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neuroanatomia I
O sistema nervoso central foi desenvolvido com três critérios principais, não importa o nível
de desenvolvimento do ser, esses três conceitos são constantes no desenvolvimento do SNC:
1. Irritabilidade: quando alguém te ataca, você devolve com ataque também, ou seja, devolve
agressão externa com agressão. É a propriedade de ser sensível a um estímulo e permite a uma
célula detectar as modificações do meio ambiente.
2. Contratilidade: sistema de defesa frente a um ataque.
3. Condutibilidade: fuga da agressão, se algo não está confortável para você, você foge.
BACTÉRIAS: nelas já existia sistema nervoso (primitivo) e os três conceitos importantes também
existem desde o começo.
ANÊMONAS: o sistema nervoso já tinha neurônios, uma rede neural com vários neurônios
interligados, porém não tinha realmente um cérebro, tinha só células nervosas que percebiam o
meio externo e interagiam com ele. Depois disso começou a desenvolver um sistema nervoso um
pouco mais evoluído que obtinha um anel neural servindo como se fosse um cérebro (embora não
fosse um sistema complexo) e fazia com que os movimentos e os órgãos se movimentassem de
forma independente e reagindo de forma independente.
CARAVELAS E MEDUSAS: quando você tem uma reação ela interage como um todo, quando encosta
nela ela vai se contrair como um todo, ela não faz contrações específicas, diferente da estrela do
mar que pode contrair só uma parte dos seus pés.
PLANÁRIAS: a partir delas, passamos a ter um sistema nervoso um pouco mais desenvolvido. Ele
interage com várias partes entre si e tinha um gânglio que é um cérebro primitivo, que já
tinha uma capacidade de processamento, começava a ter uma certa tomada de decisão,
embora fosse simples.
MINHOCAS: tinha um conceito melhor de um cérebro primitivo, já começa a ver quando ela vai agir,
tem um sistema um pouco mais desenvolvido para reagir com as mudanças temporais (primavera,
verão etc), e saber quando tem luz para interagir de forma mais evoluída. Esses animais também
tem gânglios que são como se fossem mini cérebros periféricos que ajudam no desenvolvimento
desse corpo, pois agora o corpo passou a se tornar muito grande e microgânglios ajudavam nessa
coordenação.
INSETOS: tem um cérebro bem primitivo, mas ele tem uma interação muito maior. Os insetos tem
um senso de sociedade muito mais evoluído, mesmo que isso esteja relacionado com a parte
hormonal, ainda tem o sistema evoluído. Não é só um indivíduo, vai ser um indivíduo associado a
uma sociedade. Esse inseto sabe como ele vai comer, fugir, se organizar, chegar na planta, atacar,
se organizar para formar estruturas arquitetônicas bem desenvolvidas.
PSEUDÓPODES: (polvo) eles têm um cérebro bem mais evidente e com um sistema não mais
embrionário. Começa a ter outros órgãos e não só pele e luz, vão ser órgãos sensitivos mais
evoluídos, órgãos de visão e percepção de áudio.
VERTEBRADOS: tem um cérebro primitivo com todas as características de evolução de visão, audição,
tato de forma mais evidente. O tamanho do cérebro vai crescendo, é um cérebro primitivo que vai
crescendo e desenvolvendo mais e cada parte que se desenvolve vai dar funções novas como lobo
frontal, temporal, parietal, e a parte do telencéfalo que é a última a se desenvolver e nos seres
humanos. Ele é muito mais desenvolvido do que nos vertebrados, mas a base estrutural é a mesma.
* Então, o peixe tem cérebro mais primitivo, depois as aves e vem os mamíferos com o cérebro
extremamente desenvolvido. Não é mais só a parte estrutural primária do diencéfalo e tronco
cefálico.
Embriologia
→ Durante a terceira semana de desenvolvimento ocorre a gastrulação, ou seja, a formação do
tecido trilaminar: mesoderma, endoderma e ectoderma.
→ A partir desse momento, começa a ter a formação da notocorda, por volta do 15º dia. Então, o
mesoderma começa a desenvolver, crescer e, à medida que ele cresce, a notocorda que é um feixe
neuroentérico, uma comunicação entre endoderma e ectoderma, vai se fechar.
→ O canal neuroentérico, se funde depois com o endoderma e esse tecido transicional entre
endoderma e mesoderma vai fechar a notocorda. Ela começa a crescer e se desenvolver ao longo
do embrião e à medida que ela for crescendo, vai guiar a formação do SNC durante o seu
crescimento.
→ A notocorda se fecha entre o 14º e 18º dia, em que se inicia a formação do tubo neural a partir
invaginação da crista neural.
→ Forma a placa neural, a placa neural forma o sulco neural, a gruta neural, e aquela invaginação
vai fechando até formar duas estruturas: o tubo neural e as células da crista neural que vão ser
importantes para a formação do sistema nervoso periférico.
Crista neural: após o fechamento do tubo neural, se forma com os resquícios do tubo. Vai formar
gânglios espinhais e nervos periféricos. Acompanha os somitos durante seu desenvolvimento e faz
inervação dos segmentos, por isso os nervos são todos segmentados. Os somitos se subdividem
em duas estruturas, que são os dermátomos e os miótomos. PROVA!
→ Por volta do 21º dia, fecha o sulco neural que vai invaginar para fechar o tubo neural. Então,
esse tubo se fecha em dois momentos diferentes: neuróporo caudal (medula) no 25º dia e o
neuróporo rostral (crânio) no 27º dia.
Importância clínica
- O fechamento do tubo neural é guiado por estruturas que envolvem o sistema nervoso, o SNC
tem como característica estar envolto/protegido por um tecido mesodérmico ósseo, sendo a parte
rostral o crânio e a caudal as vértebras.
- Então, essas estruturas são desenvolvidas através dos somitos, o mesoderma tem esses somitos
que vão crescer em volta do tubo neural e o tubo neural desenvolve todo o sistema nervoso central
tanto que o SNC inteiro é tubular.
- Quando o tubo neural fecha, ele vai se dividir em duas porções, uma é a placa alar e a outra é a
placa basal.
- Como o SNC interage com o meio externo, é inteligente que ele use o tecido mais externo para
se formar, então tem origem ectodérmica. Muitos medicamentos para o SNC dão alergia na pele
e doenças no SNC também se manifestam na pele, justamente porque são formados do mesmo
tecido.
- A placa alar está muito próxima da superfície, posteriormente e com função sensitiva. Da mesma
forma, a placa basal está perto do mesoderma (forma músculo e osso), anteriormente e com
função motora. No caso do bulbo, que se abre, a parte motora é medial e a parte sensitiva é lateral.
- Assim, quando tem lesão na parte posterior da coluna se
perde a sensibilidade, quando tem lesão da parte anterior
se perde de motricidade.
Porção dorsal – sensitiva.
Porção ventral – motora.
- Entre as duas placas se forma o sulco limitante (originado
do crescimento não uniforme das paredes do tubo neural) e tudo que está próximo a ele é visceral.
- Logo após o fechamento do tubo neural, vai ter a formação das vesículas cerebrais formadas
a partir do 25º dia. Essas vesículas vão formar, inicialmente, três vesículas primárias:
Prosencefalo - depois da origem ao telencéfalo (cérebro) e diencéfalo.
Mesencéfalo - que se mantém assim.
Rombencéfalo - dá origem ao metencéfalo (ponte e cerebelo) e mielencéfalo (bulbo).
- Pode haver falha do fechamento do tubo neural, assim não consegue envolver os somitos de
forma adequada e algo fica faltando.
- Então, quando tem essa falha, o osso não se fecha de forma adequada e, assim, pode acometer:
mielomeningocele, meningocele ou encefalocele.
Mielomeningocele: tem-se um saco (cele) que possui medula e meninge. Então, tem tecido
nervoso junto e o erro ocorreu antes do 27º
Meningocele: quando tem só meninge (não tem como ter só medula, sempre tem meninge).
Espinha bífida oculta: fechou tudo, mas não fechou o osso.
* Quando acomete o crânio é chamado de encefalocele e encefalomeningocele e o erro aconteceu
antes do 25º dia.
* Ocorre essa mal formação no SNC, pois ele é formado muito cedo e grande parte das mulheres
nem sabe que estão grávidas, há consumo de droga, álcool, não há reposição de ácido fólico,
remédios.
Formação óssea
Os ossos têm origem mesodérmica e formam dois tipos de crânio inicialmente diferentes:
Neurocrânio: responsável por formar os ossos que envolvem o cérebro. Esse vai se dividir em:
Condrocrânio: são de origem cartilaginosa e são mais frágeis. Todas as estruturas ao longo do
desenvolvimento que vão comunicar o cérebro e o corpo, vão passar pela base do crânio, então,
todos os ossos da base do crânio são condrocraniais, porque, se eles fossem dermatocraniais,
seriam ossos duros e não conseguiriam com que as estruturas se desenvolvessem de forma
adequada e nem conseguissem perfurar. Ou seja, os ossos da base são cartilaginosos para permitir
a passagem das estruturas, então têm forames. É preocupante uma fratura de base de crânio
devido à passagem de todas as estruturas principais (carótidas, nervo facial, nervo trigêmeo).
Exemplos: esfenoide - tem vários forames, pois todos os nervos e artérias que passaram por lá fez
com que o osso se moldasse a essas estruturas, osso temporal também é um exemplo, osso
etmoidal etc.
Dermatocrânio: são ossos longos, são muito vascularizados e sem origem cartilaginosa,
então, não tem forames e são duros.
Viscerocrânio: responsável por formar os ossos que não vão envolver o SNC, como a
mandíbula e o maxilar. São os ossos da face.
→ Existem 28 ossos principais no crânio, alguns são planos e outros cartilaginosos, sendo os
principais:
Osso frontal: é um osso dermatocranial plano que possui duas estruturas principais: o processo
orbital (fica na órbita propriamente dita) e a parte escamosa (parte interna do osso). Então, possui
duas porções, uma visceral (interna) e outra parietal (externa).
Osso temporal: tem várias estruturas nele como o mastoide, uma parte escamosa, uma parte
petrosa que é a parte mais dura, e o meato acústico que comunica com o ouvido. Como o osso
temporal possui buracos, ele será um osso condrocranial.
Osso esfenoidal: é um dos ossos mais complexos do crânio, possui várias estruturas e é composto
por um corpo, duas asas (asa maior e a menor), sela turca e forames (redondo, fissura orbital
superior, espinhoso, oval e canal óptico).
Osso parietal: é um osso dermatocranial plano, não tem estruturas nem forames passando por ele.
Osso occipital: é um osso dermatocranial plano e composto por dois ossos, porque a primeira
vértebra embriológica está fundida a ele. Na 23ª semana de gestação, o osso occipital se funde
com a vértebra que surge e forma a proeminência occipital externa, e é por isso que temos oito
níveis cervicais, porém só possuímos sete vértebras, porque a primeira vértebra se fundiu com o
osso occipital tendo uma vértebra a menos. Então, o osso occipital é originalmente um osso
dermatocranial que se fundiu com uma vértebra (terceiro somito forma ela) e a partir disso tem o
côndilo occipital. Concluindo, fazem parte do SNC: corpo, porção basilar, sincondrose esfeno-
occipital, canal hipoglosso e côndilo occipital (interage com uma vértebra).
Sinapses
As sinapses são comunicações. Elas podem ser:
Sinapse elétrica - comunicação nos dois sentidos. Servem para trafegar informações dentro do
próprio neurônio, dificilmente passa de um neurônio pro outro.
Sinapses químicas - são as mais comuns e são dependentes de neurotransmissores. Essa passa de
um neurônio pro outro por causa dos diversos neurotransmissores diferentes, alguns excitatórios
e outros inibitórios.
Um neurotransmissor excitatório é capaz de propagar a condução da sinapse e um inibitório
é capaz de hiperpolarizar o neurônio. Isso não significa que a ação final de um neurotransmissor é
excitatória ou inibitória. Por exemplo: um neurônio que é inibido não necessariamente inibe uma
via, pode fazer com que uma via funcione.
Funciona através da mudança de potencial de membrana. Para inibição, aumenta o influxo
de cloro e não consegue despolarizar porque aumenta o potencial de membrana. Para estimular,
aumenta a entrada de sódio para ocorrer despolarização. Normalmente, o neurônio é negativo.
Como acontece esse processo:
→ Geralmente, o neurônio está em -70mV, recebe muito sódio e potássio e, assim, vai começar a
despolarização do neurônio. Quando despolariza, entrou muito sódio pra dentro dele isso vai
alterar o potencial de membrana e esse potencial permite a entrada de cálcio.
→ O cálcio entra e se liga às vesículas que contém os neurotransmissores dentro, puxando a
vesícula para a fenda sináptica. Com isso, ele funde a vesícula à membrana do neurônio e isso gera
liberação dos neurotransmissores na fenda sináptica, que vão inibir ou estimular o próximo
neurônio. Depois, sai todo o sódio para repolarização e o neurônio fica muito negativo,
hiperpolarizado por um tempo. Pouco sódio e pouco potássio entram de novo para o potencial
chega a -70mV novamente.
→ Existem vários tipos de neurotransmissores, sendo a maioria deles excitatórios, mas também
existem os inibitórios. Exemplos de neurotransmissores: acetilcolina, GABA, dopamina,
adrenalina, histamina, glutamato, serotonina, aspartato, endorfinas, encefalinas etc. Quando o
sódio entra vai facilitar a permeabilidade e no caso do cloro ele vai inibir a permeabilidade.
Maria Clara Conti – XLI ---- 10/08/2020
- São membranas que protegem o cérebro, envolvendo o SNC.
- Importantes porque contém grandes parte dos vasos sanguíneos do cérebro.
- As meninges são originárias do tecido de transição entre o ectoderma e mesoderma.
- A origem mais clássica dela, provavelmente, é ectodérmica.
- São essas membranas que inflamam e onde crescem os tumores, não no cérebro.
- Temos três membranas principais, sendo a dura-máter, aracnoide e a pia-máter.
Dura-máter
→ É a membrana mais externa, bem dura e resistente.
→ É composta de dois folhetos: o folheto visceral (interno) e o parietal (externo).
Folheto parietal é o periósteo afuncional, porque ele é extremamente aderido ao crânio e a função
do periósteo é promover a cicatrização óssea. Por isso que ele é afuncional, porque se quebrar o
crânio a primeira coisa que começa no processo de cicatrização é o calo ósseo, e não pode formar
um calo ósseo no cérebro então não tem periósteo na parte interna, justamente para não formar
o calo ósseo. A parte visceral também serve para proteção do SNC.
Tirando criança, depois dos 7/8 anos de idade quando quebra um crânio, dificilmente
ele vai cicatrizar de novo, ele vai formar um tecido fibroso, mas nunca vai estar fundido de novo
porque não tem periósteo funcional.
→ A dura-máter tem grande aderência ao crânio, não há espaço epidural e é altamente inervada,
ela não é vascularizada embora os vasos passem por ela, ela não recebe nutrição.
→ Além disso, os folhetos, em alguns momentos, se separam e formam os seios venosos cerebrais,
dobras da dura-máter que vai receber toda drenagem sanguínea. Os seios recebem a drenagem
sanguínea, pois essa meninge não tem tecido muscular e não corre risco de ter espasmos e gerar
edema cerebral.
→ Forma a foice do cérebro, foice do cerebelo e tenda do cerebelo.
Aracnoide-máter
→ É fibrosa, composta por duas camadas, entre essas camadas há a formação de trabéculas.
→ Ela fica no espaço entre a dura-máter e a pia-máter e nela ficam todos os vasos principais. Da
mesma forma que ela é altamente vascularizada, se tiver infecção, essa meninge que vai
inflamar e causar a meningite.
→ Além dos vasos, tem o líquor no espaço subaracnóideo. É importante que ele esteja nesse
espaço pois, se o vaso tivesse em contato direto com o cérebro, o cérebro sentiria as pulsações.
→ Esse espaço com líquor serve para distribuir a energia da pulsação arterial e ela não ficar em um
local só.
→ Em alguns pontos, há cisternas (bolsões) de água que servem para fazer amortecimento do
cérebro nos lugares mais proeminentes e de maior pressão e impacto.
→ As granulações aracnoides vão drenar esse líquido para a dura-máter. Além disso a aracnoide
faz uma invaginação para dentro da dura-máter e nessa invaginação libera o líquor e esse líquor
vai para o seio que é drenado, então o sangue venoso do cérebro é um pouco mais aguado pois
recebe o líquor.
* Quando tem um tumor de meninge, vai ser um menangioma. Ela afeta a aracnoide, onde está o
sangue.
Pia-máter
→ É a membrana que fica mais próxima e acompanha todo o cérebro.
→ Responsável pelos espaços perivasculares: contêm líquor e estão em torno dos vasos
sanguíneos.
→ Sustentação do SN.
Hematomas
Hemorragias no espaço subaracnóideo: não formam hematomas, pois o sangue se espalha pelo
líquor. Cefaleia intensa, quadro agudo e pode levar a alterações no estado de consciência.
Caso clínico:
Paciente, recém-nascido, apresentou na região toracolombar um abaulamento em linha média. O
abaulamento apresentava característica cística. Concomitantemente, a criança apresentava-se
hipoativa, hipotônica e com dificuldade de movimentar membros inferiores. Segundo a mãe, não
realizou exames pré-natais.
Hipótese diagnóstica: mielomeningocele.
Artigo científico
Embriologia
- O sistema vascular tem origem do tecido mesodérmico, até porque ele é formado por tecido
musculoso também e ele tem origem de duas artérias principais.
- Logo que começa a formar o coração primitivo, antes do coração ainda, são formadas duas aortas
principais, uma é chamada de Aorta Dorsal e outra chamada Aorta Ventral.
- O sistema neurológico vai ser originário, principalmente, da aorta dorsal, a aorta ventral vira a
carótida externa.
- Então, no início tem várias comunicações e essa aorta primitiva que é uma aorta única, ela vai
formar a ventral e a dorsal e elas se comunicam várias vezes em vários pontos diferentes, tem 7
pontos de comunicação, 7 arcos que comunicam entre eles, e à medida que vai evoluindo, esses
arcos vão se involuindo e se modificando para formar o arco aórtico.
→ Da aorta ventral forma a carótida externa.
→ Da aorta dorsal forma a carótida interna.
* A carótida comum vem de um tronco único antes de originar a aorta dorsal e ventral.
→ Então, da aorta dorsal cada uma de um lado, vão sair várias pequenas artérias segmentares que
acompanham os somitos, então tem artéria segmentar de C1, C2, C3 etc, e elas acompanham
segmentos e se fundem depois para formar a artéria vertebral uma de cada lado.
→ A mesma coisa acontece com a basilar, originária dos ramos da carótida interna, dela vão sair
pequenos raminhos que se fundem para formar a basilar, e, depois a artéria vertebral se funde
com a basilar para formar as duas artérias vertebrais com a basilar no meio.
→ Essas artérias, em sua maioria, vão involuir, mas existe a possibilidade de haver remanescente
delas, e, uma se mantém no adulto que é a artéria comunicante posterior, ela comunica o sistema
vertebro basilar com o sistema carotídeo e ela é a única remanescente embriológica que deve
permanecer no adulto.
Sistema Arterial
Temos dois sistemas vasculares que fazem a nutrição do cérebro:
➢ Carotídeo
➢ Vertebro basilar
* Das carótidas internas vai sair o sistema carotídeo.
* E das artérias vertebrais vai sair o sistema vertebro basilar.
- O cérebro não pode faltar sangue, então o fluxo dentro do cérebro é laminar e não pulsátil. Como
o fluxo é laminar e tem o bulbo carotídeo, dentro desse bulbo, quando o sangue o passa,
turbilhona lá dentro como se estivesse acumulando e assim mantém sempre com fluxo contínuo.
Então, se cortar a carótida interna ela não vai ficar pulsando, ela vai esguichar e não pulsar
até o paciente morrer. Quando corta qualquer outra artéria do corpo ela vai pulsar o sangue para
fora. Quanto mais velha a pessoa, mais tempo ela aguenta com uma artéria pinçada no cérebro
por causa do polígono de willis, quanto mais novo menos aguenta.
- O cérebro não faz colateral, pois a anatomia dele é completamente diferente da corporal.
- Então, a parede interna do sistema vascular, além de ser extremamente grudada dando pouco
espaço pra passar coisas (formando a barreira hematoencefálica), também tem a formação interna
em sistema espiralado, esse sistema vai manter o fluxo laminar e o sangue vai manter uma
velocidade mais contínua e uma retilinearidade.
- Todos os vasos intracranianos tem essa característica de ter o epitélio interno espiralado e ter a
túnica média (camada muscular) fina e a túnica elástica mais espessa, como tem uma alta pressão,
o bulbo acaba diminuindo um pouco essa pressão. Tem que ter uma facilidade para dilatação e
contração da artéria, então, a elasticidade tem que ser maior. Isso faz com que tenha muito mais
aneurismas pelo fato de ter uma camada elástica muito maior que vai crescendo como se fosse
uma bexiga, mas não rompe com tanta facilidade, até que chega uma hora que pode romper.
- Além disso, existe uma estrutura que comunica tanto a carótida interna direita com a carótida
interna esquerda, assim como, o sistema vertebro basilar de um lado com o sistema vertebro
basilar do outro, e essa estrutura se chama Polígono Anastomótico de Willis.
* Se uma das carótidas for fechada, o polígono leva o sangue até a carótida do outro lado, de forma
que o sangue chegue ao cérebro para nutri-lo. Quanto mais velho o indivíduo, mais eficiente o
Polígono, porque ele já se refez e aprendeu a mandar o sangue quando falta de um dos lados.
Quando a falta de sangue acontece antes do Polígono as chances são maiores de não haver AVC,
porque a nutrição é suprida.
Sistema vertebro-basilar
→ Nesse sistema, as duas vertebrais vem da subclávia, então as duas vertebrais passam por dentro
das vértebras e depois entra pelo forame magno e elas ascendem fundindo e formam a artéria
basilar. Elas vão ascender acompanhando o trajeto do clivos até próximo de onde tem as clinoides
posteriores para poder ramificar.
Antes da basilar, tem três artérias que saem da vertebral, são:
➢ Artéria cerebelar posteroinferior (PICA ou ACPI)
➢ Artérias espinhais posteriores
➢ Artéria espinhal anterior
Logo depois que a vertebral se funde na basilar vai sair da basilar mais duas artérias que são:
➢ Artéria cerebelar anteroinferior (AICA ou ACIA)
➢ Artéria cerebelar superior
- Irriga a maior parte do hemisfério cerebral (60%), ela irriga a parte lateral dos dois hemisférios o
que faz com que se fechar ela logo no começo o paciente tem chance de morrer grande pois está
cortando 60% da circulação do cérebro.
- A principal função da artéria cerebral média é na área motora (braço), área somestésica
(sensibilidade), área da fala, área de comportamento, cognição, memória, ela faz muita coisa.
Quando olha a tomografia, ela faz irrigação de toda a face lateral do hemisfério.
Sistema venoso
→ Veias são mais calibrosas e mais numerosas.
→ Tem como base os seios durais.
Drenagem se deve a três mecanismo principais:
Pulsação arterial: o sangue arterial empurra o sangue para o sistema capilar, que empurra para o
sistema venoso.
Gravidade: a cabeça é mais para cima, então, ela ajuda a empurrar para baixo, pelo próprio sistema
gravitacional, favorecendo o retorno venoso.
Aspiração da cavidade torácica: durante o momento de diástole, tem uma pressão negativa
interatrial e essa pressão puxa o sangue da jugular.
* As veias do pescoço para cima, não tem sistema de válvulas pois a gravidade ajuda a empurrar,
quando se deita a noite, não se tem uma drenagem muito boa e por isso que acordamos inchados.
Seios venosos:
* Então, tudo vai drenar para o seio sagital superior e inferior, que vai pro seio reto, chega na
confluência dos seios e ali vai se dividir pro seio transverso e o sigmoide.
* Existe mais um seio chamado seio cavernoso que não tem só sangue venoso, ele é o
espaço de duas dura-máter, dentro dele tem 3 nervos, um sistema de drenagem venosa que são
as veias cavernosas e tem a carótida interna.
- Drena o córtex.
- Drena para seio sagital superior, seio transverso e seio sigmoide.
Composto de três veias principais:
• Veia cerebral anastomótica superior
• Veia cerebral anastomótica inferior
• Veia cerebral média superficial
* A média superficial e a anastomótica superior vai drenar para o seio sagital superior.
* E a anastomótica inferior vai drenar para o seio transverso.
- Nesse próximo exemplo, tem um paciente que possui um aneurisma na bifurcação da carótida
interna. A carótida interna se bifurca em cerebral média e cerebral anterior.
- Se esse aneurisma romper vai espalhar sangue pegando, principalmente, cerebral média e o
paciente vai ter déficit de movimentação da mão.
* Sangramento na tomografia fica branco e quando há isquemia no cérebro, ou seja, não chega
sangue, a tomografia ficará preta.
- O paciente seguinte está com isquemia na artéria cerebral média, pois pegou mais da metade do
hemisfério cerebral.
- Vai ter como sintoma déficit do membro superior, fala, cognição.
Sistema Liquórico
→ É produzido pelos ependimócitos dentro do plexo coroide, em geral produzimos de 140 a 170ml
no adulto três vezes por dia, na criança de 6 a 60ml. Então, adultos tem aproximadamente uma
produção média de 450ml por dia.
→ Crianças têm uma produção menor, pois quanto mais velho mais produz. A criança só tem muito
líquor se tiver uma patologia chamada de hidrocefalia.
→ Esse ependimócito filtra o sangue.
- O líquor tem uma alta concentração de cloro, magnésio e sódio e tem uma baixa concentração
de potássio, glicose e bicabornato.
- Geralmente, o líquor é discretamente hiperosmolar em relação ao sangue, mas tem baixa glicose.
- Ele também é hipoproteico, pois proteínas são grandes e coisas grandes não passam pela barreira
hematoencefálica e, por isso tem menos proteínas no líquor.
- O plexo coroide tem várias membranas, essa membrana permite que passe algumas coisas que
facilite a entrada ou a troca de alguns sais e água, assim como, vai dificultar a entrada de proteínas
e glicose. Então, também existe uma barreira na célula.
Existem ventrículos:
Ventrículos laterais ou telencefálicos (um de cada lado).
Forame de monroe: comunica os dois ventrículos com o que fica no meio (terceiro ventrículo).
Aqueduto do mesencéfalo: canal que comunica o terceiro ventrículo com outro que fica no final.
Paciente do sexo feminino, 32 anos, apresentou quadro de cefaleia súbita, de forte intensidade,
referindo como a mais forte da vida. Ao exame físico, a paciente apresentava limitação do
movimento de flexão forçada da cabeça com grande piora da dor. Nega histórias de traumas
recentes ou de infeções de vias aéreas. Após 2 horas do início dos sintomas, apresentou dificuldade
de fala e dificuldade de movimentar a mão direita.
Rigidez de nuca = sinal meníngeo.
Dificuldade de fala e dificuldade de movimentar a mão direita = Artéria Cerebral Média Esquerda.
Possível aneurisma roto de bifurcação da artéria cerebral média esquerda.
* Sangramento no espaço subaracnóideo.
Artigo científico
Embriologia:
- Formação da placa neural, depois vai formar a crista neural e logo depois há o fechamento do
tubo neural em que vão formar as células da crista neural. Essas células vão migrar e essa migração
pós tubo neural vai formar os nervos periféricos, e não só eles, mas também o sistema autonômico
que inclui simpático e parassimpático.
Conceitos:
Núcleo: é o conjunto de corpos celulares envoltos por substância branca dentro do sistema
nervoso central. Então, dentro do SNC vão existir os axônios e no meio desses axônios vai ser
formado um agrupamento de corpos neurais, esse agrupamento vai ser o núcleo.
- Quando se tem um agrupamento de corpos neurais fora do SNC vai ser chamado de gânglio.
Gânglio: corpos celulares envoltos por substância branca fora do sistema nervoso central. Fica no
sistema nervoso periférico.
Neurônio: unidade funcional.
Nervo: é o conjunto de vários neurônios (vários neurônios passando forma um nervo).
Fibras aferentes:
→ As fibras aferentes são aquelas que chegam no SNC e são sensitivas.
Podem ser:
Somáticas – quando se tem controle e/ou consciência dela. Dentre as somáticas, pode se ter dois
tipos, as exteroceptivas e as proprioceptivas.
- As exteroceptivas são as fibras que percebem o meio externo, elas dão informações sensitivas
do meio externo, como por exemplo: dor, temperatura, pressão, tato, calor.
- As proprioceptivas vão dar informações sensitivas com relação ao próprio corpo, ela pode ser
consciente ou inconsciente.
Exemplos: quando se anda, não se pensa qual pé coloca na frente, o corpo já sabe, tudo de forma
inconsciente; da mesma forma que se uma pessoa fecha o olho e levanta o braço ela sabe que ele
está pra cima pois as fibras são conscientes e informa onde o corpo está no espaço.
Viscerais – quando for visceral ela vai ser relacionada a alguma víscera, não se tem controle nem
consciência dela. As fibras aferentes viscerais informam dores nas vísceras como estômago,
intestino etc.
Fibras eferentes
→ Todas as fibras eferentes são aquelas que saem do SNC e são motoras.
Existem duas divisões:
Viscerais – emitem contração da musculatura lisa, movimento atrial, glândulas, faz peristaltismo,
move músculo cardíaco etc.
Somáticas – para músculos estriados e são as mais importantes.
* Todo nervo, em geral, são mistos pois depois que eles saem do corpo dorsal eles se fundem,
então todo nervo vai ter função motora e sensitiva. Mas, antes de virar um nervo só, ou ele é motor,
ou ele é sensitivo.
* Na maioria das vezes, a função sensitiva é periférica e a função motora é central dentro do nervo,
por isso que, geralmente, a compressão primeiro da dor para depois ter déficit motor.
Exemplo: a compressão da hérnia de disco primeiro dá muita dor para depois lesar fibras motoras,
por isso, quando o paciente de hérnia de disco não sente mais dor, tem grande chance de ter
lesado fibras motoras.
Fibras do tipo C:
Via sensitiva:
Via do movimento:
Formação do nervo:
Plexo lombosacro:
- É formado por L2, L3, L4, L5, S1, mas, principalmente, por L4, L5, S1.
- Quando forma o plexo lombosacro, os três superiores L2, L3 e L4 vão formar o nervo femoral e
L4, L5 e S1 vão formar o nervo isquiático.
Lesões nervosas
2. Axonotimese: vai lesar o axônio, o axônio morreu, mas o corpo celular está íntegro, a bainha que
o envolve (epineuro) ainda vai estar preservado.
→ Pode acontecer de a parte preservada começar a ser destruída por desuso, na chamada
degeneração walleriana (quanto mais velho, mais devagar regenera), ou seja, se voltar a estimular,
isso vai voltar a funcionar, se acontecer a degeneração walleriana, não tem como recuperar função.
→ Então, a axonotimese é uma lesão axonal com perineuro e epineuro preservado.
→ É como se tivesse um trem quebrado, mas a linha férrea é preservada.
3. Neurotimese: vai perder até o endoneuro, não tem como regenerar. Pode tentar reconstruir
juntando um pedaço com outro, ou pega nervo sural e encaixa no local. Nessa lesão vai perder o
perineuro ou a secção completa do nervo.
* Quando o neurônio é lesado e reconstrói o neurônio tem que regenerar do corpo até a
extremidade. A taxa de regeneração é de 1 milímetro por dia, então demora muito para regenerar
isso em um adulto. Já em crianças, quando isso acontece, ela tem a taxa de crescimento neuronal
6 milímetros por dia, então ela recupera em 7 dias.
Caso clínico:
Paciente 24 anos, sexo feminino, refere estar realizando exercícios na academia com peso e após
forçar, apresentou uma dor muito forte na mão e punho. Chegou no pronto-socorro devido à
dificuldade de realizar a pronação do antebraço direito e flexão do polegar com diminuição da
sensibilidade dos 2º, 3º e 4º quirodáctilo.
Pronação do antebraço direito, flexão do polegar, diminuição de sensibilidade nos 2º, 3º e 4º
quirodáctilo: nervo mediano.
Diagnóstico: lesão compressiva do nervo mediano.
Tratamento: remoção do segmento lesado e reimplante do nervo sural no segmento lesado.
Artigo clínico
Definição
- A medula é uma massa cilíndrica que tem a sua origem no tubo neural.
- Ela é envolta por uma estrutura óssea (vértebras) e é protegida por membranas (dura-máter,
aracnoide e pia-máter).
- Ela é protegida pelas vértebras: cervicais, torácicas, lombares, sacrais e coccígea. Sendo que as
sacrais, coccígeas e quase todas as lombares não protegem a medula propriamente dita, mas
protegem as raízes dos nervos que saem por ela.
- Assim como na sua origem embrionária, a medula é segmentada e simétrica, apesar das fibras se
cruzarem em algumas partes.
Embriologia
→ Ela é formada após o fechamento do tubo neural (por volta do 25º dia fechamento rostral e até
27º o fechamento caudal).
→ Assim que tem o fechamento do neuróporo caudal, vai ter fechado toda a medula e, então,
começa a ter migração dos somitos (tecido mesodérmico) e eles começam a envolver a medula e
as raízes, formando dois tipos de tecidos, o esclerótomo e o miótomo.
* O miótomo vai formar o músculo derivado.
* E o esclerótomo forma o osso, que vai proteger.
- Então, os somitos envolvem e protegem toda a medula e todos os nervos periféricos até o
desenvolvimento completo.
→ Da crista neural vai formar as raízes e os nervos; do tubo neural forma a medula.
→ Logo depois do fechamento, tem a formação de duas lâminas: a alar e a basal.
➢ A alar é posterior e como está mais próxima da parte dorsal (meio externo) ela será sensitiva.
➢ A basal é anterior e mais voltada pro tecido mesodérmico, então será motora.
* Entre a lâmina basal e a alar, há uma estrutura que se chama sulco limitante, nessa estrutura fica
a parte visceral (de origem endodermal), tudo próximo a esse sulco será visceral.
Conceitos
Substância cinzenta: é todo corpo de neurônio ou axônio que não são mielinizados, ou seja, são
amielínicos, não possuem bainha de mielina.
Substância branca: são as partes de neuróglia, células da glia (astrócito, ependimócito,
oligodendrócito) e fibras que são mielinizadas e elas podem estar ao longo de todo o SNC, desde o
cérebro até a medula.
* No cérebro, tem-se núcleos de substância cinzenta envolvendo a substância branca em algumas
partes. Na medula, isso não acontece por conta da rotação embriológica sofrida por ela, então
ocorre o oposto, a substância branca envolve a cinzenta. Então, na medula a cinzenta é central e a
branca é periférica.
Núcleo: massa de substância cinzenta envolta por substância branca.
Trato: é um conjunto de feixe de axônio com mesma origem, função e destino. Tem que ter
necessariamente essas três características. Se tiver um trato com mesma origem e destino, mas
função diferente ele vai receber um nome diferente de trato. Então, cada vez que muda qualquer
um desses critérios ele receberá um novo nome de trato. Ou é motor ou sensitivo, leva uma
informação.
Fascículo: é a mesma coisa que trato só que é mais compacto.
Lemnisco: são vários feixes nervosos, são conjuntos de tratos em forma de fita. Estão mais
concentrados no tronco encefálico.
Funículo: é um cordão que possui várias fibras de substância branca. Um cordão tem vários tratos
e fascículos diferentes.
Anatomia vertebral:
Vértebras torácicas: não tem quase nenhuma mobilidade, pois o plano articular é coronal.
→ Isso favorece um pouco de lateralização, mas a grande mobilidade que essa vértebra dá é nas
costelas, para auxiliar o movimento respiratório.
→ Essa vértebra articula principalmente com as costelas.
Vértebras lombares: fica no plano sagital, então favorece flexão e extensão da coluna e um pouco
da lateralização.
→ É uma vértebra maior, então tem mais resistência, pois ela sustenta grande parte da coluna.
* Porém, a parte muscular vai ser mais importante para sustentar, principalmente a abdominal.
Medula:
- A medula será protegida pelas membranas pia-máter (ao redor da medula), aracnoide, dura-
máter (diferente do crânio essa não será aderida ao osso por causa da mobilidade da coluna). A
aracnoide aqui será aderida a dura-máter então não se tem espaço igual tem no crânio.
- Fica dentro do canal vertebral, tem um tamanho aproximado de 45 cm, ela geralmente acaba
entre L1 e L2, não chega até o sacro.
Ligamento amarelo: fica entre a dura-máter e o osso.
- Em alguns pontos da medula, há duas intumescências que são regiões que recebem muitas vias,
ou motoras ou sensitivas e a região que mais recebe essas vias ou é a área que vem da mão ou a
que vem da perna, então se tem uma intumescência cervical e uma lombar.
- A medula na região cervical possui uma área maior que é a intumescência cervical e depois uma
área menor que é a intumescência lombar.
- A taxa de crescimento vertebral é maior do que a taxa de crescimento medular, pois o neurônio
cresce de forma mais lenta. Por conta disso, os níveis vertebrais e medulares são diferentes.
- No início embriológico, os níveis são semelhantes, mas com o crescimento, a vértebra cresce mais
rápido e a medula fica menor, sem conseguir acompanhar.
- No nível cervical, geralmente C1 na vértebra é igual a C1 na medula, C2 na vértebra é C2 na
medula, na C3 já começa a pegar um pedaço entre C2 e C3.
* Então, em geral a regra é: o nível medular e o nível vertebral na coluna cervical, o vertebral vai
ser +1, então por exemplo, se lesou a vértebra em C5 a lesão na medula vai ser C6 e isso é
importante para determinar nível. Da medula para a vértebra é -1, da vértebra pra medula é +1.
* A partir de T1 até T6 vai ser +2, então, se lesou a coluna em T2, possivelmente, na medula vai
pegar entre T3 e T4.
* De T7 a T11 será +3, T12 fica praticamente todas as lombares, entre L1 e L2 ficam as sacrais e
coccígeas, pra baixo disso será apenas raiz.
* Nos nervos, entre o espaço C1 e C2 vai sair a raiz de C2, entre C2 e C3 sairá a raiz de C3, isso
acontece até T1, pois entre C7 e T1 sairá a raiz de C8, mas a partir disso volta, entre T1 e T2 sai a
raiz de T1.
Níveis vertebrais Níveis medulares
C1 e C2 Iguais aos vertebrais
C3 a C7 Vertebral + 1
T1 a T6 Vertebral + 2
T7 a T10/T11 Vertebral + 3
T11 e T12 Quase todas as lombares
L1 e L2 Sacrais e coccígeos
- Existem 7 vértebras cervicais, 8 nervos cervicais e 8 segmentos medulares cervicais.
Substância branca na medula será: lateral, formada por fibras e dividida em três funículos (anterior,
lateral e posterior). É um canal de transmissão, leva e traz, não processa nenhuma informação.
Substância cinzenta: é central e dividida em três cornos (anterior, lateral e posterior). Responsável
pelo processamento das informações.
- Na prática médica, quando vai se fazer uma punção lombar tem que colocar a agulha onde não
tem medula, então vai puncionar de L2 para baixo, na subaracnoide.
Lâminas de Rexed
- A substância cinzenta é dividida em lâminas que serão responsáveis pela função de cada parte da
substância cinzenta.
- São áreas da substância cinzenta medular que possuem diferentes funções.
Lâmina 1 – Fibras Nociceptivas A-alfa → recebe as fibras de dor aguda, fibras sensitivas de alta
velocidade ficam na porção mais anterior do corno posterior.
Lâmina 2 – Fibras Nociceptivas C. Substância gelatinosa → recebe as fibras de dor lenta. A lâmina
1 e 2, principalmente a 2 formam a substância gelatinosa que fazem parte do controle de dor.
Lâmina 3 – Recebe fibras dorsais de sensibilidade → toda sensibilidade geral.
Lâmina 4 – Recebe fibras dorsais de sensibilidade e fibras propioceptivas mecanoceptores (ficam
no órgão tendíneo de Golgi) → junto com a III formam o núcleo próprio.
Lâmina 5 – Fibras Nociceptivas Ab e C → vai processar e regular a dor.
Lâmina 6 – Proeminente nas Intumescências. Recebem vias proprioceptivas → pega as
informações vindas do corpo, inclusive dos órgãos internos.
Lâmina 7 – Zona intermédia. Via Espinocerebelar. Via parassimpático da medula → pega uma
relação entre a via motora e sensitiva (espinocerebelar). Ela vai para o cerebelo, mas também
comanda a propriocepção e principalmente na parte final (sacro) tem
grande ativação parassimpática.
Lâmina 8 – Via Comissural. Atividade motora: comunicação com as raízes
→ onde há relação da via motora que vai comunicar com as raízes.
Lâmina 9 – Motoneurônios. Inclui as maiores atividades motoras.
Lâmina 10 – Comissura cinzenta. Comunicação entre as duas partes da
medula. Via Espinotalâmica → nesse local há o cruzamento das lâminas,
contralateral.
Síndrome Medular anterior: lesa só a parte anterior, paciente só tem déficit motor.
Síndorme cordonal posterior: paciente perde só a sensibilidade, não sente. Isso faz com que ele
tenha movimentos mais bruscos.
Vascularização da medula
- É multisegmentar.
- Se inicia na coluna cervical pelas artérias vertebrais. Da vertebral sai uma artéria espinal anterior
(sai um pedaço de cada vertebral e eles se fundem) e saem duas artérias espinais posteriores.
- Através de radiculares, a artéria vertebral vai completando a circulação.
- À medida que vai descendo, quando chega na torácica, há contribuição das artérias intercostais
posteriores que desce até o cone medular.
- Por volta de T6 a T8 há uma outra artéria que faz um looping que é a artéria radicular magna, ela
nutre de T6 para baixo, ela é uma radicular, mas é mais grossa e é um ramo da artéria intercostal
posterior.
Sistema venoso:
- É muito variado, tem várias veias de drenagem, sendo as principais: a veia espinal anterior e as
veias espinais posteriores (pode ter de dois a três, mas em geral são três) e as veias radiculares,
são elas que drenam a maioria da medula.
Arco reflexo
Recebe o estímulo, esse estímulo através do estiramento (dor ou estiramento da via sensitiva)
vai até o corno posterior, lá ele faz uma comunicação dentro da substância cinzenta e manda
informação através da porção anterior para a via motora, para que ela faça o movimento. Essa via
sensitiva sobe para o cérebro, mas não para ele executar o movimento, e sim, para avisar o cérebro
que teve estímulo, para que o cérebro pare o movimento.
Então, quando recebe o estímulo, a informação sensitiva chega até o corno posterior que
comunica com o corno anterior e vão ter dois sinais:
- Um vai para o músculo para executar o movimento.
- O outro manda pro cérebro para avisar que sentiu.
Quando a informação chega no cérebro, ele avalia a informação e envia uma via motora (1º
neurônio motor) para parar o movimento, pois há situações em que não precisa puxar totalmente
o músculo, pois já tirou do perigo, então ele manda uma informação para que pare o movimento.
O arco reflexo vai ser executado mesmo sem o cérebro, mas assim vai fazer o movimento de
forma ampla, pois o cérebro não inibe.
Recapitulando: o estímulo é recebido e levado até o corno posterior na medula. Do corno posterior,
comunica-se com uma área da porção cinzenta, comunicando com o corno anterior pelo
interneurônio e o corno anterior manda um estímulo pela via motora para movimentar contra
aquele estímulo. A via sensitiva avisa o cérebro que houve estímulo, mas você só percebe que teve
o estímulo quando já teve uma reação.
- O sinal recebido pela medula é emitido de duas formas simultaneamente: um sinal é enviado para
o músculo executar o movimento e um sinal é para avisar o cérebro que houve estímulo.
- Ele é inconsciente.
- O cérebro atua avaliando a situação e percebendo que o movimento não tem que ser feito por
completo, pois isso vai gastar energia em uma situação que não precisa gastar tanto, é um gasto
desnecessário. Por exemplo, ao se machucar em uma agulha, você não puxa a mão por completo
para muito longe, pois o cérebro percebeu que um movimento mais suave já retirou a mão do local
do perigo. Ou seja, o cérebro não executa o movimento no arco reflexo, ele inibe o movimento.
- O arco reflexo não passa para o cérebro antes da execução do movimento, o movimento é feito
pelo comando medular e de maneira ampla e exagerada, que é inibida pelo cérebro.
Lesões do primeiro neurônio motor: (pode ser lesado ou na medula ou no cérebro) como esse
neurônio faz a inibição, quando lesionado vai perder a inibição então o paciente vai ter aumento
do reflexo, o movimento será muito exacerbado, hiperreflexia. Esse neurônio é dentro do SNC.
Lesão do segundo neurônio motor: a informação nem chega pro músculo, o paciente não contrai o
músculo e a resposta é hipo ou arreflexia. Clássico da esclerose lateral amiotrófica, na qual a via
motora é lesada, mas a sensitiva não, então o paciente sente dor, mas não tem reação.
- Normalmente, o 1º neurônio motor leva o estímulo já processado até a medula e a medula manda
o 2º neurônio motor executar o movimento pensado, até que o 1º neurônio motor mande parar.
Sendo assim, o arco reflexo nada mais é do que um atalho, porque independe do 1º neurônio
motor. Na lesão do 1º neurônio motor, o movimento voluntário é perdido, mas, se houver um
atalho entre o 1º e o 2º, esse movimento pode ser executado. Se lesar o 2º neurônio motor, por
mais que o 1º pense o movimento, não é possível executá-lo.
- A tendência de um neurônio é sempre se manter excitado até que algo o faça parar.
- Entre o neurônio motor e o neurônio sensitivo, tem o neurônio de associação, que avisa sobre o
reflexo. Ele faz o reflexo em vários níveis. Por exemplo: quando você bate o dedão, o estímulo
percorre pelo nível C7 medular, o que deveria gerar a resposta de extensão do punho. Porém, você
não faz só isso, você puxa o braço todo. Isso ocorre porque existem 2 tipos de reflexos: o reflexo
segmentar (simples, só pega o segmento estimulado mesmo) e o reflexo intersegmentar (comunica
para segmentos um pouco acima e um pouco abaixo para pegar um segmento inteiro e ter uma
resposta mais precisa e ampla). Todo reflexo, na prática, é intersegmentar. Alguns reflexos são
quase intrassegmentares, são mais isolados, como é o reflexo patelar, mas ainda são
intersegmentares. Podem ser testados para saber a lesão.
- O 1º neurônio motor é dentro do SNC e o 2º neurônio é fora do SNC.
- São dois tratos diferentes que tem funções diferentes, mas saem do mesmo local e chegam ao
mesmo local.
- Saem do corno posterior e são sensitivos.
Espinotalâmico anterior: informação de tato grosso e pressão.
Espinotalâmico lateral: tem função de dor e temperatura.
Trajeto deles também tem três neurônios:
➢ 1º neurônio: chega até o corno posterior, não chega até o bulbo, comunica com o 2º neurônio
sensitivo, cruza na medula no nível que ele entrou (ex: C6, C7) e, assim, ele vai contralateral.
➢ 2º neurônio: vai até o tálamo.
➢ 3º neurônio: vai do tálamo ao cérebro.
* Então, se lesar o espinotalâmico a direita, vai perder a sensibilidade do lado esquerdo.
- Eles são o mesmo trato, o que muda é o trajeto que ele faz.
- Leva a informação da propriocepção inconsciente para o cerebelo.
Trajeto: chega no corno posterior, entra e faz sinapse com dois neurônios, um neurônio segue do
mesmo lado e sobe até o cerebelo daquele lado, esse vai ser o espinocerebelar posterior. O outro
neurônio cruza na medula e sobe contralateral até a ponte e na ponte ele descruza e volta para o
cerebelo do mesmo lado, esse é o espinocerebelar anterior.
* Isso existe para que, se por um exemplo, toma uma facada na medula e lesou só metade não irá
perder a sensibilidade, pois tem a mesma sensibilidade dos dois lados, então mesmo que tenha
machucado a medula não há perda.
* Sempre que no cérebro tiver duas vias para fazer a mesma coisa, isso indica que aquela função é
muito importante.
* Quando um trato é sensitivo ele começa com a palavra “espino” e quando é motor vai terminar
com a palavra “espino”.
Miótomos
Nível da raiz Inervação motora
C5 Flexão do braço
C6 Flexão do punho
C7 Extensão do punho e do braço
C8 Abrir e fechar a mão
T1 Abrir e fechar os dedos
L3 Flexão da perna
L4 Dorsoflexão do pé
L5 Extensão do hálux
S1 Flexão do pé
Caso clínico
Paciente de 21 anos, vítima de acidente motociclístico. Foi admitido no hospital em bom estado de
consciência, contudo ao exame físico apresentava hemiplegia à direita, com hiperreflexia do
hemicorpo direito, perda da sensibilidade vibratória e tato epicrítico à direita e hemianestesia
térmica e álgica à esquerda.
Hemiplegia à direita: trato corticoespinal lateral direito ou um corno a direita.
Hiperreflexia do hemicorpo direito: 1º neurônio motor de um trato corticoespinal direito.
Sensibilidade vibratória e tato epicrítico a direita: fascículo grácil e cuneiforme direito.
Hemianestesia térmica e álgica a esquerda: trato espinotalâmico lateral direito.
- Isso mostra que lesou a metade direita da medula.
- Essa é uma Síndrome da Hemissecção Medular ou Síndrome de Brown-Sequard.
- Na tomografia você enxerga a área lesada branca por conta de edema.
- Perda da sensibilidade motora do mesmo lado, sensibilidade vibratória e proprioceptiva do
mesmo lado da lesão e sensibilidade térmica e dolorosa contralateral à lesão.
Artigo científico
RESUMO: A lesão medular é um quadro clinico caracterizado por qualquer tipo de injúria na medula
espinhal, resultante de compressão, lesão ou laceração da estrutura. O presente trabalho faz uma
revisão dos principais processos fisiopatológicos que caracterizam o quadro de lesão medular. O
quadro fisiopatológico costuma ser dividido em processos primários e secundários, contando com
a participação de várias vias celulares e moleculares, que desencadeiam uma série de processos
em sua maioria nocivos à regeneração e à reabilitação funcional do sistema nervoso medular,
resultando muitas vezes em sequelas irreversíveis para o injuriado. Mesmo que esteja disponível
na literatura uma quantidade considerável de trabalhos, mais pesquisas devem ser feitas a respeito
do assunto, no intuito de oferecer ferramentas associadas a terapias eficientes para recuperação
dessa patologia.
INTRODUÇÃO
MATERIAL E MÉTODOS
DESENVOLVIMENTO
Lesão primária.
Segundo Plaza et al, 2012, o mecanismo mais comum do TRM é o tipo compressivo-
contusivo, no qual o deslocamento/fratura/mutilação dos elementos da coluna vertebral, como
fragmentos ósseos, discos e ligamentos, transmite a energia mecânica do choque para o cordão
medular (Figura 1). Raramente estes mecanismos físicos produzem um corte transversal completo,
com perda da continuidade anatômica do cordão espinhal. Outros mecanismos descritos são:
tosquia, laceração, estiramento agudo e aceleração/desaceleração súbitas (PLAZA et al., 2012).
Del Bel, Da Silva, e Mladinic (2009), descrevem que existem quatro mecanismos de lesão
primária relacionados ao trauma raquimedular: o impacto associado à compressão persistente
ocasionada por ruptura do disco intervertebral, fragmentos ósseos e fraturas com deslocamento,
que são mecanismos bastante comuns; impacto associado à compressão transitória, como nos
casos de hiperextensão; distensões ocasionadas por forças relacionadas à flexão, extensão, rotação
ou deslocamento, comprometendo o fluxo sanguíneo; e, por último, laceração ou transecção.
A energia transmitida pelo impacto, juntamente com os possíveis impactos de estruturas
ósseas no tecido medular, causa uma lesão tecidual no cordão medular. Essa lesão tecidual é
caracterizada pela ruptura da barreira hemato-medular, análoga à barreira hematoencefálica
(DAVSON, 1976), obliteração de vasos sanguíneos e da microvasculatura, e rompimento (lise) de
células da glia e de axônios, células neurais, e/ou mesmo tratos espinhais da medula. A ruptura
desses elementos causa hemorragiaspetequiais, liberação de eletrólitos, metabólitos e enzimas,
assim como morte neuronal imediata por rompimento das membranas celulares (BOTERO;
GÓMEZ; CHAPARRO, 2013).
As células sanguíneas e proteínas do soro invadem a área lesionada, que passa a apresentar
edema e aumento da pressão intersticial, o que causa a diminuição significativa da circulação
sanguínea medular, gerando um quadro de isquemia, hipóxia/anoxia, e/ou hipoglicemia.
Substâncias como tromboxanos, leucotrienos, fator ativador de plaquetas, a serotonina e os
opióides endógenos, também contribuem para a redução do fluxo microcirculatório (TATOR;
FEHLINGS, 1991). Observa-se também micro hemorragias no espaço perivascular da
microcirculação da substância cinzenta, que se estende de modo axial e radial em poucas horas,
aumentando ainda mais o edema e gerando o que se chama de ‘zona de penumbra’ (BOTERO;
GÓMEZ; CHAPARRO, 2013; CHACÓN; NIETO- SAMPEDRO, 2005).
O edema, responsável por graves alterações celulares, se apresenta a partir dos 30
segundos pós-lesão, se incrementa entre os dois e seis minutos, e pode permanecer até após o 15°
dia após a lesão (SHARMA, 2008). Comprovou-se que entre uma e quatro horas pós-lesão, o edema
é maior na substância cinzenta (76%), comparado à substância branca (24%) (SHARMA, 2007). As
alterações da microvasculatura local levam a um quadro de desmielinização e degeneração
neuronal, glial e axonal, assim como vacuolização mitocondrial. Essas lesões celulares e
moleculares podem ser observadas entre 15 minutos e duas horas após o trauma (BOTERO;
GÓMEZ; CHAPARRO, 2013).
O rompimento da barreira hemato-medular permite uma inflamação generalizada em toda
a região lesada pelo trauma, que frequentemente pode se estender para além dele, tanto no
sentido cranial quanto no caudal. A primeira fase inflamatória, ou fase inflamatória imediata, é
caracterizada principalmente pela presença de fagócitos, como macrófagos, e em especial
neutrófilos, e pelas micróglias, que são ativadas durante esse processo inflamatório imediato e
que, além de exercer função macrofágica, removendo os resíduos celulares e detritos metabólicos
e moleculares resultantes do trauma inicial e das lises celulares, juntamente com as outras células
fagocitárias presentes já citadas, liberam citocinas cruciais para a ativação astrocitária em um
segundo momento da lesão (DEL BEL; DA SILVA; MLADINIC, 2009; BOTERO; GÓMEZ; CHAPARRO,
2013; CHACÓN; NIETO-SAMPEDRO, 2005).
Outro evento que merece atenção na fase aguda da lesão é a alteração da homeostase
iônica e consequente intoxicação e apoptose por excito toxicidade. Segundo Plaza, 2012, a perda
de homeostase iônica, principalmente dos íons cálcio (Ca++), sódio (Na+) e potássio (K+), é uma
característica fundamental para a morte celular por apoptose e por necrose, uma vez que suas
variações perturbam a excitabilidade e a transmissão sináptica. Especificamente o influxo de íon
cálcio para o interior das células inicia processos nocivos, como a ativação de calpaínas, disfunção
mitocondrial e produção de radicais livres, levando à apoptose celular dos componentes do tecido
neural. Além disso, segundo Chacón, e Nieto-Sampedro (2005), o íon cálcio regula a
permeabilidade para os íons sódio e potássio durante a excitação neuronal, controla a atividade de
muitas enzimas críticas e o armazenamento de neurotransmissores nas vesículas sinápticas. O
acúmulo intra-axonal tende a aumentar 30 minutos pós-lesão, alcançando sua concentração
máxima dentro de oito horas, permanecendo elevado por pelo menos uma semana. Diz ainda que
sua saída da célula, mediada pela enzima Cálcio-ATPase, está inibida, podendo causar excito
toxicidade, e inclusive a morte celular dos neurônios afetados pelo trauma e nas regiões
adjacentes. Além disso, a elevação do cálcio no ambiente intracelular estimula a liberação de
aminoácidos excitatórios, como o glutamato e o aspartato, que reforça a cascata de eventos que
culminam na excito toxicidade neuronal.
Sobre a excito toxicidade, Plaza et al. (2012), diz que é resultado principalmente da ativação
excessiva dos receptores de glutamato como consequência das lises celulares, que elevam sua
concentração no meio extracelular subitamente, de modo que isso gera uma falha no mecanismo
de transporte ativo intra e extracelular, o que perpetua a alteração das concentrações iônicas
tissulares. Além disso, comenta que os radicais livres produzidos como consequência do influxo de
cálcio para porção interna das células, assim como os provenientes de outros mecanismos, mas
presentes no sítio da lesão, ativam a peroxidação de ácidos graxos, o que produz lesão das
membranas celulares que implica em morte celular associada a disfunção das organelas,
contribuindo com a alteração da homeostase de cálcio, o que gera um ciclo vicioso que desregula,
entre outros mecanismos, o mecanismo normal de transmissão de impulsos nervosos
permanentemente, além de tornar a induzir apoptose celular.
A degeneração Walleriana, uma das principais responsáveis pela mortalidade de células
componentes do tecido neural e ‘devastação’ da região lesada, caracterizada também por ser uma
lesão medular avançada (Figura 2) é resultante de um processo de degeneração do axônio da célula
neuronal depois de um trauma. No sistema nervoso central, o mecanismo de reparação é diferente
do mecanismo do sistema nervoso periférico. Causada pelas alterações da microcirculação local
(micro hemorragias e edema), e pelas alterações da homeostase eletrolítica (BOTERO; GÓMEZ;
CHAPARRO, 2013), as estruturas de mielina, que envolvem os axônios, não permanecem intactas,
frequentemente secretando fatores de estimulação ao crescimento axônico, de modo a restaurar
a maioria das conexões pré-existentes. Ao contrário disso, em função principalmente da
inflamação generalizada ocorrente no meio, e dos fatores ali secretados, toda a região do sítio da
lesão é fagocitada e/ou metabolizada por, principalmente, macrófagos e micróglias, gerando uma
cavidade cística, que posteriormente muito provavelmente será preenchida por uma cicatriz, a
cicatriz glial (KALB; STRITTMATTER, 2000). Es
Fatores vasculares.
Segundo Botero, Gómez, e Chaparro (2013), o principal mecanismo de lesão por causa
vascular é a isquemia causada por vasoespasmo e obliteração da microcirculação por trombose ou
agregação plaquetária. Eles descrevem que entre os fatores que induzem o vasoespasmo estão os
‘fatores neurogênicos’ (adrenalina e noradrenalina) e outros, como o óxido nítrico (NOS),
endotelina 1 (ET1) e calicreínas. A isquemia, que gera hipóxia e hipoglicemia, vem seguida de uma
posterior hiperemia, que aumenta ainda mais o dano celular devido à liberação de espécies
reativas de oxigênio (ERO).
Del Bel, Da Silva, e Mladinic (2009), descrevem que a isquemia é agravada pela
vasoconstrição, pela perda da microcirculação e/ou pela hipoperfusão sistêmica. Ressalta que com
a perda da regulação vascular, o fluxo sanguíneo sofre alterações hemodinâmicas que levam à
hipotensão e hipóxia, compondo o quadro de isquemia focal, e que a perda da microcirculação
sanguínea é capaz de aumentar a lesão e a morte celular por suprir o local de radicais livres e outros
bioprodutos tóxicos, como o óxido nítrico (NOS) e os radicais superóxidos produzidos durante a
isquemia, e as EROs, que agem como sinalizadoras que iniciam a progressão da inflamação pós-
traumática e apoptose.
Bao et al. (2009), descrevem que o influxo de leucócitos desempenha um papel chave no
dano secundário. Em ratos, os neutrófilos polimorfonucleares são o primeiro grupo de células
leucocitárias que aparecem no sítio da lesão, entre quatro e seis horas após o trauma. Alcançam
seu pico entre 12 e 24 horas, e desaparecem entre o quinto e o décimo dia pós-lesão (BOTERO;
GÓMEZ; CHAPARRO, 2013). Esse compreende o primeiro pico inflamatório pós-lesão. Tem sido
proposto a existência de uma segunda fase inflamatória, essa prolongada, que se inicia por volta
do 14º dia pós-lesão, e persiste até por volta do 180º dia, com um pico por volta do 60º dia tanto
de polimorfonucleares quanto de micróglias. Essa observação sugere uma clara divisão entre a fase
aguda e a fase crônica da reação inflamatória que se segue após a lesão, mostrando também que
os neutrófilos polimorfonucleares persistem por meses no processo, e podem potencializar o dano
a largo prazo (BOTERO; GÓMEZ; CHAPARRO, 2013; BECK et al., 2010; CHACÓN; NIETO- SAMPEDRO,
2005).
Os astrócitos têm sido tidos como responsáveis pela rápida síntese das quimiocinas MCP-1
e MIP-2 (proteína quimiotática de monócitos 1 e proteína inflamatória de monócitos 2),
responsáveis pelo rápido recrutamento de leucócitos em modelos de lesão medular. Essas células
produzem danos através da produção de citocinas proinflamatórias, como o TNFα, interleucina 1
beta, interleucina 8, intérferon gama, e ERO (BOTERO; GÓMEZ; CHAPARRO, 2013). Os astrócitos
também estão envolvidos no processo de cicatrização glial, que ocorre após a formação da
cavidade cística na região da lesão e regiões adjacentes, como consequência da generalizada
fagocitose de detritos celulares e teciduais, tanto por células do sistema imunológico quanto por
micróglias (CHACÓN; NIETO-SAMPEDRO, 2005), além de participarem do processo de modulação
da reação imunológica e inflamatória no local (DEL BEL; DA SILVA; MLADINIC, 2009). Mais detalhes
sobre a cicatriz glial serão abordados adiante.
É sabido que as células microgliais participam da modulação do processo em lesões
medulares. Segundo Del Bel, Da Silva e Mladinic (2009), sua ativação ocorre durante o processo
inflamatório no sistema nervoso central (SNC) e, além de exercer funções macrofágicas, libera
citocinas que são cruciais para a ativação astrocitária.
Os linfócitos B infiltram na medula horas após o trauma, e persistem na lesão por mais de
uma semana. Uma vez ativadas, produzem anticorpos patogênicos que causam neuroinflamação,
morte celular e disfunção neurológica. Alguns desses anticorpos estão presentes em grandes
quantidades no líquido cefalorraquidiano e que se tem encontrado depositados no conjunto com
o componente C1q , relacionados com áreas de patologia axonal e desmielinização (BOTERO;
GÓMEZ; CHAPARRO, 2013).
Os linfócitos T têm sido indicados como inibidores de recuperação funcional pós- lesão
medular. Ratos transgênicos carentes de linfócitos T tiveram melhor recuperação funcional,
medida com a escala motora de Basso-Beattie-Bresnehan (BBB), do que ratos controle que
possuíam expressão normal de linfócitos T. Segundo os autores, essa recuperação está associada
com a reinervação catecolaminérgica e colinérgica e a um recrescimento axonal e remielinização
no sítio lesionado, o que os levaram a concluir que a resposta dos linfócitos T restringe a
recuperação funcional por aumento de monócitos hematógenos e pela redução da regeneração e
remielinização axonal (BOTERO; GÓMEZ; CHAPARRO, 2013).
Várias moléculas estão envolvidas no processo de inibição do crescimento axonal e/ou
repulsão desses. As proteínas NOGO (NOGO-A, NI-250), membros da família de genes Retículo
(RTN1, RTN2, RTN3 e RTN4) (BOTERO; GÓMEZ; CHAPARRO, 2013),
expressas por oligodendrócitos quando lesados por um TRM, apresentam ação inibitória do
processo de crescimento axonal (CHACÓN; NIETO-SAMPEDRO, 2005; SCHNELL; SCHWAB, 1990;
BOTERO; GÓMEZ; CHAPARRO, 2013; DEL BEL; DA SILVA;
MLADINIC, 2009). A glicoproteína MAG (glicoproteína associada à mielina), uma proteína da
superfamília das imunoglobulinas, expressa por oligodendrócitos durante as primeiras fases da
mielinização axonal (BOTERO; GÓMEZ; CHAPARRO, 2013), também exerce atividade inibitória do
crescimento axonal ou promover o crescimento de neuritos, dependendo do estado de
desenvolvimento em que os neurônios estão, in vitro (CHACÓN; NIETO-SAMPEDRO, 2005; FILBIN,
1996; BOTERO; GÓMEZ; CHAPARRO, 2013; DEL BEL; DA SILVA; MLADINIC, 2009). As colapsinas e
as semaforinas compõem uma grande família de glicoproteínas transmembrânicas que causam
efeito repulsivo ao cone de crescimento axonal (BOTERO; GÓMEZ; CHAPARRO, 2013; CHACÓN;
NIETO-SAMPEDRO, 2005). A colapsina 2, em especial, é produzida por oligodendrócitos durante a
fase de desenvolvimento, ajudando no processo de direcionamento negativo do crescimento dos
cones (CHACÓN; NIETO-SAMPEDRO, 2005). Os proteoglicanos também foram relatados como
sendo inibidores do crescimento axonal (BOTERO; GÓMEZ; CHAPARRO, 2013; JONES et al., 2002)
entre várias outras moléculas que apresentam ação inibitória do crescimento desse.
Por outro lado, alguns outros grupos de moléculas secretadas no sítio da lesão e em regiões
adjacentes apresentam características neuroprotetoras ou de estimulação da regeneração axonal.
O NGF (fator de crescimento neural), primeiro fator neuroproliferativo-regenerativo neuronal
descoberto, tem sido amplamente pesquisado como um dos fatores que estimulam o crescimento
dos cones axonais, tanto na fase de desenvolvimento, quanto em indivíduos adultos e injuriados
por lesões medulares (DEL BEL; DA SILVA; MLADINIC, 2009). Outras moléculas relacionadas com o
desenvolvimento, crescimento e sobrevivência do sistema nervoso são: as neurotrofinas (NT) -3, -
4, -5, -6 e -7 (BOYD; GORDON, 2006), o fator neurotrófico derivado do cérebro (BNDF), o fator
neurotrófico ciliar (CNTF), o fator neurotrófico derivado da glia (GNDF), aminoácidos excitatórios
(ex: glutamato) e alguns neurotransmissores, como a serotonina e o óxido nítrico (DEL BEL; DA
SILVA; MLADINIC, 2009).
Na Figura 3 estão representados alguns mecanismos da lesão medular secundária. O trauma
gera hemorragia nas substâncias branca e cinzenta, que gera, juntamente com fatores moleculares
secretados no local, isquemia. A isquemia, além de o próprio choque medular, gera efeitos
sistêmicos, que gera hipóxia, entre outros efeitos, o que favorece a taxa de mortalidade de
neurônios e\ou degeneração de axônios. A isquemia também gera excito-toxicidade, entre elas a
peroxidação lipídica, o que induz à lise e apoptose neuronal. As lises e apoptoses neuronais geram
edema, que faz aumentar a isquemia. Ativações microgliais, induzidos por fatores ali secretados,
tornam a induzir edema e isquemia, todas essas vias contribuindo para a extensão da lesão.
A cicatriz glial
A cicatriz glial se apresenta enquanto uma verdadeira cicatriz no tecido nervoso medular
após uma lesão. Consiste em uma acumulação de astrócitos fibrosos hipertróficos (astrócitos
reativos) na região onde houve grande taxa de morte neuronal e glial, que gera uma cavidade
cística, isso na fase mais adiantada da lesão. Representa a intenção do sistema nervoso de isolar a
região lesionada das influências incontroladas do resto do organismo, se apresentando enquanto
o maior obstáculo para a reconstituição das conexões lesionadas (CHACÓN; NIETO-SAMPEDRO,
2005; BOTERO; GÓMEZ; CHAPARRO, 2013).
Os astrócitos reativos mostram aumento na expressão de filamentos intermediários, sendo
esses reconhecidos pela proteína fibrilar ácida da glia (GFAP) (CHACÓN; NIETO- SAMPEDRO, 2005;
BOTERO; GÓMEZ; CHAPARRO, 2013), aumentando também em número, em resposta à lesão. Seus
efeitos deletérios consistem, ademais, na liberação de glutamato, produção de citocinas
proinflamatórias e de quimiocinas como CXCL10 e CCL2, fator de crescimento endotelial (EGF)
produção de ERO, e de moléculas de matriz extracelular (MME), como o condroitina sulfato
proteoglicano (BOTERO; GÓMEZ; CHAPARRO, 2013).
DISCUSSÃO
Embriologia
- O bulbo é a continuação da medula, então ele mantém toda a orientação de placa alar e basal.
- Ele contém duas metades, uma parte aberta e uma fechada pois tem um período de transição
entre a medula e o cérebro propriamente dito.
➢ Alar – sensitiva
➢ Basal – motora
- Durante a formação das flexoras, o bulbo abre, a porção fechada continua sendo a continuação
da medula, quando o bulbo abre ele vai formar o 4º ventrículo.
- Então, as placas alar e basal chegam no bulbo e dentro dele ela vai abrir. Quando abre, o que era
posterior, passa a ser lateral e o que era anterior passa a ser medial. O que fica medial será motor
e o que fica lateral se torna sensitivo, o que fica próximo do sulco limitante continua sendo visceral.
Resumo:
* Se estiver próximo do sulco limitante, mais pra linha media ele será visceral motor.
* Se estiver próximo do sulco limitante pra fora ele será visceral sensitivo.
Sobre a imagem:
✓ Quando o cérebro vai perceber ou executar algo, essa informação passa por núcleos.
✓ Núcleo próximo da linha média e distante do sulco limitante: motor somático.
✓ Núcleo próximo da linha média e próximo do sulco limitante: motor visceral.
✓ Entre o motor visceral e o motor somático: motor especial.
✓ Núcleo mais lateral e próximo ao sulco limitante: sensitivo visceral.
✓ Núcleo mais lateral e distante do sulco limitante: sensitivo somático.
✓ Entre o sensitivo visceral e sensitivo somático: sensitivo especial.
Anatomia
O bulbo tem tamanho médio de 3 cm e ele é dividido em 3 porções: anterior, lateral e posterior.
Porção anterior
Pirâmide: próxima da linha média. Tem função motora. As fibras do trato corticoespinal cruzam
aqui, mudando de nome a partir daqui.
Olivas: muito importante no sistema de equilíbrio. Estão do lado da pirâmide.
Decussação das pirâmides: fibras do trato corticoespinal cruzam aqui especificamente. Final do
bulbo, quando já é quase medula.
Fissura mediana anterior: igual na medula.
Sulco anterolateral: igual na medula.
Sulco pré-olivar: é o sulco anterolateral, muda de nome chegando na oliva. Antes da oliva.
Sulco pós-olivar: é o sulco anterolateral, muda de nome chegando na oliva. Após a oliva.
Porção lateral
Tubérculo trigeminal: entre o sulco lateral anterior e o sulco lateral posterior. Tem função sensitiva.
Ao lado da oliva.
Sulco lateral anterior.
Sulco pré-olivar.
Sulco lateral posterior.
Porção posterior
- Assim, a vascularização também será dividida em três segmentos e o que vai guiar é a basilar,
então, tem o segmento pré basilar, basilar e o pós basilar que vão respeitar a ordem anatômica.
→ O segmento pré basilar vai irrigar a região do bulbo. E vai ter o ramo lateral da artéria vertebral,
artéria espinal anterior e artéria cerebelar póstero-inferior.
→ O segmento basilar vai irrigar a ponte. Vai ter a artéria basilar e artéria cerebelar antero-inferior.
→ O segmento pós basilar vai irrigar o mesencéfalo. Vai ter a artéria cerebral posterior e artéria
cerebelar superior. Ramos paramedianos finais da basilar.
- Então, irrigando o bulbo só terá o que sai das artérias vertebrais: a artéria cerebelar póstero
inferior, ramo lateral da artéria vertebral, e a artéria espinal anterior.
Microanatomia
- Como o bulbo é uma parte de transição, tudo que vai do corpo para o encéfalo vai precisar passar
pelo bulbo.
- Além disso, o bulbo é composto de uma porção aberta e uma fechada.
* Como todo o tronco encefálico é transição, os nervos não são sempre isolados no bulbo ou na
ponte, podem estar no espaço entre os dois.
- Tem origem dos nervos VIII, IX, X, XI e XII e esses nervos saem do bulbo ou da transição da ponte
com o bulbo.
- Como o tronco encefálico é um período de transição, não necessariamente uma coisa está só no
bulbo ou só na ponte, podem existir nervos que estão na transição entre bulbo e ponte, podem
existir nervos que estão só na ponte e assim vai.
- Além disso, todos os principais centros de controle como o centro respiratório e cardiológico são
controlados pelo nervo vago que é o X nervo craniano e isso é controlado pelo bulbo, então, se o
bulbo for lesado a pessoa morre.
* O coração não precisa do cérebro para bater, mas precisa do cérebro para regular a frequência,
tanto que em morte encefálica o ritmo cardíaco se mantém em 70 bpm aproximadamente e não
muda por nada.
* O nervo vago, que fica no bulbo, faz o controle de quase tudo visceral e ele sai do bulbo.
- Há uma substância no tronco que é a substância reticular e ela não é o núcleo, pois o núcleo é
um aglomerado de substância cinzenta no meio de fibra branca.
Substância reticular: não é um núcleo, mas tem corpos celulares no meio de substância branca. A
substância cinzenta é espalhada e não concentrada, por isso não é um núcleo. É importante porque
comunica várias vias diferentes que ativam o seu cérebro.
* Por exemplo, quando você está dormindo e há um barulho muito alto no ambiente, o centro
auditivo comunica essa substância e ela ativa o cérebro por conta do estímulo muito grande de
uma via, que nesse caso seria por um susto.
→ Tudo que o bulbo faz tem a ver com o ato de chupar sorvete.
- Quando vai lamber o sorvete, a primeira coisa que faz é abrir a boca e colocar a língua para fora
e precisa da movimentação da língua estimulando o núcleo do hipoglosso.
- Logo depois, vai sentir a temperatura e ver que está gelado e assim estimula o núcleo do trato
espinal do trigêmeo.
- Para sentir o gosto, vai estimular o núcleo do trato solitário (faz parte gustativa).
Caso clínico
Paciente 24 anos, sexo feminino, estudante de medicina. Relata que após sair de uma balada e de
ter usado cocaína e muita bebida alcoólica, sentiu uma forte dor na nuca, seguido de síncope. Ao
chegar no hospital apresentava discreta cefaleia com perda da sensibilidade a direita, tinitus e
perda da sensibilidade térmica e dolorosa da face a esquerda, sem perda de força.
Forte dor na nuca: qualquer coisa que dê dor.
Síncope: nervo dorsal do vago. Controle do desmaio pelo SN autônomo. 70% das síncopes são vaso
vagais. Se por algum motivo o vago for lesado, os vasos vão perder sua capacidade de relaxamento
e contração, ficando elásticos demais e gerando queda de pressão seguida por desmaio.
Cefaleia.
Perda de sensibilidade à direita (hemianestesia contralateral): lemnisco espinal (junção dos tratos
espinotalâmico lateral e anterior, que são responsáveis pela sensibilidade corporal). Tudo que vem
do corpo e vai para o cérebro tem que passar pela medula.
Tinitus: barulho agudo, estilo aqueles pós-festa. Núcleo vestíbulo-coclear.
Perda de sensibilidade térmica e dolorosa da face à esquerda: nervo trigêmeo.
→ Região afetada é irrigada pela artéria cerebelar póstero-inferior.
→ Por conta do uso da cocaína e desidratação, ocorreu dissecação da artéria vertebral.
→ A dissecação é uma delaminação da camada interna (endotélio do vaso sanguíneo) e o sangue
começa a passar pelo lúmen normal do vaso e formar um outro lúmen, por onde vai passar
também.
→ O sangue que está entrando no novo lúmen pode ocluir o vaso por “levantar” uma parede nova
ou pode só passar pelo novo lúmen e já sair. Porém, nesse novo lúmen o sangue sofre resistência
e forma coágulo. Isso gera pequenos trombos que podem ocluir alguma artéria e gerar um AVC.
Isso pode ser gerado por estralar o pescoço também.
→ Nessa paciente foi um AVC pequeno que só afetou a PICA.
Síndrome de Wallenberg (VAI CAIR!) isquemia da porção póstero-lateral do bulbo por oclusão da
artéria cerebelar póstero-inferior após a dissecação da artéria vertebral.
Maria Clara Conti – XLI ---- 28/09/2020
Embriologia
→ A ponte é derivada do metencéfalo, esse vai dar origem a ponte e ao cerebelo, possuindo os
dois então, a mesma origem embrionária.
→ A ponte em si vai formar a parede anterior do 4º ventrículo, enquanto que o cerebelo vai formar
a parede posterior. Assim, o quarto ventrículo é de origem metencefálica.
→ Aqui, a placa sensitiva e motora também vai abrir de forma igual ao bulbo. Assim, o que é
posterior ficará na lateral e será sensitivo e o que é medial é motor e o que estiver próximo do
sulco limitante é visceral.
Recordando
Eferente: é tudo aquilo que sai do SNC, então, de certa forma será de origem motora.
Eferente somático - controlável e não tem relação nenhuma com atividade visceral (músculos
estriados - língua, movimento ocular).
Eferente visceral – não é controlável, está relacionado as vísceras. Ele pode ser especial ou geral.
Geral: não há nenhum controle sobre eles (glândulas, músculos lisos, coração).
Especial: independentemente de serem viscerais, tem como ter controle sobre eles. Esses
músculos tem uma origem embrionária que são os músculos branquiométricos.
✓ 1º arco: mastigadora.
✓ 2º arco: mímica.
✓ 3º arco: deglutição.
✓ 4º e 5º arcos: faríngeo.
- Alguns controles possíveis quando se tem consciência, mas que também são efetuados sem que
se precise pensar neles.
Nervos cranianos
II - é o óptico que serve para ver luz, ele também não é motor.
III - é o oculomotor e ele serve para movimentação do olho, mas o olho não tem origem dos arcos
branquiométricos, então ele é somático.
V - é o trigêmeo e é o primeiro nervo que tem ação motora (fecha/abre a boca) e sensitiva (toda a
face).
Arcos branquiométricos
I - Tem relação com o nervo trigêmeo sendo esse um arco mastigatório, assim, o trigêmeo tem
origem no primeiro arco branquiométrico. O ato de comer é visceral porque precisa alimentar as
vísceras, mas o ato da mastigação é consciente.
II - É o arco ruminatório no peixe. No humano, todos os músculos que eram ruminatórios no peixe
viraram músculos da face, o nervo facial é eferente visceral especial.
III - É o da deglutição e todos os nervos decorrentes da deglutição tem origem eferente visceral
especial. A língua não faz parte dos arcos branquiométricos, sendo ela de origem estriada, então
ela é somática mesmo que seja possível auxiliar os movimentos dela.
IV e V - São arcos faríngeos, então a musculatura faríngea que auxilia na deglutição vão mandar o
alimento pro esôfago. Essa musculatura é eferente visceral especial.
Aferente: são os que chegam no SNC.
Aferentes somáticos especiais: é quando há um órgão que necessita de uma diferenciação especial
para perceber os sentidos e eles englobam visão e audição.
Macroanatomia
- A ponte tem aproximadamente 2,5 cm.
Porção anterior
- Dentro do 4º ventrículo tem estrias que separam a ponte do bulbo que são as estrias medulares.
- Atrás das estrias medulares, há uma região de núcleo que envolve tanto a ponte como o bulbo.
Então, são núcleos que saem do núcleo bulbo-pontino, essa região é chamada de área vestibular.
Área vestibular: onde estão os núcleos vestibulares, estão atrás das estrias medulares.
Colículo do nervo facial: são bolinhas nas porções mais inferiores da eminencia medial.
Locus Ceruleus: produz noradrenalina. Aumenta a secreção de ocitocina que vai sair no leite
materno e isso auxilia na capacidade do bebê em perceber a mãe (a mulher que não é a mãe não
vai produzir ocitocina ao amamentar um bebê que não é o próprio filho, então a ocitocina é o que
passa a confiança). Quando a mãe vê sua cria em perigo, esse local faz uma descarga grande de
noradrenalina e isso faz com que a mãe tenha força para salvar os filhos. Ajuda na regulação de LH.
Pedúnculo cerebelar inferior: pega vias oriundas principalmente do bulbo e manda a informação
para o cerebelo.
Pedúnculo cerebelar médio: pega vias da própria ponte e manda para o cerebelo, por isso ele é
maior.
Pedúnculo cerebelar superior: pega vias oriundas do mesencéfalo e manda para o cerebelo.
Vascularização:
- A ponte é vascularizada pela porção basilar, então tudo que a irriga é de origem da basilar.
- As principais artérias são: artéria basilar, ramos pontinos da artéria basilar e artéria cerebelar
antero inferior.
Artéria basilar: do começo ao fim da ponte. A porção medial anterior é nutrida pela própria
artéria basilar em sua totalidade.
- Então se tiver alguma oclusão o outro lado acaba nutrindo pois tem vascularização dos dois lados.
Porém, se fechar a artéria basilar no meio, vai acontecer isquemia dos dois lados.
Microanatomia:
- Tem origem de 4 nervos cranianos que é o V, VI, VII e VIII (sai da transição da ponte com o bulbo).
VI - é como se fosse uma pessoa sentada com o joelho dobrado, então está abrindo a perna, sendo
o nervo Abducente.
VII - é o nervo facial, faz a mímica facial. No espelho, quando olha o número 7, ele está ao contrário
formando um F de facial.
VIII - é o V de Vestíbulo e os III significam a 3 letra do alfabeto que é o C, formando vestíbulo coclear.
- É por ela que irá passar todas as fibras motoras que saem do cérebro e vão para qualquer outro
lugar. Tudo que é motor deve passar pela ponte na parte basal.
Trato cortico-nuclear: são as vias que saem do córtex e vão até os núcleos dos nervos cranianos
motores (exceto do oculomotor e do troclear que sai do mesencéfalo).
Trato cortico-pontino: vai do córtex até a ponte, mas a ponte não tem nenhuma função ativa
propriamente dita. Então, a ponte manda informação para a principal estrutura motora que é o
cerebelo. Dessa maneira, o trato cortico-pontino pega informação do córtex e manda para a ponte
que vai mandar para o cerebelo através do pedúnculo cerebelar médio por uma fibra que chama
ponto cerebelar.
- Uma das vias é a via auditiva: recebe a informação na cóclea, a cóclea manda informação até o
núcleo coclear, do núcleo ele manda a mesma informação para os dois folículos inferiores do
mesencéfalo. Quando a informação chega no núcleo coclear, para passar para outro núcleo coclear
ela usa uma ligação chamada corpo trapezoide e ele sobe do corpo trapezoide até o colículo
inferior através do lemnisco lateral. Então, se lesar o lemnisco lateral irá lesar a via auditiva, vai
perder um pouco da capacidade de ouvir som, mas a pessoa não ficará surda.
- Os núcleos vestibulares são quatro e eles vão fazer comunicação com outra via que se chama
fascículo longitudinal medial.
→ Conecta os núcleos motores dos nervos cranianos oculares, fazendo coordenação do movimento
horizontal.
- Abducente faz o movimento lateral do olho e o oculomotor faz o movimento medial. Com esse
controle o olho não fica vesgo. Por conta desse fascículo que quando você olha para um lado um
olho fica lateral e o outro medial.
→ Liga as fibras vestibulares aos nervos oculomotor e abducente, coordenando a movimentação
horizontal dos olhos.
- À medida que a cabeça se movimenta, esse fascículo percebe a movimentação e posição da
cabeça no espaço e regula o movimento do olho para que as imagens não fiquem bagunçadas.
→ Núcleos do facial e abducente: estão no colículo do facial. O núcleo do facial faz movimentação
de toda a face. Se lesar o colículo do facial, vai acontecer lesão do mesmo lado, gerando dificuldade
de movimentar o olho lesado para o lado e movimentar a face (paralisia facial).
→ Núcleo salivatório superior, núcleo lacrimal e núcleo do nervo trigêmeo: sensibilidade da face.
Paralisia facial
Quando o cérebro pensa em realizar um movimento com a face, as três vias mandam informações.
Duas informações para o lado superior do rosto e uma para a parte facial contralateral.
- Para o lado oposto vão ser mandadas informações para os núcleos do facial, então, a pessoa vai
pensar do lado direito e mandar informações contralateral, mas a movimentação da porção
superior também manda para o mesmo lado, então ele mandará a mesma informação para os dois
lados. Ou seja, a movimentação da porção superior facial é proporcionada pela informação vinda
do mesmo lado e do lado oposto, mas a porção inferior é movimentada a partir da informação
vinda da via contralateral.
→ Ocorre no córtex.
* Tudo que estava no cérebro e “desce” continua e tudo que estava no bulbo e “sobe” continua.
Regra do beijo:
Caso clínico
Paciente, 54 anos, sexo masculino, chegou ao hospital com hemiplegia à esquerda e paralisia da
face à direita. Apresentava dificuldade de olhar para o lado com o olho direito e apresentava
diplopia. Relata também perda da sensibilidade vibratória e tato fino, com discreta ataxia.
Hemiplegia à esquerda: parte basal da ponte.
Paralisia da face à direita: núcleo do nervo facial.
Dificuldade de olhar para o lado e diplopia: núcleo do abducente.
Sensibilidade vibratória e tato fino: fascículo grácil e cuneiforme.
Discreta ataxia.
- Todas essas lesões estão na região medial, irrigada pela artéria basilar e uma área lateral, o que
mostra que pegou na área de transição, que é irrigada pelos ramos paramedianos da artéria
basilar.
- Lesão dos ramos paramedianos da artéria basilar, Síndrome de Foville inferior. Se não tivesse
déficit do abducente e facial, havendo só déficit de sensibilidade e não motora, seria Síndrome
de Foville superior.
Maria Clara Conti – XLI ---- 28/09/2020
Embriologia
- O mesencéfalo vai se manter assim em todo o período evolutivo, sofrer poucas modificações.
- Todas as outras áreas sofrem flexuras, então começam a dobrar e formar órgãos novos, o
mesencéfalo não faz isso.
- O tubo neural é aberto para formar o 4º ventrículo, ele fecha de novo para formar o aqueduto do
mesencéfalo e depois abre de novo para formar o diencéfalo e abre de novo para formar os
ventrículos laterais.
Macroanatomia
Dividido em 4 porções:
• Peduncular
• Substância negra
• Tegumento
• Tecto
Porção anterior
→ Possui duas colunas que comunicam o cérebro com o tronco que é o pedúnculo cerebral, no
meio dele tem o sulco medial do pedúnculo cerebral e o nervo oculomotor sai dele.
Pedúnculo cerebral: comunica o cérebro ao tronco. Passam as fibras do:
➢ Trato corticoespinal – continua para ir para a medula.
➢ Trato corticonuclear – para no núcleo dos nervos cranianos.
➢ Trato corticopontino – para na ponte.
* O trato corticoespinal só muda de nome depois que ele passa na decussação das pirâmides.
Sulco medial do pedúnculo cerebral: está no meio do pedúnculo cerebral, por onde sai o nervo
oculomotor.
Fossa interpeduncular: está entre os dois pedúnculos.
Porção posterior
Pedúnculo.
Substância negra: feixe de corpos com concentrações altas de melanina, que dá a cor negra.
Tegumento: com todos os núcleos e fibras (presentes na ponte e bulbo e vão chegar ao cérebro).
Tecto do mesencéfalo: presença dos colículos, que ficam atrás da substância cinzenta.
- Na porção anterior, tem o pedúnculo cerebral, logo após há um feixe de corpos que tem
concentração muito grande de melanina que é a substância negra.
- Logo depois, tem o tegumento do mesencéfalo e todos os núcleos e coisas que estão na porção
tegumentar da ponte e bulbo, que vão chegar ao cérebro e terão que passar por esse tegumento.
- Na porção tectal do mesencéfalo vão estar os colículos, sendo o superior e o inferior, eles ficarão
atrás da substância cinzenta periaquedutal que é importante no mecanismo de controle da dor.
Vascularização:
Vai ser dividida na porção inferior pelo colículo inferior e na porção superior pelo colículo superior.
→ O nervo óptico vai mandar para o colículo superior fibras da visão e esse colículo vai comunicar
com o núcleo do oculomotor para ele focar no que se deseja olhar.
* O oculomotor serve para olhar para cima, pra baixo e para medial.
- O abducente também faz movimento do olho, quando se quer relacionar o abducente com o
oculomotor vai se utilizar a via do fascículo longitudinal medial.
- Então, a conjugação horizontal do olhar quem faz é o fascículo longitudinal medial, a conjugação
vertical é feita pelo oculomotor (colículo superior). Desse modo, quando lesa o colículo superior o
paciente não consegue olhar para cima, ele sempre fica olhando para baixo.
- Recebe as fibras oriundas do corpo trapezoide que chegaram nele através do lemnisco lateral que
pega informação da via auditiva e vai mandar até o colículo inferior. Ou seja, o colículo inferior
recebe pelo lemnisco lateral as fibras oriundas do corpo trapezoide.
- Então, se lesar o colículo inferior, o paciente terá déficit auditivo, mas não surdez, pois a surdez
precisa de uma lesão pré corpo trapezoide.
Área pré-tectal: auxilia no reflexo ocular, com reflexos pupilares.
- Ela recebe informações do colículo superior para enviar para o nervo oculomotor, ela é uma área
de transição.
- Quando há muita luz, a luz incomoda. O nervo óptico é sensitivo e percebe a luz. Como incomoda,
ocorre a contração da pupila, o que é proporcionado pelo colículo superior, que avisa o oculomotor
para contração da pupila.
- A falta de luz gera o oposto. Isso ocorre porque o colículo superior faz a conjugação do óptico
com o oculomotor.
Movimentação ocular
Nervo oculomotor: faz os movimentos de olhar para cima e pra baixo, olhar para o nariz e olhar
obliquamente para cima (na diagonal).
Área tegumentar
Substância cinzenta periaquedutal: serve para ajudar na via descendente da dor (lembrar que a
dor é uma via ascendente que para ser interrompida precisa da via descendente), essa substância
cinzenta vai receber informação do tálamo. Então, se lesar o tálamo e a substância cinzenta
periaquedutal, o paciente terá como resposta uma dor incontrolável.
* Existe uma síndrome em que o paciente não possui o trato espinotalâmico e não sente dor.
- Além disso, a área tegumentar possui lemniscos (medial, espinal, trigeminal e lateral). E possui o
fascículo longitudinal medial.
Substância negra
- Ela é dividida em duas porções que são importantes nos núcleos da base.
Essa substância vai regular o movimento por estímulo dos núcleos da base.
Pedúnculo cerebral
Todas as fibras descendentes (motoras) que são os tratos corticoespinal, cortico-nuclear e cortico-
pontinos irão passar por ele.
Caso clínico 1:
Paciente 28 anos, sexo masculino, iniciou quadro de tremor, ataxia postural, midríase à direita
(pupila dilata mais de um lado que de outro), dificuldade de movimentar o olho para cima, para
baixo e para o meio e dificuldade de movimentar o corpo à esquerda.
Tremor: substância negra.
Ataxia postural: núcleo rubro.
Midríase à direita: nervo oculomotor.
Dificuldade de movimentar o olho para cima, para baixo e para o meio: nervo oculomotor (pode
ser lesado no núcleo ou após sair do núcleo).
Dificuldade de movimentar o corpo à esquerda: pedúnculo.
→ Lesão da região irrigada pela artéria cerebral posterior (e parte da área dos ramos basilares).
Provável obstrução dessa artéria, não necessariamente atinge o cérebro por conta do Polígono de
Willis.
→ Síndrome da lesão paramediana do mesencéfalo ou Síndrome de Weber-Benedikt.
Caso clínico 2:
Paciente 8 anos, sexo masculino, apresenta quadro de prostração, dificuldade de movimentar os
olhos para cima e sonolência. Piora progressiva nos últimos meses.
Dificuldade de olhar para cima: colículo superior. A coisa mais comum para lesar esse colículo é
tumor de glândula pineal que comprime o colículo porque está ao lado.
Sonolência: hidrocefalia. Ocorre porque, quando há aumento da compressão do colículo, há um
fechamento do aqueduto do mesencéfalo, que é por onde o líquor é drenado para o 4º ventrículo,
então o líquor para de ser drenado e gera hidrocefalia.
→ Lesão do tecto do mesencéfalo
→ Síndrome de Parinaud
→ Síndrome do olhar do sol poente
Maria Clara Conti – XLI ---- 19/10/2020
Classificação
O nervo pode ter componente eferente (tudo que sai do SNC) ou componente aferente (tudo que
chega ao SNC). Não necessariamente um nervo possui somente um dos componentes.
Componentes eferentes: motor.
Somáticos: tem controle sobre. Relacionados aos músculos estriados como a músculos da língua e
da movimentação ocular.
Viscerais: pode ser diretamente relacionado a víscera ou com alguma atividade visceral, e ainda
pode ser completamente sem controle ou com controle. Ele pode ser:
➢ Especial - são todos aqueles que têm origem branquiométrica. Podemos controlar.
➢ Geral - vai para músculo liso, cardíaco ou glândulas (principalmente o vago, mas não
exclusivamente ele). Não temos controle nenhum sobre ele.
Componentes aferentes: sensitivo.
Somáticos
➢ Geral - sensibilidade no corpo todo como dor, temperatura, pressão, tato.
➢ Especial - quando há um órgão que se modificou recebendo algum tipo de sensibilidade como
a audição e a visão.
Viscerais
➢ Geral - dores viscerais, plenitude gástrica que será mediada principalmente pelo vago.
➢ Especial - são relacionados ao componente visceral incluindo principalmente a gustação e o
olfato (pode também ser somático especial).
Embriologia
- Os nervos começam a se formar à medida que eles vão aparecendo. Então, o 1º nervo craniano
foi o primeiro a ser formado e assim sucessivamente. Cada um vai ser derivado dos seus segmentos.
- Com exceção do nervo olfatório e o óptico, que são praticamente corticais, todos os outros nervos
saem do tronco encefálico (mesencéfalo, ponte ou bulbo).
* O óptico ainda tem uma certa relação com o tronco encefálico, pois comunica com o colículo
superior, mas ele não é do tronco, ele sai e vai para o córtex.
As colunas vão ser divididas cada uma delas no tronco, onde cada um dos nervos vai estar:
Nervo Olfatório
- Sensitivo e quimiorreceptor.
- Como ele é um nervo exclusivo sensorial, então vai ser aferente, ou seja, ele vai ser um nervo
aferente visceral especial.
- Seu início é no nariz pelas células olfatórias aceptoras (receptores sensitivos), que através de
prolongamentos o nervo passa pela lâmina cribriforme e, após a lâmina cribriforme, o nervo vai
para seus gânglios que ficam no bulbo olfatório.
- Do bulbo olfatório sai o prolongamento do nervo que é o nervo olfatório propriamente dito que
vai para o córtex olfatór2io.
- Quando o nariz está congestionado, há um edema de mucosa que vai tampar os receptores do
nervo que estão dentro do nariz e por isso não sentimos cheiro.
- Além disso, o nervo olfatório é quimiorreceptor. Então, ele percebe a química ao redor, faz o
estímulo e manda para o cérebro. Como há congestão, vai haver uma interrupção da sinapse, então
o nervo é bloqueado e não se sente cheiro.
Nervo óptico
→ Se houver uma lesão do nervo óptico de apenas um olho, perde-se totalmente a visão daquele
olho, porque nem o temporal, nem o nasal vai chegar ao cérebro, chamado de amaurose.
→ Se lesar só o quiasma, perde apenas a visão temporal, porém dos dois olhos. O nasal fica intacto
porque ele não cruza. Isso é chamado de hemianopsia bitemporal.
- É mais comum em mulher por conta de tumor de hipófise, pois a hipófise fica exatamente
embaixo do nervo óptico, então quando tem um tumor ela vai crescer e comprimir o quiasma
óptico, causando isso.
→ Se lesar depois do quiasma óptico (trato óptico), apenas de um lado, perde a visão do nasal do
mesmo lado que entrou e o temporal contralateral. Por exemplo, se lesar depois do quiasma do
lado esquerdo, perde a visão nasal do olho esquerdo e o temporal do direito. Isso é chamado de
hemianopsia homonima contralateral esquerda ou direita (dependendo do lado lesado).
- Esse trato óptico vai até o corpo geniculado lateral, chegando lá, ele vai emitir vários ramos, dois
principais de cada lado: a alça de mayer e as fibras de gratiolet.
Alça de mayer: vai percorrer pelo lobo temporal e faz o campo superior da visão.
Fibras de gratiolet: vai percorrer pelo lobo pariteal e faz a visão inferior.
→ Se lesar a alça de mayer, perde-se o quadrante superior contralateral da visão. Isso é chamado
de quadrantopsia homonima superior esquerda ou direita (depende do lado lesado).
- O centro fica visual fica preservado, porque uma parte muito pequena das fibras vão ser
processadas para a visão ventral direto, sem vir para o lobo occipital.
→ Se lesar as fibras de gratiolet, perde-se o quadrante inferior contralateral. Isso é chamado de
quadrantopsia homonima inferior esquerda ou direita (depende do lado lesado). O centro visual
também é preservado.
→ Se lesar no lobo occipital, onde tudo converte. Isso é chamado de hemianopsia homonima
contralateral. A diferença da lesão do quiasma é que, como uma parte foi processada, tem uma
- Quanto mais próximo do centro do campo visual, ou seja, mais próximo do nervo óptico, melhor
a qualidade de visão, com uma visão mais nítida e com maior resolução, pois há mais cones. Na
visão periférica, tem muito mais bastonetes do que cones, então a visão periférica enxerga mais
vultos e não consegue distinguir o que está sendo visto. A redução no número de cones é
progressiva do centro em direção à periferia do campo visual.
- O nervo óptico é o local onde todos os neurônios se encontram/entram e não se enxerga nada
nesse ponto, é o ponto cego do olho. Mesmo assim, não enxergamos esse ponto como um preto
ou um vazio na visão, pois há uma comunicação entre o nervo óptico e o nervo oculomotor no
cérebro que faz com que o olho se movimente de forma muito rápida para cobrir todos os
quadrantes da visão, sobrepondo imagens e reconstruindo o que você enxerga para que o ponto
preto não seja visto. Ou seja, o cérebro reproduz o que você já viu alguns milésimos antes para
poder preencher seu campo visual por completo.
- Vai processar toda a informação que veio do cone e vai passar para a terceira célula que é uma
célula ganglionar.
- Então, as células bipolares servem para diminuir o processamento e o gasto que o cérebro terá
para gerar a informação depois e, após isso, toda informação vai ser mandada para uma célula
ganglionar para formar o nervo.
- Vai pegar toda a informação que veio da célula bipolar e vai formar o nervo óptico.
* Então, a taxa de processamento é quase 1:1:1, pois tem um cone para uma célula bipolar para
uma célula ganglionar.
- Isso serve para que seja possível reduzir o processamento das informações fornecidas pelo campo
visual, pois é muita informação de uma vez só.
- O centro do campo visual processa muito, mas em direção à periferia isso reduz, fazendo com
que cada vez mais células enviem informação para uma só, tanto dos cones e bastonetes para as
células bipolares quanto das células bipolares para as células ganglionares. Isso faz com que o gasto
de energia que o cérebro terá para gerar uma informação posteriormente seja menor.
- É como se duas células de cones e bastonetes enviassem suas informações para uma célula
bipolar. Essa célula bipolar vai processar metade da informação enviada por cada uma das células
de cones e bastonetes, reduzindo a informação pela metade. A célula ganglionar, vai receber
informação de duas células bipolares, reduzindo a ¼ a informação que a princípio tinha sido
enviada.
- Quanto menor a divisão de informação, maior o processamento. Por isso, mais perifericamente,
onde muitas células vão recebendo informação a princípio e poucas células fazem o recebimento
final da informação, não é possível enxergar detalhes, só se enxerga o que é de mais importante,
pois a divisão de informação é grande, então o processamento é pequeno.
- Isso é chamado de efeito fantasma, pois reproduz uma imagem que foi vista a princípio e não está
vendo mais. Isso economiza tempo e energia.
- Caso não houvesse essa interposição e essas divisões de informações de uma célula para outra, a
capacidade de processamento visual ia ser muito maior, iria enxergar muito mais, porém, o gasto
energético do cérebro seria muito maior. Então, essa divisão em células serve para diminuir o gasto
energético do cérebro, para isso ele faz o efeito fantasma de ver uma imagem e só reproduzi-la
depois.
Trato óptico: pós quiasma óptico, fibras das visões temporal e nasal.
Corpo geniculado lateral: ramificação do trato óptico e formação da alça de Meyer (passa pelo lobo
temporal) e das fibras de Gratiolet (passa no lobo parietal).
Radiações ópticas.
Nervo Oculomotor
Trajeto: ele começa no tegumento do mesencéfalo, passa no sulco medial do pedúnculo cerebral,
faz uma projeção anterior e vai pro seio cavernoso, do seio cavernoso ele vai para a fissura orbitária
superior e se ramifica para fazer a inervação.
Inerva os músculos: retomedial (olha pro meio), reto superior (olha para cima), reto inferior (olha
para baixo), oblíquo inferior (olha para cima), constritor da pupila (ajusta foco do olho), levantador
da pálpebra (abre o olho).
Nervo Troclear
Nervo Abducente
Trajeto: sairá no sulco bulbo-pontino, vai ascender e passar por baixo do trigêmio no canal de
Dorello, vai até o seio cavernoso, passa pela fissura orbitária superior e vai fazer a inervação.
Nervos III, IV, VI: os nervos abducente, troclear e oculomotor servem para fazer toda a
movimentação ocular.
→ Para testá-los, é preciso pedir ao paciente que movimente os olhos para todos os lados.
→ Para testar o nervo olfatório vai dar ao paciente algo para ele cheirar que não irrite (café).
- Ele começa nos receptores do rosto e se divide em três ramos: o oftálmico, maxilar e mandibular.
* Depois eles vão se juntar no gânglio trigeminal (ou de gasser) para formar o nervo trigêmeo.
Gânglio trigeminal (de Gasser): junção dos 3 ramos e formação do nervo trigêmeo propriamente
dito.
- Vai do tronco para a periferia. Então sai do córtex, vai para o núcleo motor, do núcleo motor vai
acompanhar o nervo trigêmeo, passar pelo forame oval e vai inervar o masseter e o temporal para
auxiliar na mastigação.
- Nervo eferente visceral especial, pois auxilia na mastigação e os músculos masseter e temporal
são músculos branquiométricos.
Nervo Facial
Trajeto motor:
3 componentes:
Componente eferente visceral geral: nervo intermédio que vai fazer a inervação das glândulas
lacrimais, submandibulares e sublinguais.
Componente eferente visceral especial: motricidade da face, que é por músculos branquiométricos.
Componente aferente visceral especial: nervo intermédio, ramo sensitivo do nervo facial.
Responsável pela sensibilidade gustativa dos 2/3 anteriores da língua. Lembrar que a sensibilidade
de toque e temperatura da língua é feita pelo trigêmeo.
- Quando há paralisia facial, só metade do rosto movimenta e o paciente não consegue fechar o
olho.
Nervo Vestibulo-coclear
- É o oitavo nervo.
Trajeto: começa no ouvido médio (ou no órgão de Corti - audição ou nos núcleos vestibulares-
controle de equilíbrio), vai passar ou pelo gânglio vestibular (equilíbrio) ou pelo gânglio espiral
(audição), vai para o meato acústico interno, dele vai pro sulco bulbo pontino e vai para os núcleos
da ponte.
* A cóclea é o órgão em forma de concha que ajuda na audição, o final da concha percebe sons
agudos e o início percebe sons graves.
Nervo Glossofaríngeo
- Ele é misto.
Trajeto: tem sua origem no bulbo na parte posterior das olivas, vai passar pelo forame da jugular e
vai inervar:
Trajeto: ele tem o mesmo trajeto do glossofaríngeo até o forame da jugular e lá ele se ramifica em
vários outros nervos.
Componentes principais
Nervo Acessório
- É motor.
Componentes
Nervo hipoglosso
- É o décimo segundo nervo craniano.
Língua
Gustação: promovida pelo nervo facial nos 2/3 proximais e pelo glossofaríngeo no 1/3 distal.
Sensibilidade: promovida pelo ramo mandibular do trigêmeo.
Movimentação: promovida pelo nervo hipoglosso.
* Diferentemente dos nervos periféricos, ela recebe em cada parte um nervo diferente, não uma
junção de nervos.
Forames
Caso clínico 1
Paciente, 32 anos de idade. sexo masculino. Refere que após nadar na piscina e entrar na sauna,
sentiu o rosto estranho. Ao olhar no espelho, percebeu que metade do rosto não se movimentava.
Ao chegar ao médico, foi avaliado e percebido que o paciente não movimentava metade do rosto
a direita. Não apresentava outro déficit motor ou sensitivo.
Lesão periférica do nervo facial – isso vai
cair na prova.
Hipótese diagnóstica: paralisia periférica
(de Bell).
- A porção superior recebe informação
dos dois lados do córtex cerebral. A
porção inferior recebe de apenas um dos
lados. Mas, depois que os nervos se
fundem, e sai ele vai para os dois lados.
Então, quando se tem uma lesão
periférica, perdemos movimento de
metade do rosto.
- Quando tenho uma lesão central (pré-
nuclear) lesamos as vias que fazem
inervação da via inferior e superior, mas a
via superior recebe inervação do outro
lado também, então perde-se a
movimentação do quadrante inferior.
→ Sempre que pegar um paciente com
paralisia facial, devemos ser capazes de
localizar e topografar onde aquela lesão
aconteceu.
- O nervo facial é composto de vários
segmentos e tenho que saber em que
segmento foi para saber onde que a lesão
está.
- Núcleo do facial, núcleo do trato
solitário e núcleo salivatório superior e
lacrimal, são 3 núcleos intracranianos. Esses núcleos estão na ponte e se juntam para formar o
nervo facial quando entra no meato acústico interno. Então, no meato acústico interno, o nervo
facial possui todos os segmentos.
→ Se lesar o nervo no segmento meatal, ele vai ter todos os déficits do nervo facial.
- Logo depois, tem-se o segmento labiríntico. Nesse segmento temos o gânglio geniculado (gânglio
da porção sensitivo do nervo facial) e dele sai o nervo petroso. O nervo petroso superficial vai
mandar para as glândulas lacrimais e para as glândulas do palato e do nariz.
→ Se lesar o segmento labiríntico, se for pré-gânglio geniculado eu tenho lesão completa,
paciente não chora. Se for pós-gânglio geniculado, não lesa o nervo petroso, o paciente consegue
chorar.
→ Depois disso, avalia se foi no segmento mastoideo ou no ramo onde ele divide, parte mais
superficial, pós forame mastoideo.
- Na porção mastoidea temos dois nervos que vão para o tímpano. Também há o nervo lingual que
é responsável pela gustação dos 2/3 anteriores da língua. Então, se a lesão for no segmento
mastoideo (maioria das lesões): paciente continua fazendo lagrimas, mas perde a gustação.
- Se lesar pré-mastoideo: também perde um pouco da sensibilidade auricular, perde o reflexo de
atenuação do ouvido.
- Se lesar pós-mastoideo: só tem lesão motora: tem perda da mímica facial, apenas.
→ Se o paciente estiver chorando a lesão é pós-geniculado. Se não estiver chorando é pré
geniculado. Depois disso vai ver se é pré ou pós estilomastoideo, nesse caso vai depender da
gustação da língua. Se tiver gustação é pós estilomastoideo (só perde a motricidade), porque o
nervo lingual sai pré-estilomastoideo.
→ A principal causa de lesão no facial é inflamação. Como o nervo facial é muito superficial, essa
mudança de temperatura pode gerar uma inflamação e, com isso, o paciente perde a
movimentação do rosto.
Caso clínico 2
Caso clínico 3
Paciente chega ao hospital após acidente automobilístico grave. Realizado exame de imagem com
edema cerebral difuso. Realizou exame que avaliou paciente com pupila não reagente bilateral.
Ausência de reflexo córneo-palpebral, reflexo óculo-cefálico negativo, teste calórico negativo,
ausência de reflexo de tosse, sem atividade cerebral ao EEG.
Teste de pupila – vê se é reagente ou não à luz. Estamos avaliando
o mesencéfalo e o nervo óptico: quando a luz entra pelo nervo
óptico ela vai até o mesencéfalo, via colículo superior, e emite
uma informação para o núcleo do oculomotor para que ele
contraia. Como está entrando muita luz, ele tem que diminuir a
quantidade de luz que chega. Ao fazer isso, testa-se o II e III
nervos.
→ Se estiver contraindo está tudo normal, senão estiver contraindo ou o segundo ou o terceiro
nervos não funcionam.
→ Para confirmar devemos olhar no outro olho. A entrada de luz tem reflexo bilateral: quando
coloca luz em um olho, os dois olhos contraem.
→ Se os dois olhos contraírem, não tem problema nenhum.
→ Se colocar a luz e somente um olho contrair, mostra que a luz chega normal, ou seja, a lesão
está no óculomotor.
→ Quando coloca a luz de um lado e nenhum olho contrai e depois colocamos a luz no outro olho
e ambos contraem, provavelmente o problema está no nervo óptico.
→ Se coloca a luz nos dois olhos e nenhum deles reage à luz, teve lesão no II e III dos dois lados e
isso é o primeiro sinal de que o paciente está em morte encefálica.
Teste de sensibilidade – encosta alguma coisa no olho.
Quem faz a sensibilidade geral do olho é o nervo trigêmeo.
O reflexo de quando alguma coisa encosta no olho é
fechar o olho. Fazendo esse teste vemos se esse reflexo
está preservado.
→ Se o olho fechar = reflexo preservado.
→ Se não fechar = reflexo ausente.
Teste calórico – teste para ver se a via auditiva está funcionando. Temos uma via que comunica a
audição com o olho: quando ouvimos um barulho, olhamos para o barulho. Isso funciona mesmo
quando estamos em coma, só se tiver lesão da ponte que não. O que
se faz nesse teste é irrigar o tímpano com água gelada (60mL), com isso
olhamos para o lado que foi estimulado.
→ Se o olho não se movimentar, significa que o reflexo está ausente e
aquela região morreu.
→ Se o olho movimentar significa que o reflexo está presente.
Teste do tronco encefálico no fascículo longitudinal medial – toda vez que viramos a cabeça, o olho
tende a “fugir” para o lado oposto: se viramos a cabeça à direita, os olhos tendem a olhar para a
esquerda. Quando tem lesão no reflexo vestíbulo-ocular, quando movimentamos a cabeça para
um lado e outro, o olho não muda porque o fascículo longitudinal medial está comprometido, o
paciente está em morte encefálica.
Teste dos nervos cranianos baixos – glossofaríngeo e vago. Isso é feito por meio do reflexo de tosse.
Quem faz sensibilidade da traqueia é o glossofaríngeo e o vago. O paciente vai estar intubado,
assim, estimula-se a traqueia no tubo e vê se ele tosse.
→ Se tossir = essa região está preservada e ele não está em morte
encefálica
→ Se não tossir = essa região não está preservada e o paciente já
está em morte encefálica
* Em conjunto com os outros testes, com outros exames que
comprovem ausência de fluxo cerebral, pode-se confirmar morte
encefálica.
Maria Clara Conti – XLI ---- 05/10/2020
Embriologia
Macroanatomia
→ Contém 50% de todos os neurônios encefálicos, ou seja, dos neurônios presentes no encéfalo,
cerebelo e tronco encefálico.
- O cérebro tem mais células da Glia do que neurônios, mas o cerebelo é o oposto, o que faz com
que a atividade metabólica dele seja alta.
Função do cerebelo
→ Tem múltiplas fibras de associação. Com isso, recebe as informações da via vestibular
(equilíbrio) e da via proprioceptiva (vem da coluna, os tratos espinocerebelares anterior e
posterior) e associa com informações que o cérebro (pelo trato cortico-
ponto-cerebelar) planejou do movimento para fazer o controle involuntário
do movimento.
Exemplo: quando andamos, não pensamos no movimento passo a passo. O cérebro pensa que quer
andar. O cerebelo avalia o posicionamento do corpo no espaço, o quanto a musculatura deve
contrair para executar o movimento, qual foi o movimento planejado e, comparando o movimento
planejado e o executado, ele corrige o movimento que está sendo executado.
→ O cerebelo ajuda a falar e escrever também. A lesão no cerebelo gera inclusive a dificuldade de
falar, pois você não sabe como abrir e fechar a boca e nem como movimentar a língua para realizar
o movimento, gerando quadro de disartria.
→ À medida que um movimento está sendo feito, o cerebelo avalia se ele está condizente com o
movimento proposto pelo cérebro. Se começar a não ser compatível, o cerebelo corrige. A
avaliação do movimento ocorre simultaneamente à execução dele.
➢ Língula
➢ Lóbulo central
➢ Cúlmen: maior parte do cerebelo.
➢ Declive: do final do cúlmen para o início do declive é o que separa os lobos rostral e caudal.
➢ Folium: é separado do túber pela fissura horizontal.
➢ Túber
➢ Pirâmide
➢ Úvula
➢ Nódulo flóculo-nodular
Vascularização
Se dá pelas artérias:
→ O arquicerebelo é o mais antigo, seguido do paleocerebelo que é entre o mais novo e mais
antigo, e há o neocerebelo que é o mais novo.
→ Vestíbulo-cerebelo tem a ver com equilíbrio, espinocerebelo tem a ver com propriocepção e o
cérebro-cerebelo tem a ver com planejamento motor.
Vestíbulocerebelo
- Manda essas informações para os núcleos olivares (bulbo), principalmente os superiores e o bulbo
vai projetar essas informações chegadas nos núcleos olivares para o nódulo flóculo-nodular.
- O nódulo processa a informação do equilíbrio e projeta por todo o cerebelo de volta para o núcleo
vestibular.
- Existe o trato vestibuloespinal, que serve para orientar onde está o corpo no espaço e fazer o
posicionamento corporal.
Exemplo: o trato vestibuloespinal envia informação para os músculos do pescoço para podermos
manter a cabeça reta para caminharmos de forma correta.
- Recebe aferência dos canais semicirculares e dos núcleos olivares e projeta para os núcleos
vestibulares.
Núcleo fastigial: não recebe informação direta do cerebelo. Ele vai receber informação dos núcleos
olivares e projeta de volta pro bulbo. Então, ele faz parte do vestíbulo-cerebelo, mas não recebe
informação dele.
→ O núcleo fastigial é o único núcleo cerebelar que não recebe/projeta informações para núcleos
cerebelares profundos, ele está no cerebelo, mas não recebe nada do cerebelo, diferente dos
outros núcleos cerebelares que vão pegar informação do cerebelo.
→ Anatomicamente, a estrutura que faz parte do vestíbulo cerebelo é o lóbulo floculo nodular.
Dica: relacionar o formato do nódulo com uma balança para lembrar do equilíbrio.
Espinocerebelo
Cérebrocerebelo
→ O cérebro tem uma via de execução e uma via que analisa se está sendo executado de forma
correta. A via de correção avisa o cérebro rapidamente e o movimento é corrigido. Se a via de
correção falha, iniciam-se os distúrbios como tremor, rigidez, plasticidade...
→ Não existe comunicação direta entre cérebro e cerebelo sem passar pela ponte.
→ Acontece pelo trato córtico-ponto-cerebelar ou pela via interpósito-rubral ou pela via denteado-
talâmica.
→ Isso não quer dizer que não haja comunicação. Tudo é comunicado.
Microanatomia
➢ Camada molecular
➢ Camada de células de Purkinje (motoras)
➢ Camada granular
Células
Células de purkinje:
- São células eferentes que recebem informações do córtex cerebelar e projetam para os núcleos
cerebelares.
- São as células realmente funcionais.
- Ela não está presente no vestíbulo-cerebelo, pois ela projeta para núcleo e o vestíbulo-cerebelo
não faz essa projeção, ou seja, as células de Purkinje estão entre as células granulares e a camada
molecular.
Células granulares:
- Fibras paralelas (ao córtex e entre si) e fazem conexão com as células de Purkinje.
- Ela é como uma linha de trem. Quando alguma informação chega a algum local do córtex, elas
espalham para ficar disponível em todas as regiões do córtex, até chegar no ponto necessário.
Comunicam tudo o que for recebido com as células de Purkinje.
Fibras trepadeiras:
Fibras musgosas:
Via simplificada: as fibras musgosas vão receber informações da medula espinhal, núcleos
vestibulares e núcleos da ponte e vão enviá-las para as células granulosas e interneurônios. Essas
células e neurônios vão enviar para as células de Purkinje, que vão projetar para núcleo rubro,
tálamo ou núcleos vestibulares. As células trepadeiras chegam da oliva superior ou inferior e
projetam a informação direto para tálamo, núcleo rubro ou núcleos vestibulares ou enviam para
interneurônios, que enviam para as células de Purkinje.
Núcleos cerebelares:
➢ Núcleo fastigial: no meio. Embora esteja relacionado com o vestíbulo-cerebelo, não recebe
projeções dele.
➢ Núcleos globosos.
➢ Núcleo emboliforme.
➢ Núcleos emboliforme e globosos: formam o interpósito.
➢ Núcleo denteado: maior núcleo. Envia para o tálamo. Parte do cérebro-cerebelo.
Arquicerebelo
- Está relacionado ao vestíbulo, então ele pega as informações do vestíbulocerebelo (mas não
recebeu projeção, ele não recebe do córtex, ele recebe do bulbo) e essas informações estão no
lóbulo floculo nodular e vai projetar de volta pro bulbo no núcleo vestibular através da via
fastigiobulbar.
• Fibras eferentes (só projeta, não recebe projeção) pelo trato fastigiobulbar.
Paleocerebelo
Neocerebelo
- Ele vai receber projeções do cérebro-cerebelo através do núcleo denteado, vai pegar as fibras
que vieram do córtex cerebelar e vai projetá-las para dois núcleos:
→ Alguns núcleos vestibulares e olivares vão projetar para o núcleo nódulo floculo-nodular.
→ Informações oriundas do espinocerebelar vão para o córtex e
de lá se comunicam com as fibras cerebelares.
Lesões do cerebelo
Lesões no vestíbulocerebelo
Lesões espinocerebelo
- Como é ele que faz controle da postura, se lesado não vai conseguir manter a postura reta, então
terá uma ataxia postural, desequilíbrio e terá uma marcha de base ampla para tentar manter
equilíbrio.
→ Desequilíbrio e marcha de base ampla. Abre a perna para andar, para conseguir manter um
equilíbrio maior.
Lesões cérebrocerebelo
- Como ele faz o planejamento fino do movimento, se lesado não vai conseguir planejar. Dessa
forma, haverá uma decomposição do movimento, rebote (não consegue parar o movimento),
haverá hipotonia (fraqueza muscular por não saber a quantidade de fibras que vai contrair ou
relaxar) e ainda terá disartria (fraqueza nos músculos usados para fala que fica arrastada ou lenta).
→ Rebote: não para o movimento. Se alguém segurar seu braço e você puxar de volta, você sabe
quando parar na hora que a pessoa solta, mas, nesse caso de lesão, a pessoa não tem a noção de
quando parar e bateria no próprio rosto se quem estava segurando o braço dela soltasse.
→ Hipotonia: fraqueza muscular. Não tem controle do tanto de fibras que estão ou não contraídas.
* Quando o paciente fica reto sem cair a lesão é na via espinocerebelar (medula) ele vai ficar
dançando. Quando elimina uma sensibilidade (visão) e já tem uma lesada, quando ele fecha o olho,
se ele cair pro lado, a via vestibular do lado que ele cair vai estar lesada (labirinto). Como a via
vestibular comunica com os dois lados, quando fecha o olho e cai reto o problema será no cerebelo.
- Mais específico para espinocerebelo: pedir para o paciente esticar o dedo, fechar o olho e tocar
o nariz. O paciente não consegue localizar o braço e o nariz no espaço sem olhar.
- Mais específico para vestíbulo-cerebelo: pedir para o paciente juntar bem os pés, fechar o olho
e, nesse caso, só a propriocepção vai funcionar e o paciente vai perder o equilíbrio. Para saber se
o problema é na propriocepção (espinocerebelo) ou no vestíbulo, é só olhar se o paciente “dança”
com a perna (lesão na via espinocerebelar), se o paciente cai para o lado (a via vestibular está
lesada no lado em que caiu), se o paciente cai reto (vestíbulo-cerebelo) ou se o paciente abre a
perna (lesão de espinocerebelo). Chamado teste de Romberg.
Alargamento de base: fica com as pernas abertas. Espinocerebelo, pelos núcleos globoso e
emboliforme.
➢ Tálamo - tem uma importância muito grande para a ativação do córtex cerebral.
➢ Epitálamo – tem a glândula pineal.
➢ Hipotálamo - importante pois tem relação com a parte hormonal. Tem relação com a hipófise.
➢ Núcleo subtalâmico
➢ Terceiro ventrículo – é a cavidade dentro do diencéfalo.
III Ventrículo
Anatomia
Paredes laterais:
➢ Sulco hipotalâmico
➢ Aderência intertalâmica
Assoalho:
➢ Quiasma óptico.
➢ Infundíbulo: comunica o hipotálamo à hipófise pela haste hipofisária, que é um afunilamento
do infundíbulo.
➢ Túber cinério: comunicação direta entre uma parte do hipotálamo e o infundíbulo, então tem
participação na parte endócrina.
➢ Corpos mamilares: importantes no sistema límbico. Ajuda no controle do mecanismo de
ansiedade e agressão. Isso é importante porque o sistema límbico vai estar próximo ao centro
de controle autonômico, então as reações vão ser mais rápidas. A proximidade de estruturas
comportamentais e de controle autonômico é extremamente importante para a manutenção
da vida (exemplo: para fugir de um leão, você entende que o leão vai te atacar e foge do risco).
Acima do pedúnculo cerebral (que faz parte do mesencéfalo).
Parede posterior:
➢ Epitálamo (estrias medulares, tela coroideia e plexo coroide).
* Plexo coroide está sobre o tálamo, nos ventrículos laterais.
Teto:
➢ Tela coroide.
Parede anterior:
➢ Lâmina Terminalis: fina. Não tem tecido nervoso em torno dela. Se ela for furada, cai em uma
cavidade no espaço subaracnoide. Logo abaixo dela está o recesso óptico.
➢ Comissura anterior.
* O sistema límbico é muito subjetivo. Não se sabe muito o que faz o que.
Exemplo: alguns remédios de depressão não atuam de forma correta em algumas pessoas por
conta da questão de quanto vai ativar o sistema límbico.
Tálamo
Maior e é a principal estrutura do diencéfalo.
→ Tirando o olfato, todas as outras informações que vão do cérebro para o corpo e do corpo para
o cérebro, necessariamente devem passar pelo tálamo.
Funções:
- O tálamo ativa o cérebro através de informações que ele processou de outras regiões.
- Ele consegue interagir a parte motora com a parte sensitiva, juntar tudo, e mandar para o cérebro.
→ Dessa maneira, o tálamo regula a via motora, a via sensitiva, o comportamento e faz ativação
cortical.
- Com exceção do olfato, que vai direto para o cérebro, todas as demais informações que vão do
corpo para o cérebro, do cérebro para o corpo ou do cérebro para o cérebro passam pelo tálamo.
Isso porque o tálamo ativa o seu cérebro através de informações processadas de outras regiões.
- Uma mãe dormindo, quando escuta o filho dar um choro leve durante a noite, acorda, mas,
quando escuta um caminhão fazendo um barulho muito alto durante a noite, ela não acorda. Isso
ocorre porque o tálamo já associou que a informação de o bebê chorando faz a mãe ir até ele,
então ele entende que o choro é um barulho que requer que a mulher acorde, mas o caminhão é
interpretado como um barulho comum.
- Ao cortar o dedo, o tálamo identifica e avisa o cérebro. Se você para de olhar, o tálamo para de
enviar a informação de que o dedo está cortado e doendo para o cérebro. Se você olha de novo o
dedo cortado, o cérebro identifica o corte e envia sinais ao tálamo para saber se está doendo,
fazendo com que o tálamo comece a enviar novamente a informação de dor.
- Você não sente que está de roupa durante o dia todo porque o tálamo ignora essa sensação e
não fica enviando essa informação constantemente ao cérebro.
→ O tálamo regula o que seu cérebro precisa ser avisado e você precisar estar ciente de acordo
com a comunicação dele com o sistema límbico.
Divisão do tálamo
Grupo anterior
- Tem como principal função comportamento, da mesma forma que a principal função da região
anterior do cérebro é comportamento.
Grupo lateral
Tem dois tipos principais:
Grupo intralaminar
- Via associativa, associa as informações e envia para o cérebro. Da mesma forma, a região do meio
do cérebro é associativa.
Grupo pulvinar e corpo geniculado lateral
- Relação com a visão, bem como a região occipital do cérebro.
→ Os grupos do tálamo têm muita relação com as divisões cerebrais. É como um “mini cérebro”.
Cada região talâmica tem muita relação com a divisão do cérebro em que ela atua.
- Vai pegar informações oriundas do núcleo coclear, que é auditivo, vai até o colículo inferior e
através do braço do colículo inferior vai para o corpo geniculado medial. Assim, o tálamo decide se
vai ativar o cérebro ou não emitindo informações para a área auditiva do córtex.
- A retina manda informação através do trato óptico até o corpo geniculado lateral, ele vai perceber
a informação e fazer duas coisas:
➢ Ramificar e mandar aquilo para a área visual do córtex, então dele vai sair as fibras de gratiolet
e alças de Mayer.
➢ E, ao mesmo tempo, ele também emite fibras para o mesencéfalo, principalmente para o
núcleo do oculomotor para ajudar no controle da visão.
* Com isso, quando mexemos a cabeça, ele olha o que está no nosso foco e ajusta a visão de acordo
com a informação que está recebendo.
- O globo pálido manda informação para o ventro-anterior que vai para as áreas motoras do córtex.
- Ao mesmo tempo, o cerebelo pega informações através do trato denteado talâmico e manda
para o ventro-lateral que projeta para área motora do córtex.
Grupo Anterior: Circuito de Papez (sistema límbico). São os núcleos anterior e dorsomedial.
Associação comportamental.
Grupo Posterior: Corpos Geniculados Medial (audição) e lateral (visão).
Grupo Medial: núcleos Intralaminares (ativação do Córtex).
Grupo Lateral: núcleos Ventro-lateral e Ventro-anterior (sistema motor) e núcleo Ventro-Póstero
Medial e Ventro-Póstero Lateral (sistema sensitivo).
Epitálamo
- Produz uma substância que é extremamente importante chamada Melatonina.
Melatonina:
→ É o principal hormônio do sono, quando vamos dormir, o núcleo supraquiasmático vai pegar
informação e projeta na pineal para estimular a produção de melatonina pela pineal, então quando
não se vê luz vai estimular a pineal. Da mesma forma que quando se vê luz a pineal será inibida.
- A melatonina ajuda em muitas coisas, como: adaptação à luz, ritmo circadiano, reprodução (inibe
a reprodução), sono, envelhecimento (inibe ele) e sistema imunológico. (Lembrar sempre da Bela
Adormecida, enquanto ela dormia ela não envelheceu, não ficou doente, não se reproduziu).
Subtálamo
→ Há o núcleo subtalâmico e ele fica muito próximo dos corpos mamilares.
Paciente de 24 anos de idade vai assistir uma cirurgia de clipagem de aneurisma. Durante a
craniectomia, a aluna, ao ver o sangue, passa mal e desmaia.
→ Durante o processo, o sistema límbico acaba controlando as vias de homeostase. Como ela viu
o sangue, ela ficou assustada/impressionada. Quando isso acontece, o nosso organismo tem uma
resposta emocional muito grande que gera uma exacerbação da resposta parassimpática.
- Essa resposta parassimpática anormal vem até o núcleo dorsal do vago, principalmente, e esse
núcleo faz o controle da vascularização. Dessa forma, ele não contrai o vaso como deveria e acaba
tendo muito sangue dentro do vaso e não distribui para o cérebro. Com isso, a pessoa
desmaia, tem uma síncope.
Diagnóstico: Síndrome vaso-vagal – tem uma liberação parassimpática muito grande e uma
depressão da resposta simpática que causa diminuição da resposta cardíaca e vasogênica. Com
isso, eu diminuo o débito cardíaco, a quantidade de sangue que chega ao cérebro e por isso o
paciente desmaia.
- Isso é muito comum, a maioria dos desmaios são por síndrome vaso-vagal.
- Como é uma região regulada pelo sistema límbico, essa resposta pode ser gerada por fatores
emocionais. Se eu tiver uma resposta muito grande do simpático, terei taquicardia, hipertensão,
mas esse sistema dura pouco tempo. E, em resposta a essa hiperativação do sistema simpático, eu
tenho uma hiperativação do sistema parassimpático.
Maria Clara Conti – XLI ---- 26/10/2020
- Ele serve para regular praticamente tudo que mantém o corpo funcionando de forma adequada.
Anatomia
➢ Pré-óptica: é a porção mais anterior que fica bem próxima do quiasma óptico.
➢ Supraquiasmática: fica em cima do quiasma óptico.
➢ Tuberal: fica na região próxima do túber cinéreo.
➢ Mamilar: fica na região mais posterior próximo dos corpos mamilares.
* Presença de vários núcleos com diferentes especializações.
Região pré-óptica
- Eles possuem mais associação com o sistema parassimpático e eles servem mais para auxiliar no
controle de temperatura.
Região supraquiasmática
→ Tem vários núcleos e essa região é responsável por produzir a maioria dos hormônios
liberadores de hormônios para a hipófise. Assim, a hipófise produz o hormônio que será liberado
na corrente sanguínea.
Há dois núcleos principais: o supra-óptico e o paraventricular que auxiliam principalmente indo pra
neurohipófise para a produção de ocitocina e ADH.
Região tuberal
Há dois núcleos: o dorsomedial e o lateral do hipotálamo que vão ser responsáveis tanto pelo
estímulo de alimentação e sede, quanto pelo estímulo da saciedade.
Região mamilar
- Está mais associada com a parte do sistema límbico e com a ativação da via simpática.
Hipófise
Embriologia
- O hipotálamo vai dar origem a hipófise que é extremamente importante, pois ela que vai controlar
a homeostase.
→ Existe a neurohipófise que tem origem ectodérmica e ela é derivada de um sistema nervoso.
→ E a adenohipófise que tem origem mesodérmica de uma faringe embrionária e ela vai invaginar
até grudar do lado da neurohipófise, mas não haverá contato direto entre
as duas.
- O ADH e a ocitocina não necessitam de ser ativados ou estimulados. São hormônios realmente
importantes.
→ Na adenohipófise existe um outro sistema que é o sistema vascular e esse sistema não vai passar
de volta para o coração. Ele utiliza do sistema porta que é um shunt de comunicação entre dois
sistemas venosos sem passar de volta para o coração, então ele comunica dois sistemas capilares
através de uma vênula.
Como isso funciona: há como se fosse uma rede/comunicação entre os capilares do hipotálamo e
os capilares da hipófise, assim, eles se comunicam de forma que o hipotálamo detecta que certo
hormônio está baixo (através de receptores).
- Mas ele não produz aquele hormônio, ele vai produzir uma quantidade muito pequena de um
hormônio libertador e esse hormônio através do sistema porta hipofisário vai na hipófise e nela
tem células que realmente produzem o hormônio ativo e, assim, esse hormônio ativo vai ser
estimulado pelos hormônios liberadores e vai liberar aquele hormônio.
Exemplo: o GH é o hormônio do crescimento, que atua nas células somatotróficas. O corpo sabe
que ele precisa ser produzido porque algumas moléculas vão sinalizar que ele é necessário em
algum momento. O hipotálamo tem receptores que percebem essa sinalização e começa a produzir
o hormônio liberador do hormônio de crescimento (GnRH). O GnRH vai pelo sistema porta
hipofisário até a hipófise e, na região somatotrófica da hipófise, ele vai estimular a produção de
GH. O hipotálamo identifica quando há muito GH e informa a hipófise que ela deve parar de
produzir, fazendo isso por meio do hormônio inibidor do hormônio de crescimento, em um
mecanismo de feedback negativo.
* A maioria dos hormônios tem o hormônio liberador e o hormônio inibidor, exceto a prolactina.
A prolactina é constantemente produzida, ela só tem um inibidor, que é o neurotransmissor
dopamina, que não é produzida diretamente pelo hipotálamo.
o Pacientes que tomam medicamento para Parkinson têm seus níveis de dopamina elevados,
então têm uma redução grande de prolactina no sangue.
o Pacientes que fazem uso de medicamentos antipsicóticos inibem a dopamina e têm aumento
da prolactina.
Produz:
- ACTH: adrenal.
- MSH: auxilia na pigmentação da pele. Durante o processo de gravidez, a mulher fica com manchas
mais escuras no corpo porque há aumento na produção de MSH e do crescimento da pele.
- GH: hormônio do crescimento. Atua estimulando a replicação celular. Quando somos crianças,
ele permite o crescimento. No adulto, o GH atua nas regenerações celulares. O maior pico de
produção do GH é durante o sono, então é preciso uma boa noite de sono para a produção ser
suficiente e o corpo se recuperar das lesões corporais que ocorreram durante o dia. Quando a
noite de sono é ruim, acordamos com dores pelo corpo. Crianças dormem mais que adultos porque
precisam produzir muito GH para crescer. É metabolizado no fígado, o que auxilia a entrada dele
nas células.
* A insulina é produzida nas células β pancreáticas, mas o pâncreas é estimulado pelo hipotálamo
para produzir mais ou menos de insulina, apesar de ter mecanismos próprios também.
Resumindo núcleos
- No hipotálamo posterior vai estimular o sistema simpático, vai ativar o cérebro, pois o hipotálamo
posterior está muito próximo dos corpos mamilares, quando há ansiedade ou nervosismo o núcleo
vai estimular o núcleo posterior e vai ter uma reação de luta ou fuga.
- Para regular temperatura há dois mecanismos, quando se está com muito calor vai ativar o
parassimpático para estimular a perda de calor, em compensação quando se está com muito frio
vai ativar o simpático para produzir mais energia, liberar calor e esquentar o corpo.
- Sono e vigília: hipotálamo posterior. Quando queremos acordar, o hipotálamo posterior recebe o
estímulo e ele ativa o cérebro e o corpo para produzirem energia para acordarmos. No caso de
querermos dormir, o núcleo estimulado é o núcleo supraquiasmático, que vai ser inibido em
presença de luz e não vai ser inibido no escuro, momento em que vai estimular o hipotálamo a se
comunicar com a glândula pineal para que ela produza melatonina.
- Centro da saciedade: núcleo ventromedial. Estimulado por qualquer tipo de satisfação, então
dormir também inibe a fome. Beber água disfarça a fome, pois gera dilatação do estômago, então
o núcleo ventromedial para de ser estimulado e passa a sensação de fome, mas o cérebro percebe
esse mecanismo logo.
o Se tem muita água no corpo, o ADH é inibido e a filtração glomerular é estimulada para liberar
a água.
o Se tem pouca água no corpo, o ADH é estimulado e ele estimula a reabsorção de sódio no
túbulo contorcido proximal, reduzindo a eliminação de água na urina.
o Em doenças em que o ADH não é produzido, o cérebro não percebe que o indivíduo está
urinando frequentemente e o paciente pode desidratar. É o caso de diabetes insipidus.
- Ritmo circadiano: núcleo supraquiasmático. Ativa o cérebro. Quando há luz, esse núcleo é inibido
através do feixe retinohipotalâmico. Na ausência de luz, ele é ativado e estimula a produção de
melatonina.
Caso clínico
Paciente de 23 anos chega ao hospital após acidente automobilístico. Apresenta-se em coma, com
pouca resposta a estímulos. Vai encaminhado a UTI para suporte. TC evidencia Lesão Axonal Difusa.
Após 2 dias de UTI, paciente apresenta febre persistente, de 40°C, sem melhora com antitérmicos,
sendo necessário colocar compressa gelada no paciente.
- Temos dois núcleos: o hipotálamo anterior e o posterior. O anterior regula a perda de calor e o
posterior regula a conservação de calor.
- Quando estamos com frio, o hipotálamo posterior é ativado, nós começamos a tremer, isso gera
um consumo energético que gera como resposta o calor e isso aumenta a nossa temperatura.
- Quando estou com calor, ativo o hipotálamo anterior que vai fazer vasodilatação periférica, por
estímulo parassimpático. Esse estímulo parassimpático também vai fazer com que eu perca o calor
da pele para o meio externo.
→ Nesse paciente, ele teve uma lesão no hipotálamo anterior. Essa lesão faz com que o paciente
não consiga regular o seu corpo para perder o calor, e passa a acumular temperatura. Esse é um
quadro chamado de febre de origem central. Sua febre não é gerada por um processo inflamatório.
→ Se a lesão fosse no hipotálamo posterior, o paciente não teria resposta ao frio. Ou seja, ele não
consegue conservar calor, mas ele também não faz hipotermia, porque o nosso organismo de tem
outros mecanismos de regulação da temperatura como perda de gordura.
Maria Clara Conti – XLI ---- 26/10/2020
- É dividido em dois, o simpático e parassimpático, mas eles atuam de forma conjunta. Algumas
horas o simpático vai ser acionado para realizar uma ação enquanto o parassimpático está ativado
para inibir outra coisa.
- É inconsciente e involuntário.
Sistema simpático
- Principal função de liberação de energia para o corpo para que ela seja usada.
- Resposta de luta ou fuga: disponibiliza a energia para essas funções.
- Ativa o corpo.
- Início no núcleo posterior do hipotálamo. A parte desse sistema que sai do hipotálamo, passa pelo
tronco encefálico e chega à medula.
Neurônio pré-ganglionar (entre a medula e o gânglio) produz acetilcolina e é curto. Saem entre T1
e L2. Essa é a parte periférica do sistema simpático.
Neurônio pós-ganglionar produz norepinefrina/noradrenalina e é longo. Age em um órgão mais
distante.
* A noradrenalina é um neurotransmissor precursor da adrenalina, que vai ser produzida na
adrenal. A adrenal não possui a divisão de pré e pós-ganglionar, ela só tem um neurônio, que é o
pré-ganglionar longo. Sua via pré-ganglionar é longa e sua via pós também é.
- Gânglios simpáticos na cadeia paravertebral.
Efeitos simpáticos: tudo que disponibiliza energia.
Sistema parassimpático
- Conservação de energia, ativando o mínimo possível.
- Início no núcleo anterior do hipotálamo.
- Neurônios pré-ganglionares no tronco encefálico e nervos pélvicos sacrais. A grande parte deles
vai se originar do nervo vago.
Neurônio pré-ganglionar produz acetilcolina e é longo. Forma gânglio próximo ao órgão efetor.
Neurônio pós-ganglionar produz acetilcolina e é curto, mas mantém ação inibitória.
* A acetilcolina tem ação excitatória no pré-ganglionar e ação inibitória no pós-ganglionar.
Efeitos parassimpáticos: para reduzir a perda de energia.
➢ Vasodilatação periférica: possibilitar a perda de calor.
➢ Secreção de enzimas digestivas.
➢ Coordenação da peristalse.
➢ Contração da bexiga: algumas vezes o simpático também estimula essa contração. Ele contrai
a bexiga para poder esvaziá-la de forma a deixá-la vazia para o momento da dilatação.
➢ Diminuição da frequência cardíaca: para gastar menos energia.
➢ Constrição da pupila.
➢ Ativação da digestão gasta energia, mas ele faz isso para poder digerir e armazenar mais
energia.
O olho tem 3 gânglios: Gânglio Simpático Cervical Inferior, Gânglio Simpático Cervical Médio e
Gânglio Simpático Cervical Superior.
Gânglio simpático superior - emite uma via simpática, que acompanha toda a carótida até o nervo
ciliar longo, que vai até a pupila.
- Para saber se houve lesão de carótida, pode olhar a pupila. Quando houve lesão da carótida, há
lesão de gânglio simpático automaticamente devido à proximidade e não há mais dilatação da
pupila, gerando um quadro de pupila miótica (fica contraída).
→ O nervo oculomotor é parassimpático.
Músculos da pupila:
Sentido radial: músculo dilatador da pupila.
Sentido circular: músculo constritor da pupila.
→ Quando há lesão da via simpática, há perda do estímulo sobre o músculo dilatador da pupila e
tem uma ação maior do músculo constritor da pupila, fechando a pupila. O simpático ativo faz o
músculo dilatador da pupila contrair, reduzindo de tamanho e gerando midríase.
→ Quando a via parassimpática é estimulada, ela estimula a contração do músculo ciliado, que é
constritor da pupila e faz a miose do olho.
Caso clínico
Paciente, 32 anos, sexo feminino. Iniciou com quadro de amenorreia, aumento dos seios, com
galactorréia, cefaleia de forte intensidade, com hiperemia e lacrimejamento. Fez o β-HCG e estava
negativo. Realizou dosagem de FSH e LH e estavam baixos, com Prolactina em 430ng/ml.
Amenorreia: interrupção da menstruação.
Aumento dos seios: aumento das glândulas por conta do aumento da produção de prolactina.
Galactorreia: aumento da produção de leite.
FSH e LH baixos: não há estímulo para ovulação e, portanto, não gera menstruação.
Prolactina alta.
Lacrimejamento: estímulo do nervo facial, que é parassimpático.
Hiperemia: houve estímulo do parassimpático, que gerou vasodilatação e gerou vermelhidão do
olho.
Cefaleia com alteração autonômica: houve resposta parassimpática, que é uma via controlada pelo
hipotálamo. Com isso, há estimulação de uma via que vai para o tálamo, que regula a dor e a dor
começa a aumentar.
→ O tumor de hipófise gera muita dor de cabeça. A dor de cabeça nessa situação é característica,
associada ao período menstrual e têm estímulo do sistema autonômico.
→ O valor alto de prolactina está relacionado a um tumor que está estimulando a produção de
prolactina.
Hipótese diagnóstica: prolactinoma (chamado de Síndrome de Forbes-Albright se houver
amenorreia e galactorreia).
- Até 200ng/ml de prolactina representa um tumor de haste hipofisária, acima disso representa um
estímulo muito grande.
- Esse tumor não é operado.
Maria Clara Conti – XLI ---- 03/11/2020
História
1791: Gall e Spurzheim criaram a frenologia que era uma ciência que tentava identificar cada região
do cérebro e o que cada uma fazia. Pegavam pacientes com lesão em uma certa área e viam se
tinha relação com a divisão deles.
1891: Broca definiu muito bem a área da linguagem, a área motora da fala.
1903: Broadman começou a descrever as “áreas de Broadman”, ele mapeou o cérebro de forma
histológica. Baseado nesse mapeamento histológico ele descreveu 52 áreas.
Anatômica
➢ Arquicórtex
➢ Paleocórtex
➢ Neocórtex
Estrutural: mais histológica.
➢ Isocórtex
➢ Alocórtex
Funcional
Projeção:
▪ Primária
▪ Secundária
Associação:
▪ Terciária
Anatomia
Giros: camadas de corpos neuronais do telencéfalo separado por pregas (sulcos). É a parte mais
ressaltada. Seguem um padrão genético, não é aleatório.
Sulcos: invaginações do córtex cerebral para aumento da área cerebral. É a região entre os giros.
Filogenética
Isocórtex ou neocórtex: é o córtex mais recente. Formado por 6 camadas de células iguais. É a
maior parte do cérebro. Grande parte dele serve para a capacidade de raciocínio.
Alocórtex: ele não vai possuir 6 camadas, tem 5 ou menos e ficará em duas regiões principais:
Paleocórtex - é o córtex mais antigo e é o córtex olfativo. O olfato não passa pelo tálamo, vai direto
para seu córtex, que é o mais primitivo.
Arquicórtex - é o córtex de memória e hipocampo. Faz parte do sistema límbico e tem relação com
a memória. O sistema límbico controla comportamento e grande parte da interação social. Está
em um local mais primitivo do córtex, pois exerce funções essenciais aos seres vivos, mesmo nos
mais primitivos.
Estrutural
Homotípico: tem 6 camadas bem visíveis e iguais. A maioria das áreas de projeção (pensamento)
são homotípicas.
Piramidal (ou agranular): se tiver predomínio da camada piramidal vão estar relacionado ao córtex
motor.
Camadas
- A camada molecular é mais superficial, tem pouco neurônio e muito mais tecido de sustentação.
- Nessa imagem a camada piramidal é predominante, então podemos dizer que é um corte de uma
área motora do cérebro.
- Na camada de células fusiformes começa a ter transição para a formação de axônio, daqui para
baixo é só substância branca.
Funcional
- Pode ter a área de projeção que é motora ou sensitiva, ela pode ser:
Primária: diretamente relacionada a motora ou sensitiva. Um exemplo é a via da área pré-motora
para a área pré-central ou a via da área sensitiva para o lobo parietal superior.
Secundária: associação relacionada a motora ou sensitiva. São as áreas motora suplementar, fibras
que projetam informações visuais.
Área de associação: são fibras de associação e elas não projetam para fora do cérebro, vai projetar
para tálamo, núcleos da base, tronco encefálico, ela só vai projetar para dentro dela mesma. Isso
está muito associado a funções cognitivas, ela projeta do cérebro para dentro do cérebro.
ANATOMIA CEREBRAL
Parte opercular do giro frontal inferior: (linha vermelha na 2ª imagem) forma um desenho de uma
ferradura, é a área de Broca.
- Responsável pela parte motora da fala, planejando os movimentos dos músculos que vão permitir
a fala.
- Define quais músculos devem contrair ou relaxar para falarmos. Ela não vai definir o que vai ser
falado, ela só vai regular a contração e relaxamento muscular para permitir que se fale o que foi
pensado.
- Quem vai executar a movimentação é o giro pré-central, recebendo o planejamento desse.
- Presente nos dois hemisférios.
Área triangular do giro frontal inferior: (linha azul na 2ª imagem) auxilia a Broca. Também é
responsável pela tomada de decisão.
Área orbital do giro frontal inferior: (linha rosa na 2ª imagem) pré-frontal, de tomada de decisão.
* As áreas anteriores dos giros da parte frontal, em geral, estão relacionadas ao sistema límbico, à
parte de raciocínio, definição de certo e errado, comportamento... é uma região chamada de pré-
frontal.
* A artéria cerebral anterior irriga a região das pernas e a artéria cerebral média irriga a área da
boca e das mãos. Lesão da artéria cerebral média gera perda de movimentação das mãos e
dificuldades de fala, enquanto a lesão na artéria anterior gera déficit de movimentação de pernas.
- Não se tem certeza sobre a função, mas, como ele fica muito próximo ao bulbo olfatório, acredita-
se que ele tem relação com a capacidade de percepção de feromônio e, então, tem relação com a
atividade sexual. Alguns animais que têm necessidade pela sensibilidade aos feromônios têm essa
região um pouco maior.
- Acredita-se que ele é uma parte residual do cérebro, pois a retirada dele não modifica nada no
paciente.
- Tomada de decisão.
- É uma continuação da parte orbital do giro frontal inferior.
o Sulco olfatório (linha pontilhada mais clara)
o Sulcos orbitários (linha pontilhada mais escura)
Anatomia do lobo frontal – Vista medial:
➢ Área pré-motora.
➢ Controle dos olhos.
➢ Lógica e cálculo.
➢ Alerta.
➢ Ética e decisão.
Giro supramarginal: (em azul mais claro na imagem) margeia o sulco lateral.
- É a área da compreensão da fala, chamada de área de wernick. Essa área vai estar presente no
hemisfério dominante interpretando a língua mãe.
- No hemisfério que não é dominante, existe essa área, mas ela faz relação com outros idiomas,
não com a língua mãe.
- Pessoas que têm duas línguas mãe e lesam a área de wernick começam a misturar os dois idiomas
sem perceber nenhuma anormalidade na montagem das frases.
Sulco paracentral (tracejado verde): divide o lóbulo paracentral juntamente com o ramo marginal
do sulco do giro do cíngulo.
Sulco do giro do cíngulo (tracejado vermelho): contorna o giro do cíngulo.
Ramo marginal do sulco do giro do cíngulo (tracejado branco): vai em direção superior.
Sulco subparietal (tracejado azul escuro).
Sulco parieto-occipital (tracejado roxo).
Sulco do corpo caloso (tracejado azul claro).
➢ O corpo caloso comunica os dois hemisférios.
- Ambos servem para parte da visão. São divididos em córtex visual primário, secundário e terciário.
Córtex visual primário: área direta da visão.
Córtex visuais secundário e terciário: áreas associativas da visão, projetando as informações para
o sistema límbico de forma a enviar para a memória aquilo que foi visto.
* O cúneos está em verde na imagem e o giro em vermelho.
Por exemplo: o cérebro recebe a informação de um objeto vermelho como algo que tem um
comprimento de luz de comprimento de onda determinado. Quando isso ocorre, o cérebro verifica
com o sistema límbico o que se relaciona com aquele comprimento de onda que foi percebido. O
sistema límbico verifica na memória que aquele comprimento de onda corresponde ao vermelho,
então o cérebro passa a enxergar um objeto vermelho.
* A cor que você enxerga muda dependendo do seu humor, pois o sistema límbico é que interpreta
o que ele vai dizer sobre um comprimento de onda específico que o cérebro o enviou e esse
sistema é também o responsável por comandar o comportamento.
- Separados pelo sulco calcarino.
Sulco parieto-occipital: divide o pré-cúneos do cúneos.
Anatomia do lobo temporal – Vista lateral:
Caso clínico 1
Paciente, 64 anos, sexo feminino, admitida com déficit de fala, dificuldade de movimentar a mão
direita (hemiparesia direita) e déficit de sensibilidade a direita. Início súbito dos sintomas.
Déficit de fala: lesão do giro pré-central e área de Broca.
Dificuldade de movimentar a mão à direita (hemiparesia direita): lesão do
córtex à esquerda. Lesão no giro pré-central.
Déficit de sensibilidade à direita: giro pós-central.
→ Isquemia da região lateral do encéfalo, então houve oclusão da artéria
cerebral média esquerda.
Caso clínico 2
Paciente de 72 anos de idade, sexo feminino, com história de déficit motor progressivo a esquerda.
Predomínio de perna e tronco, passou com o neurocirurgião que solicitou exames.
Déficit motor progressivo a esquerda em perna e tronco: giro pré-central direito em região supra-
medial.
→ Tumor em área motora e giro pré central a esquerda.
- Lesão em ápice e face medial.
Maria Clara Conti – XLI ---- 01/12/2020
Núcleos da Base
- São corpos de substância cinzenta dentro da substância branca e é uma divisão do telencéfalo. A
grande importância dele está relacionada a fisiologia do movimento.
Anatomia
➢ Núcleo caudado
➢ Putâmen
➢ Globo pálido
➢ Claustrum
➢ Corpo amigdaloide
➢ Núcleo accubens
➢ Núcleo basal de meynert (tem associação com a parte de memória).
Núcleo Caudado
→ É uma massa alongada que acompanha a trajetória dos ventrículos e ele é dividido em três
porções: cabeça, corpo e cauda.
- Na cabeça do caudado ele fará muita associação com o lentiforme e forma o núcleo estriado
(participa da fisiologia do movimento, tendo grande função motora).
Núcleo Estriado
- É dividido em duas porções, a anterior que é ventral (sistema límbico), e a dorsal que é motora.
Núcleo Lentiforme
- O globo pálido interno é separado do globo pálido externo pela lâmina medular medial.
Fisiologia do movimento
→ Há duas vias que fazem a movimentação, a via direta e a indireta.
- A via direta age na musculatura agonista que é a que vai executar o movimento.
- A via indireta vai agir estimulando a musculatura antagonista que é a musculatura que para o
movimento.
- Enquanto uma via está sendo estimulada, a outra está sendo inibida. As duas estimulam o
movimento.
* Não esquecer que a musculatura antagonista e agonista varia de acordo com a movimentação
que se quer faz. Sendo assim, as vias direta e indireta cada hora atuam em músculos diferentes.
Exemplo: ao esticar o braço, a via agonista atua no tríceps enquanto a via antagonista atua no
bíceps. Ao contrair o braço, a via agonista atua no bíceps enquanto a via antagonista atua no tríceps
- O córtex na área pré motora vai pensar no movimento e mandar para o núcleo estriado e para o
cerebelo. O cerebelo vai ver qual será a quantidade de contração de fibra, quais fibras vão contrair
e relaxar.
- Já o estriado, ele vai regular a musculatura antagonista e agonista ao mesmo tempo, então ele
vai ativar duas vias ao mesmo tempo e as duas vias são mediadas por dopamina, quando a
dopamina aumenta no núcleo estriado ele vai inibir o globo pálido interno e vai inibir a substância
negra reticulata, e ao inibir ele vai inibir o tálamo e assim vai ter uma exacerbação da resposta
agonista.
- Ao mesmo tempo, o aumento da dopamina vai inibir a via indireta que é responsável pela
contração da musculatura antagonista, assim, quando aumenta a dopamina vai inibir o globo
pálido externo que vai inibir o núcleo subtalâmico, e a inibição da inibição vai estimular o globo
pálido interno que vai mandar uma informação inibitória para o tálamo para ele parar de contrair
a musculatura antagonista.
- Quando chega próximo do fim o movimento, vai interromper a dopamina, inibe a via direta e
aumenta a força da via indireta.
No parkinson: quando há falta de dopamina, não há inibição da via indireta e nem execução da via
direta. Com isso, a via indireta está sempre ativa. Esse paciente fica sempre estimulando a
musculatura antagonista, mas, como não tem como saber qual é a musculatura antagonista, todos
os músculos acabam sendo estimulados, por isso o paciente treme tudo. Como ele não consegue
fazer movimentos voluntários, ele tem dificuldade de iniciar movimentos, pois necessita que a
dopamina, que é insuficiente, leve tempo para ser concentrada. O paciente também está sempre
rígido, pois há constante estímulo para contração de uma musculatura.
* As linhas verdes representam o estímulo e as vermelhas, inibição.
Claustrum
- É separada do putâmen pela cápsula externa e pelo córtex da ínsula pela capsula extrema.
- Pouco se sabe sobre a sua função. Não se sabe se é um resquício embriológico ou um núcleo em
desenvolvimento ainda.
Ordem núcleos da base: tálamo → cápsula interna → globo pálido interno → lâmina medular
medial → globo pálido externo → lâmina medular lateral → putâmen → cápsula externa →
claustrum → cápsula extrema → córtex insular.
Amigdala
→ Fica no final da cauda do caudado e tem grande importância no sistema límbico pois é ela que
vai auxiliar no controle de agressividade e comportamento sexual.
Núcleo Accubens
* Esse sistema é como uma central de comando das emoções, mas também faz quase todo o
cérebro funcionar, regula muitas funções. Ele é muito relacionado com a atividade sexual ou com
atividades que geram prazer.
Componentes
Componentes subcorticais: corpo amigdaloide, área septal, corpos mamilares, núcleo anterior do
tálamo, núcleos habenulares.
Giro do Cíngulo
- Ele tem relação com olfato, comportamento, e por ele ficar no centro de tudo ele vai ser a
principal estrutura. Quando quer buscar alguma memória no córtex vai ser o giro do cíngulo que
fará isso.
- Quanto maior a ligação com as memórias maior a chance de não esquecer essas memórias,
quando vai buscar a memória ele vai reconstruir a memória, então nem sempre ela vai ser da
maneira que realmente aconteceu, é impossível ter a memória perfeita de realmente tudo que
aconteceu.
→ A região anterior do giro do cíngulo, principalmente a área subgenual está relacionada com
depressão, quando lesa essa região o paciente vai ter uma depressão intratável.
Giro Parahipocampal
Hipocampo
Amigdala
Área Septal
- No núcleo septal a mulher tem 4 áreas e o homem só possui uma, durante o ato de prazer é muito
mais fácil ativar um núcleo do que quatro. Então, na ejaculação precoce deve-se tratar o homem
fazendo com que o núcleo dele seja ativado de forma mais lenta, ao dar ansiolítico para o paciente
vai fazer com que seja mais lento.
Corpos mamilares
- Estão muito próximos do núcleo posterior e a principal função dele é simpática, então quando há
um aumento da atividade simpática pode ser o auge do prazer ou pode ter muita raiva, vai
depender do tipo de estímulo.
- Uma pessoa ansiosa tem estímulo muito grande do núcleo posterior por causa do aumento da
atividade simpática.
Área pré-frontal
Corpo Caloso
→ O hipocampo, através do fórnice, se comunica com os corpos mamilares que vai ver se a
memória nova tem alguma relação emotiva ou não, se ela tiver algo de emotivo ele vai ligar a ela
e vai transformá-la em uma memória tardia.
- Enquanto ele faz essa ligação, ele vai mandar essa informação através do trato mamilotalâmico
para o núcleo anterior do tálamo (regula a emoção/comportamento), ao pegar a informação se
tiver associada a emoção ou não, ele vai tentar jogá-la pro córtex, para isso ele vai através da
cápsula interna perguntar para o giro do cíngulo se tem algo semelhando a ela em algum lugar pois
a memória isolada não vai, ela precisa estar ligada à emoção ou a outra memória.
- Se o giro do cíngulo não achar nada, ele vai para o giro parahipocampal para tentar contextualizar
a informação pois se consegue contextualizar talvez ligue ela a algum evento emocional ou a
alguma outra memória, se conseguir contextualizar ela, ela vai para o córtex entorrinal que vai fixar
a memória ou não, se ele não conseguir fazer isso ele volta pro hipocampo e associa com a segunda
informação que está vindo.
Caso clínico
Paciente de 54 anos, com início há 4 meses de movimentos anormais dos membros superiores e
inferiores, com diminuição da força, de forma “Serpentiforme”. Família também relata perda
progressiva da memória e alteração comportamental. Os filhos da paciente relataram que sua avó
apresentou a mesma evolução, vindo a falecer de pneumonia aspirativa com 62 anos.
Movimentos anormais dos membros superiores e inferiores: núcleos da base, principalmente
putâmen.
Diminuição da força: núcleos da base, principalmente putâmen.
Movimentos “serpentiformes”: núcleos da base, principalmente o globo pálido externo.
Perda progressiva da memória: hipocampo.
Alteração comportamental: sistema límbico.
História familiar: genética.
Diagnóstico: doença de Huntington, com diminuição do GABA dos núcleos lentiformes.