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Referências
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Contextualização
Objetivos
Material Teórico
A Teoria do Flow
A experiência ótima envolve um aspecto intrínseco e dinâmico, que pode ser pode ser
observado a partir da correspondência entre desa os percebidos e habilidades adequadas para
lidar com tais desa os (DELLE, 2013). Essa dinamicidade ocorre à medida em que a percepção
de desa os altos promove o aumento de habilidades, assim como o aumento da competência
estimula as pessoas a buscarem desa os que sejam cada vez mais complexos, os quais
exigirão habilidades ainda maiores (DELLE, 2013).
Algumas atividades como esportes e jogos fornecem estruturas de objetivos e feedbacks que
tornam a experiência de ow mais provável de ocorrer. Ademais, uma pessoa pode vivenciar a
experiência de ow em qualquer atividade. Do mesmo modo, algumas atividades, como visitas
a museus ou jogos de xadrez, podem entediar uma pessoa ou levá-la a um estado de
ansiedade, sob certas circunstâncias e dependendo da sua história com esta atividade
(NAKAMURA; CSIKSZENTMIHALYI, 2002). Ou seja, além dos desa os que a atividade
apresenta e das habilidades que são necessárias para enfrentá-los, a experiência de ow exibe
um aspecto subjetivo, relacionado às nossas experiências pessoais com as atividades, sendo
que estas podem contribuir para vivenciarmos um estado de ow, de ansiedade ou de apatia.
Figura 3 – Apatia
Fonte: Getty Images
O modelo original da teoria do ow considera que, para que o ow ocorra, é necessário que
desa os e habilidades sejam correspondentes, de modo que, quando os desa os são maiores
que as habilidades a pessoa vivencia um estado de alerta e sente-se ansiosa; por sua vez,
quando o nível de habilidades da pessoa é superior ao nível de desa os ela vivencia um estado
de relaxamento, seguido de tédio (CSIKSZENTMIHALYI, 1997; NAKAMURA;
CSIKSZENTMIHALYI, 2002). O modelo original da teoria do ow (modelo de três canais) pode
ser observado na gura a seguir:
Figura 4 – Modelo de três canais do Flow
Posteriormente, veri cou-se que apenas o equilíbrio entre desa os e habilidades não eram
su cientes para que a experiência de ow ocorresse, mas que seria necessário que ambos
estivessem em níveis elevados (NAKAMURA; CSIKSZENTMIHALYI, 2002). Nessa direção, foi
adicionado um quarto estado, a apatia, a qual está relacionada à falta de atenção, falta de
concentração e falta de controle (DELLE; MASSIMINI, 2005). Assim, o modelo de quatro
canais é constituído por ow, tédio, ansiedade e apatia, como pode ser observado na gura a
seguir:
O que a imagem ilustra, prezado(a) estudante? Quando os níveis de desa os e habilidades são
baixos, a pessoa vivencia um estado de apatia. Quando os níveis de desa os são altos, mas as
habilidades são baixas, a pessoa vivencia um estado de ansiedade. Por sua vez, quando os
níveis de desa os são baixos, mas os níveis de habilidades são altos, a pessoa vivencia um
estado de relaxamento. Por m, quando os níveis de desa os e habilidades são ambos altos, a
pessoa vivencia o estado de ow.
Dimensões do Flow
O que signi ca “estar em ow”? Nakamura e Csikszentmihalyi (2002)
pontuam que “estar em ow” foi descrito como uma experiência
subjetiva que envolve desa os gerenciáveis, objetivos de nidos e o
processamento do feedback acerca do seu desempenho, de modo que a
ação da pessoa é conduzida com base nesse feedback. Esses aspectos
são considerados condições para a ocorrência da experiência de ow.
sensação de controle;
A dimensão “objetivos claros e feedback imediato” é considerada como uma possível condição
para a experiência de ow, ou seja, quando apresentam objetivos de nidos e um
feedback sobre como está indo o desempenho na tarefa (SHERNOFF; ANDERSON, 2014). Nesse
sentido, prezado(a) leitor(a), considera-se importante para a experiência de ow que a pessoa
apresente objetivos claros e de nidos, que tenha um foco na atividade que está sendo
realizada e que receba um feedback acerca do seu desempenho.
Uma outra dimensão refere-se à “sensação de controle”. No estado de ow, a pessoa vivencia
uma sensação de que está no controle de suas próprias ações e de que pode exercer controle
em situações consideradas difíceis (Kamei 2010 apud SEIBEL et al, 2016). Kamei (2010 apud
SEIBEL et al, 2016) ainda destaca que as pessoas relatam não um controle da situação em si,
mas que a sensação de controle está voltada sobre dominar o seu próprio desempenho
durante a atividade ou tarefa realizada.
Destaca-se ainda a dimensão “perda de autoconsciência re exiva”, em que pode ser percebida
uma perda da consciência sobre si mesmo como ator social (NAKAMURA;
CSIKSZENTMIHALYI, 2002). Nesse sentido, as pessoas parecem não se preocupar como estão
sendo vistas ou o que outros estão pensando sobre elas, uma vez que a pessoa está totalmente
envolvida e conectada com a atividade.
Como já mencionado anteriormente, a experiência de ow possibilita uma sensação de
envolvimento e concentração naquilo que está sendo realizado. Desse modo, destacamos a
dimensão “fusão entre ação e consciência”, a qual está relacionada à sensação de absorção na
atividade ou tarefa em questão (FARINA; FREITAS; HUTZ, 2019).
Flow e Satisfação
A experiência de ow parece apresentar relações signi cativas com a satisfação. Por exemplo,
Moutinho et al (2019) realizaram um estudo com 215 estudantes universitários e veri caram
que o estado de ow apresentou poder preditivo no bem-estar destes, assim como em seu
desempenho acadêmico. Os autores colocam que a sensação de ow refere-se a um estado
pleno e uido de funcionamento positivo, em que a pessoa tem a sensação de dominar a
tarefa e se envolver completamente na experiência, a qual é prazerosa e recompensadora por
si mesma, aumentando, desse modo, os níveis de afetos positivos e, consequentemente, o
bem-estar (MOUTINHO et al, 2019).
Devotto e col. (2020) buscaram veri car o papel mediador do ow no trabalho, na relação
entre as dimensões de redesenho deste (redesenho da tarefa, reformulação cognitiva e
redesenho das relações) e as dimensões de saúde mental positiva (bem-estar emocional,
psicológico e social). A amostra foi composta por 386 pro ssionais com média de idade de 44
anos. Os resultados indicaram que, quanto às dimensões de redesenho no trabalho, apenas a
dimensão “reformulação cognitiva” estava diretamente associada ao ow no trabalho e que o
ow no trabalho mediou totalmente a relação da dimensão “reformulação cognitiva”, com os
indicadores de saúde mental positiva. Nesse sentido, pessoas que reformulam cognitivamente
seu próprio trabalho experimentam maiores índices de ow no trabalho, o que contribui para
o bem-estar psicológico, emocional e social.
Figura 11 – Bem-estar
Fonte: Getty Images
Flow e Aprendizagem
O ow está associado à aprendizagem, uma vez que no processo de desenvolvimento de seus
talentos e aquisição de habilidades, é necessário o aumento contínuo do nível de desa os para
que o interesse possa ser mantido, logo, novas habilidades que são importantes para lidar
com os novos desa os são desenvolvidas (SHERNOFF; ANDERSON, 2014). Nesse sentido,
habilidades e desa os são maximizados e as pessoas apresentam maiores chances de
vivenciarem a experiência de ow (SHERNOFF; ANDERSON, 2014).
Considerações Finais
O ow pode ser compreendido como uma experiência subjetiva que se caracteriza por uma
motivação intrínseca (concentração naquilo que está sendo realizado, estado emocional
positivo e sensação de controle do desempenho), a qual é resultando do equilíbrio entre
desa os e habilidades (Kamei 2010 apud SEIBEL et al, 2016). Quando vivenciam a experiência
de ow, as pessoas parecem apresentar uma autoestima mais alta, uma vez que relatam maior
êxito nas tarefas, sentem-se melhor consigo mesmas e consideram estar vivendo acima de
suas próprias expectativas e expectativas dos outros (Kamei 2010 apud SEIBEL et al, 2016).
Figura 13 – Motivação no trabalho
Fonte: Getty Images
Espero você no nosso próximo módulo. Iremos apresentar o mindfulness ou atenção plena.
Vamos lá?
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Material Complementar
Livros
CSIKSZENTMIHALYI, M. Flow: A psicologia do alto desempenho e da felicidade. 1. ed. rev.
ampl. São Paulo: Objetiva, 2020.
Nesse livro, o autor da teoria do Flow, Mihaly Csikszentmihalyi aborda o conceito da
experiência de ow, suas dimensões e o seu papel para o alcance da felicidade.
Leitura
CSIKSZENTMIHALYI, M. Teoria do Flow, pesquisa e aplicações. ComCiência, Campinas, n. 161.
2014.
ACESSE
Vídeos
TED – Flow, the secret to happiness – Mihaly Csikszentmihalyi.
Nesse vídeo, o autor da teoria, Mihaly Csikszentmihalyi, aborda a experiência de ow,
considerando-a como o segredo para a felicidade.
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Referências
KAMEI, Helder Hiroki. Flow: o que é isso? Um estudo psicológico sobre experiências ótimas
de uxo na consciência, sob a perspectiva da Psicologia Positiva. 2010. Tese de Doutorado.
Universidade de São Paulo.
SHERNOFF, D. J.; ANDERSON, B. Enacting Flow and Student Engagement in the College Classroom.
In: SHERNOFF, D. J.; ANDERSON, B. The Wiley Blackwell handbook of positive psychological
interventions, 1. ed. Hoboken: Wiley-Blackwell, 2014. p. 194.