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Pagamento

Indevido e
Enriquecimento
sem Causa

PROFA. DRA. CÍNTIA ROSA PEREIRA DE LIMA


E-MAIL: CINTIAR@USP.BR
INTRODUÇÃO:

Direito Romano

Condictiones Sine Causa (Dig. L. 50, t. 17)

Repetitio Indebiti (Inst. Justiniano, L. III, t. 28)

Esboço Teixeira de Freitas (art. 3.481):

§ 3º Do pagamento recebido por erro


Art. 3.481. Quem recebeu por erro o que não se lhe devia, ou o que se lhe
devia por falsa causa, tem obrigação de restituir a quem lho pagou também
por erro.

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INTRODUÇÃO:

CC/16: CC/02:

 Título II (Dos Efeitos das Obrigações), Cap. II (Do  Título VII (Dos Atos Unilaterais): categorias
Pagamento) – seção VII (arts. 964 a 971) autônomas

 Clóvis Beviláqua = pagamento indevido como  Cap. III (Pagamento Indevido) – arts. 876 a 883
espécie de enriquecimento ilegítimo.  Cap. IV (Enriquecimento sem Causa) – arts. 884 a
886

 Enriquecimento sem Causa = caráter residual (art.


886 CC/02)
Art. 886. Não caberá a restituição por enriquecimento,
se a lei conferir ao lesado outros meios para se
ressarcir do prejuízo sofrido.

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PAGAMENTO INDEVIDO (ARTS. 876 A 883 CC/02):

Art. 876. Todo aquele que recebeu o que lhe não era
devido fica obrigado a restituir; obrigação que
incumbe àquele que recebe dívida condicional antes
de cumprida a condição.
Conceito
Erro Essencial?

Erro Essencial:
Art. 877. Àquele que voluntariamente pagou o indevido
incumbe a prova de tê-lo feito por erro. Obrigado a Restituir

 Pagamento exigido pelo credor? Pagamento em Duplicidade


 Devedor for coagido a pagar?

Credor Devedor

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PAGAMENTO INDEVIDO (ARTS. 876 A 883 CC/02):

Requisitos:

 1º) a realização de um pagamento, ou seja, a realização da prestação


pelo próprio devedor ou por terceiros;

 2º) inexistência de um vínculo jurídico obrigacional preexistente;

 3º) ocorrência de erro por parte de quem pagou desde que o faça
voluntariamente.

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PAGAMENTO INDEVIDO (ARTS. 876 A 883 CC/02):

Consequências:

Repetição do Indébito
(repetitivo indebiti)

Frutos, acessões, benfeitorias


e deteriorações

Boa-fé  Art. 878. Aos frutos, acessões, benfeitorias e deteriorações


sobrevindas à coisa dada em pagamento indevido, aplica-se
o disposto neste Código sobre o possuidor de boa-fé ou de
Má-fé
má-fé, conforme o caso.

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CONSEQUENCIAS DO PAGAMENTO INDEVIDO (ARTS. 878 CC/02):

Accipiens de Boa-fé: Accipiens de Má-fé:


Art. 1.201 CC/02 Art. 1.201 CC/02
Indenização das benfeitorias necessárias, sem
Indenização das benfeitorias necessárias e úteis, direito de retenção por estes valores (art. 1.220
direito de retenção por estes valores (art. 1.219 CC/02)
CC/02)

Não tem direito de levantar as benfeitorias


Direito de levantar as benfeitorias voluptuárias (jus voluptuárias (jus tollendi) - art. 1.220 CC/02
tollendi) - art. 1.219 CC/02

Frutos: tem direito aos percebidos e consumidos;


Frutos: tem direito aos percebidos e consumidos; restitui
restitui os frutos pendentes e estantes (art. 1.214 Frutos: os frutos
todos sãopendentes e estantes
indenizáveis (art.
(art. 1.216 1.214
CC/02)
CC/02)
CC/02)

Deterioração: que não der causa – dolo ou culpa???? (art.


1.217 CC/02) Deterioração: responde por dolo ou culpa, e ainda
por caso fortuito e força maior (art. 1.218 CC/02)
Dolo ou Culpa: Clóvis Beviláqua, Silvio Rodrigues,
Washington de Barros Monteiro e Caio Mário;
Culpa: Morato e Silmara Chinellato

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PAGAMENTO INDEVIDO – IMÓVEL (ARTS. 879 CC/02):

1ª) Accipiens de boa-fé que aliena o imóvel por título oneroso Obrigado a Restituir o que Recebeu

o terceiro adquirente de boa-fé não é prejudicado, Accipiens de Boa-Fé


mantendo-se com o imóvel; todavia, o accipiens deve Solvens
repassar o que recebeu na alienação onerosa para o
verdadeiro dono do bem (venda a non domino). Terceiro Adquirente de
Boa-Fé

2ª) Accipiens de boa-fé que aliena o imóvel por título gratuito

em se tratando de mera liberalidade, e. g. doação de um


imóvel a um terceiro, ainda que este esteja de boa-fé, o
verdadeiro dono do imóvel tem direito de reivindicar o Accipiens de Boa-Fé Solvens
imóvel do que recebeu indevidamente do accipiens (doação
a non domino).

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PAGAMENTO INDEVIDO – IMÓVEL (ARTS. 879 CC/02):

3ª) Accipiens que aliena imóvel a terceiro de má-fé

se o terceiro conhece que o pagamento é indevido e Accipiens de Má-Fé


mesmo assim recebe o imóvel, caracteriza sua má-fé, pouco Solvens
importa se a alienação tenha sido onerosa ou gratuita, cabe
ao verdadeiro dono reivindicar o imóvel contra o terceiro de Terceiro de Má-Fé
má-fé. (Venda ou Doação)

4ª) Accipiens de má-fé que aliena imóvel a terceiro

Em ambas as hipóteses, estando o accipiens movido de má-


fé, na tentativa de locupletar-se injustamente, terá de
indenizar perdas e danos. Indenizar Perdas e Danos
Accipiens de Má-Fé Solvens

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NÃO CABERÁ A REPETIÇÃO DO INDÉBITO:

Art. 880. Fica isento de restituir pagamento indevido aquele que, recebendo-o como parte de dívida verdadeira,
inutilizou o título, deixou prescrever a pretensão ou abriu mão das garantias que asseguravam seu direito; mas aquele
que pagou dispõe de ação regressiva contra o verdadeiro devedor e seu fiador.
Inutilização do título de crédito,
prescrição ou renúncia das garantias
Art. 881. Se o pagamento indevido tiver consistido no desempenho de obrigação de fazer ou para eximir-se da obrigação
de não fazer, aquele que recebeu a prestação fica na obrigação de indenizar o que a cumpriu, na medida do lucro obtido.

Obrigação de Fazer
Art. 882. Não se pode repetir o que se pagou para solver dívida prescrita, ou cumprir obrigação judicialmente inexigível.

Dívida Prescrita
Art. 883. Não terá direito à repetição aquele que deu alguma coisa para obter fim ilícito, imoral, ou proibido por lei.
Parágrafo único. No caso deste artigo, o que se deu reverterá em favor de estabelecimento local de beneficência, a
critério do juiz.
Fim Ilícito, imoral ou proibido por lei

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ENRIQUECIMENTO SEM CAUSA (ARTS. 884 A 886 CC/02):

Art. 885. A restituição é devida, não só quando não


tenha havido causa que justifique o enriquecimento,
mas também se esta deixou de existir.

Noção

Requisitos:
1º) enriquecimento por parte de alguém (réu na ação de
Empobrecimento???
restituição);
2º) este proveito patrimonial deve se dar à custa de
outrem. En. 35 - Art. 884: a expressão “se
3º) ausência de causa que justifique o aumento enriquecer à custa de outrem” do art.
patrimonial por parte de um indivíduo e a consequente 884 do novo Código Civil não significa,
diminuição do patrimônio do outro. necessariamente, que deverá haver
empobrecimento.

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ENRIQUECIMENTO SEM CAUSA (ARTS. 884 A 886 CC/02):

Consequências:
Art. 884. Aquele que, sem justa causa, se enriquecer à custa de outrem, será 1º) Devolução da coisa (se
determinada)
obrigado a restituir o indevidamente auferido, feita a atualização dos valores
monetários. AÇÃO DE RESTITUIÇÃO (IN REM VERSO)
2º) Se perecer, o valor equivalente
Parágrafo único. Se o enriquecimento tiver por objeto coisa determinada, quem a
recebeu é obrigado a restituí-la, e, se a coisa não mais subsistir, a restituição se
3º) Valor que represente o
fará pelo valor do bem na época em que foi exigido. benefício

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