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Resumo do trabalho de Direito Processual Civil

Feito por: Leila Africano


Tema: Arrolamento

O arrolamento é uma providência cautelar que consiste na listagem e


conservação de bens móveis, imóveis ou documentos que possam ser
relevantes para uma ação judicial.

Normalmente, é utilizado para evitar a dissipação (desaparecimento),


destruição ou ocultação de provas durante um processo.
Quando um tribunal autoriza o arrolamento, os bens ou documentos listados
são preservados até que a questão principal do processo seja resolvida, com a
intenção de garantir a integridade das evidências e evitar que uma das partes
prejudique o andamento da ação.

O arrolamento consiste na descrição, avaliação e depósito dos bens.

1. descrição: os bens ou documentos em questão são listados detalhadamente,


descrevendo as suas características, identificação e localização.

2. avaliação: pode ser realizada uma avaliação do “valor” desses bens para
determinar seu real montante.

3. depósito: os bens ou documentos são depositados em um local seguro


designado pelo Tribunal, para garantir sua preservação e integridade até que a
questão principal do processo seja decidida.

Isso ajuda a evitar que partes envolvidas no processo prejudiquem ou se


desfaçam desses bens.

Tramitação do arrolamento:

1 - Prova abreviada:

O requerente do arrolamento de bens deve fazer prova abreviada do seu


direito sobre os bens, bem como dos factos em que se baseia o receio da
perda ou desaparecimento dos bens.

A prova abreviada é uma forma simplificada de apresentar evidências, ela


permite acelerar o processo, evitando a produção de provas desnecessárias
quando os factos a provar são incontestáveis ou amplamente conhecidos.

2 - Citação; e dispensa de citação:

Por regra, o requerido deve ser citado do arrolamento de bens para deduzir
oposição antes do decretamento da providência. Porém, em face do elevado
risco de ineficácia ou inutilidade da medida no caso de o requerido ser citado, a
Lei permite que o Juiz tenha margem de liberdade para optar pela dispensa de
citação prévia.
No arrolamento, a citação é usada para notificar oficial as partes envolvidas
sobre o processo. A dispensa de citação pode ocorrer quando todas as partes
concordam com os termos do arrolamento, acelerando assim o processo.

3 - Execução do arrolamento:

Uma vez decretada a medida segue-se a respetiva execução através de um


auto de arrolamento de bens lavrado por funcionário judicial. Terá de constar
do auto, o nome do depositário e o local onde será feito o depósito.

O depositário será, em princípio, aquele que tem a posse ou a detenção dos


bens, a menos que, havendo dúvidas fundadas sobre a possibilidade ou
probabilidade de dissipação de bens, se mostre aconselhável a nomeação de
outro depositário.

A execução do arrolamento ocorre após o tribunal autorizar o arrolamento e a


lista de bens ser elaborada e avaliada. Isso envolve a efetiva preservação e, se
necessário, a venda ou distribuição dos bens arrolados de acordo com a
decisão do tribunal.

4 - Cooperação do requerido, sob pena de litigância de má-fé:

Se as diligências para a localização dos bens a arrolar saírem frustradas o


Tribunal pode mandar notificar o requerido para indicar essa localização, por
força do princípio da cooperação, sendo que, se não o fizer, pode ser
condenado como litigante de má-fé.

A cooperação do requerido é a obrigação de colaborar no processo de


arrolamento, fornecendo informações precisas e cumprindo as decisões do
tribunal. A falta de cooperação pode resultar em acusações de litigância de má-
fé, caso o requerido aja de maneira desleal ou obstrutiva.

5 - Efeitos / consequências do arrolamento:

A providência de arrolamento de bens tem como efeito ou consequência a


indisponibilidade jurídica dos bens, ou seja, a impossibilidade de vendê-los ou
onerá-los (por exemplo, constituindo sobre eles uma hipoteca, no caso dos
bens imóveis ou bens móveis sujeitos a registo - veículos, aeronaves e navios -
ou um penhor, no caso dos bens móveis não sujeitos a registo).

Este efeito mantém até que lhes seja dado o destino devido no processo de
que seja dependência. O descaminho ou destruição dos bens arrolados
constitui o crime de descaminho ou destruição de objetos colocados sob o
poder público, previsto e punido no art. 355.º do Código Penal.
6 - Necessidade de registo na Conservatória:

Os procedimentos cautelares de arrolamento, bem como as providências


decretadas no seu seguimento, estão sujeitas a registo, ainda que não
obrigatório. Contudo, o registo na Conservatória do Registo Predial é condição
necessária à oponibilidade em relação a terceiros.

Em alguns casos, os bens arrolados podem precisar ser registados na


Conservatória de Registo Predial para garantir que terceiros tenham
conhecimento das restrições sobre esses bens durante o processo de
arrolamento.

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