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UNIVERSIDADE SALVADOR

PSICOLOGIA
ESTÁGIO BÁSICO EM PROCESSOS EDUCATIVOS

Alanna Laine W. De Oliveira


Fernanda Mota Ribas
Lais Victoria Gomes de Almeida
Lorena Porciúncula Burgos
Michele Sousa dos Santos
Yasmin Checcucci Ribeiro Rangel

RELATÓRIO DE PRÁTICAS DE ESTÁGIO

Salvador
2022
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Alanna Laine W. De Oliveira
Fernanda Mota Ribas
Lais Victoria Gomes de Almeida
Lorena Porciúncula Burgos
Michele Sousa dos Santos
Yasmin Checcucci Ribeiro Rangel

RELATÓRIO DE PRÁTICAS DE ESTÁGIO

Trabalho apresentado ao componente


curricular Estágio Básico em Processos
Educativos no curso de Psicologia da
Universidade Salvador - UNIFACS, sob a
supervisão da professora orientadora
Cláudia Vaz.

Salvador
2022
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SUMÁRIO
1. Identificação ................................................................................................... 4

2. Apresentação ................................................................................................. 4

3. Objetivo .......................................................................................................... 4

4. Metodologia/procedimento/projeto de intervenção ......................................... 5

5. Análise............................................................................................................ 5

6. Conclusão ...................................................................................................... 6

7. Apêndice ........................................................................................................ 6

7.1. Relatos de prática individual ..................................................................... 6

7.1.1. Alanna Laine ...................................................................................... 6

7.1.2. Fernanda Ribas ................................................................................. 7

7.1.3. Lais Almeida ...................................................................................... 9

7.1.4. Lorena Burgos ................................................................................. 10

7.1.5. Michele ............................................................................................ 13

7.1.6. Yasmin Checcucci ........................................................................... 14

7.2. Projeto de intervenção ............................................................................ 17

8. Referências .................................................................................................. 17

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1. Identificação

Este documento refere-se ao relatório de práticas de estágio e projeto de


intervenção, acerca das atividades realizadas no Hospital de Custódia e Tratamento
do Estado da Bahia, supervisionadas pela professora Cláudia Vaz referente a
disciplina de Estágio Básico em Processos Educativos, da Universidade Salvador -
UNIFACS. Tem a finalidade de descrever o projeto de intervenção proposto e as
atividades realizadas tanto grupais, quanto individuais.

2. Apresentação

O presente projeto visa identificar as questões relacionadas aos internos do


Hospital de Custódia e Tratamento do Estado da Bahia, com enfoque principal nas
questões do autoconhecimento, autopercepção, autorreconhecimento e identificação
de possíveis demandas ligadas à ansiedade no processo de privação da liberdade.
O hospital de Custódia trata-se de um local onde as pessoas que cometeram
atos delituosos e são considerados imputáveis em função de alguma alteração
psicológica é encaminhada, para que sejam realizados exames de sanidade mental
que comprovem ou não aquela condição. No HCT, ocorrem também
acompanhamentos psicológicos e psiquiátricos para tratamento dos internos.

3. Objetivo

O objetivo do projeto de intervenção sobre autoestima, autoimagem e


ansiedade é compreender o desenvolvimento do grupo de internos selecionados em
relação a esses três pontos, identificando suas demandas psicológicas, promovendo
escuta e um diálogo. Além disso, os objetivos específicos são: ajudá-los a desenvolver
uma melhor autopercepção, redução da ansiedade e identificação de demandas.

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4. Metodologia/procedimento/projeto de intervenção

Partindo do pressuposto citado, foi elaborado uma intervenção que foi possível
a visualização dos traços das patologias, comportamentos e a autopercepção dos
internos.
Na primeira atividade foi trazido o método de respiração, o qual tinha como
objetivo ser uma nova estratégia de enfrentamento da ansiedade e do estresse gerado
pelo internamento.
No segundo momento, foi trazido a atividade de desenho e pintura de como
eles viam-se, a partir dela foi possível visualizar a autopercepção dos internos e a
manifestação das patologias nas distorções que foram apresentadas nos desenhos.
No terceiro momento, foi ofertado a pintura de mandalas, que tinha como
finalidade o desenvolvimento da paciência, concentração e criatividade.

5. Análise

A psicoeducação foi utilizada com intuito de ensinar e desenvolver habilidades


nos internos e nos estagiários aplicantes. Tal vertente psicológica visa a melhora do
tratamento do paciente por meio da educação, seja ela social, emocional etc. A
atuação no Hospital de custódia e tratamento psiquiátrico de Salvador respeita,
sempre, as diretrizes da reforma psiquiátrica.
Como autor referente no assunto, estudamos Paulo Amarante em seus textos
a respeito do Projeto de Lei Paulo Delgado, que propõe a extinção dos hospitais
psiquiátricos e sua substituição por outras tecnologias de cuidado em saúde mental.
Para o autor, a questão central está no conceito de desinstitucionalização, em
oposição ao de desospitalização, onde o aspecto da Ética é o fundamental a discernir
os rumos do projeto da reforma psiquiátrica.
Além de Paulo Amarantes, nos apoiamos nos ensinamentos do livro das
Referências técnicas para atuação de psicólogos no sistema prisional. Nesse material
podemos nos basear nas atuações do psicólogo no ambiente prisional, informações
pertinentes para que conseguíssemos desenvolver um trabalho de estágio com
maestria.

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Em consoante com as referências anteriores, fizemos a análise e estudo de
algumas produções acadêmicas da psiquiatra Nise da Silveira. Pois, a médica
buscava combater a intolerância e discriminação contra os doentes mentais e
desenvolvimento de melhora no tratamento deles a partir da arte. Fazendo com que
essa linha de tratamento se alinhe com a psicoeducação, onde buscamos desenvolver
o tratamento com ação medicamentosa controlada, alinhada com o psiquiatra e a ação
terapêutica dos psicólogos.
Com isso, concluímos que a influência dos autores e pesquisadores da área da
psicologia criminal e educacional atuam de forma importante para o desenvolvimento
de novas técnicas de tratamento dos doentes mentais em custódia da justiça.

6. Conclusão

A partir disso, podemos concluir que o estágio foi produtivo para os alunos
envolvidos, pois, a partir dele conseguimos desenvolver habilidades necessárias para
a prática profissional. Embasados com argumentos teóricos e práticos, fazendo com
que nós desenvolvêssemos pensamento criterioso a respeito dos preconceitos
presentes no HCT e a forma como devemos atuar em instituições como essa.

7. Apêndice:

7.1. Relatos de prática individual

7.1.1. Alanna Laine

O Estágio Básico em Processos Educativos foi imprescindível para a minha


formação prática e teórica como futura psicóloga. Foram cinco dias em que estive
presente no Hospital de Custódia e Tratamento - HCT, na datas 26/04, 10/05, 24/05,
26/05 e 31/05, nas duas primeiras datas realizei atendimento e acolhimento com os
internos, na primeira ida foram dois atendimentos um com a professora e orientadora
Cláudia Vaz e o outro com uma colega de estágio, ambos os atendimentos e
acolhimentos foram levados com muita tranquilidade, os pacientes estavam vígeis,
orientados e colaborativos, assim oportunizando uma fluidez em todo o processo.

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Além disso, foi preenchido o documento de acompanhamento psicológico dos
internos, como orientado pela professora Cláudia.
Na segunda data, realizei apenas um atendimento e acolhimento com um
interno em conjunto com outra colega de estágio, o interno também estava vigil,
orientado e colaborativo, foi realizado o preenchimento do documento P.A.I e do
acompanhamento psicológico e ligação com um familiar junto a assistente social.
Após isso, a partir da terceira data foram os projetos de intervenção que promovemos
no HCT com cerca de 6 a 8 homens, as datas do dia 24/05 e 31/05 estive presente
com o meu grupo de estágio realizando oficinas de autocuidado, trazendo como temas
centrais a autoestima, autoimagem e ansiedade.
Foram realizadas duas oficinas onde ensinamos exercícios de respiração,
levamos papéis para eles fazerem um autorretrato e um desenho de mandala para
pintarem, para além disso, provemos diálogos sobre os temas centrais e reafirmamos
a importância do autocuidado para aumento da positividade em relação a autoestima,
autoimagem e redução da ansiedade (junto ao exercício de respiração). Em ambas
as datas, tivemos feedback positivo, todos participaram das atividades e se mostraram
contentes.
No dia 26/05, participei do projeto de intervenção de outro grupo de estágio, foi
promovido um momento de interação e “rememória” trazendo uma pequena festa
junina para as internas do HCT, tudo foi levado com muita animação e as internas
mostraram-se contentes com a proposta e foram bastante participativas.
Todas as minhas idas ao HCT foram bastante proveitosas e promoveram uma
experiência prática bastante enriquecedora onde pude colocar em prática o que
adquiri em conhecimento teórico nas aulas. Tive a oportunidade de preencher
documentos, fazer os atendimentos/acolhimentos, promover oficinas junto aos demais
colegas e manejar com sabedoria cada um desses momentos. Sendo as orientações
e supervisões com a professora e orientadora Cláudia foram importantíssimas para
que essa experiência tenha fluído muito bem.

7.1.2. Fernanda Ribas

O estágio básico em processos educativos foi feito com a orientação da


professora Claudia Vaz, realizada às terças feira no horário de 14h até as 16h. No

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total, foram realizadas quatro visitas para o Hospital de custódia e tratamento de
Salvador nos meses de abril e maio de 2022. Na primeira visita, eu tive contato com
uma psicóloga do HCT que iria preencher o documento PAI (Programa de Assistência
Individualizada) de um paciente e
ela nos chamou para acompanhar o atendimento para ver como funcionava.
O primeiro paciente estava no Hospital a provavelmente uma semana, e nós
três conversamos por cerca de 30 minutos, lembro que ele estava contando uma
história que no início parecia ter muito sentido, mas que no final não tinha como aquilo
ter acontecido. O homem estava um pouco agitado, porém conversava de forma
calma e parecia querer conversar comigo e a psicóloga. Após percebermos que o que
ela falava não tinha muito sentido decidimos não completar o PAI dele porque poderia
ter algumas informações que não seriam verídicas.
No segundo dia de supervisão, no mesmo horário da última vez, às 14h, tive o
contato dessa vez junto com uma colega de sala com mais um paciente que chegou
bastante animado para conversar com a gente e tranquilo. Ele já estava há algum
tempo no HCT, e tinha o desejo de falar com uma amiga. Eu e minha colega
começamos a conversar com ele, e ele nos contou sobre algumas coisas como o jogo
do mico que ele gostava muito de jogar e esse era o motivo que o seu short e blusa
estava riscado com números. Fizemos algumas perguntas sobre os familiares dele e
sobre os amigos, e ele relatava que não tinha filhos, mas tinha uma amiga dos velhos
tempos. No início ele aparentava estar contando uma história que fazia sentido, mas
começamos a perceber no final que ele estava falando algumas coisas que não faziam
sentido, como por exemplo: o seu pai ser o presidente do Brasil. Após o término da
conversa tentamos ligar para a amiga dele junto com a assistente social, sem sucesso.
Ele saiu da sala um pouco chateado, mas entendeu que tínhamos tentado ligar.
No primeiro dia do projeto de intervenção eu não tive como comparecer por
motivos pessoais. O segundo dia do projeto de intervenção, foi realmente muito bom,
e teve a duração de mais ou menos 1:30h. Chegaram 6 pacientes para participar da
nossa oficina, e de início todos eles pareciam animados e assim ficaram até o final da
intervenção. Começamos fazendo uma oficina de respiração e depois explicamos os
benefícios disso para a ansiedade e estresse. Após isso tivemos um momento que
cada paciente deveria desenhar como ele se enxerga, ou seja, um autorretrato. O
terceiro momento foi pedido para eles pintarem uma mandala, e eles aparentemente

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gostaram bastante pois estavam bastante concentrados e alguns pediram um
segundo desenho para pintar. O último momento junto com os pacientes foi de
comermos um cachorro-quente que uma colega tinha preparado para podermos
interagir com eles e receber o feedback deles. Todos disseram que gostaram muito
da intervenção.
Vale lembrar que em todos os dias de estágio foram anotados relatos sobre
tudo que aconteceu no dia do estágio na caderneta que eles possuem no hospital
falando do que foi feito com cada paciente. Durante o período de estágio foi possível
aplicar os conhecimentos aprendidos na matéria com a professora Claudia Vaz, que
foram de muita importância para me auxiliar nas minhas atividades práticas no
Hospital de custódia e tratamento de Salvador. Foi de suma importância poder colocar
em prática os assuntos teóricos que escutamos na sala. Em relação aos pacientes
que foram atendidos no HCT é preciso que eles continuem frequentando as oficinas
que lhe são ofertadas para melhorar a sua questão interpessoal.

7.1.3. Lais Almeida

O estágio básico em atuação psicoeducacional foi de suma importância para o


meu desenvolvimento acadêmico e profissional, pois, a partir dele desenvolvi a
capacidade de preenchimento do P.A.I(Programa de assistência individualizada),
entrevistas, entre outras informações como as obtidas na aula de clínica psicótica com
Dr. Victor e Dra. Andrea. Minha primeira ida ao HCT foi no dia 12/04/2022 no qual
presenciei a ação de preenchimento do P.A.I de um interno, após isso discutimos a
respeito do estado de orientação do mesmo com as psicólogas e outras estagiárias.
A minha segunda ida ao H.C.T aconteceu no dia 27/04/2022 onde fiz atendimento aos
internos que estavam liberados, para que eles entrassem em contato com os
familiares. No dia 18/05/2022 houve a palestra sobre a clínica do psicótico, onde Dr.
Victor e Dra. Andrea abordaram estratégias de tratamento do indivíduo em psicose. A
palestra foi rica em informações e aprendizados, com certeza levarei tais
ensinamentos para minha vida profissional. No dia 28/05/200 nós realizamos o projeto
de intervenção com os internos, por meio de oficinas de autoestima e respiração. Tal
intervenção foi essencial para o meu desenvolvimento, a partir dele pude entender o

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como os pacientes estavam se enxergando e as possíveis ações que poderíamos
desenvolver com eles para que as demandas fossem tratadas.

7.1.4. Lorena Burgos

O estágio básico em processos educativos me agregou muito, principalmente


por ser uma área que tenho muito interesse e penso em seguir futuramente. Antes
mesmo de começar, estava ansiosa por essa experiência e já por meio das aulas da
professora Cláudia Vaz, ouvindo os relatos de casos descritos e estudando os
transtornos mais a fundo, o interesse só aumentou. Já nos primeiros atendimentos,
pude acolher os internos e colocar em prática o que foi estudado e observado. Ao
decorrer dos atendimentos, percebi que estava mais desenvolta. Para agregar, as
supervisões nas quinta-feira, após as semanas de atendimento foi muito esclarecedor
e ajudava bastante. Além dos atendimentos individuais para preenchimento do PAI
(Programa de Assistência Individualizada), tiveram as oficinas. Através das oficinas
terapêuticas pude colocar em prática de forma mais efetiva o projeto de intervenção
proposto, e tivemos êxito, com participação ativa dos internos. Com isso, realizar
esses atendimentos e projetos foram momentos enriquecedores, pois pude sair da
teoria e ir, efetivamente, para prática.
1º dia – 12/04/22
No primeiro momento observamos a professora Claudia atender um interno e
realizar o preenchimento do documento PAI (Programa de Assistência
Individualizada). Após esse momento atendemos um interno. O paciente se
apresentou cooperativo, com nível de atenção espontânea e com orientação
alopsíquica condizente com a realidade. Além disso, não foram observados indicativos
de prejuízo na memória. O pensamento do interno se mostrou organizado, assim
como os processos psicológicos básicos e a sensopercepção. O paciente relatou
residir com a família (pai e mãe) em Água Fria e esporadicamente ir à São Paulo por
conta dos irmãos. Ele relatou começar a fazer o tratamento aos 22 anos em São Paulo
no CAPS de Capão Redondo, onde “tomava uma injeção de 15 em 15 dias”. Quando
foi indagado sobre o motivo de fazer o uso desse medicamento, ele disse não o saber
e acreditava que seria para ajudá-lo a ficar “mais calmo”. Em São Paulo também
trabalhou em um supermercado como assistente durante 2 meses e após esse

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período retornou para Água Fria onde trabalhou ajudando o pai na fazenda. Em
relação ao crime cometido, quando perguntado sobre o ocorrido, ele relatou estar
“bebendo uma caipirinha" até que a sua mãe começou a discutir com ele e então ele
disse para si “calma aí”. Até que, segundo o paciente, o pai “começou a agredi-lo” e
estava “com uma faca na mão” e por conta disso “agiu em legítima defesa”. E por fim,
durante a videochamada realizada com a mãe, a irmã e a tia, ele mostrou minimizar e
não mostrar muita preocupação com o ocorrido.
2º dia – 19/04/22
No segundo dia de visita ao Hospital de Custódia de Tratamento, fizemos o PAI
com dois internos. O primeiro paciente se mostrou bastante cooperativo e sedutor no
que diz respeito à atitude com as entrevistadoras. Apresentou nível de atenção alerta
e ao ser indagado em qual dia estávamos o mesmo relatou não saber por “não ter
calendário” e por conta dos remédios que “faziam ele ouvir vozes”, havendo dessa
forma alterações na orientação alopsíquica. O paciente relatou que essas vozes
diziam para ele “fazer coisas erradas e se matar”. Além disso, relatou acordar
frequentemente assustado durante a noite e orar logo após acordar, mesmo não
sendo muito religioso, segundo ele. O paciente ainda relatou que sua mãe é cristã e
que ele decidiu se afastar da igreja porque “fazia coisas erradas” como beber álcool e
fumar cigarro. No que diz respeito à família, o paciente relatou morar com os pais, o
irmão, o padrasto e sua filha de 2 anos. Em relação à sua filha, alega ter ganhado a
guarda dela, pois a mãe é “irresponsável” e por “ele ter mais condições”. Ele relatou
também que a família está triste com a situação em que ele se encontra. Em relação
à medicamentos, ele relatou nunca ter usado nenhum medicamento antes de chegar
ao Hospital e relatou que fazia acompanhamento psicológico de forma frequente. Ele
alegou que “a família não entende algumas coisas como o psicólogo”. Em relação ao
crime ele relatou o ocorrido de forma parcialmente organizada. Ele relatou
que estava chegando em um ambiente onde havia uns colegas, e que ele
estava em um “carro com paredão”. E com isso, houve uma “confusão” e “os
policiais chegaram detendo-o”. Pode ser visto durante o atendimento a prevalência
nas falas do paciente da questão do mesmo e de sua família “terem condições”.
Após isso, atendemos o segundo paciente e observamos que ele se apresentou
indiferente em relação à atitude com o entrevistador, com níveis de consciência vígil
e de atenção espontânea. O paciente também apresentou nível de orientação

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alopsíquica condizente com a realidade e não foram identificados prejuízos na
memória. O pensamento se mostrou organizado e estruturado assim como os
processos psicológicos básicos. Ele relatou morar com sua “mulher” por 5 anos.
Quando questionado se ela seria sua namorada ou esposa, ele negou e mostrou as
duas tatuagens que tinham em seu braço com o nome dela. Segundo o paciente
ainda, a sua mulher está esperando um bebê seu de 8 meses relatando ser uma
“situação complicada”, e complementou dizendo “tudo no seu tempo”. Sobre a família
ainda, ele alega que após a situação ocorrida, mantêm uma relação ativa com sua
mãe, mas não com seu pai. O paciente foi encaminhado ao HCT, da unidade prisional
de Valença, onde mantinha um regime semiaberto. Nessa unidade prisional o paciente
passou a fazer o uso de medicações, que segundo o mesmo “não faziam bem para
ele”, “diferente das medicações do HCT que possibilitaram a ele dormir”. O paciente
relatou fazer uso de substâncias psicoativas como álcool, maconha, cigarro e cocaína,
complementando que havia parado o uso há 2 anos. Sobre o crime ocorrido não
entrou em detalhes, e de forma geral durante a entrevista não se mostrou
cooperativo e relatou apenas que “foram situações complicadas”.
3º dia – 05/05/22
No terceiro dia de atendimento no HCT, fizemos o PAI com um interno. O
paciente se mostrou cooperativo, com nível de atenção alerta e com orientação
alopsíquica condizente com a realidade. Porém, se mostrou bastante nervoso com
nível de motricidade agitada, por conta de uma situação ocorrida na unidade prisional
que se encontrava, onde foi abusado sexualmente por outros internos. O interno tem
nacionalidade Argentina, onde residia com sua mãe em Buenos Aires. Em certo
momento, veio visitar o pai em Porto Seguro que morava com o seu avô paterno, local
onde ocorreu o crime. Em relação ao crime ocorrido, o mesmo relatou que o avô o
“ameaçava com uma faca” e que um dia quando o mesmo estava dormindo, ele o
matou com facadas no pescoço. O interno não demonstrou preocupação com a
situação. Além da entrevista, entramos em contato com sua mãe através de ligação
de voz que mora na Argentina para explicar a situação e realizamos uma chamada de
vídeo para que o paciente pudesse falar com o pai. Toda a entrevista e o contato com
a mãe do interno foram realizados em espanhol.
4º dia – 17/05/22:

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No quarto dia de ida ao Hospital de Custódia e Tratamento, fomos preencher
relatórios que faltavam sobre internos. Além disso, a psicóloga presente nos levou
para conhecer o interior do Hospital e as salas onde são realizadas as aulas e as
oficinas terapêuticas, incluindo também salão de beleza.
5º dia- 24/05:
Foi realizada a primeira oficina em grupo.
6º dia- 31/05:
Foi realizada a segunda oficina em grupo.

7.1.5. Michele

O Estágio Básico em Processos Educativos foi de suma importância e


aprendizado para a minha formação prática e teórica como Psicóloga. Sendo ele em
um ambiente diferente dos ambientes já apresentados durante o processo de
formação.
Tivemos como base teórica os estudos das patologias, semiologia e as
questões sociais que interferem diretamente para as questões e manifestações das
patologias no sujeito.
Antes das atividades práticas proporcionadas pelo HCT, tivemos
encontros teóricos com a resolução de casos clínicos como forma de preparação e
conhecimento para uma melhor atuação.
A partir disso, foi proporcionado visitas periódicas às terças-feiras das 14:00 às
16:30, sendo que participei de 4 visitas. As três iniciais foram feitas acolhimentos aos
internos com escuta ativa, acessibilidade e comunicação com os familiares.
Tais visitas foram de enriquecimento sem igual, sendo possível visualizar
as manifestações das patologias que até então eram apenas de cunho teórico, além
disso, a escuta clínica foi ampliada e trainada de uma forma mais acolhedora e
empática.
Foi possível identificar de forma prática as diferenças dos sintomas e
diagnósticos já determinados. Ademais, observando e aprendendo o processo de
diagnóstico diferencial nas três visitas realizadas sendo elas nas datas de
19/04,26/04,10/05 e 24/05.

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Na quarta e última visita foi aplicado o projeto de intervenção que tinha
como finalidade a autopercepção, autoestima e estratégias de enfrentamento para a
ansiedade e estresse qual os internos passam diariamente.
Tal dia foi de grande aprendizado para a observação clínica, escuta das
demandas trazidas e aplicação de uma psicoeducação, além disso, foi atualizado os
documentos como o P.A.I dos internos presentes.
Em grande resumo, tal estágio teve papel fundamental e de grande valia
para o aprendizado prático, conhecimento e a aplicação da teoria em diversos
contextos, juntamente com os seus fundamentos.

7.1.6. Yasmin Checcucci

Fazer o estágio no Hospital de Custódia e Tratamento Psiquiátrico de Salvador


foi uma experiência surpreendente e bastante enriquecedora. Realizar os
atendimentos com os internos dando suporte e acolhimento a esses pacientes, bem
como a elaboração de documentos em Psicologia Penitenciária foram atividades que
realizamos na maior parte das visitas, foram grandes contribuições do estágio para a
nossa carreira profissional. Além disso, ao final do estágio, a elaboração e aplicação
do projeto de intervenção a partir dos problemas identificados, realizado através de
oficinas terapêuticas, foi uma experiência extraordinária. Além das aulas práticas, as
aulas teóricas foram muito importantes para termos base e conhecimento suficiente
para realizarmos as atividades de forma mais eficaz, compreendendo melhor os
diagnósticos/ problemas encontrados e saber como manejá-los. Nas aulas teóricas
também pudemos aprender mais sobre os transtornos psicológicos característicos dos
pacientes encontrados no hospital, seus sintomas, e como a psicologia contribui para
o tratamento. Além disso, toda semana tínhamos aula de supervisão com a professora
Claudia Vaz, o que nos ajudou muito a compartilhar nossas experiências, ouvir o seu
feedback como profissional da área, para que assim pudéssemos aperfeiçoar nosso
trabalho nas atividades realizadas no HCT. Portanto, realizar esse estágio foi um
grande aprendizado, onde pudemos usar nosso repertório teórico, colocando-o em
prática e termos a oportunidade de conhecer melhor o sistema prisional e suas
extensões e adversidades no que se refere ao viés psicológico.

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Durante o estágio, foram realizadas 5 visitas ao HCT. A seguir serão detalhadas
as atividades realizadas em cada visita:
1º dia – 12/04/22
No primeiro momento desta visita, observamos a professora Claudia atender
um interno e realizar o preenchimento do documento PAI (Programa de Assistência
Individualizada). Logo após, atendemos um paciente que se apresentou cooperativo,
com nível de atenção espontânea e com orientação alopsíquica condizente com a
realidade. Além disso, não foram observados indicativos de prejuízo na memória. O
pensamento do interno se mostrou organizado, assim como os processos psicológicos
básicos e a sensopercepção. O paciente relatou residir com a família (pai e mãe) em
Água Fria e esporadicamente ir à São Paulo por conta dos irmãos. Ele relatou começar
a fazer o tratamento aos 22 anos em São Paulo no CAPS de Capão Redondo, onde
“tomava uma injeção de 15 em 15 dias”. Quando foi indagado sobre o motivo de fazer
o uso desse medicamento, ele disse não o saber e acreditava que seria para ajudá-lo
a ficar “mais calmo”. Em São Paulo também trabalhou em um supermercado como
assistente durante 2 meses e após esse período retornou para Água Fria onde
trabalhou ajudando o pai na fazenda. Em relação ao crime cometido, quando
perguntado sobre o ocorrido, ele relatou estar “bebendo uma caipirinha" até que a sua
mãe começou a discutir com ele e então ele disse para si “calma aí”. Até que, segundo
o paciente, o pai “começou a agredi-lo” e estava “com uma faca na mão” e por conta
disso “agiu em legítima defesa”. E por fim, durante a videochamada realizada com a
mãe, a irmã e a tia, ele mostrou minimizar e não mostrar muita preocupação com o
ocorrido.
2º dia – 19/04/22
No segundo dia de visita ao Hospital de Custódia de Tratamento, fizemos o PAI
com dois internos. O primeiro paciente se mostrou bastante cooperativo e sedutor no
que diz respeito à atitude com as entrevistadoras. Apresentou nível de atenção alerta
e ao ser indagado em qual dia estávamos o mesmo relatou não saber por “não ter
calendário” e por conta dos remédios que “faziam ele ouvir vozes”, havendo dessa
forma alterações na orientação alopsíquica. O paciente relatou que essas vozes
diziam para ele “fazer coisas erradas e se matar”. Além disso, relatou acordar
frequentemente assustado durante a noite e orar logo após acordar, mesmo não
sendo muito religioso, segundo ele. O paciente ainda relatou que sua mãe é cristã e

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que ele decidiu se afastar da igreja porque “fazia coisas erradas” como beber álcool e
fumar cigarro. No que diz respeito à família, o paciente relatou morar com os pais, o
irmão, o padrasto e sua filha de 2 anos. Em relação à sua filha, alega ter ganhado a
guarda dela, pois a mãe é “irresponsável” e por “ele ter mais condições”. Ele relatou
também que a família está triste com a situação em que ele se encontra. Em relação
à medicamentos, ele relatou nunca ter usado nenhum medicamento antes de chegar
ao Hospital e relatou que fazia acompanhamento psicológico de forma frequente. Ele
alegou que “a família não entende algumas coisas como o psicólogo”. Em relação ao
crime ele relatou o ocorrido de forma parcialmente organizada. Ele relatou
que estava chegando em um ambiente onde havia uns colegas, e que ele
estava em um “carro com paredão”. E com isso, houve uma “confusão”
e “os policiais chegaram detendo-o”. Pode ser visto durante o atendimento a
prevalência nas falas do paciente da questão do mesmo e de sua família “terem
condições”.
Após isso, atendemos o segundo paciente e observamos que ele se apresentou
indiferente em relação à atitude com o entrevistador, com níveis de consciência vígil
e de atenção espontânea. O paciente também apresentou nível de orientação
alopsíquica condizente com a realidade e não foram identificados prejuízos na
memória. O pensamento se mostrou organizado e estruturado assim como os
processos psicológicos básicos. Ele relatou morar com sua “mulher” por 5 anos.
Quando questionado se ela seria sua namorada ou esposa, ele negou e mostrou as
duas tatuagens que tinham em seu braço com o nome dela. Segundo o paciente
ainda, a sua mulher está esperando um bebê seu de 8 meses relatando ser uma
“situação complicada”, e complementou dizendo “tudo no seu tempo”. Sobre a família
ainda, Alissandro alega que após a situação ocorrida, mantêm uma relação ativa com
sua mãe, mas não com seu pai. O paciente foi encaminhado ao HCT, da unidade
prisional de Valença, onde mantinha um regime semiaberto. Nessa unidade prisional
o paciente passou a fazer o uso de medicações, que segundo o mesmo “não faziam
bem para ele”, “diferente das medicações do HCT que possibilitaram a ele dormir”. O
paciente relatou fazer uso de substâncias psicoativas como álcool, maconha, cigarro
e cocaína, complementando que havia parado o uso há 2 anos. Sobre o crime ocorrido
não entrou em detalhes, e de forma geral durante a entrevista não se
mostrou cooperativo e relatou apenas que “foram situações complicadas”.

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3º dia – 05/05/22
No terceiro dia de atendimento no HCT, fizemos o PAI com um interno. O
paciente se mostrou cooperativo, com nível de atenção alerta e com orientação
alopsíquica condizente com a realidade. Porém, se mostrou bastante nervoso com
nível de motricidade agitada, por conta de uma situação ocorrida na unidade prisional
que se encontrava, onde foi abusado sexualmente por outros internos. O interno tem
nacionalidade Argentina, onde residia com sua mãe em Buenos Aires. Em certo
momento, veio visitar o pai em Porto Seguro que morava com o seu avô paterno, local
onde ocorreu o crime. Em relação ao crime ocorrido, ele relatou que o avô o
“ameaçava com uma faca” e que um dia quando o mesmo estava dormindo, ele o
matou com facadas no pescoço. O interno não demonstrou preocupação com a
situação. Além da entrevista, entramos em contato com sua mãe através de ligação
de voz que mora na Argentina para explicar a situação e realizamos uma chamada de
vídeo para que o paciente pudesse falar com o pai. Toda a entrevista e o contato com
a mãe do interno foram realizados em espanhol.
4º dia – 17/05/22:
No quarto dia de ida ao Hospital de Custódia e Tratamento, fomos preencher
relatórios que faltavam sobre internos. Além disso, a psicóloga presente nos levou
para conhecer o interior do Hospital e as salas onde são realizadas as aulas e as
oficinas terapêuticas, incluindo também salão de beleza.
5º dia- 31/05:
Foi realizada a segunda oficina em grupo, na qual participei.

7.2. Projeto de intervenção

8. Referências

FIGUEIREDO, A.L. O uso da psicoeducação no tratamento do transtorno


bipolar. Rev. Bras. de Ter. Comp. Cogn., Campinas-SP, 2009. Disponível em:
https://mediacdns3.ulife.com.br/PAT/Upload/3130902/Ousodapsicoeducao_2022032
3144414.pdf. Acesso em 19/05/2022

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IBIPIANA,A.R.S. Oficinas Terapêuticas e as mudanças sociais em portadores
de transtorno mental. SciELO,2017. Disponível em:
https://www.scielo.br/j/ean/a/dkZ7r95JJwFwQHLnFSx5wmd/?lang=pt# . Acesso em:
19/05/2022

ARAUJO, Fábio Alves Ferreira Maia de; NAKANO, Tatiana de Cássia;


GOUVEIA, Maria Lígia de Aquino. Prevalência de depressão e ansiedade em
detentos. Aval. psicol., Porto Alegre , v. 8, n. 3, p. 381-390, dez. 2009 . Disponível
em <http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1677-
04712009000300010&lng=pt&nrm=iso>. acessos em 13 jun. 2022.

MARIA, M. L. dos S. de; COSTA, R. F. da. ANSIEDADE E DEPRESSÃO EM


DETENTOS. UNIFUNEC CIÊNCIAS DA SAÚDE E BIOLÓGICAS, Santa Fé do Sul,
São Paulo, v. 3, n. 6, p. 1–11, 2020. DOI: 10.24980/ucsb.v3i6.4093. Disponível em:
https://seer.unifunec.edu.br/index.php/rfce/article/view/4093. Acesso em: 13 jun.
2022.

BORBA, D. M; CORREIA, I. C. M. REINTEGRAÇÃO SOCIAL: ESTRATÉGIAS


DE INTERVENÇÃO JUNTO AOS ENCARCERADOS. [s.l]; [s.d]. Disponível:
<http://www.susepe.rs.gov.br/upload/1326887807_Reintegracao%20Social.pdf>.
Acesso em: 16 jun. 2022

LAZANHA, T. R et al. A IMPORTÂNCIA DA AUTOESTIMA E AUTOIMAGEM


NO DESENVOLVIMENTO HUMANO: ANÁLISE DE PRODUÇÃO CIENTÍFICA. [s.l];
[s.d]. Disponível: </https://conic-semesp.org.br/anais/files/2016/trabalho-
1000022894.pdf>. Acesso em: 16 jun. 2022.

Brasil. Lei n° 10.216, de 06 de Abril de 2001,


Dispõe sobre a proteção e os direitos das pessoas portadoras de transtornos
mentais e redireciona o modelo assistencial em saúde mental .

Brasil. Lei 7.209, de 07 de dezembro de 1940 , ART, 96 , Capítulo VII


da reabilitação, Código Penal.

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CFP. INSPEÇÕES AOS MANICÔMIOS. Disponível em:
https://site.cfp.org.br/publicacao/inspecoes-aos-manicomios-relatorio-brasil/. Acesso
em: 16 de junho de 2022.

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