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CENTRO UNIVERSITÁRIO DO TRIÂNGULO - UNITRI

CURSO DE PSICOLOGIA

Gabriela Ferreira Fraga

RELATÓRIO ESTÁGIO SUPERVISIONADO VI -


CLÍNICA

Uberlândia
2022
Gabriela Ferreira Fraga

RELATÓRIO ESTÁGIO SUPERVISIONADO VI -


CLÍNICA

Relatório de atividades apresentado ao curso de


Graduação em Psicologia como requisito parcial
para aprovação na disciplina Estágio
Supervisionado ministrada pelo(a) Prof(a).
Suziane de Cássia Almeida Lemos.

Uberlândia
2022
SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO................................................................................................... 4

2. REFERENCIAL TEÓRICO................................................................................. 5

2.1 O modelo psicanalítico ................................................................................. 5


2.2 A transferência ............................................................................................. 6
2.3 O espaço terapêutico .................................................................................... 8
3. O CASO CLÍNICO.............................................................................................. 10

3.1 Dados do paciente ........................................................................................ 10


3.2 Descrição da queixa ..................................................................................... 10
3.3 Contextualização e histórico do paciente ..................................................... 11
3.4 Hipótese diagnostica ..................................................................................... 11
3.5 Análise e discussão de caso .......................................................................... 12
4. CONSIDERAÇÕES FINAIS............................................................................... 14

5. REFERÊNCIAS................................................................................................... 16

APÊNDICES........................................................................................................ 17
4

1. INTRODUÇÃO

A disciplina propõe como objetivo geral a inserção do aluno no campo da


psicologia clínica, relacionando suas diversas formas terapêuticas e os espaços clínicos
possíveis. Realizando um trabalho teórico-prático, através da proposta do estágio, com
supervisão semanal, procurando demonstrar as concepções teórico-metodológicas que
norteiam a prática profissional no campo da psicologia da saúde mental e ampliar o
conhecimento sobre o trabalhoprático do psicólogo na clínica da recepção.
O estágio supervisionado foi realizado na faculdade UNITRI (Centro
Universitário do Triângulo), onde se encontra também o Núcleo de Psicologia Aplicada
(NUPA), que presta serviço de forma gratuita à comunidade. É um programa para prática de
estagio do curso de psicologia.
O Núcleo De Psicologia Aplicada - NUPA engloba os atendimentos
psicoterapêuticos em atendimento à demanda da comunidade através de encaminhamentos
da Rede Municipal de Saúde Mental, a demanda interna através de encaminhamentos feitos
por professores e estagiários, buscando desenvolver um trabalho multiprofissional e
interdisciplinar.
O Núcleo de Psicologia Aplicada também desenvolve atendimentos
psicoterapêuticos individuais e em grupo, Programas de Orientação Vocacional/Profissional,
voltados para a comunidade interna e externa, além das Oficinas de Dinâmicas de Grupo,
oferecidas para alunos de todos os cursos da UNITRI e para os funcionários.
É regulamentada pela RESOLUÇÃO DO CONSELHO FEDERAL DE
PSICOLOGIA (CFP N°010/05) onde diz que devemos manter sigilo total de todas as
informações do paciente, incluindo documentos e prontuários. Caso o atendimento seja
interrompido, devemos arquivar os documentos e manter o sigilo sempre.
O acompanhamento não é feito apenas com os estagiários, existe toda uma rede
de apoio de professores, secretaria, preceptores, que acompanham de perto as demandas, os
atendimentos. A preceptoria acontece de forma semanal, onde como requisito, para fazer os
atendimentos semanais, precisa estar nna preceptoria semanalmente, não podendo atender
sem a monitoria.
Os atendimentos acontecem de forma sigilosa, onde todas as diretrises são
seguidas com ética, como dito, acompanhado por supervisores/preceptores. De acordo com
o código de ética, o estagiário não pode atender conhecidos, pois, isso pode interferir
negativamente no atendimento. O conhecido pode se sentir desconfortável por estar expondo
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sua vida para alguém que o conhece.


O estágio propôs a escolha da abordagem a seguir, onde foi separado grupos de
acordo com a escolha especifica. Nesse caso, a escolha foi a abordagem psicanalitica, onde
todo o atendimento, estudo, supervisões e etc, foram compreendidos a luz da psicanalise.
Com isso, além do atendimento e supervisões, foi separado também, plano de estudos para
uma melhor compreenção do caso.

2. REFERENCIAL TEÓRICO

2.1 O Modelo Psicanalítico

Para uma melhor compreensão sobre o processo psicanalítico e como ele se dá no setting
terapêutico, precisamos entender primeiro como é o seu funcionamento e do que se trata a
abordagem psicanalítica com foco na clínica. Um pouco sobre como Sigmund Freud e outros
teóricos como: Winnicott e Melanie Klein desenvolveram teorias e técnicas na psicanalise para
que hoje tivéssemos uma base rica de informações para a clinica na atualidade.
Sigmund Freud é considerado o criador da psicanalise/ pai da psicanalise. Ele foi um
neurologista que conseguiu aprofundar de forma crucial nos processos da mente, com várias
contribuições e diversos estudos sobre o funcionamento psíquico. A partir dele, esse estudo vai
nos trazer como se dá a terapia na psicanalise e como ela é, do tempo da sessão à diagnósticos.
Ele que aprofundou na dinâmica e funcionamento psíquico, através do seu
conhecimento, não só enquanto surgimento da psicanalise, mas como neurologista também.
Através dele compreendemos então toda a dinâmica psíquica, como por exemplo: o id, ego e
superego.
Durante os anos de 1912 a 1915, Freud recomendou cinco regras para exercer a
psicanálise; regras mínimas que seriam necessárias para o processo psicanalítico: a regra
fundamental ou regra livre de associação de ideias, regra da abstinência, a da neutralidade, da
atenção flutuante e a do amor à verdade. Ele instruía que seus pacientes contassem tudo o que
viessem a cabeça para sem que omitissem nada e com isso forçava a “livre associação de
ideias”:
“O paciente deve se colocar em uma posição de “atenta e
desapaixonada auto-observação”; 2) comprometer-se com a mais
absoluta honestidade; 3) não reter qualquer ideia a ser comunicada,
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mesmo quando ele sente que ela é desagradável, quando julga que ela é
ridícula, não tão importante ou irrelevante para o que se procura”
(ZIMERMAN, 2008, p. 74).

2.2 A Transferência

Quando falamos do atendimento clínico a luz da psicanalise, não se pode deixar de


mencionar a importância da transferência no setting terapêutico. Fala-se da transferência pois
ela é um dos nossos principais meios analíticos e de grande importância no atendimento a luz
da psicanalise.
A técnica psicanalítica pode ser difícil de definir e entender, em função da ação do
inconsciente e da transferência, mas podemos entender que não existe um "eu" que permaneça
independente do mundo e dos vínculos dependentes que elaboram o ego, tanto na sua
particularidade do mundo interno, quanto na parte mais superficial do aparelho psíquico. O
vínculo transferencial reformula muito da história do analisando e, por meio dele, o sujeito sente
o impacto de uma contínua transformação de sua própria singularidade e subjetividade
(FREUD, 1912).
Freud (1916) diz que transferir é uma aptidão humana por excelência, presente não
somente na relação analítica, mas em inúmeras outras situações de interação familiar/social.
Ocorre quando o sujeito passa a se interessar por tudo o que tem a ver com o analista, podendo
ser entendida como uma repetição de padrões afetivos construídos na infância e expressões da
relação com a falta; o que desenham as modalidades de relações objetais. Podendo ser entendida
como uma transferência “negativa”, ou seja, as situações vivenciadas na infância são
transferidas para a figura do analista.
Considera-se também que a transferência é da mesma natureza que a resistência de
recalcar, tem transformações no processo clinico ou no processo de análise, na medida em que
consegue estimular um recalcamento que deveria apenas ser recordado. “Pode-se entender que
a resistência de transferência é o mesmo que a resistência de recalcamento”, só que referida ao
analista e à situação analítica (FREUD, 1912, p.67).
Ao falar a respeito da transferência, Freud (1920) usa pela primeira vez o termo
compulsão à repetição, que nada mais são que experiências reprimidas, das quais o analisando
não se pode recordar, mas que são repetidas como vivências atuais ao longo da relação analítica.
A repressão, assim como a resistência (que se opõe ao retorno do recalcado) podem ser
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compreendidas como estar disponíveis a serviço do princípio do prazer: elas têm como objetivo
não ir de encontro ao desprazer que seria aflorado se as representações reprimidas tornassem
conscientes. Portanto, a oposição à recordação, levada a cabo pela resistência, está totalmente
a serviço do princípio do prazer.
Vários teóricos dentro da clínica psicanalítica entendem a transferência de forma
similares e contribuem com várias questões acerca dessa questão. Sobre transferência na clínica
psicanalítica entre analista-analisando, não falamos somente de uma verdade absoluta do
inconsciente do analisando por meio da relação com o analista na clínica, assim como também
não nos referimos a um saber divino já presente no analista. A verdade é que, “ambos, analista
e analisando, são pesquisadores-produtores dessa tal verdade” (GARCIA-ROZA, 1994, p. 10),
cada um fazendo morada em um lugar diferente e específico dentro deste processo na qual
norteia nesse espaço dentro da clínica psicanalítica. Como contribui Lacan, “a transferência é
um fenômeno em que estão incluídos, juntos, o sujeito e o psicanalista” (LACAN, 1964, p.
219).
A transferência tem ligação objetal com raiz na infância, é inconsciente, e, portanto,
irracional, que “confunde o passado com o presente, o que explica o seu caráter de resposta
inadequada e inapropriada”, Trata-se de um movimento universal e primitivo (FREUD, 1912,
p.64). Talvez seja isso o que Freud quer dizer quando afirma que nada é melhor do que
transferirpara evitar a recordação e, em seguida, que a transferência é o que condiciona a
resistência.
Freud (1918) consolidou que, à medida que o tempo passa, o paciente se tornará
extremamente resistente ao progresso de análise, se beneficiando muitas vezes à resistências
cada vez mais eficazes contra os avanços clínicos. É na tentativa de recorre-las que Freud fala
sobre um tempo para a conclusão do processo de tratamento. Nesse contexto ele entra no campo
do manejo clínico que tem como função a superação das resistências do paciente ao progresso
da análise. Ou seja, o prazo estipulado aparece como um recurso para a superação das
resistências, um manejo que deve ser necessariamente inserido no seio da transferência.

2.3 O Espaço Terapêutico

A terapia é de grande importância na vida de um sujeito, principalmente quando nos


deparamos com uma condição onde está difícil a organização psíquica, a elaboração e
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organização de si mesmo, e o acumulo de informações que acabam se agravando para outros


sintomas.
Winnicott (1945, p. 220) diz que “O trabalho do analista é percebido como sendo
realizado a partir do amor pelo paciente, sendo o ódio desviado para as coisas que merecem ser
odiadas” o analista precisa perceber os sentimentos do seu paciente, mesmo que seja expresso
de forma lúdica no brincar.
Winnicott (1955) diz que o analista deve adotar os princípios básicos da psicanalise
e deixar que o inconsciente do paciente lidere o processo seguido pelo analista. Ao lidar com
a regressão, o analista deve estar preparado para seguir o processo inconsciente do paciente.
É interessante dentro desse espaço analítico falar sobre a importância da terapia,
entender o sujeito, analisando e o analista dentro desse espaço cheio de sentimentos e
elaborações sendo feitas, tanto do analisando quanto do analista. Nesse espaço, um não funciona
sem o outro.
Ele descreve que quando o analista é suficientemente bom na adaptação às
necessidadesdo seu paciente, é notável pelo analisando com que ele tenha esperança sobre o
seu verdadeiro eu, podendo assim experimentar viver esse verdadeiro si mesmo
(WINNICOTT, 1995).
Assim, um dos autores que também fala muito desse lugar é Winnicott (1955, p. 395),
na qual diz que “O comportamento do analista, por ser suficientemente bom em matéria de
adaptação as necessidades, é gradualmente percebido pelo paciente como algo que suscita a
esperança que o verdadeiro eu, poderá finalmente correr os ricos implícitos em começar a
experimentar viver”.
É necessário que o analisando passe por processos dentro da clínica. Entender em um
primeiro momento a sua demanda e o motivo da procura. Esse processo envolve acolhimento,
escuta e atenção que são alguns aspectos e cuidados importantes para chegarmos à análise.
É interessante entender esse processo de análise dentro da clínica psicanalítica e como
os teóricos norteiam de forma diferente para que seja um acompanhamento que tenha êxito.
Winnicott contribui muito dentro dos processos onde envolve a clínica contemporânea.
Dentro da analise existem objetivos e fases segundo o autor citado, a serem seguidas de
acordo com a espontaneidade do que vai surgir e acontecer. E, no que se diz transferência,
objetivo no trabalho da análise é deixar o paciente trazer para a consciência o que estava no
inconsciente por meio da transferência, que vai ser importante no processo da análise; Winnicott
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(1955, p. 395) diz que “quando há um ego intacto e o analista pode ter certeza sobre a qualidade
dos cuidados iniciais, o contexto analítico revela-se menos importante que o trabalho
interpretativo".
Winnicott (1983, p. 154) apresenta três fases no tratamento: A primeira fase, o analista
mostra apoio ao paciente e faz com que ele se sinta bem. Na segunda fase, o paciente sente
confiança no analista e ocorre todo tipo de experimentação por parte do paciente. Na terceira
fase, o paciente passa a revelar suas características individuas e vê a naturalidade do sentimento
de existir por si mesmo.
Podemos enxergar a clínica como “a construção de um espaço onde o intrapsíquico seja
priorizado, a singularidade respeitada, e a implicação do sujeito em seu padecimento possa ser
escutada” (DOCKHORN E MACEDO, 2008, p.14). Segundo as autoras, procura-se, dessa
forma, possibilitar trocas intersubjetivas ricas e menos fugazes, possibilitando um espaço onde
o desejo possa ser reconhecido e o sujeito também se reconheça como ser desejante. O analista,
nesse espaço de subjetividade, oferece ao analisando recursos de acesso singulares que façam
sentido para a sua história.
Na psicanalise, é necessário que o analisando passe por processos dentro da clínica.
Entender em um primeiro momento a sua demanda e o motivo da procura até nós, que
identificamos como o motivo da queixa do paciente, o que o levou até ali, quais os sintomas,
qual a sua dor e etc. Esse processo envolve acolhimento, escuta, atenção, foco naquilo que o
paciente trás em grande e pequena escala, que são alguns aspectos e cuidados importantes para
chegarmos à análise.
O tempo de uma análise vai variar, nunca se iguala de um paciente para outro. Na sessão
existem fatores que vão contribuir não só com uma boa analise, mas com o tempo em que ela
vai durar. Alguns deles são: a transferência, as identificações com o analista, o tempo em que
vai levar para de fato entrar na análise. Esse tempo precisa ser respeitado pelo analista, mesmo
que aconteça lentamente. Principalmente quando falamos de transferência (WINNICOTT,
1975).
Na psicanalise, é necessário que o analisando passe por processos dentro da clínica.
Entender em um primeiro momento a sua demanda e o motivo da procura até nós, que
identificamos como o motivo da queixa do paciente, o que o levou até ali, quais os sintomas,
qual a sua dor e etc. Esse processo envolve acolhimento, escuta, atenção, foco naquilo que o
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paciente trás em grande e pequena escala, que são alguns aspectos e cuidados importantes para
chegarmos à análise.
O tempo de uma análise vai variar, nunca se iguala de um paciente para outro. Na sessão
existem fatores que vão contribuir não só com uma boa analise, mas com o tempo em que ela
vai durar. Alguns deles são: a transferência, as identificações com o analista, o tempo em que
vai levar para de fato entrar na análise. Esse tempo precisa ser respeitado pelo analista, mesmo
que aconteça lentamente. Principalmente quando falamos de transferência (WINNICOTT,
1975).
Partindo do referencial teórico da psicanálise, é ilusório assegurar que o analista tenha
seu trabalho apoiado em uma escuta de técnica objetiva sem o reconhecimento da subjetividade.
Em Construções em análise (1937), Freud aponta como tarefa do analista completar fragmentos
da história psíquica do paciente, num trabalho de tornar consciente o material reprimido. Diz
respeito a um trabalho de elaboração por parte do analista, para além da interpretação:
O analista completa um fragmento da construção e o comunica ao
sujeito da análise, de maneira a que possa agir sobre ele; constrói então
outro fragmento a partir do novo material que sobre ele se derrama, lida
com este da mesma maneira e prossegue, desse modo alternado, até o
fim (FREUD, 1937, p.279).

3. CASO CLÍNICO

3.1 Dados do Paciente

Paciente G, na qual nos referimos atualmente tem 17 anos de idade, atualmente não
trabalha, a mesma ainda é estudante (2° ano do ensino médio), solteira. Se considera Cisgênero
e atualmente se identifica como bissexual.

3.2 Descrição da Queixa

A primeiro momento, paciente G nos trás uma queixa sobre uma sintomatologia já
nomeada e norteada em seu contexto familiar, que é a ansiedade. A mesma nos primeiros
minutos da primeira sessão já retrata abertamente sobre como lida com esses sintomas no seu
dia a dia e como ele estava afetando seus meios sociais. Os sintomas quando ela tem algum
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acontecimento inesperado são: tremedeira, batimento cardíaco acelerado, sudorese, tontura e


falta de ar. Sendo ele mais identificado em contextos escolares e com menos queixa em
contextos familiares.

3.3 Contextualização e Histórico do Paciente

G nos relata um pouco de como funciona sua dinâmica familiar. Atualmente ela mora
com a mãe, 2 irmãos e o seu padrasto, sendo um desses irmão filho desse padrasto e o outro
irmão por parte de mãe e pai do primeiro casamento da mãe.
Sua relação com os irmãos é ótima e com sua mãe também é muito boa, uma relação de
muito companheirismo, compartilham da vida uma com a outra e diz que sua mãe sempre do
muito apoio para ela na vida, e em especial, a mãe que direcionou a filha a participar dos
atendimentos no NUPA por já conhecer o trabalho que é feito na instituição.
Em contra partida, sua relação com o padrasto não é muito interessante, G diz não
concordar com coisas que ele faz com sua mãe e que já houve até uma traição na relação na
qual afetou muito a sua mãe e que G não consegue perdoar o mesmo por isso, por causar o
sofrimento da mãe. G diz que entre eles já foi resolvido, mas ela não conseguiu perdoar e que
é tudo bem para ela não falar com ele morando no mesmo local.
Sua relação com o seu pai também é tranquila, a mesma vai para a casa dele com o irmão
de 15 em 15 dias de acordo com o compartilhamento da guarda. Diz que as vezes fica triste
quando ele não consegue buscar, mas que entende em parte as questões pessoais do seu pai,
onde eles conversam muito sobre isso.
G fala muito em suas sessões sobre a escola e seus amigos, onde entre eles possui um
trio de amizade com mais duas amigas que ela gosta muito, mas com alguns pontos que ela
acha muito ruim. Entre esses pontos, é a questão de uma das amigas sempre fazer comentários
da qual ela não se agrada, comentários como “cabelo de molinha”. A paciente até então não a
responde quando fala comentários como o exemplo.
G, nunca identificou nenhuma sintomatologia além dessas descritas, não possui
nenhuma doença e não se medica. Nunca se consultou com o médico referente a esses sintomas,
mas disse que a mais ou menos um ano atras já foi a um psicólogo do NUPA.

3.4 Hipótese Psicodiagnóstica


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Em um primeiro momento nas sessões, foi investigado mais sobre a ansiedade, já que
era a queixa inicial da paciente G até então. De acordo com os relatos da paciente, se entende
que toda a sintomatologia se assemelha de fato com a ansiedade generalizada, onde os sintomas
são: tremedeira, batimento cardíaco acelerado, sudorese, tontura e falta de ar.
O transtorno de ansiedade generalizada vem de preocupações excessivas na maioriados
dias, como por exemplo, irritabilidade e fatigabilidade (Dalgalarrondo, 2019, p. 646). Pode se
identificar dentro desse quadro, possíveis resquícios de uma ansiedade existencial.
Em hipótese, pode se entender que essa ansiedade está relacionada a fatores externos
dentro de cobrança dos familiares com estudos e comentários que acontecem na escola, onde a
mesma não consegue se posicionar diante disso, apenas escutar e guardar para si
(DALGALARRONDO, 2019 p. 306).

3.5 Análise e Discussão do Caso

Muito foi dito sobre a transferência nesse estudo e é muito interessante quando acontece
a transferência no caso atendido, e com a paciente não foi diferente. Foi criado um vínculo
muito dinâmico e uma parceria agradável durante o atendimento, onde a paciente se sentiu
muito a vontade. Segundo Freud (1912, p.61) “a transferência é um fenômeno inevitável do
tratamento psicanalítico (...) se a transferência não pode ser evitada, é porque o paciente a utiliza
como um recurso a fim de que o material patogênico permaneça inacessível”.
Como a queixa inicial foi a ansiedade, em um dos momentos foi perguntado a G, onde
essas crises de ansiedade aconteciam com mais frequência e, a resposta foi: “na escola”. Então
a partir disso foi investigado todo o contexto envolvido referente a ansiedade e o que havia
acontecido antes desses sintomas surgirem, se foram no mesmo dia em que aconteciam
comentários e eventos com as amigas, na qual a mesma não gostava, ou em outros momentos
na qual não se relacionavam de forma alguma.
Com o decorrer do caso, os relatos foram mudando um pouco a dinâmica e G parou um
pouco de falar sobre a ansiedade como nas duas primeiras sessões, a partir daí, começou a
falar mais sobre como funciona o seu siclo de amizade (o trio de amigas) na qual a mesma se
refere dessa forma.
Referente aos comentários dito acima, para G, além de comportamentos e falas na qual
as amigas reproduzem (que a mesma identifica como preconceituosas), existe um lado na qual
a mesma relata, que é: sentir-se insuficiente em tarefas que vai realizar, seja, falar um não, ou
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tirar uma nota na menor que esperava, pensar que o outro é sempre melhor que ela e tiram
notas melhores.
G, passa por momentos de angustia na escola na qual a mesma não conseguia dizer para
pessoas que gostava sobre o desprazer com os comentários indevidos, o que poderia estar
interferindo na sintomatologia descrita por ela, que é a ansiedade. Freud diz que é a angustia
também pode ser intensificada em pessoas neuróticas (sentem mais) desse desprazer (FREUD,
2016).
Em relatos da paciente G, é nítido a forma com que a angustia é sobreposta nos
acontecimentos de desprazer que surgem diante dos comentários de pessoas, na qual ela
demonstra gostar muito. E é interessante a relação que essa angustia se da nos traços de
personalidade de G quando Freud fala sobre neurose (FREUD, 1916).
É muito desafiador e angustiante para G passar por esses momentos com as pessoas na
qual ela considera amigas, e na qual a mesma demonstra que é reciproco por parte delas, esses
momentos desafiadores em que G não poderia dizer que não gostava dos comentários a
deixava muito desorganizada, o que pode se relacionar com a sintomatologia. A angustia se
relaciona também como um tipo de alarme de algum perigo (FREDU, 1916).
Freud (1915) diz também que a pulsão é um estado de tensão do ser humano. Por conta
dessa tensão o indivíduo passa a ter uma meta que é sempre procurar a satisfação. A satisfação
é alcançada assim que essa tensão é interrompida. Toda pulsão tem um objeto, que não
necessariamente é um objeto material, porém, é neste objeto que a meta de satisfação é
alcançada.
O objeto de uma pulsão é aquele junto ao qual, ou através do qual, a pulsão pode alcançar
sua meta. Por fonte da pulsão entende-se o processo somático em um órgão ou partedo corpo,
cujo estímulo é representado na vida anímica pela pulsão (FREUD, 1915).
Em “Além do Princípio do Prazer”, (1920, pg. 126), diz que a “angústia” vai designar
um estado de expectativa do perigo e preparação para ele. O “medo” vai precisar queexista
um determinado objeto.
Em sessão, muito foi falado sobre como esses comentários na qual G escutava de
pessoas que ela considera amigas interferiam na sua vida e sintomas nos últimos anos. G
chegou em uma das últimas sessões trazendo o relato sobre como foi a conversa com essas
amigas e uma delas em especifico, sobre comentários e comportamentos na qual ela não se
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identificava e não gostava, onde foi muito compreendida pelas amigas e já relatou que houve
diferença em sua amizade.
Por muitas das vezes é perceptível com os estudos de Freud sobre a angustia, a
semelhança com os relatos em que G conta também sobre como se comportava com mudanças
de humor repentina com fuga, se isolando dos assuntos de roda para ficar somente com a
própria companhia (FREUD, 1916).
Nas duas ultimas sessões foram conversas tranquilas sobre como ela está lidando com a
escola, e que não estaria mais com os sintomas na qual estava antes e que desde quando
começou a ir no atendimento já melhorou muito as suas relações, não só entre o “trio”, mas,
com novas amizades, com o pai.
É interessante perceber como o acolhimento e escuta por si só já fizeram com que G
pudesse se organizar e se encorajar a falar sobre o que não gostou e expor as suas angustias,
para que pudesse entender e sentir de forma leve a vida.

4. CONSIDERAÇÕES FINAIS

O atendimento realizado foi um desafio agradável, onde nos foi dado um espaço para
conseguir colocar em prática tudo aquilo que aprendemos até aqui. Onde conseguimos aprender
também na prática como funciona a dinâmica de um atendimento clinico a luz da psicanalise
que foi a abordagem de escolha.
O mais interessante ao meu ver sobre esse estágio foi pode compartilhar do caso com a
preceptora através das supervisões e ter outra percepção do mesmo caso sobre um olhar de
quem já tem experiencia no meio analítico e psicanalítico, como foi com a Preceptora. Foi uma
experiencia muito agradável enquanto preceptoria.
Dentre as coisas interessantes, vale muito a pena dizer sobre a experiencia não só quanto
a preceptoria individual, mas sim como um grupo, pude escutar e entender várias perspectivas
diferentes sobre casos diferentes, onde pude fazer comentários construtivos e pude receber
também do mesmo.
O atendimento com adolescente me fez repensar o quanto esse publico pode ser
interessante em atender e o quanto de informação eles podem nos trazer enquanto visão de
mundo. Pude aprender muito também com a paciente em si (que era adolescente), e um pouco
de como funciona a visão de mundo deles dentro do que mundo na qual eles estão inseridos
(que são diversos).
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Os primeiros atendimentos com a paciente aconteceram nas salas no NUPA, um lugar


bem aconchegante e arejado, todas as salas com ar-condicionado. Gostei muito do preparo e de
toda a organização e funcionamento do local enquanto clínica, tanto das pessoas quanto do
espaço organizado.
Assim como tive experiencias boas, também tive experiencias ruins, mas somente de
uma questão. Em um certo dia foi preciso que a paciente trocasse de dia para ser atendida, e
como não tinha mais salas disponíveis nós fomos encaminhadas então para a sala 3 do
psicossocial, um lugar não tão agradável para atendimentos pois: cheiro não é agradável,
ventilação, limpeza, e etc, também não. Encontramos marimbondos no local e mudamos para a
sala 2 também com as mesmas questões.
Pontuei as salas do psicossocial pois acredito que não seja um lugar agradável para
continuar os atendimentos. Após esse ocorrido conseguimos sala novamente no NUPA, (ainda
bem rs).
Com tudo, agradeço muito em ter participado desse estágio no NUPA, e estou ansiosa
para iniciar o estágio no meu último semestre no próximo ano. Agradeço ao NUPA, a
professora a preceptora pela oportunidade e atenção para que esse estágio acontecesse de forma
agradável.
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REFERÊNCIAS:

DALGALARRONDO, Paulo. Psicopatologia e semiologia dos transtornos mentais – 3.


ed. Porto Alegre: Artmed, 2019.
DOCKHORN, C., & MACEDO, M. (2008). A complexidade dos tempos atuais: reflexões
psicanalíticas. Revista Argumento e Psicologia, 26, 217-224.
GARCIA-ROZA, L. A. (1994). Os amantes da Sophia: Escuta e releitura. Psicologia e
Psicanálise, 9-13.
FREUD, S. (1908) O Poeta e o fantasiar, In: Arte, literatura e os artistas – Obras
incompletas de Sigmund Freud. Belo Horizonte: Autêntica, 2015.
FREUD, S. Além do Princípio do Prazer. L&PM Editores, 1920.
FREUD, S. O inconsciente. In: FREUD, S. Edição standard brasileira das obras completas de
Sigmund Freud. Rio de Janeiro: Imago Editora, 2006. v. 14. Publicado originalmente em 1915.
FREUD, S. Conferências introdutórias á psicanalise. Companhia das Letras. São Paulo. 2014.
LACAN, J. (1985). O seminário. Livro 11. Os quatro conceitos fundamentais da psicanálise.
Rio de Janeiro: Jorge Zahar. (Trabalho original publicado em 1964).
LACAN, J. Notas sobre a criança (1969). Outros Escritos. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed,
2003, p. 369-370.
WINNICOTT. D. W. Táticas e técnicas psicanalíticas: D.W. Winnicott. Porto Alegre: Artes
Médicas, 1995.
WINNICOTT, D. W. (1971). O brincar e a realidade. Rio de Janeiro: Imago Editora, 1975.
ZIMERMAN, D, E. Fundamentos Psicanalíticos. Artmed Editora S.A. 1999.
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APÊNDICES:

REGISTRO DE ATIVIDADES DO ESTÁGIO

(x) Estágio Supervisionado ( ) Estágio Extracurricular


( ) Atividade Complementar ( ) Voluntariado

Início: 03/08/2022 Término: 03/12/2022


Curso: Psicologia
Estágio: Atendimento Clínico
Período/Ano: 2022-2
Empresa: Unitri
Supervisor da Empresa: Larissa Thais Rodrigues
Supervisor Acadêmico: Suziani de Cássia Almeida Lemos
Preceptor(a): Juliane de Oliveira Silva
Aluno(a): Gabriela Ferreira Fraga

Atividade Realizada Data Horas Assinatura Supervisor(a)

Apresentação do Plano de Estágio 04/08 2hrs


11/08 a
Aula expositiva da Base Teórica 6hrs
24/08
Reunião de Apresentação da
24/08 3hrs
Preceptoria
03/10 a
Atendimentos 9hrs
30/11
03/10 a
Organização de Prontuário 5hrs
30/11
02/09 a
Supervisão 14hrs
05/12
Estudo de Casos 02/09 a 5/12 28hrs
18

04/08 a
Leitura e Estudos 62hrs
01/12
03/10 a
Confecção de Relatório Final 21hrs
01/12
Total de Horas 150hrs

Comprovação de Preenchimento do TCE (Termo de Compromisso do Estágio)

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