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A interdisciplinaridade da ABA

PROIBIDA A REPRODUÇÃO TOTAL OU PARCIAL, SEM AUTORIZAÇÃO.


Lei nº 9610/98 – Lei de Direitos Autorais

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A interdisciplinaridade na Análise do Comportamento é reconhecidamente eficaz por
diversos motivos, por isso, é importante considerar que havendo um número maior de
profissionais de diferentes áreas envolvidos nesse processo, é possível garantir diferentes
enfoques no desenvolvimento do paciente/aluno, que se beneficiarão de maneira
significativa.

Segundo Lovaas (1987), a carga horária é um dos critérios para garantir sucesso na
aquisição de habilidades e cumprimento de objetivos, e considerando uma equipe com
participação vasta de diferentes profissionais, aumentamos a garantia de que o
paciente/aluno receberá a intervenção com a intensidade necessária. Além disso,
aumentamos também a probabilidade de acesso a diferentes pesquisas e maior
generalização de habilidades treinadas em determinado ambiente frequentado por outros,
tornando o processo de aquisição de habilidades cada vez mais natural.

Outro ponto pelo qual é indispensável considerar a Interdisciplinaridade na ABA, é o fato


de que ainda não se trata de uma prática profissional regulamentada juridicamente no
Brasil, portanto, sua aplicação pode ser realizada por profissionais da Saúde e/ou
Educação, que envolvem Pedagogos, Psicólogos, Psicopedagogos, Fonoaudiólogos,
Terapeutas Ocupacionais, Fisioterapeutas, entre outros, pois não há restrição para
nenhuma área. Refletindo sobre a interdisciplinaridade da ABA voltada para o contexto da
educação, Benitez et al (2020, p. 335) destacam que

"esse trabalho conjunto é essencial para a elaboração de currículos individualizados que


atendam às necessidades específicas de cada aluno com TEA, baseados na proposição de
procedimentos sistemáticos e graduais de ensino de habilidades pré-verbais e verbais,
que identificam as variáveis controladoras dos comportamentos específicos e ensinam
classes de comportamentos socialmente relevantes".

É comum que ocorram equívocos na compreensão do campo de atuação de um


profissional Analista do Comportamento e um Analista do Comportamento
Aplicado ao TEA. Assim, ao realizar uma especialização em práticas baseadas em
evidências para o Autismo, o profissional tem acesso a diferentes ferramentas que se
baseiam na ABA, voltadas especificamente ao transtorno. Já o Analista do Comportamento
é aquele que compreende e aplica os conhecimentos behavioristas em todo e qualquer
contexto de seu cotidiano.

Para se tornar um Analista do Comportamento atualmente no Brasil, apesar de ainda não


haver um conselho de fiscalização, exige-se por ética a conclusão da pós-graduação para
então se tornar um especialista em ABA. Mesmo após a conclusão da especialização, é
necessário como prática de atuação na área a realização de supervisões, pois são elas que
garantem a compreensão e aplicação correta com base nas evidências por meio de
estudos de caso.

Apesar de não haver um órgão de fiscalização, temos empresas que emitem certificações
específicas da Análise do Comportamento com critérios baseados na atuação dos Estados
Unidos, visto que lá a ABA é considerada uma profissão e possui um caminho para que o
profissional se torne qualificado. Dentre as empresas responsáveis e aptas destacam-se o
IBAO e BACB.

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A BACB (Conselho de Certificação do Analista do Comportamento) expõe como princípios
básicos do Analista do Comportamento: 1 – Beneficiar os outros; 2 – Tratar os outros com
compaixão, dignidade e respeito; 3 – Comportar-se com integridade; 4 – Assegurar sua
própria competência.

Independente da fiscalização, é indispensável que para que uma atuação em ABA seja
considerada, sejam observados os critérios previstos nas pesquisas, dentre eles:

A organização das funções para melhor execução do trabalho, envolvendo o


Avaliador e o Supervisor, que são profissionais com maior experiência e
conhecimentos para realizar a Avaliação Comportamental (Avaliação Funcional,
Avaliação de Habilidades, Aplicação de Protocolos);
A definição da intensidade da intervenção, que pode ser focal, consistindo uma
carga horária baixa e objetivos específicos a uma demanda ou intervenção global
que envolve cargas horárias com média de 40 horas semanais mediante as
pesquisas e
Atuação em diferentes áreas do desenvolvimento com base nos dados da Avaliação,
Elaboração de Objetivos Comportamentais, Procedimentos de Ensino (currículos) e
Mensuração do Ensino.

Ainda na organização das funções, temos o profissional que aplica os procedimentos com
base nas orientações do Supervisor e/ou Avaliador, nesse contexto é necessário que todos
possuam formação em ABA, porém o Aplicador pode possuir capacitação apenas para o
desenvolvimento de determinados currículos e demandas.

Destacamos agora o Código de Ética da Análise do Comportamento, previsto na BACB –


Conselho de Certificação do Analista do Comportamento, que traz entre seus pontos
principais: 1 – Responsabilidade como Profissional; 2 - Responsabilidade na prática; 3 –
Responsabilidade para com clientes e partes interessadas; 4 – Responsabilidade para com
Supervisores e partes interessadas; 5 – Responsabilidade em declarações públicas e 6 -
Responsabilidade em pesquisa.

Diante de tantas demandas e especificidades, é fundamental que o profissional leia com


atenção o Código de Ética para garantir coerência e, consequentemente resultados
eficazes nas próprias atuações como Analistas do Comportamento.

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Referências
BENITEZ, Priscila et al. Centro de aprendizagem e desenvolvimento: estudo de caso
interdisciplinar em aba. Psicologia: Teoria e Prática, São Paulo, v. 22, n. 1, p. 332-350,
abr. 2020.

LOVAAS, O. Ivar. Behavioral Treatment and Normal Educational and Intellectual


Functioning in \bung Autistic Children. Journal Of Consulting And Clinical Psychology,
[S.I], v. 55, n. 1, p. 3-9, dez. 1987.

SILLOS, Isabela Ranieri et al. A IMPORTÂNCIA DE UM DIAGNÓSTICO PRECOCE DO AUTISMO


PARA UM TRATAMENTO MAIS EFICAZ: uma revisão da literatura. Revista Atenas Higeia,
[S.I], v. 2, n. 1, p. 1-8, jan. 2020.

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