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Restrição: afetação negativa ou desvantajosa de um DF que corre quando se prejudicam as

possibilidades de acesso dos seus titulares ao bem protegido pelo direito OU quando estas são
não se garantem suficientemente E quando se enfraquece os deveres e obrigações que
impedem sobre os destinatários do DF.

Normas restritivas: afetações gerais e abstratas que alteram o conteúdo da norma de DF num
sentido desvantajoso para os respetivos titulares ou para a sua garantia objetiva

Intervenções restritivas: atuações pontuais, individuais e concretas que são desvantajosas


para o titular do direito, ainda que deixem inalterado o conteúdo da norma

Omissões: afetações negativas do conteúdo do DF provocadas pela omissão do ato


constitucionalmente devido pela Administrativo

Direitos sociais vs direitos de liberdade: vinculativos? Direitos sociais como DF? Direito a
prestações e podem ambos surgir e ser invocados sem que esteja em causa qualquer
prestação estatal.

Força vinculativa das posições jurídicas constitucionalmente protegidas e de que os


particulares usufruem no seu relacionamento com o Estado. Vinculatividade constitucional dos
direitos sociais. Existem diferenças substanciais de natureza ou de estrutura no conjunto dos
DF que impliquem da parte dos tribunais diferentes densidades de controlo das atuações ou
omissões dos poderes públicos? Existe diferença força vinculativa e capacidade de resistência
dos direitos face ao Estado?

Direitos sociais como um todo: direito a um mínimo para uma existência condigna + direito à
saúde + direito à habitação + direito à SS + direito ao trabalho + direito ao ensino (6)

Objeto de proteção respeita ao acesso individual de bens de natureza económica, social e


cultural absolutamente indispensáveis para uma vida digna + são bens escassos, custosos (!) a
que os indivíduos só conseguem aceder se dispuserem de recursos por eles ou com ajudas
financeiras do Estado.

Sempre envolvimento e mobilização de recursos financeiros por parte do Estado. Em causa


estão prestações FÁCTICAS para garantia de acesso individual a bens económicos, sociais e
culturais que o particular poderia adquirir por si próprio – Alexy – se dispusesse dos
correspondentes recursos financeiros objetivamente exigidos para a realização destes direitos
e houvesse suficiente oferta no mercado.

Direitos que, na situação usual de escassez de recursos públicos, exigem que o Estado tenha
que DISPOR e PODER DISPOR dos correspondentes meios financeiros objetivamente exigidos
para a realização destes direitos. A eventual inconstitucionalidade em caso de incumprimento
não pode ser apurada sem ter em conta esse fator! Assim, a realização dos direitos sociais
envolve: definição de prioridades + opções políticas acerca da canalização dos recursos
disponíveis + gradualismo e flexibilidade de realização.

São estas as características e estrutura especiais da prestação devida e não a natureza dos
bens cujo acesso se procura garantir. DS = normas que, na dimensão objetiva do direito como
um todo, impõem ao Estado deveres de GARANTIA DE ACESSO a bens económicos, sociais ou
culturais fundamentais a que só se pode chegar mediante RECURSOS financeiros ou através da
respetiva DISPONIBILIZAÇÃO por parte do Estado. Estado tem: DEVER DE RESPEITAR e
PROTEGER O ACESSO a tais bens quando os particulares recorrem a meios próprios + REALIZAR
prestações fácticas ou instituir SERVIÇOS PÚBLICOS destinados a proporcionar esses bens
económicos, sociais ou culturais a quem não dispõe de recursos próprios para os alcançar.
DEVERES DE RESPEITAR, PROTEGER E REALIZAR

Vistos os DF como um todo, numa compreensão própria de Estado Social de Direito também
os DF, tal como os de liberdade, impõem ao Estado deveres de respeitar, proteger e promover
o acesso individual aos bens jusfundamentalmente protegidos, MAS consoante a época, as
situações concretas, os diferentes titulares, a tónica pode ser pontualmente colocada numa ou
outra dimensão – proteger, respeitar ou realizar – acentuando ou a componente objetiva, ou a
vertente subjetiva.

Dimensões negativas – respeito e proteção vs dimensão positiva – realização, promoção

Dimensão positiva vs negativa = promoção, proteção, prestações de carácter fáctico ou


normativo vs defesa, aplicabilidade direta, imediata e plenamente justiciável

Dimensão objetiva: da norma de DF resultam deveres estatais objetivos, deveres de


comportamento nas normas de DS dos poderes públicos: deveres objetivos de respeito,
proteção e promoção/realização.

Dimensão subjetiva: resulta da norma direito subjetivos para os particulares. Pretensão


subjetiva a obter do Estado prestações sociais que envolvem custos financeiros + direito
subjetivo a exigir judicialmente o respetivo cumprimento. Particular tem um direito ou uma
pretensão individual, com força jurídica, a uma certa e determinada atuação ou prestação da
AP?

DF COMO UM TODO (vs cada uma das faculdades, garantias ou pretensões que o integram):
podemos classificar genericamente um direito como SOCIAL ou como direito de Liberdade, em
função daquela que é, no direito como um todo, a sua DIMENSÃO ou direito PRINCIPAL.

Controlo judicial de observância dos deveres estatais de respeito, proteção e promoção dos DS
por parte dos poderes públicos, à luz de uma dogmática unitária dos DF. DS = DF!!!

3 fatores que condicionam a forma como os operadores jurídicos, em especial os tribunais e o


TC, devem abordar a resolução de problemas de DF:

1. Pela diferenciação normativa (variabilidade da natureza da natureza das normas de


consagração dos DF): norma fixa definitivamente deveres estatais de realização precisa
e inequívoca, com caráter de regra suscetível de aplicabilidade direta e imediata, a
eventual violação deste comando normativo é OBJETIVAMENTE DETERMINÁVEL e a
aptidão do juiz constitucional para a controlar é total, independentemente de se tratar
de DL ou de DS. É devido o cumprimento daqueles comandos em quaisquer
circunstâncias!
A partir daqui, para apurar eventuais inconstitucionalidades é do maior interesse ter
em conta qual o dever estatal envolvido e as reservas que o afetam E se o DF em causa
tem natureza negativa ou positiva – condicionam a densidade do controlo judicial
Esclarecido isto, a justificação para apurar se há ou não violação do DF faz-se pelo
controlo posterior da observância dos restantes princípios constitucionais.

2. Pela diferenciação de deveres e das respetivas reservas (tipo de reservas que afetam a
realização do DF, a sua validade ou eficácia – a) reserva geral imanente de ponderação,
b) reserva do politicamente adequado e c) reserva do financeiramente possível): a) os
poderes públicos invocam a necessidade de prossecução de um outro bem, interesse
ou direito para justificar a restrição, a obrigação estatal de respeitar o acesso
individual ao bem protegido pelo DF pode ser atenuada em função da ativação desta
reserva; b) os poderes públicos podem invocar a margem própria de apreciação e
opção políticas; c) os poderes públicos podem invocar as dificuldades financeiras para
restringirem a ajuda que prestam ou deveriam prestar no acesso individual ao bem
protegido por DF

3. Direito negativo e positivo: Princípio da proibição do défice na violação do direito


social enquanto direito positivo. Princípio da proibição do excesso na violação do
direito social enquanto direito negativo
 Restrição vs limite: restrição do direito vs limite ao seu exercício/manifestação
+ restrição comprime o conteúdo do direito vs limite reporta-se ao direito +
restrição fundada em razões específicas vs limite decorre de razões gerais,
válidas para quaisquer direitos, como a moral, ordem pública, bem-estar, etc.

Restrições têm que funcionar dentro da CRP, construídas com base numa
correta interpretação objetiva e sistemática da CRP.

 Princípio da proporcionalidade com diversa consagração. 19.º/4 e 8, 30.º/5,


50.º/3, 65.º/2, 266.º/2, 270.º/2, 267.º/4.

3 vetores: necessidade, adequação e racionalidade.

Necessidade: tem que existir BEM JURÍDICO a ser protegido, com intervenção
exigível.

Adequação: correspondência de meios a fins.

Racionalidade: justa medida, correta avaliação da providência em termos


quantitativos
In CRP Anotada, Jorge Miranda e Rui Medeiros (páginas 159-162)

 Princípio da proporcionalidade como impulsionador do papel decisório do juiz


constitucional? Excesso de protagonismo, invasão do domínio do legislador
democrático, supremacia do TC – pág. 21

Pode-se resolver pelo formalismo dado ao princípio: instrumento formal de


mediação e de controlo da decisão do legislador democrático. Evita-se que o
juiz constitucional use o princípio para impor antidemocraticamente a sua
própria visão, continuando sempre a ser algo parcial – pág. 28

 Proporcionalidade ou proibição do excesso?


Há quem considere expressões sinónimas, com utilização cumulativa, e quem
considere que têm significados distintos- págs 37 e ss.

Mais defendida: orientação que têm o mesmo significado, conceitos sinónimos


ou parcialmente sinónimos. Opção plenamente aglutinadora (usa
indiferentemente os conceitos, como Pedro Costa Gonçalves, Gomes
Canotilho e Vital Moreira vs Opção parcialmente aglutinadora (admitem uma
coincidência entre as 2 noções apenas parcial, por exemplo, TC alemão usa o
termo excesso para denotar simplesmente o segmento da proporcionalidade
em sentido estrito).

VER PÁGINAS - Vitalino Canas, sem desprimor da maioria da doutrina que


prefere a utilização do conceito de princípio da proporcionalidade, parece
pender para o conceito de proibição do excesso. Várias vantagens da sua
utilização: sem confusão entre este conceito e as restantes expressões, melhor
sintetiza os segmentos em que o princípio se desdobra: ideia de que as
normas não devem exceder, ou ir além, do que é adequado e necessário para
atingir um fim, nem ser desproporcionadas aos efeitos que se pretende atingir.
Podemos apenas exigir, por vezes, a não desproporcionalidade, somente, e
não a proporcionalidade positiva. Falar em princípio da proporcionalidade seria
enganador.

Reis Novais defende uma amplitude do princípio da proibição do excesso com


um alcance mais abrangente do que o princípio da proporcionalidade, sendo
este apenas um dos elementos. São elementos integrantes: idoneidade,
necessidade e proporcionalidade em sentido próprio, razoabilidade,
determinabilidade (diz Vitalino que não faz parte, é autónomo) e garantia do
conteúdo essencial (não se concorda).

3 segmentos do princípio

 Sobre a razoabilidade – páginas 1125 e ss:

Novais autonomiza o princípio da razoabilidade

Vitalino critica-o dizendo que acaba por fazer uma “diluição muito significativa
da orientação autonomizadora”: por a proporcionalidade poder operar segundo
uma perspetiva concreta e individual e reconhece-se que a razoabilidade não
dispensa a necessidade de eventuais ponderações dos interesses relevantes
no caso concreto.

Defende a visão integradora, apresentado diversos argumentos

In tese de Vitalino Canas

 Teoria dos princípios


 Proporcionalidade como meta princípio: orientam a colisão de 2 princípios no
primeiro nível, imperativos de otimização. Meta princípios ditarão a melhor
solução possível, impõem uma obrigação, imperativo, com caracter definitivo,
cujo cumprimento completo é obrigatório, é obrigatório ir até ao maior grau
possível na realização da operação de ponderação de princípios de primeiro
grau

 “Só chegamos a uma solução definitiva quando já não for possível atender às
razões que justificam a conclusão contrária”

 Princípio da proporcionalidade que concretiza a operação de ponderação

 Na subvertente da adequação: em causa a máxima realização do princípio até


encontrar princípios de sinal contrário, uma posição pode ser melhorada, sem
que outra piore- ótimo de Pareto.

 Quando os meios são todos adequados: Necessidade: analisar os meios


colocados à disposição que permitem a concretização de um princípio em
prejuízo de outro, escolher o que melhor concretiza o fim, com menor dano

 Proporcionalidade: maior realização possível, de acordo com as possibilidades


fácticas e jurídicas. Alexy: lei da ponderação.

 Ver dela: proporcionalidade entra na operação de ponderação enquanto meta


princípio nas suas 3 vertentes

 Dá critérios para escolher os meios


In Mariana Melo …, Análise de estrutura das normas atributivas de direitos
fundamentais. A ponderação e a tese ampla de revisão

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