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REVISÃO
Profa. Ma. Angélica de Souza Lima
Psicologia Aplicada a Saúde
PERCEPÇÃO
Sensação e percepção
Determinantes da percepção
Segundo Aragão (1976, p. 54) os fatores determinantes da percepção podem ser
classificados em: (1) mecanismos do percebedor, ou seja, os órgãos receptores, os
nervos condutores e o cérebro; (2) as características do estímulo e o estado psicológico
de quem percebe. Trataremos, aqui, apenas dos fatores (2) e (3), já que o fator (1) pode
ser estudado em obras de Fisiologia, que abordam o tema com a profundidade
adequada, a qual não corresponderia aos objetivos de um capítulo introdutório, como
este. Como vimos, perceber é tomar conhecimento de um objeto. Para isso, é preciso
focalizar a atenção sobre ele. A atenção é uma condição essencial para que haja
percepção. Quem percebe, seleciona aspectos do meio ambiente, pois não são todos
os estímulos do meio ambiente percebidos simultaneamente pela mesma pessoa.
A percepção é, assim, a seleção de estímulos por meio da atenção. As
características do estímulo são as condições externas ao percebedor, ou determinantes
objetivos da percepção. Realmente, alguns estímulos chamam mais a nossa atenção do
que outros. Há outros que nem são percebidos pelo homem. Ex: ruídos de 20 decibéis.
Podemos citar como características do estímulo — intensidade (tendemos a selecionar
os estímulos de maior intensidade, como: clarão forte, cheiro penetrante, som agudo);
— tamanho (atentamos preferencialmente para os anúncios maiores); — forma (os
estímulos de forma definida e contornos são mais percebidos); — cor (objetos coloridos
atraem mais a atenção); — mobilidade (anúncios móveis são mais percebidos que os
estacionários).
A repetição ou frequência do estímulo é um outro fator de atenção e repetição.
Assim, a repetição continuada resulta numa receptividade menor ao mesmo estímulo
(deixa-se de ouvir o ruído de um relógio). No entanto, a repetição também pode chamar
a nossa atenção, quando o estímulo se repete apenas algumas vezes (um anúncio que
aparece duas vezes numa revista ou num programa de TV tem maior probabilidade de
chamar aatenção do que um anúncio que aparece apenas uma vez).
O estado psicológico de quem percebe é um fator determinante da percepção,
seus motivos, emoções e expectativas fazem com que perceba, preferencialmente, certos
estímulos do meio. Quem estiver procurando uma determinada blusa vermelha numa
prateleira de uma loja, tem uma disposição perceptiva temporária para peças vermelhas,
que persistirá apenas até encontrar o que procura ou abandonar a busca. Assim também,
quem tem fome sente-se mais atraído por estímulos comestíveis e tende a percebê-los
mais facilmente.
A mesma coisa acontece com tendências relativamente permanentes, como
interesses profissionais da pessoa. Ao visitar uma mesma cidade pela primeira vez, o
médico, provavelmente, perceberá aspectos gerais de saúde de sua população; o
sociólogo, aspectos da interaçãosocial entre seus moradores; o botânico, plantas
características da localidade, etc.
Os aspectos da situação que foram percebidos por um podem passar
completamente despercebidos pelo outro. Se esperamos pela chegada de alguém,
podemos “ouvi-lo” chegar várias vezes, antes que ele realmente apareça. Em uma
leitura, podemos não nos dar conta da falta de certas palavras ou da troca de letras,
porque esperamos naturalmente que elas estejam certas ou presentes.
Os estímulos que despertam ansiedade, desagrado ou frustração têm, até certo
grau de intensidade, menor probabilidade de serem percebidos. Temos tendência,
portanto, a perceber o mundo mais como cremos ou queremos que ele seja do que como
nos informam os diferentes estímulos que chegam aos nossos órgãos dos sentidos.
MOTIVAÇÃO
O estudo da motivação representa a busca de explicações para o próprio objeto da
Psicologia: o comportamento humano. Por que as pessoas se comportam desta ou
daquela maneira?
A busca das razões está apenas no seu início; não existe, ainda, uma
compreensão completa deste tema tão empolgante. Motivação não é algo que possa ser
diretamente observado; inferimos a existência de motivação observando o
comportamento. Um comportamento motivado se caracteriza pela energia relativamente
forte nele dispendida e por estar dirigido para um objetivo ou meta.
Um homem anda rapidamente pelas ruas, na busca persistente de uma farmácia,
um jovem vai para a universidade para ser médico, um delinquente assalta um cidadão,
um rapaz convida uma moça para sair. Estas pessoas estão nos fornecendo exemplos de
comportamento motivado. Motivo pode ser definido como “uma condição interna
relativamente duradoura que leva o indivíduo ou que o predispõe a persistir num
comportamento orientado para um objetivo, possibilitando a transformação ou a
permanência da situação” (Sawrey e Telford, 1976, p. 18). A fome, a sede, a
curiosidade, a necessidade de realização são exemplos de motivos.
Muitas palavras são comumente usadas como sinônimos de motivo, embora
signifiquem coisas diferentes. O que acontece com as palavras: incentivo e impulso.
Incentivo é um objeto, condição ou significação externa para o qual o comportamento se
dirige. Pode-se distinguir entre incentivo positivo, aquele na direção do qual o
comportamento se dirige (como o alimento, o dinheiro, o sucesso) e incentivo negativo,
do qual o indivíduo procura afastar-se ou que é ativamente evitado (como o ferimento, o
isolamento social).
Alguns autores usam o termo “objetivo” com o sentido aqui atribuído a
“incentivo”. Impulso é considerado a força que põe o organismo em movimento. É
entendido como a consequência de uma necessidade. A fome, por exemplo, é um
impulso, consequência da necessidade de alimento. O impulso é a fonte de energia dos
motivos de sobrevivência. Difere de motivo porque não dá direção definida ao
comportamento, é apenas seu ativador.
O termo impulso aparece mais frequentemente quando os autores se referem a
motivos fisiológicos como a fome e a sede. Quando se trata de motivos mais complexos,
como o de realização, prestígio, etc., comumente se emprega o termo necessidade.
Alguns motivos, como a fome, a sede, etc., são considerados não aprendidos, isto é,
“naturais na espécie”. Estão presentes no nascimento ou surgem por efeito da
maturação. Apesar de serem independentes da aprendizagem para seu aparecimento,
sabe-se que podem ser influenciados, pelo menos em parte, por ela.
Outros motivos são basicamente aprendidos. Aprendemos, por exemplo, a
desejar a aprovação social, a valorizar e almejar o dinheiro. Estes estímulos adquiriram
o valor de incentivos porque foram associados à satisfação de necessidades básicas
(comer, vestir, etc.). Pode-se observar a grande participação da aprendizagem em
motivos como a necessidade de realização, por exemplo, apesar de ser difícil afirmar
que motivos como esse sejam exclusivamente aprendidos.
A identificação de um motivo auxilia na compreensão do comportamento
humano porque pode explicar, simultaneamente, várias atividades. Por exemplo, o
chamado motivo de afiliação pode levar um mesmo indivíduo a participar de um grupo
esportivo, de um clube de pais e mestres e de um movimento político. Também é
necessário considerar que um mesmo comportamento pode ser resultado de vários
motivos atuando ao mesmo tempo. Assim, ao procurar desempenhar-se bem no
exercício da profissão, alguém pode estar motivado pela necessidade de realização e de
prestígio simultaneamente.
Como se sabe, há muitos outros fatores, além dos motivos, que influenciam
sobre o comportamento, como a percepção, as emoções, a aprendizagem, etc. Além
disso, os motivos humanos muitas vezes são inconscientes e, nesse caso, a pessoa não
sabe qual o motivo real ou qual o seu objetivo. Pode dar boas razões para o seu
comportamento, mas que talvez sejam falsas. Por isso tudo, não é razoável procurar
explicar a complexidade e totalidade do comportamento humano apenas em termos de
motivos.
EMOÇÕES
Não é fácil conceituar emoção. Não podemos observá-la diretamente. Inferimos sua
existência através do comportamento. Contudo, a maioria dos autores concorda em que
as emoções são complexos estados de excitação de que participa o organismo todo.
O termo emoção é usado também para significar os sentimentos e os estados
afetivos em geral, mas alguns autores preferem atribuir significados diferentes aos
termos emoção e sentimento. “Os estados emocionais e sentimentais formam a
afetividade, um dos aspectos do comportamento humano. Por sentimento entendemos o
estado afetivo brando de prazer, desprazer ou indiferença. São disposições de prazer ou
desprazer em relação a um objeto, pessoa ou idéia que vem a formar os sentimentos.
Distinguem-se das emoções por serem reações mais calmas e com uma
experiência mais complexa, com mais elementos intelectuais”. (Dorin, 1972, p.
133). A maioria dos estudiosos admite dois aspectos em toda emoção: a experiência
individual, interna e a expressão comportamental, externa. O estado de experiência ou
sentimento individual, aspecto interno, somente é objeto de análise através dos relatos
verbais, estimativas e julgamentos daquele que experimenta a emoção. O aspecto
expressivo ou comportamental constitui a parte externa, e se manifesta através de uma
série complexa de respostas motoras, respostas do sistema nervoso autônomo e
respostas glandulares.
É muito difícil identificar determinada emoção, a partir da exclusiva observação
dos sinais externos, tais como expressão facial, postura corporal e respostas fisiológicas.
As emoções podem ser estudadas desde diferentes pontos de vista. Alguém pode
interessar-se mais por aspectos de comunicação das emoções como são expressas, como
são interpretadas.
Outro pode concentrar seu interesse nos comportamentos desencadeados, a partir
das emoções, por exemplo, pode-se estudar por que a raiva gera respostas tão diferentes
como a agressão, a apatia, a fuga e a fantasia.
APRENDIZAGEM
A aprendizagem é um dos temas mais estudados pela Psicologia. A razão deste
interesse em investigar o processo de aprender é clara: praticamente todo o
comportamento humano é aprendido. Não devemos pensar, entretanto, que é só o ser
humano que aprende. Sabe-se hoje que todas as formas mais organizadas de vida animal
aprendem, mas a importância da aprendizagem é maior quanto mais evoluída a espécie.
O número de comportamentos instintivos que garante a sobrevivência é cada vez
menor à medida que se ascende na escala evolutiva. Assim, apesar dos animais mais
inferiores também aprenderem, suas aprendizagens são de pequeno ou nenhum valor de
sobrevivência. Esta lhes é garantida pelas reações inatas de que é dotada a espécie.
O homem é a espécie animal mais evoluída e, como tal, é a que possui o menor
número de comportamentos inatos, fixos e invariáveis. Por isso, é o homem o animal
mais dependente da aprendizagem para sobreviver. Precisamos aprender praticamente
tudo: vestir, comer, andar, falar, etc. A lista de reações aprendidas no ser humano é
quase interminável e nela poderiam ser incluídos, como exemplos, os comportamentos
de dar “bom dia”, andar de bicicleta, gostar de pudim, atitudes raciais preconceituosas,
ideais de vida, etc.
Começamos a aprender antes mesmo de nascer e continuamos a fazê-lo até a
morte. É a capacidade de aprender que toma possível às gerações tirar proveito das
experiências e descobertas das gerações anteriores, acrescentar sua própria contribuição
e, assim, promover o progresso.
Apesar disto, é um engano pensar que a aprendizagem leva,
invariavelmente, a um crescimento pessoal ou social. Não aprendemos somente os
comportamentos que nos tomarão melhores, mais capazes ou mais felizes. Também
aprendemos comportamentos inúteis ou prejudiciais como fumar ou ingerir drogas.
Tipos de aprendizagem
É procedimento comum entre os autores propor o estudo da aprendizagem
em várias categorias ou formas. Qualquer classificação é, sem dúvida, artificial, mas
serve ao propósito de facilitar a compreensão do tema. Sawrey e Telford (1976)
classificam a aprendizagem nos seguintes tipos básicos:
— condicionamento simples
— condicionamento instrumental ou operante
— ensaio-e-erro
— imitação
— discernimento ou “insight”
— raciocínio
INTELIGÊNCIA
DESENVOLVIMENTO
Referência Bibliográfica
BRAGHIROLLI, Elane Maria et al. Psicologia geral. 24.ed. Petrópolis: Vozes, 2004,
p.66-138