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INSTITUTO SUPERIOR MARIA MÃE DE ÁFRICA

Departemento das ciências humanas e jurídicas

Lincenciatura em Filosofia e Ética

2º ano

Joice Georgina Chivale

Pedro Pascoal filipe

Rojasse Eusébio

William E. B. Du Bois: As almas do povo negro

Cadeira: História da Filosofia Africana

Docente:

Maputo, 27-10-2023
Índice
Introdução..........................................................................................................................2

As almas do povo negro....................................................................................................3

William E. B. Du Bois: Vida e Obras...............................................................................3

Contexto em que Viveu.....................................................................................................4

Dupla consciência..............................................................................................................4

Educação............................................................................................................................5

Justiça e Igualdade.............................................................................................................5

Crítica a Booker Washington............................................................................................6

Religião e espiritualidade..................................................................................................7

Conclusão..........................................................................................................................8

Referência Bibliográfica....................................................................................................9

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Introdução

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As almas do povo negro
“As Almas do Povo negro”, com título original “The Souls of Black Folk” é uma obra escrita
e publicada em 1903 por William Edward Burghardt Du Bois. Ela aborda questões de raça,
identidade e igualdade nos Estados Unidos, ou seja, aborda questões relacionados com a vida
dos afro-americanos e o cotidiano dos afro-americanos. Em outras palavras é uma exploração
profunda da experiência afro-americana e uma crítica a discriminação racial e ao racismo
sistemâtico nos estados unidos.

A obra se divide em 14 capítulos, onde aborda sobre questões como a dupla consciência,
identidade cultural, educação, igualdade e justiça, crítica a Booker Washington, a religião e a
espitualidade.

William E. B. Du Bois: Vida e Obras


William Edward Burghardt Du Bois (1868-1963) foi um proeminente sociólogo, historiador,
escritor e ativista dos direitos civis nos Estados Unidos. Ele nasceu em Great Barrington,
Massachusetts, em uma família que enfrentou pouca discriminação racial devido à sua
ascendência principalmente francesa e holandesa (Du Bois, 1998).

Du Bois estudou na Universidade Fisk e na Universidade de Harvard, onde se tornou o


primeiro afro-americano a obter um doutorado em sociologia. Ele se casou com Nina Gomer
em 1896, e eles tiveram dois filhos. Du Bois teve uma carreira acadêmica e literária notável,
escrevendo extensamente sobre questões raciais, história afro-americana e sociologia (Du
Bois, 1998).

Du Bois é mais conhecido por sua obra "The Souls of Black Folk" (1903), que é uma
exploração fundamental da experiência negra nos Estados Unidos, introduzindo o conceito de
"dupla consciência". E é a obra que será abordada neste trabalho.

Ele também escreveu "Black Reconstruction in America" (1935), um estudo sobre o período
da Reconstrução pós-Guerra Civil nos Estados Unidos. Outras obras notáveis incluem "The
Philadelphia Negro" (1899), "The Gift of Black Folk" (1924), "Dusk of Dawn" (1940) e "The
World and Africa" (1947).

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Contexto em que Viveu
Du Bois viveu durante um período crucial da história dos Estados Unidos, marcado pela
Reconstrução após a Guerra Civil, a segregação racial e o movimento pelos direitos civis. Ele
foi um dos fundadores da Associação Nacional para o Progresso das Pessoas de Cor
(NAACP) em 1909, uma organização dedicada à promoção dos direitos civis dos afro-
americanos.

Du Bois era um crítico ferrenho do sistema de Jim Crow, que impunha leis de segregação
racial no sul dos Estados Unidos. Ele também foi um defensor da educação superior e da
importância da educação para o avanço da comunidade negra. Du Bois desempenhou um
papel ativo na luta pelos direitos civis, na promoção da igualdade racial e na consciência da
história e cultura afro-americanas.

W.E.B. Du Bois foi uma figura influente na luta pelos direitos civis e na formação da teoria
sociológica nos Estados Unidos. Sua vida e obras deixaram um impacto duradouro, e ele é
lembrado como uma das vozes mais importantes na história do ativismo e dos estudos raciais.
Morreu em 1963 em Gana.

Passemos agora a percorrer os principais assuntos elaborado neste livro.

Dupla consciência
A dupla consciência é um dos temas fundamentais tratados no livro “As almas do Povo
Negro” de Du Bois. Este conceito é abordado no primeiro capítulo. Refere-se a experiênia de
os afro-americanos se verem a si mesmos de duas maneiras: como eles se veem e como são
percebidos pelos brancos( Du Bois, p. 39). É uma forma de se sentir duplamente: americano e
negro. Essa dupla consciência é resultado da opressão e da discriminação racial que os afro-
americanos enfrentam em sua vida cotidiana

De acordo com Du Bois, a dupla consciência é uma fonte de tensão e conflito para os afro-
americanos, que precisam lidar com a pressão de se conformar às expectativas da sociedade
branca dominante, ao mesmo tempo em que tentam manter sua identidade e cultura negras
(Du Bois, 1998). Essa tensão é um reflexo da opressão e da discriminação que os afro-
americanos enfrentam em sua vida cotidiana, e é uma das principais razões pelas quais a luta
contra o racismo é tão importante.

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Educação

O tema sobre a educação é essencial para Du Bois. Este tema é tratado no capítulo II e no
capítulo sexto. No capítulo II, Du Bois da necessidade da educação após a emancipação do
homem negro, ou seja, do afro-americano. E no VI destaca a necessidade de uma educação
virada para as humanidades.

Para Du Bois a educação é uma ferramenta para a luta contra a discriminação e a opressão. É
fundamental para o desenvolvimento de uma consciência racial positiva (Du Bois, 1998). Du
Bois defende que a educação deve ser um direito de todos e que deve ser promovida e
incentivada com a colaboração da sociedade, visando ao pleno desenvolvimento da pessoa,
seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho (Du Bois, 1998).

Du Bois critica a "educação bancária", que é aquela que se baseia na transferência de


conhecimento de um professor que tem o domínio do conhecimento para um aluno que não
participa do processo, que seria apenas um receptáculo desse conhecimento, de forma passiva.
Ele argumenta que essa forma de educação não é libertadora e que o sonho do oprimido é ser
o opressor (Du Bois, 1998). Para Du Bois, a educação deve ser libertadora e deve focar na
criança em sua totalidade, enfatizando também a adaptação da criança ao ambiente (Du Bois,
1998).

Du Bois vai mais longe destacando a educação como um processo que deve levar em conta a
totalidade da pessoa, incluindo suas habilidades, atitudes, aptidões e outras capacidades
adquiridas ou inatas.

Justiça e Igualdade

A igualdade e Justiça são temas abordados no capítulo II. Neste capítulo ele debate sobre as
questões sobre os direitos civís e a reconstrução.

Para Du Bois a igualdade não deve ser entendida como uma uniformidade absoluta, mas sim
como uma equidade constante, que não dissociando o direito à igualdade do conceito de
justiça (Du Bois, 1998). A justiça é um equilíbrio que deve ser alcançado por meio da
valorização da diversidade e da luta contra a discriminação e a opressão (Du Bois, 1998). Ou
seja, Du Bois entende que a discriminação e a opressão nascem da desvalorização de alguma
cultura, isto é, na desvalorização das diversidades.

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Para Du Bois a luta pela justiça e igualdade deve ser uma luta coletiva, que envolve toda a
sociedade (Du Bois, 1998), uma vez que a discriminação e a opressão não afetam apenas os
afro-americanos, mas também a sociedade como um todo.

Ele defende que a justiça e a igualdade devem ser promovidas por meio de políticas públicas e
ações afirmativas, que visem a corrigir as desigualdades e promover a inclusão social (Du
Bois, 1998).

Crítica a Booker Washington

Booker Washington foi um lider negro que defendia a assimilação dos afro-americanos na
sociedade branca dominante. Para Washington, citado por Du Bois,os afro-americanos
deveriam desistir de três coisas: força política; insitência nos direitos civis e estudos
superiores para os jovens negros, além de concentrar no ensino técnico, na acumulação de
riqueza e naconciliação no sul (Du Bois, 1998, p. 76)

Em outras palavras o afro-americano deveriam se contentar com os trabalhos manuais e não


buscar a igualdade política e social. Mais ainda, defendia que era necessária a educação e o
trabalho para que ascenção social dos afro-americanos. E por fim, defendia também que os
afro-americanos deveriam adaptar-se a sociedade branca dominante e não lutar contra a
discriminação e a opressão.

Du Bois tesse umas críticas as abordagens de Washington no capítulo III. Para Du Bois a
abordagem de Washington era equivocada e que não levava em conta a realidade da opressão
e da discriminação racial que os afro-americanos enfrentavam em sua vida cotidiana (Du
Bois, 1998). Por outras, “um homem que está destituido de direitos políticos, transformado
numa casta servil e autorizados apenas a mais inexpressiva oportunidade de se desenvolver”
(Du Bois, 1998, p. 77) não seria possivél alcançar efectivo progresso econômico. É necessário
primeiro que se tenha direitos que permitam ter oportunidades iguais para depois desenvolver
economicamente.

Du Bois também critica a posição de Washington de que os afro-americanos deveriam evitar a


luta política e se concentrar na educação e no trabalho argumentando que a luta política é
fundamental para a conquista dos direitos civis e que a educação deve ser libertadora e não
apenas voltada para o trabalho manual (Du Bois, 1998). Assim sendo, os afro-americanos

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devem lutar por seus direitos civis e políticos e que a educação deve ser uma ferramenta para
a luta contra a discriminação e a opressão.

Religião e espiritualidade

Religião e Espiritualidade são temas abordados nos capítulos XIII, onde aborda sobre o papel
da religiãoe da espiritualidade na comunidade afro-americana, e no capítulo XIV, que aborda
sobre a música espiritual negra.

Para Du Bois a religião e a espiritualidade podem ser usadas tanto para a opressão quanto para
a libertação dos afro-americanos (Du Bois, 1998). Du Bois destaca que a religião e a
espiritualidade podem ser usadas para justificar a opressão e a discriminação racial, mas
também podem ser usadas para promover a luta contra a opressão e a discriminação.

É na religião que os afro-americanos se reunem para adorar, buscar conforto espiritual e


encontrar apoio mútuo. Assim a religião ajuda os afro-americanos a lidar com as dificuldades
da segregação e a manter a sua resiliência. Isso porque alguns sermões e canções religiosas
oferecem mensagens de esperança e emancipação, oferecendo assim uma visão de um mundo
melhor.

Porém, Du Bois critica a posição de que a religião e a espiritualidade são suficientes para a
emancipação dos afro-americanos. Ele argumenta que a luta política e a educação libertadora
são fundamentais para a conquista dos direitos civis e políticos e para a luta contra a
discriminação e a opressão (Du Bois, 1998). Assim, defende que a religião e a espiritualidade
devem ser usadas como ferramentas para a luta contra a opressão e a discriminação, e não
como justificativas para a submissão e a aceitação da opressão (Du Bois, 1998). Assim a
religião participa na luta contra o racismo e as descriminações.

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Conclusão
Em gesto de conclusão, podemos dizer que a obra “As Almas do Povo Negro” de Du Bois é
uma importante obra para a emancipação do homem negro. Ela pode ser aplicada em vários
contexto em que ainda se note maior descriminação racial.

É importante notar também que, mesmo que se fale de luta pela igualdade civil ou dos direitos
humanos, não se insenta de colocar a educação e a religião como meios eficazes para alcançar
esses resultados desejados. Assim podemos dizer que a religião não deve ser vista apenas
como uma coisa apenas celestial. Mas também como uma coisa terrena, isto é, que está
presente na vida e na experiência do povo e procura responder aos vários sofrimentos do
povo.

A luta pela igualdade e justiça social são coisas que devem ser feitas por todos. Não deve
haver entre nós quem se faça de indiferente nisso. Mas a justiça que se refere não é a justiça
como igualdade, mas sim como equidade. E essa justiça só pode ser garantida por leis justas.
Por isso é necessária a justiça dentro de uma nação.

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Referência Bibliográfica

Du Bois, W. E. (1998). As Almas do Povo Negro. Porto Alegre .

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