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Química Analítica Quantitativa

Curso de Graduação em Farmácia

Análise Gravimétrica – Parte 2


Profa. Dra. Flávia Nunes Costa
Relembrando

• Os métodos gravimétricos de análise utilizam-se de medidas


de massa feitas com uma balança analítica;
• São métodos analíticos quantitativos que se baseiam na
determinação da massa de um composto puro ao qual o
analito está quimicamente relacionado;
• Na gravimetria por precipitação, o analito é convertido a um
precipitado pouco solúvel, após a adição de um agente
precipitante à solução.
Relembrando

• Os precipitados são formados por dois processos:


✓ Nucleação (ou formação de núcleos), que envolve a
associação de alguns compostos para formar um sólido;
✓Crescimento de partículas, um núcleo já formado aumenta
de tamanho;
• As partículas maiores são as mais adequadas para a análise
gravimétrica.
O que vamos estudar?

Unidade III:
1. Análise Gravimétrica
1.6 Contaminação, filtração e lavagem de precipitados
1.7 Secagem e calcinação
1.8 Cálculos
Contaminação de Precipitados

• Os precipitados podem arrastar da solução alguns


constituintes, causando sua contaminação;
• Estas impurezas que os acompanham constituem a maior
fonte de erros na análise gravimétrica;
• Podem ser incorporados por meio da co-precipitação ou pela
pós-precipitação.
Contaminação de Precipitados

Co-precipitação
• Processo pelo qual as substâncias solúveis são incorporados
aos precipitados durante sua formação. Pode ocorrer por:
1. Adsorção superficial: arraste de um composto na forma de
um contaminante superficial, sendo mais comuns em
precipitados coloidais. Onde a superfície das partículas
adquire uma carga elétrica e atrai os íons de carga oposta
presentes na solução.
Contaminação de Precipitados

Co-precipitação
2. Formação de cristal misto: processo no qual um íon
contaminante substitui um íon no retículo de um cristal,
sendo necessário que os dois tenham a mesma carga e que
seus tamanhos sejam semelhantes (< 5% de diferença);
3. Oclusão: processo no qual o composto é preso, ou seja
ocluído, dentro do cristal durante seu crescimento rápido.
Contaminação de Precipitados

Co-precipitação
4. Aprisionamento mecânico: ocorre quando os cristais se
encontram próximos durante o crescimento, se juntam e
aprisionam uma porção da solução em um pequeno invólucro.
Observações importantes:
• A adsorção é a principal fonte de contaminação em coloides,
mas não é significativa em precipitados cristalinos (área
superficial baixa);
Contaminação de Precipitados

Co-precipitação
• A formação de cristal misto pode ocorrer tanto em precipitados
coloidais quanto em cristalinos, ao passo que a oclusão e o
aprisionamento mecânico são restritos a precipitados
cristalinos;
• Tanto a oclusão quanto o aprisionamento mecânico são
mínimos quando a velocidade de formação do precipitado é
lenta.
Contaminação de Precipitados

Pós-precipitação
• Pode ocorrer quando o precipitado formado é deixado em
contato com a solução-mãe e uma segunda substância
insolúvel pode se formar e depositar sobre o precipitado
existente;
• A solução-mãe é aquela a partir da qual um precipitado foi
formado.
Filtração e Lavagem de Precipitados

• Uma vez formado, o precipitado deve ser então coletado e as


etapas, geralmente envolvidas, são: decantação, filtração e
lavagem;
• Na decantação, o sólido precipitado é mantido essencialmente
em repouso e visa que a maior quantidade possível de líquido
sobrenadante passe através do filtro (acelera a filtração);
• A solução-mãe é lentamente despejada sobre o filtro para
coletar o precipitado.
Filtração e Lavagem de Precipitados

Preparação do Filtro
• O papel é um importante meio de filtração, sendo necessário
prepará-lo;
• Aquecendo-o em uma estufa a temperatura superior a 100 ºC
para remover toda água presente e deixando esfriar à
temperatura ambiente em um dessecador;
• Após, faz-se a determinação da massa em balança de quatro
dígitos, devendo obter valores concordantes.
Filtração e Lavagem de Precipitados
bastão
de vidro
bastão
de vidro

equipamento de
vácuo
Filtração e Lavagem de Precipitados
Filtração e Lavagem de Precipitados

• Após a filtração, o precipitado deve ser submetido a um


processo de lavagem, que é efetuada adicionando-se líquido ao
béquer, onde estava a solução, e depois vertido no filtro;
• Esta etapa é necessária para melhorar a pureza do precipitado
(minimizar contaminação);
• Também auxilia a transferência da totalidade do precipitado
para o filtro, que são arrastados pelo líquido de lavagem;
Filtração e Lavagem de Precipitados

• O líquido de lavagem é usualmente água, mas algumas vezes é


vantajoso lavá-lo com a solução-mãe ou com uma solução
muito diluída do reagente usado para precipitação;
• Esse líquido deve ser volátil na temperatura de secagem ou
calcinação a que será submetido posteriormente o precipitado,
de modo a não deixar resíduo.
Secagem e Calcinação

• Após a filtração e lavagem terem sido


completadas, o filtro e seu conteúdo precisam ser
transferidos do funil para um cadinho (para
tratamento térmico) que tenha sido levado a massa
constante;
• Deve ser limpo criteriosamente e submetido ao
mesmo procedimento de aquecimento e
resfriamento do filtro;
Secagem e Calcinação

• Os precipitados só poderão ter sua massa definida após ter


também massa constante, para isso precisam ser secos ou
calcinados;
• São tratados termicamente para remoção do solvente e
qualquer espécie volátil arrastada com o precipitado;
• Na secagem são utilizadas temperaturas mais brandas e
realizadas geralmente em estufas;
Secagem e Calcinação

• Para muitos precipitados, 110 °C é uma temperatura de


secagem satisfatória;
• Já na calcinação são utilizadas altas temperaturas e são
necessárias para decompor o sólido e formar um composto de
composição conhecida;
• A calcinação é geralmente realizada em equipamentos
chamados mufla, que é capaz de manter temperaturas
controladas de 1.100 °C ou mais elevadas.
Secagem e Calcinação

• A temperatura requerida para produzir as formas de pesagem


adequadas varia de precipitado para precipitado;
• Pode ser tão baixa quanto 100 °C ou tão alta quanto 1.000 ºC;
• Após esfriar em dessecador, quando sucessivas pesagens
atingirem resultados concordantes e consecutivos, a massa
do precipitado poderá ser então efetuada e o analito
calculado.
Resumo das Etapas

• Preparo da solução (amostra e reagentes)


• Precipitação
• Decantação
• Filtração
• Lavagem
• Secagem ou calcinação
• Pesagem
• Cálculos
Cálculos

• A análise gravimétrica envolve duas medidas de massa, a da


amostra tomada para a análise e a da substância de
composição química definida derivada do constituinte desejado
– o analito;
• Na gravimetria por precipitação, o constituinte a ser
determinado é separado dos demais por precipitação, tratado
termicamente e pesado;
Cálculos

• Quase nunca a massa resultante é, diretamente, a massa do


constituinte tal como ele deve ser expresso;
• Por isso, deve-se calcular o Fator Gravimétrico (FG), ou de
conversão, que corrige essa diferença.
• FG: razão estequiométrica entre o analito e o sólido pesado na
análise gravimétrica.
Cálculos

• Fator Gravimátrico (FG) é representado pela razão entre a


massa molar do analito (numerador) e a massa molar da
substância pesada (denominador):

𝑴𝑴𝒂𝒏𝒂𝒍𝒊𝒕𝒐
FG =
𝑴𝑴𝒔𝒖𝒃𝒔𝒕.𝒑𝒆𝒔𝒂𝒅𝒂

• Onde MM = massa molar

• Importante: Fique atento a relação estequiométrica entre as


substâncias!
Cálculos

Exemplo 1:
Cálculos

Exemplo 2: Qual o valor do fator gravimétrico para converter


Mg2P2O7 em MgO, sabendo que 𝑀𝑀𝑀𝑔2𝑃2𝑂7 = 222,6 g/mol e
𝑀𝑀𝑀𝑔𝑂 = 40,30 g/mol.
𝑴𝑴𝒂𝒏𝒂𝒍𝒊𝒕𝒐
FG =
𝑴𝑴𝒔𝒖𝒃𝒔𝒕.𝒑𝒆𝒔𝒂𝒅𝒂

2 𝑥 40,30 𝑔/𝑚𝑜𝑙
FG = 222,6 𝑔/𝑚𝑜𝑙

FG = 0,3621
Estequiometria: 1 Mg2P2O7 --- 2 MgO
Cálculos

Pratique 1: Calcule o FG do As2O3 (MM = 197,8 g/mol) na


substância pesada Ag3AsO4 (MM = 462,5 g/mol).
Dica: observe a relação estequiométrica.
FG = 0,2138
Pratique 2: Calcule o fator gravimétrico (FG) do enxofre (S)
presente no sulfato de bário (BaSO4), sabendo que: 𝑀𝑀𝑠 = 32,10
g/mol e 𝑀𝑀𝐵𝑎𝑆𝑂4 = 233,40 g/mol.
FG = 0,1375
Cálculos

• A porcentagem em massa (% m/m) do analito na amostra


pode ser calculada da seguinte maneira:
𝒎𝒔
P= x FG x 100
𝒎𝒂

Onde: P = porcentagem em massa do analito; 𝒎𝒔 = massa da


substância pesada; 𝒎𝒂 = massa da amostra tomada para
análise; FG = fator gravimétrico
Cálculos

• Exemplo 3: Ao dissolver em água destilada 0,5000 g de sal comum


(NaCl) e adicionar excesso de nitrato de prata, obtém-se 1,1000 g de
cloreto de prata. Calcule a porcentagem de cloreto no sal analisado.
Dados: MMNa = 22,99 g/mol; MMCl = 35,45 g/mol; MMAg = 107,87 g/mol;
MMN= 14,01 g/mol; MMo = 16,00 g/mol.
Equação química da reação: NaCl + AgNO3 AgCl + NaNO3
𝒎𝒔
P= x FG x 100
𝒎𝒂
𝑀𝑀𝑎𝑛𝑎𝑙𝑖𝑡𝑜 𝑀𝑀 𝐶𝑙 35,45 𝑔/𝑚𝑜𝑙
FG = =𝑀𝑀 𝐴𝑔𝐶𝑙 = = 0,2473
𝑀𝑀𝑠𝑢𝑏𝑠𝑡.𝑝𝑒𝑠𝑎𝑑𝑎 (107,87 + 35,45) 𝑔/𝑚𝑜𝑙
Cálculos

• Exemplo 3: Ao dissolver em água destilada 0,5000 g de sal comum


(NaCl) e adicionar excesso de nitrato de prata, obtém-se 1,1000 g de
cloreto de prata. Calcule a porcentagem de cloreto no sal analisado.
Dados: MMNa = 22,99 g/mol; MMCl = 35,45 g/mol; MMAg = 107,87 g/mol;
MMN= 14,01 g/mol; MMo = 16,00 g/mol.
Equação química da reação: NaCl + AgNO3 AgCl + NaNO3
𝒎𝒔
P= x FG x 100
𝒎𝒂
1,1000 𝑔
P= x 0,2473 x 100 = 54,41%
0,5000 𝑔
Cálculos

• Pratique 3: Uma amostra de 0,8552 g de uma liga de cobre é


tratada com 8 mols/L de HNO3 e filtrada. O precipitado é
calcinado gerando um resíduo de 0,0632 g de SnO2. Calcule a
percentagem de estanho (Sn) na amostra. Dados: MMSn =
118,71 g/mol; MMo = 16,00 g/mol.
RESPOSTAS: FG= 0,7877
P = 5,82%
Estudo Dirigido

• Livro: Daniel C. Harris – Análise Química Quantitativa


(XEROX)
• Instruções: cada aluno (individualmente) responderá as
questões, que será vistado HOJE. Identifique
corretamente as respostas das questões para não ser
preciso copiar enunciado.

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