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SUPERVISÃO CLÍNICA

ESTÁGIO E SUPERVISÃO EM
PSICANÁLISE
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ESTÁGIO E SUPERVISÃO EM PSICANÁLISE

A supervisão clínica, conjuntamente com a análise pessoal e o estudo teórico,


conhecido como o "tripé" básico da Psicanálise, é um dos pilares da formação do analista.
A supervisão tem sido amplamente difundida e está presente dentro e fora das instituições
psicanalíticas, e é considerada um dos elementos essenciais da transmissão da psicanálise,
portanto, fundamental do processo formativo do psicanalista.
A esse tripé pode-se acrescentar o elemento institucional que se faz presente em todo
o processo de treinamento e de aquisição da identidade de psicanalista que o candidato
recebe. É também no processo de convivência e inter-relação com os membros da
instituição, com o pensamento, com os modelos, ideias e procedimentos éticos e morais que
o candidato baliza sua experiência de aprendizado. O tripé da Psicanálise:

Desde o início da prática psicanalítica precisou-se falar da supervisão. O modo de


fazê-lo, o perfil e papel dos participantes e o contexto da interlocução foi variando com o
tempo. De um ponto de partida espontâneo, motivado pela necessidade de intercâmbio, se
chega, através de um processo de institucionalização da psicanálise, que tem seus
acontecimentos marcantes na fundação de Associação Psicanalítica Internacional, em 1910,
e do Instituto de Berlim na década seguinte, a um predomínio da supervisão como requisito
regulamentado do processo formativo e habilitador do psicanalista. Vejamos como Alain de
Mijolla descreve esta evolução, traçando alguns quadros representativos de seus diferentes
momentos:
- 1883, Breuer e Freud: o mestre conta um caso exemplar a um aluno que o
escuta e se instrui, sem julgá-lo.
- 1900, Freud e Fliess: dois profissionais trocam suas experiências clínicas, suas
descobertas e suas andanças.
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- Steckel e Freud: o aluno confia seus problemas clínicos a um mestre idealizado,


de quem espera, não sem ambivalência, auxílio.
- Jung e Freud: o aluno psicanalista pede auxílio contratransferencial a um mestre
psicanalista.
- A era "institucional" (criação da POLICLÍNICA PSICANALÍTICA DE BERLIM).
Se estabelece a exigência de supervisão considerada como uma etapa da formação e como
uma condição necessária "à reprodução da espécie analítica" (Max Eitingon). Acrescenta-
se à "análise didática" a problemática da "análise de supervisão", que vai transformando-se
pouco a pouco em peça-mestra da passagem do estado de aluno-psicanalista ao de
Psicanalista.
“Oficialmente, a supervisão passou a fazer parte da formação psicanalítica na década de 20,
introduzida por Abraham, Eitigon e Simmel no Instituto de Berlim, sendo requisito
regulamentado do processo formativo e habilitador do analista” (Fuks, 2002; Ribeiro
&Wierman, 2004).
Sabemos que é sobretudo a partir da análise pessoal que se constrói as aptidões para
a escuta do inconsciente em uma sessão e que esta é nosso primeiro modelo do fazer
analítico.
A supervisão caracteriza-se pela apresentação de material clínico, relatado por um
terapeuta acadêmico a um colega formado e mais experiente, configurando uma relação de
ensino-aprendizagem. Os supervisores em psicanálise são analistas que generosamente
são importantes no desenvolvimento do outro psicanalista. A transmissão da psicanálise não
acontece sem ele, que é um dos pilares fundamentais do ensino de novos analistas.
Portanto, uma das principais funções do supervisor é auxiliar o supervisionando a tolerar a
angústia do não-saber. A partir da escuta, o supervisor é capaz de indicar os movimentos a
partir dos quais se deu um fechamento no processo inconsciente, sendo apoio. A supervisão
é um processo de habilitação do candidato, devendo o supervisor estimular, seu
supervisionando, o desenvolvimento de suas próprias habilidades.
Na supervisão em grupo, o analista tem contato com colegas que se revezam na
apresentação de situações particulares da experiência clínica, também aprendendo a ouvir
como supervisor seus colegas, assim como em outro momento é ouvido por eles. Com isso,
o analista em supervisão tem contato com diferentes aportes teóricos e manejos da
psicanálise, diferentes leituras de Freud e distintos estilos clínicos. Esse confronto ajuda a
desfazer identificações de maestria contribuindo para que o analista possa construir sua
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própria maneira de escutar e intervir, ou seja, um estilo clínico que lhe é próprio. Tendo isso
em vista, Fédida (2001) irá afirmar que a supervisão é uma prática matricial, como artesões
que trabalham sua improvável arte.
O processo de supervisão desenvolve-se em três períodos: inicial, intermediário e
final. No período inicial, é importante para a experiência do supervisionando:
a) escutar com atenção flutuante;
b) aprender a inferir interpretações do significado latente, mas ainda sem formulá-las,
ou seja, desenvolver a função integrativa;
c) aprender a avaliar o grau de resistência e ansiedade que seu paciente apresenta e
desenvolver a empatia com o estado regressivo deste (função sensitiva);
d) formular intervenções, ainda que de forma, predominantemente, imitativa.
No segundo período, os objetivos são:
a) julgar o momento e a dosagem das respostas e intervenções;
b) captar o mais profundamente possível as reações transferenciais e contra-
transferenciais.
No terceiro período, ou fase final, a meta é:
a) reconhecer as linhas dinâmicas e as mudanças de sessão para sessão;
b) reconhecer o insight, a elaboração e a possibilidade de terminação. Pode ser
acrescentado a este terceiro estágio o incremento da autonomia, independência em relação
ao supervisor e expressão de maior capacidade criativa.

A IMPORTÂNCIA DA SUPERVISÃO
O treinamento pessoal: Do ponto de vista pessoal, Freud foi taxativo de que
a prática da psicanálise se aprende no divã. Primeiro porque é só nele que o aspirante à
analista pode se convencer da existência do inconsciente tendo a si mesmo como objeto de
observação.
Segundo porque a própria personalidade do futuro analista, caso não tenha
passado por uma purificação acerca de seus pontos-cegos, impedirá que ele compreenda o
que o paciente lhe diz. Além do que, o manejo adequado da transferência é algo
extremamente difícil e levará a melhor o analista que conhecer seus próprios pontos fracos.
Além da análise pessoal, como já referido, a supervisão compõe o rol de tarefas
que um acadêmico de psicanálise deve providenciar para se equipar adequadamente para
analisar alguém. Nela, o aspirante discute seus casos com um analista com mais tempo de
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experiência e que consequentemente carrega em sua bagagem profissional a condução de


muitos casos. Esta prática pode ser considerada um treinamento tanto no sentido do
aprimoramento pessoal, embora não substitua a análise, quanto teórico.
No aspecto pessoal, o supervisor, mediante a leitura da transcrição de uma sessão,
conseguirá ajudar o estudante a enxergar possíveis pontos-cegos seus que estão
dificultando a escuta correta do inconsciente do paciente. Mas, importante ressaltar, estes
complexos localizados pelo supervisor deverão ser tratados na análise e não na supervisão.
Aprimoramento teórico: No aspecto teórico, a supervisão também servirá para que o
aprendiz aprenda a reconhecer e a operar com os pilares conceituais da psicanálise em
sua clínica. Assim, será função também da supervisão que ele aprenda a localizar no
material clínico as manifestações da transferência, da resistência e consequentemente do
recalque. Aprimoramento técnico: No quesito da técnica, o terapeuta aprenderá ainda
na supervisão a construir um setting analítico adequado para que o inconsciente se revele,
bem como a trabalhar com os elementos fundamentais deste, sendo eles, o tempo da
sessão, a questão do pagamento, as faltas e férias e, por fim, a operar com os fatores
transformativos na análise tais como a interpretação e a construção analítica.
Para o bom funcionamento da nossa clínica escola, elaboramos um roteiro orientador
para o desenvolvimento das sessões de análise no estágio. Exceto a entrevista
inicial/acolhimento e contrato terapêutico, este roteiro não deve ser seguido
necessariamente, o analisando pode usar a técnica e ferramentas que mais tem afinidade,
e é claro construir o setting analítico adequado ao seu perfil.

CONTRATO DE ACOMPANHAMENTO ANALÍTICO

O acompanhamento psicoterápico visa auxiliar o cliente/paciente no processo de


elaboração e cura em suas demandas, seja por iniciativa própria do cliente ou encaminhado
por outro profissional. Assim, busca-se desenvolver, através de técnicas psicanalíticas,
psicológicas e avaliações, as estratégias necessárias para promover o bem estar psíquico
do paciente. Modelo de contrato:
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CONTRATO TERAPÊUTICO

Este Contrato visa assegurar ao paciente seus direitos e deveres frente ao


acompanhamento analítico, bem como esclarecer questões éticas pertinentes para melhor
andamento do processo psicanálise com o intuito de facilitar a relação terapêutica.
1.Atendimento
Cada atendimento clínico terá a duração de 40 minutos, sendo realizado em horário
combinado, estando o psicanalista acadêmico a disposição do cliente naquele período. Não
será possível estender o horário para além do previsto, mesmo em caso de atraso do cliente.
O cliente/paciente tem o direito de receber atendimento de qualidade, conforme proposta da
psicanálise por um psicanalista acadêmico devidamente supervisionado.
2.Sigilo
a) Todos os conteúdos das sessões serão de sigilo profissional, conforme prevê o código de
ética do psicanalista, porém como se trata de uma clínica-escola, o psicanalista/acadêmico
levará o caso ao seu supervisor para esclarecimentos e orientações necessárias, a fim de
uma melhor condução das sessões.
b) As sessões não serão gravadas nem acompanhadas por terceiros;
c) Todo material produzido em sessão é de responsabilidade do psicanalista e supervisor,
bem como seu arquivamento, priorizando sempre o sigilo das informações;
3.Duração da análise
A duração do acompanhamento analítico compreenderá um total de 10(dez sessões), se
necessário for e dependendo da pessoa e da natureza das questões a serem trabalhadas,
o psicanalista acadêmico fará o encaminhamento do cliente a um outro profissional, ficando
a critério do cliente acatá-lo ou não.
4.Dia e Horário
Os dias e horário dos atendimentos serão combinados com o cliente, podendo variar de
acordo com as necessidades de adequação da agenda da clínica, do psicanalista acadêmico
e demanda do cliente.
5.Honorários
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O pagamento de 5 (cinco) sessões deve ser efetuado no primeiro dia do acompanhamento,


na recepção da clínica escola da Academia de terapeutas, e o pagamento das outras 5
(cinco) sessões deverá ser efetuado no dia da 5ª (quinta) sessão. Qualquer alteração no
contrato ou reajuste somente poderá acontecer mediante o consentimento da diretoria da
Academia de Terapeutas, na pessoa do senhor Lúcio de Faria Teixeira.
Cada sessão tem um valor simbólico de R$ 25,00 (vinte e cinco reais), sendo este,
direcionado à manutenção do local. O pagamento pode ser feito em dinheiro, cartão de
débito ou depósito bancário.
6.Desmarcações ou mudanças de horário
As desmarcações deverão ser feitas através da clínica escola da Academia de Terapeutas,
com antecedência de 12 horas. A secretaria da Academia de Terapeutas deve ser
comunicada através do telefone XXXXXXXXX. Mudanças de horário só serão possíveis
quando houver disponibilidade de sala para atendimento e disponibilidade do Psicanalista.
7.Faltas
Sessões em que o cliente não comparecer serão cobradas normalmente. A partir de duas
faltas consecutivas, sem aviso, o paciente será desligado automaticamente e o contrato não
terá nenhuma validade, perdendo assim o direito ao dia e horário disponível. Assim:
Eu_________________________________________________declaro que fui informado,
estou ciente e aceito os termos deste contrato. Assim, coloco-me à disposição para
frequentar as sessões no horário das _____________ ás _____________ horas.
Em caso de emergência entrar em contato com____________________________pelo
telefone___________________Grau de parentesco:
_______________________________.

Taguatinga, _____de_________________de 2019

____________________________________________________
Assinatura do cliente/paciente

____________________________________________________
Assinatura do psicanalista/acadêmico
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FICHAS DE ACOMPANHAMENTO

As fichas de acompanhamento é um instrumento de registro e controle das sessões


realizadas, como frequência, as faltas dos clientes devem ser registradas, desmarcações e
remarcações das sessões, bem como a evolução do cliente. Lembrando que o psicanalista
acadêmico deverá cumprir com dez sessões ao todo para que possa elaborar o seu relatório
de estudo de caso para apresentação do estágio final.
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FREQUÊNCIA DO CLIENTE
CLIENTE: ____________________________________________________________
PSICANALISTA ACADÊMICO: ___________________________________________

Nº DATA ASS.CLIENTE PSICANALISTA/ACADÊMICO


1.

2.

3.

4.

5.

6.

7.

8.

9.

10.

11.

12.

13.

14.
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18.

19.

20.

21.

22.

23.

24.

25.
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FICHA DE ACOMPANHAMENTO DO CLIENTE


CLIENTE______________________________________ DN ___/____/____
PSICANALISTA/ACADÊMICO_____________________________________
DATA DE INÍCIO____/___/____

DATA EVOLUÇÃO DO CLIENTE


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ANAMNESE

O termo vem do grego ana (remontar) e mnesis (memória). Portanto, a anamnese é a


evocação voluntária do passado feita pelo paciente, sob a orientação do médico, psicólogo,
psicanalista ou terapeuta. O objetivo dessa técnica é o de organizar e sistematizar os dados
do paciente, para uma melhor compreensão da sua dinâmica da psique, de forma tal que
seja permitida a orientação de determinada ação ou técnica terapêutica com a respectiva
avaliação de sua eficácia, o auxílio no melhor atendimento ao paciente.
Muitas vezes, não se consegue ter todo o material em uma única entrevista,
principalmente por causa do tempo de atendimento, neste sentido, a preferência é a da
escuta, onde o cliente/paciente fica livre para falar, pois esta é a proposta fundante da
psicanálise. No entanto a coleta de dados é importante para o direcionamento da análise,
assim sendo o psicanalista acadêmico deverá buscar uma maneira de coletar os dados.
Além disso, é de nosso interesse que, após a anamnese propriamente dita, conste
uma proposição de uma hipótese psicodinâmica, um planejamento para que se conduza o
caso e uma breve descrição da atuação terapêutica junto ao paciente em questão.
É aconselhável que a entrevista seja conduzida de uma maneira informal,
descontraída, com termos acessíveis à compreensão do paciente, porém bem estruturada,
conforme exemplo abaixo.
Alguns cuidados terão que ser tomados ao se fazer uma anamnese:
- As informações fornecidas pelo paciente devem constar como de sua
responsabilidade. Daí, na redação, serem usados verbos como relatar, declarar, informar,
tendo o paciente como sujeito deles.
Exemplo:
Paciente informa ter medo de sair à rua sozinho... Outras expressões como:
“conforme relato do paciente...”, “de acordo com declarações do paciente...” são usadas,
sempre com o intuito de aclarar que o que estiver sendo registrado é baseado no que é
informado pelo entrevistado. - Sempre que forem usadas expressões do entrevistado, estas
virão entre aspas.
- Depois de identificado o paciente da anamnese, deverão aparecer apenas as suas
primeiras iniciais ao longo do registro.
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EXEMPLO DE ANAMNESE

ANAMNESE
ROTEIRO PARA INÍCIO DA ANÁLISE

01- DADOS DE IDENTIFICAÇÃO:


Nome:
Data de Nascimento: Idade:
Religião:
Grau de instrução: Profissão:
Endereço:
Contato:

Estado civil:
Cônjuge: Idade:
Profissão
Filhos?

02- DADOS DE INDENTIFICAÇÃO DOS PAIS:


Seus pais são casados?
Nome Pai: Idade:
Profissão:
Grau de instrução:
Descreva seu pai:

Nome Mãe: Idade:


Profissão:
Grau de instrução:
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Descreva sua mãe:

Como é a relação com os pais?

03- QUEIXA PRINCIPAL:

04- EVOLUÇÃO DA QUEIXA:


Início da queixa

Súbita ou progressiva?

Quais as mudanças que ocorreram, o que afetou?


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Como se manifesta?

05- QUEIXAS SECUNDÁRIAS:


__________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________

06- HISTÓRIA CLÍNICA:


Problemas de coração? Epilepsia? Alergias? Ansiedade? Depressão?

Medos ? Fobias?
Qual?___________________________________________________________
__________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________
____________
Casos de convulsões, desmaios?
___________________________________________________
__________________________________________________________________________
____
__________________________________________________________________________
____
-Sintomas físicos e/ou psicológicos:
_________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________
________________________________________________________________________
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__________________________________________________________________________
________________________________________________________________________
Outros____________________________________________________________________
__________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________
____________________________________________________________________
-Enfrentamento:
_________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________
______________________________________________________________________
HábitosAlimentares:_________________________________________________________
__________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________
______________________________________________________________________

07- COMPOSIÇÃO FAMILIAR: (Genograma)


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08- HISTÓRIA SOCIAL:


- Vida Social:

- Hábitos de lazer:

- Inserção em Grupos:

- Rede de Apoio:

10- CONSIDERAÇÕES (HIPÓTESES):

11- SUGESTÃO DE ENCAMINHAMENTO:

Data:______/_____/_____
_____________________ _________________________
Assinatura do psicanalista Assinatura do cliente/paciente
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ROTEIRO DE OBSERVAÇÃO DURANTE AS SESSÕES

1 – Mecanismos de defesa, qual(is)? Em que momento se manifestou? Quais as


evidências?

2 – Fases do desenvolvimento psicossexual. Alguma fixação? Em qual fase? Quais


evidências?

3 – Comportamentos observados: Tranquilidade, ansiedade, coerência na expressão


verbal e corporal?

4 – Transferências?

5 – Resistências?
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6 – Desejos e fantasias?

O Psicanalista acadêmico pode acrescentar mais dados a serem observados que


julgar importantes para o enriquecimento da sessão de análise.

FERRAMENTAS PARA AUXÍLIO NA ANÁLISE


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MAPA NOÉTICO

NOME____________________________________IDADE_______DATA___/___/____

_________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________
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RODA DA VIDA

NOME____________________________________IDADE_______DATA___/___/____

_________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________
__________________________________________________________________
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TESTE DA MANDALA 1

TESTE 1- A MANDALA QUE VOCÊ ESCOLHEU DIZ QUE VOCÊ PODE SER:

1. O Pensador
A primeira mandala, que representa todo o espectro de cores, simboliza o tipo de pessoa
“sabe-tudo”. Se você escolheu essa, você é um pensador.
Sua mente está sempre processando pensamentos variados, de coisas grandes a
pequenas.
Porém, sua curiosidade insaciável pode sobrecarregar você. Pensar muitas coisas ao
mesmo tempo dispersa sua mente. Você precisa se acalmar e dar um tempo.
Yoga ou exercícios podem acalmar um pouco sua mente e permitir que você concentre sua
energia e pensamentos em coisas que realmente importam.

2. O Viajante
A segunda mandala significa a viagem, em sentido literal e simbólico. Se ela te representa,
então você encontra grande satisfação em viajar ou explorar o desconhecido, o que lhe
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confere uma característica de só emitir opinião sobre aquilo conhece. Viajar o mundo pode
ser o sonho de muitos. Se você o faz regularmente, isso é uma excelente notícia, pois você
de fato, segue seus instintos naturais. O que te destaca dos outros é sua crença de que
dinheiro deve ser gasto em experiências ao invés de coisas.
Mas se você não o faz, mas acha que deveria, nunca hesite em fazer. Viajar é parte de quem
você é.

3. O Amante de Experiências
A terceira mandala significa experiência. Se você se identifica mais com este espectro de
cores, significa que você é do tipo que sempre busca experiências novas. Você nunca se
cansa da vida, é por isso que você quer experimentar de tudo. Apesar do transtorno que
algumas experiências lhe causam, você ainda acha que vale a pena experimentar, lhe
conferindo uma característica impulsiva. Você tem que desconfiar das experiências que
quer, porque algumas delas podem ser prejudiciais a você ou a seus entes queridos. Apostas
e drogas, por exemplo, podem parecer excitantes, mas é preciso ter cuidado extra quando
pensar em experimentar essas coisas. Lembre-se sempre, o que está feito não pode ser
desfeito. Portanto você precisa de sabedoria e buscar o controle dos impulsos. Você não
precisa sufocar seu espírito, contanto que você saiba como selecionar as experiências que
te fazem melhor a cada dia.

4. O Ganhador de Ouro
A quarta mandala que presenta a cor dourada significa dinheiro. Você é do tipo que trabalha
pelo dinheiro.
Não há nada errado com você, porque a humanidade se persevera e progride por causa da
circulação do dinheiro. O que pode causar problema é o uso errado do dinheiro. No seu
caso, você fica dividido entre posses e experiências espirituais. Mesmo se você ganhou
muito dinheiro, você chega a um ponto onde se pergunta: qual o sentido de tudo isso?
Se você chegou neste ponto, pode ser a melhor hora para se concentrar em sua
espiritualidade, Diminuindo o volume de trabalho e então se perguntar por que tem que
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trabalhar tanto e ganhar tanto dinheiro que, muitas vezes, o que almeja é mais do que se
precisa.

5. O Guerreiro Feroz
A quinta mandala representa a cor vermelha. Como a cor do fogo e do sangue, esta mandala
é associado com energia, guerra, perigo, força, poder, determinação, paixão, coragem,
desejo e amor.
Sugere que você seja uma pessoa emocionalmente intensa. Essas coisas dão pistas de que
você é alguém que sobe no topo, sedento por poder e perigo. Contudo, você pode escolher
estar lá para ser a voz de muitos. Estar no topo significa que você tem todas as condições
de ajudar aqueles abaixo de você. Aprenda a se inclinar e levantar a humanidade.
Nem todos possuem a coragem que você tem. Quando você aprende a ser altruísta, sua
jornada ao topo ganha mais significado e propósito em sua vida.

6. O Espírito Nobre e Calmo


A sexta mandala significa calma e natureza. Você é do tipo que se envolve na natureza.
O roxo é a combinação da calma e estabilidade do azul e a energia feroz do vermelho. É
mais associado com realeza, nobreza, luxo, poder e ambição e o terceiro olho.
Você é o explorador incansável que sai em busca de algo maior que você, que a vida, que
a humanidade. Você está no lugar certo quando explora na natureza.
A energia que radia de você levanta outras pessoas. O mundo acha você o romântico e um
pensador profundo.
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ANÁLISE COM MANDALAS


Desenho livre da Mandala
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FICHA DESCRITIVA- OBSERVAÇAO DO AUTOR DA MANDALA

Responda as questões abaixo, observando a sua mandala. Seja o mais sincero possível.

NOME DATA

1- Qual a primeira palavra que lhe ocorre ao olhar a mandala?

_________________________________________________________________
_________________________________________________________________

2- Quais os sentimentos e/ou sensações que o desenho lhe transmite?

_________________________________________________________________
_________________________________________________________________

3- Se ela tivesse um nome, qual seria?

_________________________________________________________________
_________________________________________________________________

4- Tem um centro? O que há nele? O que esse centro significa pra você?

_________________________________________________________________
_________________________________________________________________

5- Trace uma linha imaginária na horizontal passando pelo centro. Qual a sensação
ao olhar a parte superior do desenho? E ao olhar a parte inferior?

_________________________________________________________________
_________________________________________________________________

6- Trace uma linha vertical passando pelo centro. Qual a sensação ao olhar para o
ladoesquerdo do desenho? Qual a sensação ao olhar para o lado direito.

_________________________________________________________________
_________________________________________________________________
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CLIENTE_______________TERAPEUTA________________DATA________

OBSERVAÇÕES DO TERAPEUTA NECESSÁRIAS A RESPEITO DAS:


CORES

SÍMBOLOS

FORMAS

FICHA DE INTERPRETAÇÃO 2- PARA SER PREENCHIDA PELO TERAPEUTA


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CLIENTE:______________________TERAPEUTA_________________DATA_____
Anote as análises em relação as características da mandala:

Fonte: Virgínia Fernandes


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POSSIBILIDADES DE INTERPRETAÇÃO, OBSERVE SE O DESENHO ESTÁ:

Fonte: Virgínia Fernandes

O psicanalista acadêmico pode levar mandalas já desenhadas e propor ao analisando


a escolher uma para colorir e orientá-lo a observar seus pensamentos, sentimentos, desejos,
estados físicos no momento de colorir. Podem surgir insigths, promover relaxamento, mais
concentração e etc.
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INTERPRETAÇÃO SONHOS COM ABORDAGEM JUNGUIANA

Por Michele Leandro

Interpretar sonhos trata-se de uma profissão que requer habilidade profissional.


Certas regras básicas, certos aspectos gerais têm que ser seguidos. Não se deve interpretar
os próprios sonhos, porque eles costumam tocar nossos pontos cegos. Visto que o
inconsciente se revela sob a forma de imagem, metáfora e símbolo. Longe de ser exposições
objetivas. Durante os sonhos acontecem confrontos altamente subjetivos e pessoais, nos
quais o EGO e o SELF sentem emoções que vão do medo hilariante a sensação de sublime
paz e beleza. Interpretar sonhos acarreta grande esforço físico, não se trata apenas de um
exercício mental. Interpretar é descobrir o sentido subjetivo dos símbolos oníricos por meio
da técnica de associação livre. A interpretação dos sonhos está subordinada a cultura na
qual o indivíduo está inserido e as próprias significações pessoais. A linguagem do sonho é
simbólica, de modo que no sonho um cachorro não é só um cachorro, é tudo o que o
sonhador associa a esse animal e que vai depender de suas experiências. Pode representar
amizade, fidelidade ou medo, rejeição. Por isso não existe um manual confiável para
interpretar, já que cada pessoa tem suas próprias referências. Depois de muitas analises da
linguagem dos sonhos, Jung descobriu algumas estruturas recorrentes que constituem a
base para maior entendimento dos sonhos, além das associações. Elas são: sombra, animus
e anima, Self. Eles podem aparecer no nível de inconsciente pessoal ou coletivo. Eles podem
aparecer de tal maneira nos sonhos:

SOMBRA: É o nome que em geral usamos para pessoas conhecidas do mesmo sexo do
sonhador que aparecem em seus sonhos. Essa figura comumente apresenta qualidades
ligeiramente inferiores ou opostas do EGO do sonhador.

 Mulher: mulher conhecida


 Homem: homem conhecido

ANIMUS E ÂNIMA: São os homens desconhecidos nos sonhos das mulheres e as mulheres
desconhecidas nos sonhos dos homens. A psicologia analítica sustenta que
psicologicamente o homem tem uma mulher interior, e vice-versa

 Mulher: homem desconhecido


 Sombra do Animus: homem conhecido
 Homem: mulher desconhecida
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 Sombra da Anima: mulher conhecida

SELF: É o centro divino do qual provém a ordem e a organização da psique do indivíduo.


Aparece no sonho como tais símbolos:

Esse centro aparece nos sonhos sob a forma de mandala, circulo, quadrado,
pedras preciosas, ou outra forma abstrata. Ou então, como criança divina salvadora,
personalidade mana (árvore, líquido diferente, uma flor que nunca foi vista e diferente),
psicopompo (alguns animais: pássaro, tartaruga, leão, peixe, vaca e etc.), velha e velho
sábio. – Alguém que guia nossa vida psique. Algo que tem uma magia.

Como interpretar um sonho, PASSO A PASSO:

1º. Pedir para o paciente contar o sonho, pelo menos duas vezes,
2º. Dividir o sonho em cenas;
3º. Voltar a cada cena e pedir para que o paciente faça no mínimo seis associações livres
e identificar qual delas representa melhor a cena. Possibilitando que o usa-se as 4 funções
psicológicas.
4º. Listar somente as associações circuladas, pois elas representam os complexos a
serem trabalhados no indivíduo, no decorrer da terapia.
5º. Quando analisar o sonho sugerir ao analisando tornar o que é onírico em concreto,
com uma ação no cotidiano.

TIPOS PSICOLÓGICOS – C.G. JUNG

Jung identificou quatro funções psicológicas fundamentais:

- Pensamento; - Sentimento; - Sensação; - Intuição.

Estas funções podem ser experimentadas de maneira INTROVERTIDA ou


EXTROVERTIDA.

 INTROVERSÃO E EXTROVERSÃO

Principais características da introversão:


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 O movimento da energia consciente é em direção ao mundo interior. A realidade


interior é de vital importância.
 Costuma ser caracterizada por uma natureza vacilante, meditativa, reservada, isolada
dos outros, recua diante dos objetos e está sempre na defensiva. Há o “medo do
objeto”.
 A força motivadora (julgamentos, percepções, sentimentos, afeto e ações) vem de
fatores internos ou subjetivos.
 As pessoas introvertidas são conservadoras, preferem o lar e amigos íntimos.
Considera o extrovertido um fanfarrão superficial.

Principais Características da Extroversão

 O movimento da energia consciente é em direção ao mundo exterior;


 O objeto (as coisas, as outras pessoas), a realidade exterior é de vital importância;
 Costuma ser caracterizado por uma natureza saliente, franca, que se adapta com
facilidade às situações propostas, estabelece rapidamente ligações e, pondo de lado
qualquer tipo de apreensão, arrisca-se com despreocupada confiança, a viver
situações desconhecidas;
 Há o “medo do que está dentro”;
 Suas forças motivadoras são os fatores externos;
 As pessoas extrovertidas gostam de viajar, de encontrar novas pessoas, de conhecer
novos lugares. São aventureiras e têm vida social intensa;
 Considera o introvertido desmancha prazeres, maçante e negativo.

AS QUATRO FUNÇÕES

Jung chamou de FUNÇÕES RACIONAIS OU DE JULGAMENTO, o pensamento e o


sentimento, e de FUNÇÕES IRRACIONAIS OU DE PERCEPÇÃO, a intuição e a sensação.

A. Funções Racionais (de julgamento):

Pensamento (fogo)
 É racional por ser função de discriminação lógica (julgamento);
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 Refere-se ao processo de pensamento cognitivo;


 Nos diz do que se trata aquilo que existe;
 São tipos reflexivos, são planejadores;
 Julgam em termos de lógica e eficiência.

Sentimento (água)
 É racional porque avalia do que gostamos;
 É discriminatória e reflexiva;
 É a função do julgamento ou da avaliação subjetiva;
 Nos dá o valor;
 Tomam decisões de acordo com um julgamento de valores próprios: bom ou mau,
certo ou errado;
 Preferem emoções fortes e intensas, ainda que negativas, a experiências “mornas”.

B. Funções Irracionais (de percepção):

Sensação (terra)
 Vê o que está no mundo exterior;
 É a percepção por meio dos órgãos dos sentidos;
 Nos assegura que algo existe.

Intuição (ar-metal)
 Vê (capta) o que está no mundo interior;
 É a percepção a partir do inconsciente;
 Nos dá um palpite do que podemos fazer com isso.

Função Superior e Função Inferior:

O ideal seria ter acesso consciente à função exigida ou apropriada para cada
circunstância, mas não há controle consciente. Cada pessoa tem uma função fortemente
dominante, chamada de superior ou dominante, e a mais utilizada, porque é onde o indivíduo
tem mais facilidade. Outras são relativamente inferiores. As funções inferiores permanecem
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num estado mais ou menos primitivo e infantil, às vezes semiconsciente ou totalmente


inconsciente.
A FUNÇÃO INFERIOR guarda uma grande concentração de vida (sombra), e a
pessoa tem pouco entendimento ou controle sobre ela. Na meia idade, aspectos da
personalidade sempre negligenciados são cobrados. Este processo gera sofrimento, pois
para elevar a função inferior ao nível da consciência, é necessário inferiorizar a função
superior.
A FUNÇÃO SUPERIOR é autônoma. Ex: vai desde a paixão até a raiva cega
(desequilíbrio no eixo madeira - metal do tipo i). Temos também a função auxiliar, que é
consciente e parcialmente desenvolvida. É de natureza diferente da superior, porém não
antagônica. Função racional + função irracional e vice-versa. Ex: pensamento prático está
associado à sensação pensamento filosófico, científico está associado à intuição. Intuição
artística está relacionada com o sentimento intuição filosófica sistematiza sua visão por meio
do pensamento. Quanto mais desenvolvidas e conscientes forem às funções dominantes e
auxiliar, mais profundamente inconscientes serão seus opostos.

Referências bibliográfica:

 James A Hall. - Jung e a interpretação dos sonhos: manual de teoria e prática, Ed Cultrix, SP
1983
 https://www.portaleducacao.com.br/conteudo/artigos/medicina-alternativa/a-teoria-dos-tipos-
psicologicos-junguianos/31855
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REFERÊNCIAS

A . de Mijolla, "Algumas Ilustrações da Situação de 'Supervisão' em Psicanálise", in C.Stein


e outros, A Supervisão na Psicanálise, São Paulo, Escuta, 1992, p.116-7.
Fédida, P.(2001) Entrevista: Supervisão e Formação. Jornal de Psicanálise. São Paulo, v.34
(62/63).
FUKS, L. B. (2002). Formação e supervisão. Psicanálise e Universidade, (16), 79-91.
GONÇALVES, C. S. (2005). Tornar-se analista – variâncias e invariâncias. Jornal de
Psicanálise, 38(69), 339-348.
PADILHA, M. T. de M. (2005). Supervisão: o ato da palavra. Estudos de Psicanálise, (28),
103-110.
RIBEIRO, M. M. de M., & Wierman, M. L. (2004). Supervisão: exercício da função paterna
em Psicanálise. Revista Brasileira de Psicanálise, 38(1), 59-76.
TEIXEIRA, R. P., & Nunes, M. L. T. (2006). O consentimento informado em psicoterapia
como evidência ética. In B. S. G. Werlang & M. S. Oliveira (Orgs.), Temas em psicologia
clínica (pp. 47-54). Porto Alegre: Casa do Psicólogo.
A Anamnese - Anchyses Jobim Lopes, Médico (UFRJ), Mestre em Medicina (UFRJ), Doutor
em Filosofia (UFRJ), Psicanalista e Membro Efetivo do Círculo Brasileiro de Psicanálise -
Seção RJ

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