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VARIÁVEIS PSICOLÓGICAS E

NEUROBIOLÓGICAS DETERMINANTES
DO PROCESSO DE APRENDIZAGEM
FATORES QUE DETERMINAM A
APRENDIZAGEM
A aprendizagem é afetada por fatores de diversas
naturezas: físicos, ambientais, cognitivos, afetivos,
culturais e socioeconômicos, e está sustentada por
três instâncias: família, escola e o próprio aluno, que
se complementam. No âmbito pedagógico, podemos
destacar as influências do professor, da relação entre
os alunos, dos métodos de ensino e do ambiente
escolar.
O que acontece quando você está aprendendo
alguma coisa?

A aprendizagem enquanto processo, depende de um


grande conjunto de capacidades e de contextos para
que possa ocorrer. Memória, motivação, capacidades
sensoriais e perceptivas, inteligência e criatividade,
além de ambientes ricos, estimulantes e reforçadores
são condições elementares para a aprendizagem.
ATENÇÃO

Por atenção designamos o processo de direcionamento da consciência (focar,


se concentrar). A atenção está diretamente ligada à capacidade de adquirir
informações do meio e de si mesmo.

A atenção pode ser classificada em voluntária (prestar atenção em algo) ou


involuntária (um barulho forte no outro cômodo da casa que lhe “roubou” a
atenção no que estava fazendo).
ESTILOS COGNITIVOS / ESTILOS DE APRENDIZAGEM

Os estilos cognitivos variam de indivíduo para indivíduo e


estão diretamente relacionados ao modo como as
pessoas se organizam para aprender e se comportar
socialmente. Logo, podem predizer a trajetória
educacional das pessoas (BARIANI, 1998)

A importância de conhecer os estilos cognitivos do


aprendiz é fundamental para poder intervir no processo
de aprendizagem
MODELOS MENTAIS (PERCEPÇÃO)

A percepção que temos está intimamente


ligada à nossa experiência (ou à falta dela),
ao entrar em contato com um objeto, situação,
pessoa, etc. Nossa percepção também define
o modo como avaliamos essas coisas (objeto,
situação, pessoa, etc.) e, por isso, afeta
diretamente nossa resolução de problemas e
tomada de decisão.
Mas como a percepção afetaria a processo
de aprendizagem?

De duas formas:
1)o próprio processo de percepção é
sustentado pela aprendizagem (perceber é
interpretar, com base em conhecimento
prévio);
2) a aprendizagem, por sua vez, é afetada
pelo modo como interpretamos as coisas.
MEMÓRIA
Processo de aquisição, decodificação, armazenamento e
evocação das experiências.
Envolve várias ações complexas:
1) aquisição: por meio dos órgãos sensoriais, mas filtradas pela
nossa atenção e percepção;
2) decodificação: as informações adquiridas são processadas
(analisadas) por nossa aprendizagem anterior e codificadas
imageticamente ou pela linguagem.
MEMÓRIA
Processo de aquisição, decodificação, armazenamento e
evocação das experiências.
Envolve várias ações complexas:
1)Aquisição
2)Armazenamento
3)Evocação
METACOGNIÇÃO

Conhecimento das próprias capacidades cognitivas ou qualquer


coisa relacionada a elas, como os requisitos para se organizar no
tempo e espaço a fim de tirar o melhor proveito de suas habilidades.
Está diretamente relacionada à monitoração ativa e regulação do
processo cognitivo.
Como se trata de um processo consciente, a pessoa
precisa aprender a utilizar sua capacidade metacognitiva,
e isto se dá por meio do pensamento reflexivo (pensar
sobre seus próprios pensamentos)
MOTIVAÇÃO

Estar motivado(a) implica em ter alguma necessidade (um desejo)


que move a pessoa na direção da satisfação desta.
Podemos classificar a motivação em dois tipos:
– INTRÍNSECA: fazer algo por prazer, para ganhar habilidade, para
demonstrar suas habilidades (nesta modalidade motivacional, o
reforço é interno);
– EXTRÍNSECA: fazer algo para obter uma recompensa, um reforço
externo.
Como motivar?

Isso pode ser difícil. Como provocar a predisposição


para aprender. Como levar o aluno a perceber como
relevante o conhecimento que queremos que
construa?
➢ Partindo de situações concretas, de histórias,
vídeos, jogos, pesquisa, práticas e ir incorporando
informações, reflexões, teoria a partir do concreto.
➢ Não dar tudo pronto. Exigir que os alunos façam,
mesmo que errado.
FATORES QUE DETERMINAM A
APRENDIZAGEM
A aprendizagem é afetada por fatores de diversas
naturezas: físicos, ambientais, cognitivos, afetivos,
culturais e socioeconômicos, e está sustentada por
três instâncias: família, escola e o próprio aluno, que
se complementam. No âmbito pedagógico, podemos
destacar as influências do professor, da relação entre
os alunos, dos métodos de ensino e do ambiente
escolar.
A palavra “motivação” faz parte do nosso vocabulário
cotidiano. Falamos a toda hora que estamos ou não
motivados, ou “a fim de” fazer ou não alguma coisa.
Para o professor, este termo tem um significado
especial, pois a motivação é essencial para a
aprendizagem significativa. Há alunos que se
apresentam interessados e dispostos a aprender,
participam das aulas e envolvem-se nas propostas
que o professor apresenta.
Há outros casos, no entanto, em que a motivação não
existe de forma fácil e natural no aluno, ele se
apresenta disperso e não responde às tentativas que
o professor faz de captar o seu interesse. A motivação
é observada no ser humano nas variadas idades,
durante o ciclo vital, sendo dirigida a objetos e metas
diferentes em cada estágio.
Vejamos, então, alguns conceitos conhecidos de
motivação:
• A motivação é encarada como “uma espécie de
força interna que emerge, regula e sustenta todas as
nossas ações mais importantes. Contudo, é evidente
que motivação é uma experiência interna que não
pode ser estudada diretamente” (VERNON, 1973, p.
11).
• A motivação é um conjunto de forças internas que
mobilizam e orientam a ação de um organismo em
direção a determinados objetivos como resposta a um
estado de necessidade, carência ou desequilíbrio.
• Segundo Drucker (1954), motivação é o processo
responsável pela intensidade, direção e persistência
dos esforços de uma pessoa para atingir uma
determinada meta.
TIPOS DE MOTIVAÇÃO
A motivação é formalmente definida como sendo as
forças dentro de uma pessoa, responsáveis pelo nível,
pela direção e pela persistência de esforço
despendido no trabalho.
Motivações fisiológicas (primárias, inatas, básicas,
biológicas, orgânicas) Estão ligadas à sobrevivência
do organismo e não resultam de uma aprendizagem.
Encontram-se estreitamente ligadas a determinado
estado interno do organismo.
São exemplos de motivações fisiológicas: respiração,
fome, sede, sexo, evitar o frio e o calor, sono, entre
outras. São relacionadas à estrutura biológica do
organismo, objetivando garantir o equilíbrio orgânico
ou homeostasia.
• O sono, regulado pelo HIPOTÁLAMO, tem papel
fundamental no equilíbrio orgânico.
• O impulso da dor leva o organismo a evitar o
estímulo doloroso para manter o equilíbrio orgânico.
• A fome é provocada pelas contrações do estômago
que desencadeiam estímulos internos que nos levam
a procurar alimento. O hipotálamo detecta situações
de carência orgânica e sentimos fome
 Motivações sociais (adquiridas, aprendidas,
secundárias ou culturais)
Dependem de aprendizagens, foram adquiridas no
processo de socialização. As motivações sociais
variam de pessoa para pessoa (de cultura para
cultura) e são adquiridas através do processo de
socialização e resultam do processo de
aprendizagem social. São exemplos deste tipo de
motivação as necessidades de convivência
(afiliação), de reconhecimento, de êxito social e de
segurança
Este grupo é dividido em motivações centradas no
indivíduo e na sociedade.
a)Motivações sociais centradas no indivíduo
(autoafirmação): desejo de segurança, de ser aceito,
de afiliação a um grupo, de alcançar um estatuto
social elevado, de enriquecer, de realização e
sucesso.
b)b) Motivações sociais centradas na sociedade
(independentes dos nossos interesses particulares):
respeito pelo próximo, solidariedade, amizade, amor.
Autores como Piaget, por exemplo, falam da
existência de motivações cognitivas. São as
necessidades de informação e de conhecimento que
têm como base a curiosidade e a atividade
exploratória (por exemplo: a necessidade de conhecer
a vida em sociedade, a natureza, etc.), para melhor
compreendermos e explicarmos a realidade
As teorias da motivação de processo focalizam os
processos cognitivos que influenciam as decisões
quanto ao comportamento. Essas teorias ajudam a
explicar, por exemplo, por que obter boas notas e
sucesso acadêmico pode ser atraente para um aluno
e não despertar interesse em outro.
Maslow e a Teoria da Hierarquia de
Necessidades

Abraham Maslow (1908-1970) foi um psicólogo


americano, considerado uns dos fundadores do
humanismo na Psicologia. De acordo com sua teoria,
o ser humano possui diversas necessidades que
podem ser separadas em categorias hierarquizadas.
São as necessidades insatisfeitas que motivam uma
pessoa para a ação. Para ele, a motivação segue dois
princípios:
• Princípio da dominância: enquanto uma necessidade
básica não for satisfeita, as outras não influenciam o
comportamento do indivíduo.
• Princípio da emergência: as necessidades vão se
apresentando ou emergindo à medida que cada uma
na ordem hierárquica é satisfeita.
b) Necessidades de segurança: relacionadas à
estabilidade básica que o ser humano deseja ter.
Podemos apresentar como exemplos: a segurança
física (contra a violência), a financeira, a da família e a
da saúde
c) Necessidades de associação ou sociais:
relacionadas à atividade social: amizades, aceitação
social, suporte familiar, amor.
d) Necessidades de autoestima ou ego-status:
relacionadas ao reconhecimento como pessoa
competente e respeitada (em excesso, podem levar à
arrogância e à demonstração de superioridade).
e) Necessidades de autorrealização: relacionadas ao
sentimento de estar fazendo o melhor com suas
habilidades e superando desafios; o suprimento desta
necessidade equivale a atingir o mais alto potencial da
pessoa.
McClelland e a Teoria das Necessidades
Adquiridas
Desenvolvida na década de 1960 por David
McClelland, a Teoria das Necessidades coloca em
destaque aquilo a que chamou necessidades
adquiridas, isto é, aquelas que as pessoas
desenvolvem com a experiência ao longo da vida.
Dentre elas, existem três de especial importância que,
segundo McClelland, todas as pessoas possuem:
realização, afiliação e poder.
Realização Poder Associação
Necessidade caracterizada Necessidade caracterizada Necessidade caracterizada
pela busca de oportunidades pela busca de controle e pela busca de proximidade
de crescimento e de dominação sobre outras com outras pessoas e de
desafios. Traduz o desejo de pessoas. Apresenta-se como reconhecimento. Representa
a pessoa atingir objetivos o desejo de controlar, o desejo de manter relações
que representem desafios decidir e de influenciar ou pessoais estreitas e de
em fazer melhor e mais ser responsável pelo amizade.
eficientemente desempenho dos outros.
Alunos motivados por realização são orientados para as
tarefas, procuram continuadamente a excelência,
apreciam desafios significativos e satisfazem-se ao
completá-los; conseguem determinar metas realistas e
monitoram seu progresso em direção a elas.
Alunos motivados pelo poder gostam de exercer
influência sobre as decisões e os comportamentos dos
outros, fazendo com que as pessoas atuem de maneira
diferente do convencional, utilizando-se da dominação
(poder institucional) ou do carisma (poder pessoal).
Gostam de competir e vencer e de estar no controle das
situações.
Alunos motivados por associação ou afiliação desejam
estabelecer e desenvolver relacionamentos pessoais
próximos e pertencer a grupos; cultivam a cordialidade
e o afeto em suas relações e gostam das atividades
em equipe mais do que das individuais.
Victor Vroom e a Teoria da Expectação

A Teoria da Expectação foi desenvolvida em 1964 por


Victor Vroom e é baseada em uma visão econômica
do indivíduo, vendo as pessoas como seres
individuais com vontades e desejos diferentes,
fazendo com que tomem decisões, selecionando o
que mais lhes cabe no momento. Segundo esta teoria,
a motivação do indivíduo para exercer esforço é
baseada nas suas expectativas de sucesso, por isso,
a motivação depende dos objetivos individuais e da
percepção da utilidade desse desempenho como meio
de atingi-los.
A Teoria da Expectação focaliza três relações:
 Esforço/desempenho: a percepção de que
determinado esforço pessoal levará o indivíduo ao
desempenho (muito esforço = bom desempenho;
pouco esforço = fraco desempenho).
Desempenho/recompensa: o indivíduo acredita que
um bom desempenho trará determinadas
recompensas.
Recompensas/objetivos pessoais: as recompensas
satisfazem os objetivos ou as necessidades pessoais
do indivíduo, sendo portanto atrativas
A aprendizagem é um fenômeno complexo,
envolvendo aspectos cognitivos, emocionais,
orgânicos, psicossociais e culturais. A motivação para
a aprendizagem é fator preponderante para que esta
aconteça, e o professor precisa descobrir estratégias
e recursos, fornecer estímulos para fazer com que o
aluno queira aprender. Para aprender um conteúdo ou
matéria, é preciso que o aluno tenha um objetivo que
o motive durante o período de tempo de que precisa
para realizar as atividades. É fundamental que o aluno
queira.

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