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COMÉRCIO

ELETRÔNICO

Pâmela Freitas Fagundes


Gestão de lojas virtuais
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:

 Definir os tipos de operações de e-commerce.


 Descrever como se dá o monitoramento e a gestão de processos e
embalagens em lojas virtuais.
 Explicar a importância de gestão financeira, tabela de frete e contratos
na gestão de lojas virtuais.

Introdução
O comércio eletrônico está crescendo, e operar de forma ética e eficaz,
agindo com responsabilidade e preocupando-se com a satisfação dos
clientes, é um diferencial competitivo. Porém, as operações de uma loja
virtual vão muito além do layout do site e das estratégias de marketing
na divulgação da marca.
Engana-se quem pensa que a satisfação do cliente está apenas na
qualidade do produto e no atendimento oferecido pela empresa: ela
envolve também funções de logística, embalagem, estoque e armazena-
mento de mercadorias. Essas ações buscam melhorias para as operações
internas e externas da empresa, assim como para a sua imagem e o
relacionamento com o cliente.
Os investimentos objetivam melhorar processos e demandas da em-
presa e auxiliam para que as funções sejam ágeis e precisas, possibilitando
resultados positivos na relação com os clientes e fornecedores. O moni-
toramento dos processos permite um conhecimento ainda maior dessas
funções, o que facilita a análise das ferramentas estratégicas utilizadas.
Assim, é possível redirecionar ações na busca pelo cumprimento de metas.
Neste capítulo, você vai aprender sobre os tipos de operações do
e-commerce, assim como sobre as formas de monitoramento e gestão de
processos e embalagens. Por fim, você vai compreender a importância da
gestão financeira e de elementos como a tabela de fretes e os contratos
no comércio eletrônico.
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As operações de e-commerce
Como qualquer outro tipo de negócio, o e-commerce exige atenção por parte da
gestão, pois apresenta desafios que demandam bom gerenciamento e estrutura
para obter êxito no mercado. O comércio eletrônico cresce ao redor do mundo
por propor agilidade e independência na hora da compra, otimizar o tempo
e, muitas vezes, disponibilizar preços mais atrativos e produtos diversos. Os
principais segmentos que lideram as vendas de e-commerce são eletrodo-
mésticos, vestuário e calçados, telefonia celular, informática e cosméticos.
O e-commerce abre espaço para que a compra seja efetuada a partir de
qualquer parte do mundo, pois não são necessários vendedores, e o acesso à
internet permite fazer pesquisas com facilidade. Nesse contexto, as operações
de e-commerce precisaram ser avaliadas e adaptadas para a evolução do mer-
cado. As lojas virtuais demandam divulgação constante e esforços destinados
às ações de vendas; além disso, é preciso fazer o acompanhamento de forma
a implantar ações estratégicas para o negócio crescer. Tal acompanhamento
se dá com a busca de informações que possam auxiliar no cumprimento das
demandas, na evolução e no andamento dos processos da empresa.
Sertek, Guindani e Martins (2012) defendem que, por meio de informações,
é possível reformular cenários já criados, bem como antecipar necessidades
do público — e atendê-las antes que a concorrência o faça. O autor sugere
que sejam construídos três tipos de cenários:

1. cenário otimista, em que se imagina a melhor situação possível para


o negócio;
2. cenário realista, quando se detalha a real situação do negócio, sem
interferências externas, otimistas ou pessimistas;
3. cenário pessimista, em que se prevê a pior situação possível para o
negócio.

Os consumidores, ao buscarem por lojas físicas ou virtuais, desejam atender


às suas necessidades e aos seus desejos de compra. Nesse sentido, o e-commerce
exige maior entendimento e qualificação dos seus processos por parte dos
gestores. Conforme Farias, Duschitz e Carvalho (2015), para satisfazer a
necessidade identificada, o consumidor busca informações sobre as inúmeras
opções, considerando a oferta no mercado e a sua própria disponibilidade de
recursos (tempo e dinheiro).
Além disso, a satisfação do cliente não está ligada apenas à oferta do produto
ou serviço que ele deseja. É preciso considerar desde o acesso ao site e o seu
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conteúdo (layout, comunicação, velocidade da página) até o atendimento ao


cliente on-line, as formas de entrega e de pagamento (débito, crédito, PayPal,
boleto, transferência bancária), passando pela segurança da informação.
Entre as principais ferramentas de gestão estratégica de e-commerce, o
monitoramento da audiência é importante para acompanhar os acessos à loja
virtual. Com ele, é possível obter características como a região do cliente e as
páginas mais acessadas na loja virtual (moda, calçado, perfumaria, etc.). Com
os recursos de gestão, é possível averiguar informações como a velocidade
do site e a segurança da informação, visto que os (potenciais) cliente não
toleram a demora nos processos virtuais, como o carregamento da página, nem
a insegurança na hora de realizar a compra. Nesse sentido, as lojas virtuais
precisam transmitir agilidade e confiança para o público, o que pode garantir
melhorias na relação com ele.
Slack et al. (2013) conceituam que o gerenciamento de estoque é a atividade
que planeja e controla os acúmulos de recursos transformados conforme eles
se movem pelas cadeias de suprimentos, operações e processos. O controle
de estoque de uma loja virtual exige planejamento: a quantidade correta de
produtos deve ser averiguada para evitar a compra excessiva de mercadorias,
que pode resultar no acúmulo de produtos parados no estoque. Ao mesmo
tempo, um cuidado muito importante que lojas virtuais devem tomar é verificar
se os produtos disponibilizados no site realmente existem no estoque. Para
evitar transtornos, é essencial acompanhar as vendas e retirar determinados
produtos ou informações da loja virtual, quando necessário.
O estoque também deve ser estrategicamente organizado, de forma que, ao
buscarem por um produto vendido no estoque, os colaboradores possam ter
acesso a ele com agilidade. Para uma pequena loja virtual, a organização do
estoque é indispensável, independentemente do local ou do porte do comercio.
Além de auxiliar nas demandas, a praticidade contribui para que o produto
chegue com mais rapidez ao cliente. Para lojas virtuais maiores (como os
grandes magazines), os centros de distribuição são excelentes para dividir
o público por região. O uso de softwares para acompanhamento e controle
de estoque é essencial, não importando o tamanho da loja, visto que eles
possibilitam a organização dos processos internos, a agilidade da entrega e a
consequente a satisfação do cliente.
De acordo com o SEBRAE (O GERENCIAMENTO..., 2016), o principal
motivo do cancelamento de compras é o atraso na entrega dos produtos.
Esse problema normalmente é resultado de má gestão da logística interna.
Para que esse tipo de falha não aconteça, é necessário ter controle sobre os
processos de alocação, de propriedade e de organização das mercadorias.
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Logo, o gerenciamento dos pedidos exige atenção com as informações dos


clientes, como nome, endereço, produto solicitado, a fim de evitar transtornos
no ato da entrega. Da mesma forma, cuidados com a emissão da nota fiscal, a
etiquetagem e a embalagem dos produtos, assim como a qualidade da prestação
de serviços de logística, são fundamentais para a excelência no atendimento
e o respeito ao cliente.
O fornecimento de informações por parte dos clientes, como dados pessoais
(RG, CPF, endereço, telefone) e dados bancários (número do cartão, chave de
acesso), torna a segurança do site a peça-chave para a realização da compra
— esse fator influencia significativamente na tomada de decisão por parte do
cliente. Conforme Wrightson (2014), o Secure Sockets Layer (SSL) é a tecnolo-
gia usada para proteger as comunicações com servidores Web pela internet. Já
o Transport Layer Security (TLS) é o protocolo da próxima geração, projetado
para substituir o SSL. Quase todos os sites que visitamos que usam o HTTPS
são protegidos com o SSL ou o TLS. Assim, essas ferramentas garantem a
certificação da transmissão das informações entre o site e o servidor. Para
o cliente saber se o site é protegido ou não, ele deve verificar se aparece o
símbolo de um cadeado no canto do URL do navegador.

De acordo com a revista Venda Mais (MELHORAR..., 2018), ter um e-commerce não é
como ter qualquer outro modelo de site, uma vez que, além de ser fácil de usar e garantir
o objetivo final (a venda), ele também deve ser seguro e amigável aos usuários. Por
isso, contratar uma empresa que auxilia na formatação e atualização da infraestrutura
pode ser essencial para o sucesso do negócio.

O acompanhamento das tendências do mercado, como a identificação de


novos produtos e o conhecimento do que os concorrentes estão oferecendo, auxilia
a empresa de manter-se no mercado competitivo. Buscar inovações quanto ao
preço dos produtos, a novos fornecedores, a logística e a embalagem deve ser
uma tarefa constante dos empreendedores, por meio de pesquisas relacionadas
e participando de eventos com outros empresários.
Assim, as informações de operações integradas contribuem para eliminar
atividades manuais no e-commerce, como controle de estoque, pagamentos, mo-
nitoramento de vendas, acompanhamento de pedidos. Para isso, é recomendada
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a utilização do sistema de ERP, integrando os dados e processos da organização


de diversos setores, inclusive para avaliar o rendimento e a produtividade dos
colaboradores.
Na opinião de Bowersox et al. (2014), os sistemas ERP facilitam as operações
e os relatórios integrados para iniciar, monitorar e localizar atividades críticas,
como atendimento a pedidos e reabastecimento. Esses sistemas também incorpo-
ram um banco de dados integrado no âmbito de toda a empresa. A centralização
e a integração dos processos da loja virtual com ERP refletem na agilidade das
operações de vendas e gestão de estoque, nas informações dos produtos, forne-
cedores e clientes, assim como no dinamismo do serviço de entrega, tornando
o gerenciamento das vendas da loja virtual mais preciso e eficiente.

Monitoramento de processos e embalagens


Para se inserir no mercado virtual (assim como no físico), o monitoramento do
mercado e do negócio é obrigatório para os empreendedores. Para Slack et al.
(2013), o gerenciamento de operações e de processos consiste na atividade de
gerenciar os recursos e processos que produzem produtos e serviços.
No comércio eletrônico, o monitoramento das atividades é fundamental para
conhecer as ações planejadas e realizadas, o que contribui para a análise e o
direcionamento do planejamento estratégico. Assim, evita-se até mesmo que a
loja virtual se acomode em uma zona de conforto e passa-se a buscar por mais
crescimento e inovação.
Conforme Paim et al. (2009), um projeto envolve a realização de tarefas de
acompanhamento do ambiente interno e externo, seleção, modelagem, melhoria,
implantação e gestão de mudanças nos processos. Essas tarefas estão listadas
seguir:

 entender o ambiente externo e interno e a estratégia organizacional;


 estabelecer estratégia, objetivos e abordagem para promover mudanças;
 assegurar patrocínio para a mudança.

Analisar os fatores que possam influenciar de forma positiva no negócio


auxilia no desenvolvimento de estratégias de direcionamento, buscando adaptar-
-se às mudanças e às novas tendências do mercado virtual. Como resposta à
necessidade das empresas de conhecer melhor os seus clientes e entender dos
seus processos, empresas como o Google desenvolveram suportes para facilitar
esse tipo de acompanhamento. Trata-se de ferramentas para executar a análise
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do comportamento dos usuários, assim como dos produtos oferecidos e do


engajamento do site.
Assim, de acordo com Denvir (2018), o Google Analytics é uma ferramenta
poderosa para sites. Com ela, você consegue captar dados importantes para medir
o desempenho do trabalho no seu site, como número de acessos e origem do
tráfego (de onde vem o visitante). Os dados recolhidos pelo Google Analytics
são transformados em relatórios, e é com base neles que você pode traçar es-
tratégias e metas para sucesso do seu negócio digital. Com essa ferramenta, a
loja virtual pode monitorar o perfil geral e, da mesma forma, pode direcionar
o monitoramento para determinadas características, por meio da aplicação do
código de monitoramento. Assim, é possível ter acesso a informações como a
identificação dos clientes (idade, localização, gênero) e dos produtos mais procu-
rados no site. Além disso, é uma forma prática de ter acesso às estatísticas sobre
o comportamento do cliente ao acessar o site, como o tempo de permanência dele
na página, o número de visitas, as taxas de rejeição, etc. (GOOGLE..., [2019]).
Ainda, averiguar o que a concorrência está oferecendo aos consumidores
é crucial para identificar quem oferece produtos muito próximos aos do seu
portfólio. Com esse tipo de informação, inicia-se outra forma de acompanha-
mento: a análise de rendimento desses produtos que a concorrência também
oferece aos clientes. Assim, é possível acompanhar se o preço está de acordo
com a margem estabelecida pelo mercado, e se as estratégias de divulgação
estão valorizando na hora da venda.
Em uma loja virtual, a imagem do produto tem a mesma importância que
numa loja física, em que ele posicionado em uma prateleira ou vitrine para chamar
a atenção do cliente. No entanto, em uma loja virtual a vitrine é o leiaute do site,
e a qualidade da imagem do produto torna-o mais atraente, despertando o desejo
de compra do cliente. As estratégias utilizadas para atrair a atenção do cliente
devem estimular fatores motivacionais para a tomada de decisão de compra,
contribuindo para que, ao realizar pesquisas, o cliente identifique a necessidade
de compra, buscando as melhores informações e soluções para atendê-la.
Promover ações de marketing que estimulem a busca e o acesso à loja virtual,
assim como oferecer promoções atrativas e produtos diversificados e inovadores
são algumas das formas de se destacar em meio ao cenário competitivo. As
lojas virtuais devem criar ações para chamar a atenção dos clientes que possam
solucionar demandas internas, como a liberação de estoque. Assim, promover
liquidações ou promoções-relâmpago, como o Black Friday ou ações em datas
comemorativas, auxilia na venda dos produtos e na liberação dos estoques.
Ao mesmo tempo, a boa gestão de estoque traz benefícios para as empresas:
melhora a margem de lucros, possibilita entregas no prazo e evita desperdício de
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recursos empregados nos cuidados exigidos para o armazenamento dos produtos.


As empresas precisam buscar soluções atualizadas quanto à armazenagem de
mercadorias, visando à eficácia nas operações, o aumento da produtividade e
mais agilidade para atender ao cliente.
Nesse sentido, o armazenamento de produtos e mercadorias exige atenção que
vai desde a separação dos produtos no estoque, os cuidados com a embalagem
e o seu manuseio, até a chegada ao consumidor. Segundo Giacolemelli e Pires
(2016), as embalagens exercem um importante papel no processo logístico,
uma vez que são responsáveis pela proteção dos produtos e pela otimização dos
processos de manuseio, podendo responder por parte significativa dos custos
de transporte.
Os custos com o transporte podem duplicar com um processo de embalagem
ineficaz. Por exemplo, o cliente compra uma TV LCD em uma loja virtual e,
ao receber a mercadoria na sua residência, percebe que a tela do equipamento
está quebrada. Nesse caso, a empresa não apenas terá de arcar com os gastos o
recolhimento do produto e o envio à fábrica, como também com o desconforto
ocasionado ao cliente, que aguardava com expectativa pelo produto.
Assim, os cuidados com as embalagens dos produtos influenciam no relacio-
namento com o cliente e garantem uma boa experiência de compra. Para isso,
é fundamental que as empresas tenham total conhecimento das características
(material, peso, tamanho, etc.) dos produtos da loja virtual, de forma a buscarem
materiais para embalagem de qualidade, que possam garantir a segurança do
produto até a chegada ao consumidor, evitando ainda gastos excessivos quanto
ao transporte de mercadorias. A preocupação com a embalagem e o manuseio
do produto evita transtornos aos clientes e garante a excelência no atendimento
e no processo de entrega da loja virtual.
Giacolemelli e Pires (2016) referem que o grau de proteção, o design e o
material da embalagem devem ser combinados para atingir o nível desejado de
proteção sem incorrer em custos de excesso de proteção. Nesse sentido, as lojas
virtuais podem lançar mão dos cuidados com a embalagem dos produtos como
um diferencial da sua marca e uma forma de atender aos clientes com delicadeza.
Vale lembrar ainda que, ao efetuar a compra em uma loja virtual, o cliente
só terá acesso ao produto dias depois, não experienciando algumas das emoções
e sensações presentes quando a compra é realizada em uma loja física. Por esse
motivo, as lojas virtuais devem se preocupar com as sensações e expectativas
dos clientes ao receberem o produto na sua casa. Enviar junto ao produto um
cartão de agradecimento ou uma sacola da loja auxilia na relação com o con-
sumidor, demonstrando um reconhecimento atencioso pela compra realizada.
Ações como essa, somadas com a satisfação do produto comprado, estimulam
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que o cliente retorne futuramente à loja virtual para realizar outras compras.
Assim, ao encaminhar a encomenda para o cliente, a embalagem deve conter
as características da marca, transmitindo toda a sua essência para o cliente.
Os investimentos e as precauções com as embalagens podem resultar na
diminuição dos custos para as empresas, por meio de soluções baratas e sim-
ples, mas que evitam transtornos com peças extraviadas ou danificadas por
manuseio incorreto, e permitem uma boa experiência ao consumidor. Trazer
agilidade e dinamismo para as lojas virtuais garante a eficiência do negócio.
Por isso, entre a embalagem e a postagem dos produtos, deve haver precisão e
agilidade, de modo a dirigir a atenção às demais demandas da empresa, como o
atendimento virtual. Com isso, muitas empresas optam por terceirizar os serviços
de embalagem e postagem de mercadorias, de forma a adiantar outras funções
da rotina da empresa e até mesmo disponibilizar mais espaço, uma vez que
não há a necessidade de armazenar os materiais utilizados para as embalagens.

Gestão financeira de lojas virtuais


O comércio eletrônico vem ganhando destaque a cada ano, e cada vez mais
lojas físicas que já atuam há algum tempo no mercado reconhecem a necessi-
dade de também migrar para o universo digital. Além disso, esse novo modelo
de comércio também impulsionou as oportunidades para pequenos e novos
empreendedores investirem e apostarem no mercado digital. Porém, antes de
qualquer iniciativa, seja no ambiente físico ou virtual, é necessário garantir uma
boa gestão para o negócio, utilizando ações táticas administrativas.

Os primeiros traços do que hoje chamamos de loja virtual iniciaram com a venda via
catálogos de produtos oferecidos por revendedores (roupas, cosméticos, perfumes,
cama, mesa, banho, etc.). O cliente escolhia o produto por meio de imagens em uma
revista, e o produto era entregue na sua residência cerca de 30 dias depois. Esse
formato de venda ainda existe e se mantém muito bem no mercado — inclusive, as
empresas de vendas por catálogos e revistas atualmente disponibilizam lojas virtuais
para atender aos seus clientes.
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Assim, ao iniciar um negócio, é essencial saber o valor monetário necessário


para o empreendimento começar e se manter por determinado período. Os va-
lores de investimento e a previsão orçamentária são necessários para a compra
de produtos, os custos com a página virtual, a contratação de colaboradores, a
compra de embalagens, os gastos com correios e logística, assim como para o
pagamento de aluguel, luz, água, internet, telefone, etc. Portanto, percebe-se
a necessidade e a importância da gestão financeira de uma loja virtual.
Ross et al. (2015) comentam que, se pensarmos nos objetivos financeiros
possíveis, chegaremos a algumas ideias como as seguintes:

 sobreviver;
 evitar problemas financeiro e falência;
 superar a concorrência;
 maximizar as vendas ou a participação de mercado;
 minimizar os custos;
 maximizar os ganhos;
 manter o crescimento constante dos lucros.

Quando a empresa conhece os seus principais objetivos, atua de forma


empenhada para desenvolver o seu papel, buscando atingir as suas metas. A
boa gestão financeira possibilita administrar melhor o negócio, sabendo muito
bem o que pode ser feito para o crescimento e a evolução. Da mesma forma,
ela orienta sobre de qual maneira a empresa precisa ser mantida, para poder
continuar exercendo as suas atividades no mercado.
Compreendendo melhor a gestão financeira, os empresários do ramo
virtual buscam por fornecedores (se necessário) que ofereçam produtos de boa
qualidade e variedade (cores, tamanhos, modelos, aromas, sabores) com preço
acessível e que tenham as mercadorias a pronta-entrega. Assim, a loja virtual
consegue organizar e promover ações promocionais, realizar a divulgação
de novos produtos e atender aos prazos de frete oferecidos para os clientes.
Todo investimento realizado no presente visa ao crescimento no futuro.
Assim, os investimentos em melhorias para o negócio constituem o progresso
e a inovação da loja virtual. No entanto, situações inesperadas e gastos que
não estavam programados (como produtos com defeito, atrasos na entrega
em função da operação logística, greve ou atraso dos Correios, embalagens
extraviadas) são inevitáveis. Para isso, o caixa da empresa deve sempre contar
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com uma reserva para possíveis casualidades, independentemente do porte


da loja virtual.
Higgins (2014) afirma que, como muitos outros itens estarão diretamente
ligados à previsão de vendas, é essencial que elas sejam estimadas com a
maior precisão possível. A previsão da porcentagem de vendas baseia-se nas
informações de vendas passadas e na estimativa de vendas futuras. De acordo
com Higgins (2014), o primeiro passo para tal previsão deve ser um exame
dos dados históricos, de forma a determinar quais itens das demonstrações
financeiras apresentaram variação proporcional às vendas no passado.
Com base nessas informações, a loja virtual poderá decidir, por meio das
demonstrações financeiras, quais produtos do seu portfólio devem continuar
sendo vendidos ou quais entrarão em liquidação para saírem do estoque.
Dessa forma, também é possível averiguar quais os itens que não estão dando
o retorno financeiro esperado.
De acordo com Kerin et al. (2011), a determinação do preço também é uma
decisão crítica tomada por um executivo de marketing, porque o preço tem
um efeito direto sobre os lucros de uma empresa. Isso fica claro na equação
de lucros de uma empresa:

Lucro = Receita total – Custo

ou

Lucro = (Preço unitário × Quantidade vendida) – Custo total

É fundamental que a empresa saiba precificar os produtos de maneira adequada,


levando em conta o preço original do produto e o valor dos impostos, além de valorizar
a sua qualidade e o seu diferencial de mercado.

Para ingressar no mercado digital, o empreendedor não precisa ser um es-


pecialista na área de finanças; porém, ele precisará ter o conhecimento inicial
para que a loja virtual possa se manter no mercado sem passar por sufocos
desnecessários. Para ajudar nessa tarefa, há diversos recursos tecnológicos dis-
poníveis, como sistemas e aplicativos (pagos ou gratuitos) que disponibilizam
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ferramentas para a organização do fluxo de caixa, a gestão de estoque, a avaliação


de resultados de vendas, o balanço, entre outros. Essas alternativas auxiliam no
alinhamento das atividades e nos esforços para atingir as metas financeiras da
empresa, possibilitando o reconhecimento de falhas e de acertos da equipe de
vendas e de atendimento, que desequilibram ou contribuem para o crescimento
financeiro da empresa.
Além da atenção dedicada à gestão financeira da loja virtual, outro ponto
que exige extrema atenção é o envio dos produtos para o cliente: o frete. As lojas
virtuais dependem da logística para efetuar a entrega das suas mercadorias aos
clientes. Assim, é fundamental que a empresa de logística e os meios de trans-
portes utilizados para o envio dos produtos passem por uma seleção criteriosa,
objetivando qualidade no serviço prestado, confiança, segurança, cumprimento
de prazos e redução de gastos.
Vale ressaltar que os custos logísticos são as principais despesas das lojas
virtuais. Conforme uma pesquisa realizada pela Associação Brasileira de Co-
mércio Eletrônico (ABCOMM, 2017), o frete ainda é o maior responsável pelos
custos logísticos no e-commerce, representando 58,1% dos gastos. A participação
desse custo reduziu em relação a 2015, frente ao aumento dos custos com ma-
nuseio e armazenagem. Nesse sentido, investimentos em automação, processos
e capacitação da equipe trazem mais performance no manuseio e consequente
redução de custos.
Algumas lojas virtuais utilizam frota própria, privada ou os serviços de
Correios para efetuar a entrega dos pedidos aos clientes. Outra forma de entrega
para empresas que possuem tanto loja virtual quanto lojas físicas é oferecer a
possibilidade de o cliente retirar o seu pedido na loja. Essa é uma das formas
encontradas para diminuir custos e, muitas vezes, tempo de entrega, tanto para
a empresa quanto para o cliente. No Brasil, os Correios ainda são os pioneiros
quanto à prestação de serviço paras lojas virtuais — em boa parte do mundo, a
Fedex realiza o mesmo tipo de serviço de entrega de mercadorias — seguidos
por demais empresas de logística existentes, como as transportadoras.
Por meio de contratos com empresas que realizam a entrega de mercadorias,
é possível ter acesso ao Sistema de Gerenciamento de Postagens (SGP), que
providencia o rastreamento das encomendas. Com esse sistema, a empresa tem
acesso às informações dos destinatários, às características da mercadoria (peso,
tamanho, dimensões) e ao acompanhamento do trajeto de entrega do produto
ao cliente. Da mesma forma, com o SGP, o cliente também tem acesso ao ras-
treamento do produto.
Muitas lojas virtuais contratam empresas de logísticas para a entrega de
mercadorias; entre os recursos oferecidos por essas prestadoras de serviços está a
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disponibilização de informações de rastreamento da encomenda aos seus clientes.


Com o acesso a essas informações, o cliente acompanha desde o momento em
que o pedido é separado no estoque até o momento em que ele é despachado do
Centro de Distribuição para a entrega. O acesso a essas informações transmite
segurança e confiança nas operações da empresa, além de contribuir para a
relação entre a lojas virtual e o seu cliente.
Luz, Wobeto e Silva (2018) afirmam que o objetivo logístico é entregar o
produto certo, na quantidade esperada, no lugar determinado, ao menor custo
possível. O transporte é uma peça-chave nesse sistema, pois a definição de rotas
e o planejamento de entregas engloba todos esses aspectos. No caso de pequenas
empresas virtuais, a elaboração de planilhas para o acompanhamento dos fretes
e a utilização de aplicativos pagos ou disponíveis gratuitamente auxiliam nas
operações e na agilidade das entregas, o que também resulta em eficiência da
prestação de serviços.
É possível, ainda, oferecer vantagens para os consumidores, como frete grátis
acima de determinado valor de compras ou por regiões específicas — a oferta
de promoções de frete por região serve tanto para as empresas virtuais grandes
quanto as pequenas. No caso de pequenas empresas, que atendem apenas a uma
cidade ou região, a oferta pode ser feita para determinados bairros, por exemplo,
onde a procura pelos produtos está baixa. Da mesma forma, grandes lojas virtuais
podem realizar ações promocionais para determinadas cidades e estados, ofere-
cendo frete grátis para regiões onde a empresa precisa ganhar espaço e clientes,
ou até mesmo em função de alguma data festiva, como o aniversário da cidade.
A partir de 2013, o Código de Defesa do Consumidor, a partir do decreto nº.
7.962, de 15 de março de 2013, passou a regulamentar o e-commerce no Brasil,
objetivando os quesitos legais da execução das lojas virtuais no país, para a
prestação de serviços de forma ética e responsável. Entre os principais aspectos,
estão os seguintes (BRASIL, 2013):

1. informações claras a respeito do produto, serviço e do fornecedor;


2. atendimento facilitado ao consumidor;
3. respeito ao direito de arrependimento.

Atuar de forma ética e precisa, visando a satisfação do cliente tanto pelo


atendimento prestado (atendimento on-line, emissão de nota fiscal, serviços
logísticos e embalagem) como pela qualidade do produto vendido resulta na
excelência das operações internas e externas da empresa. Assim, isso refletirá
no cliente, pela excelência do serviço prestado, contribuindo para a imagem
positiva da empresa perante a sociedade.
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