencial importante no conhecimento do tema.

Aqui, dividiremos a História da Cenografia da seguinte maneira: Grécia, Roma, Medieval,


Renascimento, Barroco, Inglaterra, Italiano e Teatro no Brasil.

Antes dos exemplos citados, as manifestações eram ligadas ao Sagrado. Invocar deuses por
meio de cantos, danças e encenações era o mais próximo do uso da Cenografia, ainda que sem
espaços físicos construídos.

Aqui, veremos os exemplos com foco nos Espaços.

Teatro Grego
Na Sociedade grega antiga, os espetáculos ocupavam uma posição de
destaque no cotidiano da sociedade. Os jogos esportivos, as disputas
dramáticas e líricas, os rituais, as disputas políticas e praticamente todos
os elementos importantes da sociabilidade grega estavam subordinados à
esfera espetacular. Dentre esses espetáculos, um dos mais grandiosos era
também o mais funesto: a guerra. (BOURSCHEID, 2008, p. 1)

38
O Teatro grego foi marcado pelas celebrações ao deus Dionísio, deus do vinho, do entusiasmo
e da procriação e, então, deus do Teatro.

No início, os Teatros na Grécia aconteciam ao ar livre, e os primeiros tinham a madeira como


principal material de construção, mas com a consolidação do uso do edifício, a partir do século V,
as construções passaram a usar pedra.

Como podemos observar nas imagens a seguir, o Teatro grego tinha formato concêntrico e
circular, com arquibancadas cavadas no chão, construídas em pedra e escalonadas, que permitiam
a visão do palco por toda a plateia. Não existia divisão de classes na Plateia, algo que com o tempo
sofreu modificações.

Os principais espaços do Teatro grego eram: orkêstra, kôilon, proskênion e a skéne.

39
No início, as Representações Teatrais na Grécia eram ao ar livre. Os primeiros Teatros foram
construídos em madeira, e só no século V passaram a ser construídos em pedra.

Eram concêntricos e circulares. O Teatro tinha caráter religioso e, no edifício, não havia
divisões classes sociais para o público em.

A estrutura era orkêstra, o círculo central em que atuava o coro. O kôilon, lugar do espectador,
um anfiteatro em degrau que envolvia o círculo central. O proskênion, lugar em que atuavam os
atores, situado dentro do círculo central, e a skéne, uma parede maior que o diâmetro do círculo
central, com entradas e saídas para os atores (MAN- TOVANI, 1989, p. 8).

De acordo com Mantovani, os principais espaços do Teatro grego são:

• Theatron: degraus construídos em semicírculo que utilizavam as encostas das colinas. O


Teatro Dionísio, maior símbolo do Teatro grego, tinha capacidade para 17.000 lugares;

• Orkhestra: era o círculo central no qual aconteciam as apresentações. O material utilizado


era terra batida ou pedras, para compor a laje;

• Skéne: espaço localizado atrás do Palco, que funcionava como camarim e cenário, uma
parede maior que o diâmetro do círculo central, com entradas e saídas para os atores. Parte
essencial para o desenvolvimento da Cenografia;

• Proskénion: lugar onde atuavam os atores, situado dentro do círculo central;

• Kôilon: conjunto de escadas de um anfiteatro que envolvia o círculo central e onde ficavam
os espectadores para comparecer a performances.

A skéne, como princípio da Cenografia, foi citada no Artigo de Ramos:

A skéne, como princípio da Cenografia, foi citada no Artigo de Ramos:

No teatro grego, a cena, que correspondia a skènè, era constituída por


uma parede ou às vezes até grandes panos que separavam a cena dos
bastidores. Nesse momento, o cenário passou a ser reconhecido, pois
foram criadas novas formas e estilos decorativos, como grandes painéis

40
pintados à mão, que passaram a complementar não somente a cena, mas a
fazerem parte da própria encenação. A partir deste processo, surgiu a
importância de um cenário que auxiliasse no desenvolvimento da ação
teatral, e consequentemente da Cenografia. (RAMOS, 2015, p. 1)

Assista ao vídeo Teatro Epidauro. Disponível em: https://youtu.be/9JjEoNo11XQ

Com destaque para a Cenografia, o Teatro grego criou a ekiclema, tipo de dispositivo para
troca de cenários que, mesmo com variações e Novas Tecnologias, tem a mesma funcionalidade.

Plataformas de madeiras e rodas possibilitavam a entrada de personagens e cenários, bem


como de pisos circulares com telas pintadas reproduzindo diferentes cenários:

Outro tipo de maquinaria existente na Grécia antiga é bem mais


sofisticado que o periacto e é denominado ekiclema. Deve datar do século
V a. C. e uma de suas possibilidades era revelar o interior do palácio, gruta
ou um templo. Era feito de um carro e uma plataforma rolante que
avançava de uma porta. (CARVALHO; MALANGA, 2013, p. 6)

A Figura a seguir mostra as possibilidades de uso da ekiclema. Podemos observar quão


inovadoras eram as mudanças de cenários que estavam presentes. No primeiro caso, a base
circular e giratória, e nos outros casos, as plataformas com rodas.

Teatro Romano
Apesar da grande influência do Teatro grego, o Teatro romano tinha características próprias
e diferentes.

Os Espaços de Espectadores passam a ser divididos por classes sociais, definindo lugares para
a população mais privilegiada e, além disso, o Teatro passa a ter o entretenimento como principal
função, perdendo o caráter religioso.

41
O Teatro grego era um lugar de reunião de uma Comunidade, enquanto o Teatro romano era
um edifício fechado para oferecer diversão a um grande público (MANTOVANI, 1989, p. 8).

O Teatro romano também foi desenhado com arquibancadas inclinadas, possibilitando a


construção de vários pavimentos, e foi referência para edifícios importantes de Anfiteatros, como
o Coliseu, por exemplo.

O Teatro Marcello, umas das principais referências, foi construído com pedra e concreto e
tinha capacidade para até 20.000 espectadores.

As Figuras a seguir mostram uma Planta Esquemática dos Teatros Romanos e do Teatro
Marcello.

Idade Média
Durante a Idade Média, os locais de celebração e entretenimento não eram construídos. As
praças eram o local teatral. O Teatro oficial era o religioso, no qual se representavam os
Ministérios (MANTOVANI, 1989, p. 8) e as apresentações eram normalmente realizadas nas
Igrejas.

O Teatro era dividido em sacro – relacionado à Religião, e profano – com características


cômicas e populares.

42
Na imagem, nota-se que, mesmo discretamente, a reprodução do cotidiano ou de paisagem
que retratasse a Peça Teatral – a Cenografia – já estava presente, desenvolvendo-se até os dias
atuais: “Na Idade Média não se construíram edifícios. O lugar teatral era a praça. O público
passeava à frente dos palcos – mansion. A representação era um acontecimento na cidade e todos
participavam” (MANTOVANI, 1989, p. 8).

O Renascimento
O Renascimento foi um período de grandes transformações na História, considerando a
passagem para a Idade Moderna.

No Edifício Teatral do período, novamente, o caráter religioso deixa de ser o foco principal, e
o entretenimento dos Salões dos Palácios dividem a Corte com os Teatros, que passam novamente
a dividir seus espectadores por sua condição social:

O edifício também foi pensado a partir do modelo greco-romano e era


entendido como um lugar de abrigo para um povo ideal, com divisões
hierárquicas, onde se pudesse celebrar seus faustos. Por isso foi pensado
com lugares definidos para cada classe social. Entre as propostas teóricas
e a construção dos edifícios, se passaram muitos anos. (MANTOVANI,
1989, p. 9)

A principal referência do período, o Teatro Olímpico de Veneza, foi construído em 1580, pelo
arquiteto italiano Andrea Palladio.

Sua importância é destacada não apenas na História do Teatro e da Arquitetura, mas também
na Cenografia.

43
Com o falecimento de Palladio, quem assume o término do Projeto para o Teatro é o seu
discípulo Vincenzo Scamozzi (1548-1616), que foi além ao que mencionou Vitrúvio, relacionado
às questões da perspectiva, transformando as vistas pintadas do Projeto original em vielas
praticáveis, com as quais conseguiu tridimensionalizar a cena e o palco (RAMOS, 2015, p. 3),
portanto, a perspectiva utilizada no Período do Renascimento será amplamente difundida em
Períodos posteriores.

A riqueza de detalhes e a tridimensionalidade utilizada no Período pode ser observada na


Figura a seguir.

Barroco
Entre os séculos 17 e 18, o Teatro Barroco foi presente na Europa. As peças, assim como
outros Movimentos, tinham foco nas interações e no cotidiano das pessoas.

Nos Espaços Teatrais, era possível ver cenários mais elaborados, assim como trajes e,
inclusive, efeitos.

Você Sabia?
O Teatro Barroco foi responsável pela descoberta de nomes importantes da Dramaturgia, como
Willian Shakespeare e Jean Baptiste Poquelin Molière.

44
Uma das principais referências do Estilo Barroco foi o Teatro Alla Scala, localizado em Milão,
criado pelo arquiteto Giuseppe Piermarin, em 1778.

O papel do Edifício Teatral na cidade continua sendo importante, e se destaca pela


grandiosidade e pela riqueza de detalhes.

Nas imagens a seguir, podemos observar como a plateia ficava livre próximo ao palco, e a
divisão social acontecia nos lugares definidos para os espectadores:

A Cenografia acontecia por painéis pintados e mudanças de cenários.


Giocomo Torelli é referência na evolução tecnológica da Cenografia. (...) o
grande mágico do barroco multiplicou as possibilidades de metamorfos
cênica à representação lírica, criou um sistema de alavancas e
contrapesos que permitia a mudança de cenário instantânea
ultrapassando formalmente o sistema inventado por Aleotti e
desenvolvido por Sabbatino. (URSSI, 2006, p. 40)

45
Inglaterra
O Teatro Elisabetano surgiu na Inglaterra, e aconteceu entre os anos de 1558 e 1603, e
William Shakespeare foi seu personagem principal.

Com influência renascentista, como já vimos nesta Unidade, o Movimento Teatral é referência
importante. Mesmo com espaços definidos, o Teatro Elisabetano juntava nobres e camponeses no
mesmo espaço.

No início, os Teatros aconteciam de maneira improvisada ao ar livre, e com sua popularidade


foram construídos Teatros, na maioria circulares ou hexagonais.

A maior referência do Teatro Elisabetano foi o The Globe, projetado por Peter Street com
supervisão de Shakespeare, em Londres, em 1599, e reconstruído em 1613, depois de um
incêndio:

A cobertura do edifício era a palha, com a parte central aberta. Três


andares de galeria para os mais abastados formavam a composição do
local. O palco interno de forma retangular ou trapezoidal tinha de 7 a 10m
de profundidade, ocupando parte da plateia, que ficava em pé. Em uma
pequena torre, era colocada a bandeira com o emblema do teatro.
(MANTOVANI, 1989, p. 10)

46
Italiano
O Teatro italiano tem sua estrutura parecida com os Teatros mais tradicionais. São
referências conhecidas hoje como um “Teatro ou Palco à italiana”. Os espectadores assistem pela
frente, e grandes cortinas são fechadas para mudanças de cenário. No Teatro à italiana, há a
separação entre: palco (lugar cênico) e plateia (lugar do espectador). A representação é na caixa
ótica – o palco fica distante do público como se fosse uma janela aberta para um “outro mundo”
(MANTOVANI, 1989, p. 10).

Os espaços são separados por grandes salões luxuosos e grandes escadarias. A dimensão do
palco permite apresentações de grande porte, como a Ópera, por exemplo: “Balões e camarotes
divididos em andares ou ordens; galerias (a galeria da última ordem é chamada também de
galinheiro ou poleiro, e é o lugar onde o ingresso é mais módico” (MANTOVANI, 1989, p. 10).

A Ópera de Paris, construída em 1875, e projetada pelo arquiteto Charles Garnier, é o


principal exemplo do Teatro à italiana, considerado uma obra prima de Arquitetura do seu
Período, e tem capacidade para 1979 espectadores.

Enfim, as modificações estruturais dos espaços dos Teatros e, portanto, da Cenografia, foram
acontecendo assim, como o uso dos espaços internos, a forma de utilização do palco, os materiais
de construção, a setorização dos espaços e a divisão dos espectadores, que foram alguns itens
citados aqui.

A imagem a seguir resume a evolução dos Espaços Teatrais nos primeiros períodos
estudados, e nos mostra como o espaço definido para Cenografia foi ganhando lugar e papel de
destaque:

47
Século XIX e XX
A Cenografia, por séculos, foi sinônimo de representação pictórica. Com a
urgência dos acontecimentos do século XX, transformou-se silenciosa e
radicalmente a ponto de mudar seu escopo conceitual sem que se perce-
besse isso claramente. (ROSSINI, 2012, p. 158)

Com a Revolução Industrial, a Sociedade sofreu grandes transformações. Novas Tecnologias e


os Novos Processos das Indústrias e do Capitalismo foram responsáveis por modificações
importantes em todas as Áreas.

No Teatro e na Cenografia não foi diferente, e se tornou um ato criativo ligado a Teorias e a
Técnicas específicas, que pretendem organizar, visualmente, o lugar para estabelecer a relação
cena-público. A plateia é um grande anfiteatro em forma de trapézio. São eliminados os balcões, as
galerias etc. Cria-se o vão para a orquestra, que sai do palco. A intenção de ir ao Teatro não é mais
social, mas ver o espetáculo (MANTOVANI, 1989).

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A mudança do espaço cênico foi bastante marcada no início do século XX: “A palavra de
ordem era o progresso exaltando a máquina, a fotografia, o carro e o avião. Os meios de
comunicação ganharam espaço no cotidiano” (URSSI, 2006, p. 49).

Além das modificações nos espaços físicos das construções dos Teatros, a Cenografia com
novas técnicas nos usos de painéis e Tecnologias inovadoras para o período permitiram
experiências artísticas importantes.

Luzes, cores, sons e outros elementos de composição surgem para a elaboração dos novos
cenários. Tais transformações serão referências para o que entendemos de Cenografia Teatral
hoje, e que é aplicada em outros locais, além dos espaços teatrais.

Enfim, resgatar parte da história dos Teatros, nos quais a Arte da Cenografia se desenvolveu,
será capaz de nos permitir análises coerentes da Cenografia atual e suas diferentes aplicações.

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Referências
ALMEIDA, A. D. S. O Cenógrafo e o Designer de Interiores, Revista Científica Semana Acadêmica,
Fortaleza, ano MMXII, n. 000007, 10/07/2013. Disponível em:

<https://semanaacademica.com.br/artigo/o-cenografo-e-o-designer-de-interiores>. Acesso em:


29/01/2021.

ARISTÓTELES. Poética. Tradução de Eudoro de Souza. São Paulo: Abril Cultural, 1979.

BOURSCHEID, M. Encenação e Performance no Teatro Grego Antigo. 2008. 48f. Monografia


(Bacharelado em Estudos Literários) – Universidade Federal do Para- ná. Curitiba, 2008.

CARVALHO, A. S.; MALANGA, E. B. Cenografia: uma história em construção, ARTE REVISTA, São
Paulo, v. 1, n. 1, p. 1-25, jan./jun. 2013.

MANTOVANI, A. Cenografia. São Paulo: Ática, 1989. 96p. Série princípios.

RAMOS, T. Desenhos que revolucionaram a cena teatral. Arquitextos, São Paulo, ano 15, n. 180.00,
Vitruvius, maio 2015. Disponível em: <https://vitruvius.com.br/revis-
tas/read/arquitextos/15.180/5548>.

ROSSINI, E. Cenografia no teatro e nos espaços expositivos: uma abordagem além da


representação, TransInformação, Campinas, v. 24, n. 3, p. 157-164, set./dez. 2012. Disponível em:
<https://doi.org/10.1590/S0103-37862012000300001>.

URSSI, J. N. A linguagem cenográfica. 2006. 122f. Dissertação (Mestrado em Artes)

– Departamento de Artes Cênicas/Escola de Comunicações e Artes/Universidade de São Paulo.


São Paulo, 2006.

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