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Morris Weitz (1916-1981) - "The Role of Theory in Aesthetics". Journal of Aesthetics and Art Criticism. 15 (1956): 27–35.
Brandeis University Joseph Beuys. Filzanzug [1970]
"Pense-se numa família (...) cujos membros são consanguíneos. Um dos irmãos
pode partilhar o temperamento do pai, e a cor dos olhos e do cabelo. Outro
irmão pode ser mais parecido com a mãe em termos de cor de cabelo, mas
não ter a mesma cor dos olhos. Um terceiro pode ter o sorriso da mãe mas
os olhos do avô. Não há provavelmente uma única característica distintiva que
seja partilhada por toda a família de indivíduos geneticamente relacionados
mas, apesar disso, quando conhecemos membros desta família conseguimos
reconhecer instantaneamente que estão relacionados entre si. O que nos
permite fazê-lo é um padrão de semelhanças que se cruzam e sobrepõem
entre si. Esta é a base da noção de Wittgenstein das semelhanças de família. “
Nigel Warburton. The Art Question. London/New York: Routledge. 2003:68-69
A arte como
conceito aberto
“No que se espera que não sejam involuntárias notas de rodapé a Platão,
dois dos nossos pioneiros, Robert Rauschenberg e Claes Oldenburg,
fizeram camas genuínas.
A cama de Rauschenberg está suspensa numa parede e foram-lhe
aplicadas umas pinceladas com tinta de paredes. A cama de Oldenburg é
rombóide, mais estreita de um lado do que do outro, com aquilo que
podemos chamar uma perspectiva integrada: é ideal para quartos
pequenos. Como camas, são vendidas a preços invulgarmente
inflaccionados, mas pode-se dormir em qualquer delas. Rauschenberg
expressou o seu receio de que alguém pudesse trepar para a sua cama e
adormecer. Imaginemos agora um tal Testadura – um filisteu directo e rude
[plain speaker] - que não sabe que estes objectos são arte e que os toma
pela realidade pura e simples.” (85)
robert rauschenberg. bed. 1995
claes oldenburg. bedroom ensemble. 1963
“O Testadura atribui as pinceladas da cama de Rauschenberg ao
desmazelo do proprietário e a assimetria da cama de Oldenburg à
inépcia do carpinteiro ou talvez à extravagância de quem a encomendou.
Seriam erros, mas de uma espécie bastante singular, não muito
diferentes dos cometidos pelas aves perplexas que debicaram as uvas
falsas de Zeuxis. Tal como este Testadura, elas confundiram a arte com
a realidade.” (85)
zeuxis e parrhasius Plínio, o Velho. Naturalis Historia. Livro XXXV, 36. 64-65
“A obra de arte é uma cama. É o «é» que requer clarificação.
Há um é que figura proeminentemente em asserções acerca das obras de
arte que não é o é da identidade nem o é da predicação; não é o da
existência, nem o é da identificação, nem um é especial constituído com um
fim filosófico em vista. Todavia, tem um uso comum e é rapidamente
dominado pelas crianças. É o sentido de é de acordo com o qual a criança
a quem se mostra um círculo e um triângulo e se pergunta qual é ele e qual
é a irmã aponta para um triângulo dizendo «Este sou eu»; ou, em resposta
a uma pergunta minha, a pessoa que está ao meu lado aponta para o
homem vestido de púrpura e diz «Aquele é Lear»; ou, numa galeria de arte,
para elucidar quem me acompanha, eu aponto para uma mancha no quadro
que temos à nossa frente e digo «Esta mancha branca é Ícaro». (87)
IDENTIFICAÇÃO ARTÍSTICA
6. É O É DO “COMO SE”. EX: Aponto para um triângulo e digo, isto sou eu, e aponto para um
quadrado e digo, isto és tu.
pieter bruegel. paisagem com queda de ícaro. 1558
Pares visualmente indiscerníveis
A B
biblioteca da ciência
1ª - 3ª lei de newton
1ª Todo corpo continua em seu estado de repouso ou de movimento uniforme em
uma linha recta, a menos que seja forçado a mudar aquele estado por forças
aplicadas sobre ele
3ª A toda acção há sempre uma reacção oposta e de igual intensidade
(88)
“Há, com certeza, identificações sem sentido: julgo que nenhuma pessoa
sensata leria a horizontal como Love ’ s Labour ’ s Lost ou como The
Ascendency of St. Erasmus. Por último, notemos como a aceitação de uma
identificação em vez de outra significa, na realidade, trocar um mundo por
outro. Com efeito, podíamos entrar num mundo muito poético,
identificando a área superior com um céu limpo, sem nuvens, reflectido na
superfície das águas, que seria a área de baixo, uma brancura separada de
outra brancura apenas pela fronteira irreal do horizonte. “ (90)
“Nesta altura, o nosso Testadura, que seguiu a discussão com alguma
dificuldade, protesta, afirmando que apenas vê tinta: um rectângulo pintado
de branco, atravessado por uma linha preta. E tem toda a razão: ele apenas
vê isto, ele e qualquer pessoa, incluindo nós, os teóricos da estética.
Portanto, se ele nos pedir para lhe mostramos que mais há para ver, para
lhe demonstramos, apontando que isto é uma obra de arte (Mar e Céu), não
podemos aquiescer, porque ele não ignorou nenhum elemento (e seria
absurdo supor que tinha ignorado, que haveria uma coisa minúscula para
que pudéssemos apontar, e que, examinando-a de perto, lhe permitisse
dizer: “Ah, então é isso! Afinal sempre é uma obra de arte!”). Não podemos
ajudá-lo, enquanto ele não dominar o é da identificação artística, que lhe
permite constituir o rectângulo como obra de arte. Se não for capaz de o
fazer, nunca será capaz de olhar para as obras de arte” (90-91)
“ Danto inicia o seu livro, The Transfiguration of the Commonplace, com uma
experiência mental que caberia perfeitamente numa história de Jorge Luis Borges. É-
nos dito para imaginarmos uma exposição de pinturas visualmente indiscerníveis,
cada uma das quais consistindo num quadrado de tinta vermelha. Apesar de serem
visualmente indiscerníveis, diferentes pinturas versam sobre temas diferentes. Assim,
uma é «Os Israelitas a Atravessar o Mar Vermelho», a outra é «Quadrado
Vermelho» («Praça Vermelha») (Red Square), outra ainda, pintada por um
amargurado discípulo de Matisse, é a «Toalha de Mesa Vermelha», e assim por diante.
Como Danto observa, o catálogo desta exposição seria monótono (em vários
sentidos), «uma vez que tudo se parece com tudo o resto, apesar de as
reproduções serem de pinturas que pertencem a géneros tão diversos como
pinturas históricas, retratos psicológicos, paisagens, abstracção geométrica, arte
religiosa e natureza morta.» As pinturas imaginárias de Danto são pinturas
diferentes, apesar de visualmente indiscerníveis. E Danto tem certamente razão
quando afirma que objectos visualmente indiscerníveis podem, todavia, possuir
diferentes propriedades artísticas.”
Nigel Warburton 2007: 105-106; 2003:93-94
significações incorporadas
Kasimir Malevich: “Red Square” 1913
“Interpretação, argumenta Danto, é essencial à existência da obra de arte,
e a interpretação é sempre constituída por ‘uma atmosfera de teoria
artística, um conhecimento da história de arte’. Obras de arte, na visão de
Danto, são representações que requerem interpretação. Diferem, contudo,
das notícias de um jornal (que são também representações que requerem
interpretação), na medida em que a obra de arte é, no essencial,
auto-referencial (self-referential) no sentido de que expressa algo sobre o
seu conteúdo”
significação incorporada
significação incorporada (no objecto que o possui).
i.e.
1. Expressa/representa a visão do artista sobre um tema (por exemplo,
um tema musical - aboutness)
2. essa expressão assume uma apresentação ou forma “sensível” ou
“material” (ex. uma certa forma sonora mesmo que “silenciosa”).
3. “obra aberta” no sentido de ser susceptível de interpretação (por ex.
por um intérprete musical que pode ser o próprio compositor).
4. situar-se num contexto, em particular no da história da arte (por ex. no
da história da música).
5. Constituir-se como um “mundo de aparências” real, i.e. como uma
experiência onírica que se oferece à nossa consciência vígil (por ex. a
música como uma “presença real” de um universo sonoro).
Sarah Üma
Maple Kryan’sa
” ‘Uma obra de arte é um artefacto de um certo tipo criado para ser
apresentado a um público do mundo da arte.’ (92)
* Dickie. The Art Circle. Evanston, Ill.: Chicago Spectrum Press. 1997, 92.
Imitação
Munch
Forma
Estética
Another Place (1997). 189 cm/ 650 Kg – Ferro - Crosby Beach (2005) Sir Antony Gormley
Significação Incorporada