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COZINHA DOS PAÍSES DO

MEDITERRÂNEO DO ORIENTE MÉDIO


Prof. Dr. Marco Antonio da Silva

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1 ORIENTE PRÓXIMO E MÉDIO
A exata definição de quais países compõem o Oriente Médio dependerá da fonte e cri-
térios utilizados. Para o presente texto, o Oriente Médio será dividido em Oriente Pró-
ximo e Oriente Médio, propriamente dito. Por proximidade geográfica e gastronômica,
o termo Oriente Próximo refere-se aos países localizados entre o sul do mediterrâneo
e o Irã, incluindo a área do Levante – Síria, Líbano, Israel e Palestina (Faixa de Gaza e o
território da Cisjordânia) e da Mesopotâmia – o Iraque. Outros países também podem
fazer parte do Oriente Próximo, como a Geórgia, Armênia e Azerbaijão.

Figura 1 – Oriente Próximo e Médio

Fonte: Guia Geográfico (2016).

Já, Oriente Médio é a denominação da área geográfica que abrange os países loca-
lizados na costa leste do mediterrâneo até o golfo pérsico: Arábia Saudita, Bahrein,
Catar, a ilha de Chipre, Emirados Árabes Unidos, Iêmen, Irã, Iraque, Kuwait, Omã e a
parte oriental da Turquia. No entanto, no contexto geopolítico, toda região do Oriente
Próximo também faz parte do Oriente Médio. A região foi berço do Judaísmo, Cristia-
nismo e Islamismo, e é importante cenário de negócios internacionais, como produ-
ção de petróleo e gás natural, turismo e agricultura. As questões religiosas e culturais
envolvendo judeus, muçulmanos e cristãos de diversas denominações, e a disputa
pela escassa água e os recursos naturais, inclusive petróleo, tornam o Oriente Médio
politicamente instável.

A região apresenta clima temperado e terras férteis ao longo da costa do mediterrâneo,

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clima quente e seco nas regiões desérticas e clima de montanha nas áreas de altitude.

A escassez de água e de terras cultiváveis torna a produção agrícola e a criação de


gado bovino nessa região limitada e depende de exportações. A seguir serão listados
os alimentos frequentes na culinária da região.

1.1 ALIMENTOS COMUNS DO ORIENTE MÉDIO

As técnicas de preparo da culinária do Oriente Médio são diversificadas e incluem gre-


lhados, assados, cozidos, refogados e frituras. Na confeitaria e panificação, a produ-
ção de pães, com ou sem fermentação, doces com massa folheada e abundante uso
de mel, oleaginosas e aromatizadores, como água de flor de laranjeira ou de rosas,
são frequentes. Segundo o Instituto Americano de Culinária (2013), as preparações
principais geralmente utilizam cocção prolongada, com combinações e misturas de
carnes, grãos, especiarias e temperos, frutas cristalizadas e sementes. O arroz pilaf,
cozido com vários ingredientes e em caldos diversos, é amplamente utilizado na co-
zinha do oriente médio

Grãos
Os cereais são a base da alimentação das populações do Oriente Médio: trigo, arroz
e cevada são os grãos mais consumidos. O trigo está presente na culinária da região
na forma de grão inteiro e semolina amolecido (cuscuz, farinha de trigo, búlgur). Das
leguminosas, o grão-de-bico, lentilha, feijões e as favas são utilizadas em diversas
formas de preparo, como Hummus, falafel, sopas e purês.

Legumes e vegetais diversos


Pepino, berinjela, alcachofra, pimentões, abobrinhas, tomates, alho, alho-poró, repo-
lhos e alfaces são amplamente consumidos.

Aromáticos e especiarias
Açafrão, açafrão-da-terra (cúrcuma), cardamomo, cominho, cravo-da-Índia, coentro,
canela, estragão, sumagre, pimenta-do-reino, pimenta-da-Jamaica, mástique, horte-
lã, gengibre, salsa e alho são utilizados. No Oriente Médio, combinações de especia-
rias são feitas em diversas preparações culinárias, como: Za'atar (tomilho, orégano,
manjerona, sementes de gergelim, sumagre), Baharat (pimenta-do-reino, cominho,
canela, noz-moscada e outras especiarias) e a Pimenta síria (pimenta-do-reino, pi-
menta-da-Jamaica, canela, noz-moscada e cravo-da-índia). Água de flor de laranjeira
e água de rosas também estão inclusas.

Frutas
No Oriente Médio, frutas desidratadas, bem como in natura, estão presentes em vá-
rias preparações doces e salgadas, como uva, limões, laranjas, melões, romã, tâma-
ra, damasco.

Oleaginosas e sementes
A região é produtora e consumidora de sementes, como gergelim, Pinolis, pistache,
amêndoas, avelãs, nozes, azeitonas, sementes de romã e sementes de papoula.

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Leite e derivados
O leite é a matéria-prima para diversos produtos, como iogurtes, coalhadas, mantei-
ga e queijos. O uso dos laticínios, no Oriente Médio, valoriza a simplicidade e formas
simples de preparo. Os principais leites são os de ovelha, cabras, animais de fácil
manejo e que não exigem grandes pastagens, mas ainda há grupos populacionais
que utilizam o leite de camela.

Carnes
Assim como no Norte da África, a carne mais consumida é a de carneiro, seguido da
de aves. A carne bovina também é consumida, mas em menor quantidade pelo preço
e disponibilidade. A carne suína não é consumida pela população islâmica, que pre-
domina em todo Oriente Médio.

Pescados
Os peixes e frutos do mar são consumidos, particularmente, ao longo da costa do
mediterrâneo e do golfo Pérsico.

2 REPRESENTATIVOS DO ORIENTE MÉDIO


GASTRONOMIA DE TRÊS PAÍSES

2.1 ISRAEL

Israel é um pequeno país situado na costa do mar mediterrâneo, que faz fronteira com
vários países árabes, como o Egito, Líbano, Síria, Jordânia, Cisjordânia (sob majori-
tário controle de Israel) e Faixa de Gaza, além do Golfo de Ácaba. Territorialmente,
Israel, mesmo de pequena dimensão, apresenta relativa diversidade geográfica, com
planícies, montanhas e clima ameno na costa mediterrânea, desértico no interior do
país e temperado nas regiões de altitude. A capital é Jerusalém, mas Tel Aviv é o
centro econômico do país. Por fazer parte do império romano na antiguidade, com
inúmeros sítios arqueológicos abertos ao público, pelo cenário religioso de interesse
para judeus, cristãos e muçulmanos, e pelas diversas cidades bíblicas, como Nazare-
th, Tiberíades e Jerusalém, localizadas em seu território, Israel tornou-se um eferves-
cente centro turístico histórico-religioso.

Economicamente, Israel é um importante país no cenário mundial, com expressiva in-


dústria bélica e de tecnologia aeroespacial, tecnologia de geração de energia geotér-
mica, produção agrícola (cítricos, tomates, batatas), pecuária (laticínios) e pesqueira.
Com escassos recursos hídricos, Israel desenvolveu tecnologias agrícolas adaptadas
às condições desérticas, com alto rendimento e total uso sustentável da água.

GASTRONOMIA DE ISRAEL
Não é possível separar o padrão alimentar de Israel das regras alimentares judai-
cas. Nesse sentido, segundo Neris (2014) e Wainer (2017), as leis dietéticas judaicas
(conhecidas como Cashrut), de origem bíblica, estabelecem os alimentos e objetos/
utensílios adequados para o consumo humano (ver quadro 1), os procedimentos de

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criação, abate e manipulação das carnes e produção de laticínios, e as regras de
restrição, como a de não consumir carne e seus derivados conjuntamente com leite
e derivados.

Quadro 1 – Alimentos permitidos (kosher) e alimentos não permitidos nas leis da Cashrut

Tipo de alimento Permitidos Não permitidos

Carne de animais que ruminam


Carne de animais que não possuam
e tenham os cascos fendidos, ou
casco fendido ou que não ruminam.
Carnes seja, o casco que se divide em
Exemplo: Porcos, coelhos, lebres
dois. Exemplo: Vacas, cabras e
e camelos.
carneiros.
Aves que não rapinam ou se
Aves que rapinam ou que se
alimentam de carniça. Exemplo:
alimentam de carniça. Exemplo:
Aves Espécies domesticadas de
Avestruz, falcão, águia, gaivota
pombas, frangos, patos, gansos
e coruja.
e perus.
Animais marítimos que não
possuam escamas e barbatanas.
Qualquer tipo de peixe, desde que
Exemplo: camarão, lagosta,
tenham barbatanas e escamas.
Pescados ostra, mexilhão, caranguejo, lula,
Exemplo: Linguado, salmão,
mariscos, polvos, peixe-espada,
arenque e cavalinha.
cação, pintado, ovas de peixes
não kosher.
Ovos que vierem de aves Kosher. Ovos de aves não-Kosher e que
Ovos
Exemplo: ovos de galinha e pata. contenham mancha de sangue.
Manteiga, queijos, coalhada,
iogurte e quefir, desde que sejam
Laticínios provenientes de um animal kosher,
processados segundo as regras da
Cashrut.
Vegetais, legumes, grãos e
frutas, quando rigorosamente Frutas durante os primeiros três
Vegetais
higienizados e que estejam com anos de plantio.
total ausência de insetos.
Répteis, anfíbios e
Outros invertebrados. Sangue de
qualquer animal.

Fonte: adaptado de Ende (2006) e Szlakmann (1998) apud Neris (2014); Wainer (2017).

De forma geral, exceto pelas regras alimentares religiosas, parece não haver evidên-
cias de uma “comida de raiz” de origem eminentemente israelense. Nesse contexto,
a cozinha de Israel apresenta forte semelhança com a cultura alimentar do Oriente
Médio e em parte, do Norte da África, não diferindo de outros países dessas regiões.
Israel também sofreu influência de imigrantes de diversos países, como Índia, Iraque e
EUA, e incorporou elementos desses povos na cozinha atual. Os ingredientes básicos
da cozinha israelense incluem a uva e a videira, o azeite de oliva, os cítricos (limões
e laranjas), arroz, trigo, grão-de-bico, leite e queijos, ovos, mel, açúcar, tomates, pe-
pinos, pimentão, alho, cebola e cebolinha verde. Das carnes, cordeiro e aves são
frequentes, e no litoral, pescados. Todos esses alimentos devem seguir as leis da
Cashrut para serem consumidos.

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SAIBA MAIS

Alimentos Kosher

Kosher (ou Kasher), que significa adequado, correto, são alimentos


que foram produzidos de acordo com a lei da Cashrut. Atualmente,
várias certificadoras emitem certificados Kosher, que garantem a
Selo de
adequação dos alimentos certificados para a comunidade judaica. certificação Kosher

O café, em Israel, é amplamente consumido, particularmente o tipo de preparação


denominado café turco, o qual é doce, condimentado e intenso.

Figura 2 – Pratos típicos de Israel

Preparações culinárias presentes na cozinha de Israel

Algumas destas preparações apresentam nome comum e semelhança no preparo


a outros países do norte africano e do mar mediterrâneo, com algumas alterações
regionais:

• Shakshuka: caldo picante, consistente, de tomate e pimentão, com ovos escal-


fados no próprio molho, popular em Israel e geralmente servido no café da manhã,
acompanhado de pão.

• Faláfel: bolinho feito de grão-de-bico ou favas moídas, frito, com consistência cro-
cante, geralmente acompanhado de pão pita, Hummus e salada. É uma comida de
rua comum em Israel.

• Pita: pita é um pão redondo e chato, tradicional em todo Oriente Médio e rotineira-
mente consumido em Israel, dobrado, formando uma meia-lua, recheado com carnes,
Hummus e saladas.

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• Hummus: creme feito de grão-de-bico, tahine, óleo de oliva, temperado com alho,
limão e outros ingredientes. Geralmente acompanha pães e saladas, amplamente
consumido em Israel.

• Burekas: um tipo de pastel frito ou assado, feito com massa filo e recheado com
ingredientes diversos, como legumes, queijos, carnes, servido como lanche ou como
acompanhamento em refeições maiores. Em Israel há muitas cafeterias especializa-
das em burekas.

• Halva: preparação doce, na forma de tablete, que tem como base o tahini adicio-
nado de açúcar ou mel, e pode ser recheada com oleaginosas, como amêndoas ou
nozes.

• Majdra: preparação salgada, que tem como base a lentilha e o arroz, adicionada de
cebola caramelizada e diversas especiarias.

• Hamin: um ensopado feito de carnes (cordeiro ou bovina) cozido lentamente duran-


te várias horas. Geralmente o hamin é uma preparação servida no almoço de Shabat.

• Sabich: sanduiche de rua, de origem iraquiana, comum em Israel, confeccionado


com pão pita recheado de berinjela frita, tahini, saladas, ovos e molhos picantes.

MÍDIA INTEGRADA

Os vinhos de Israel
Israel produz e consome vinhos desde os últimos 4 mil anos, mas somente nas últimas
3 décadas a indústria vinífera se expandiu em escala internacional. O enoturismo atrai
visitantes de todo o mundo, e amantes de vinhos Kosher. Conheça um pouco desta história.
Acesse aqui!

2.2 LÍBANO

Líbano é um país localizado na costa do mediterrâneo, que faz fronteira com a Síria
e Israel, com uma história que remonta 7 mil anos. A capital do país é Beirute, mas
outras cidades se destacam pela longevidade, como Tiro, Sidom e Trípoli, todas de
origem fenícia, com mais de 4 mil anos de história. A região foi habitada pela civiliza-
ção Cananéia, que deu origem aos fenícios (3.300 – 300 a.C), navegadores e comer-
ciantes que trouxeram para a região do Levante produtos agrícolas e especiarias da
Ásia e da península itálica, e realizaram trocas comercias que impactaram o padrão
alimentar da África e Europa, que perduram até os dias de hoje. A partir do século VII,
a região foi colonizada por árabes, turcos otomanos e, na primeira metade do século
XX, pela França. Obteve independência somente no final da segunda grande guerra.
Até meados da década de 1970, o Líbano viveu um período de ascensão e estabi-
lidade econômica, interrompido por conflitos internos entre muçulmanos, judeus e
cristãos, particularmente pela proximidade do Líbano com Israel e os movimentos
políticos, sociais e de direitos humanos relacionados à causa palestina.

A economia libanesa, atualmente, é instável e o país enfrenta desafios sociais, políti-

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cos e econômicos, com elevada taxa de desemprego e alto endividamento público. O
Líbano não é solidamente industrializado, mas destaca-se a indústria de joias, quími-
ca, têxtil, da construção civil e de alimentos. O setor agrícola contribui com pequena
parcela da economia nacional, particularmente de cítricos, pêssego e maçã. O setor
de serviços, principalmente o financeiro e do turismo, é o que traz a maior contribui-
ção da riqueza no país.

GASTRONOMIA LIBANESA
Ao contrário de outros países árabes, no Líbano há grande diversidade étnico-religio-
sa, na qual destacam-se os árabes mulçumanos ou cristãos, cristãos de várias de-
nominações (maronitas, católicos romanos, gregos ortodoxos, entre outros), Curdos,
Armênios, Drusos e outras minorias. Essa diversidade cultural impactou na cultura
alimentar do Líbano.

DICA

A cultura alimentar libanesa segue os padrões das cozinhas dos países vizinhos, com forte
influência de origem turca e árabe. De forma geral, é colorida, condimentada e privilegia
alimentos frescos, crus ou cozidos, e, ainda, utiliza diversas técnicas cuinárias, como
cozidos, ensopados, assados e grelhados.

As matérias-primas da culinária libanesa incluem azeite de oliva, frutas frescas (romã,


uva, figo, limão, laranja, maçã, pêssego, tâmaras, damasco), legumes (principalmente
berinjela, tomate, abobrinha, pimentões e pepino), grãos, particularmente grão-de-bi-
co, lentilhas, favas, arroz, trigo e o triguilho (trigo bulgur). O gergelim é um ingrediente
importante, na forma de tahini, presente em várias preparações. As especiarias mais
utilizadas são o zaáthar, pinolis, pimenta-síria, sumagre, cominho, canela e noz-mos-
cada (HOLLAND, 2015).

Os laticínios também são amplamente utilizados: Iogurte, manteiga, queijos e leite


fresco. As principais carnes presentes na culinária libanesa são as de cordeiro e aves.
No litoral, os peixes estão presentes em várias preparações.

Das bebidas não alcoólicas, os libaneses apreciam o café turco, o Jellab – refresco
feito com xarope de tâmaras, água de rosas e pinolis (pinhões do pinheiro-manso -
Pinus pinea) e o Tan – bebida refrescante feita de iogurte com adição de água e sal. O
chá de menta, adoçado com mel ou açúcar, é onipresente em todo o oriente médio.
Os libaneses não muçulmanos consomem bebida alcoólica, particularmente o vinho.
O Líbano produz vinho há milhares de anos, e supre o mercado interno e comunida-
des libanesas fora do Líbano. Castas francesas, como Merlot, Cabernet Sauvignon,
Syrah, além de castas nativas, dão origem a vinhos encorpados, frutados e comple-
xos. Das bebidas destiladas, destaca-se o Arak, produzida a partir de uvas fermen-
tadas.

As preparações culinárias da cozinha libanesa refletem as diferentes culturas presen-


tes no país ou que moldaram sua história: Shawarma, kebabs, kaftas, babaganoush,

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falafel, doces como muhallabia, baklava, halawa e malabie. Os Mezzes são prepara-
ções semelhante aos “Tapas” espanhóis, servidos como entradas ou acompanha-
mento em refeições principais.

SAIBA MAIS

Selo de
A alimentação na cultura islâmica Certificação Halal

Halal se refere ao manejo, produção, oferta e consumo de


alimentos, adequados às normas do Alcorão, livro sagrado dos
povos Islâmicos.

Os Islâmicos seguem regras ou restrições alimentares, cha-


madas de Haran. Algumas delas estão citadas abaixo (alimen-
tos não Halal):

• Bebidas alcoólicas e intoxicantes.

• Carne de porco, bacon, presunto e qualquer derivado de porco, como gordura, enzimas,
gelatina, etc.

• Animais carnívoros, aves de rapina, répteis, anfíbios e outros animais não Halal.

As regras de produção de alimentos para comunidade islâmica é complexa e exige um con-


trole especializado. A Certificação Halal é um atestado de que os alimentos comercializados
atendem aos princípios religiosos expostos na Alcorão.

Figura 3 – Mezze: entradas e acompanhamentos na cozinha do Oriente Médio

Fonte: Walking Through Lavender Fields (2021).

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Preparações frequentes na cozinha libanesa:

• Samkeh Harrah: sopa tradicional no Líbano, feita de trigo e pimentões vermelhos


desidratados, adicionada de pimentas e outros temperos.

• Shish taouk: é uma preparação de frango no espeto, grelhado, marinado em iogur-


te, limão e alho, de origem turca, mas rotineiramente presente como comida de rua
no país.

• Rakakat: é uma preparação na forma de charuto, feita com massa de trigo fina,
recheado com queijo branco salgado e frito em óleo até ficar dourado e crocante.
Geralmente servido como mezze (entrada ou acompanhamento).

• Kibeh: tradicional prato de origem sírio-libanesa e confeccionado com carne ver-


melha (bovina ou de cordeiro) moído com triguilho amolecido (trigo bulgur). Pode ser
frito, assado ou servido cru.

• Esfiha: preparação feita com massa de trigo, recheada com carne vermelha, legu-
mes e condimentos, assada, tradicionalmente, em forno a lenha. As esfihas podem ter
a forma de disco aberto, ou serem dobradas, semelhante a um triângulo.

MÍDIA INTEGRADA

Aprenda a fazer uma tradicional esfiha sírio-libanesa. Acesse aqui!

• Tabbouleh: preparação atribuída à origem libanesa, confeccionada com trigo bulgur


amolecido, tomate, cebola, cebolinha, salsa e outros temperos.

MÍDIA INTEGRADA

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2.3 TURQUIA

A Turquia é um país com uma longa história, e apresenta em seu território assenta-
mentos urbanos que remontam a mais de 8 mil anos. Hatitas, hititas, gregos, romanos
e o Império Otomano, colonizaram a Anatólia e a Turquia ocidental, região que divide
a Europa do Oriente Médio e Ásia. A cidade Troia, relatada na Ilíada de Homero, se
localizava na atual Turquia.

Geopoliticamente, a Turquia é dividida em duas áreas, a Turquia ocidental e oriental.


A Turquia ocidental é banhada pelo mar Egeu e mar de Mármara, que divide a Ásia
Menor da Europa. Importantes cidades e centros históricos se encontram nesta re-
gião: Istambul, Izmir, Bodrum e Cesme, e as ruínas de Éfeso e Troia. A Turquia oriental,
também denominada de Anatólia, está localizada na Ásia (Ásia Menor) e faz fronteira
com a Síria, o Iraque, o Irã, a Armênia e a Geórgia. Nesta região se localiza o Monte

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Ararat, sagrado pelos armênios e importantes sítios arqueológicos, como a cidade
antiga de Ani e o Mosteiro de Sumela.

GASTRONOMIA TURCA
A cultura alimentar e gastronômica no país sofreu influência das rotas de comércio de
especiarias vindas do Eurásia e do extremo asiático, da culinária árabe e dos povos
que viviam no entorno do mediterrâneo (HOLLAND, 2015; MEDINA, 2005).

Figura 4 – Yayla Corbasi, preparação típica turca

Preparações frequentes na cozinha turca

• Tavuk Suyu: sopa à base de frango e legumes, cozida com cebola, alho, cenoura e
aipo, acrescida de cereais, como arroz, trigo búlgur ou macarrão.

• Mercimek Çorbası: as lentilhas (mercimek) são muito apreciadas na Turquia, e são


o ingrediente principal de várias preparações. A Mercimek Çorbası é uma sopa de len-
tilha vermelha, picante, que leva cebola, alho, cenoura, pimenta-do-reino e cominho.

• Mercimek Köftesi: são bolinhos de lentilha, semelhante à almondegas, produzidos


a partir de sopa de lentilha amassada e moldada na forma de almôndegas.

• Iskembe Corbasi: é uma sopa muito popular na Turquia, que tem como ingredientes
o intestino (tripa) de cordeiro, grão-de-bico, tomate e pimenta vermelha, espessada
com farinha de trigo e aromatizada com suco de limão na finalização da preparação.

• Yayla Corbasi: é um cozido apreciado nas regiões montanhosas da Turquia, produ-


zido com arroz, farinha de trigo, tomate, iogurte, pepino e especiaria.

• Bayildi: preparação tradicional produzida a partir de berinjelas grelhadas recheadas


com cebolas, alho, tomates e pimentões vermelhos picados, cozidos em azeite de
oliva e temperados com sal, açúcar e ervas.

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• Baklava: os doces são muito apreciados no oriente médio, seja uma simples fruta
ou uma fruta desidratada, ou confeitarias elaboradas com sementes, massa filo mel
e outros ingredientes. A Baklava é uma preparação doce, tradicional nos Balcãs e
Oriente Médio, feita com massa folheada, nozes, pistache ou outra oleaginosa e mel
ou xarope de açúcar, assada até ficar dourada e crocante.

MÍDIA INTEGRADA

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• Tulumba: é uma preparação simples, de rua, muito apreciada na Turquia e que se


assemelha ao churros espanhol. A tulumba é uma massa produzida com farinha de
trigo, ovos e água, moldada na forma de charuto e frita em óleo, acompanhada de
calda de açúcar saborizada com suco de limão.

• Kadayif: é um doce tradicional na Turquia, Grécia e Líbano, feita com massa filo cor-
tada em fios finos, assada em camadas recheadas com calda doce, nozes, pistache,
ou amêndoas.

• Sütlac: tradicional pudim turco, feito com leite de arroz adoçado com açúcar e aro-
matizado com canela ou baunilha.

• Komposto: os turcos apreciam bebidas doces e algumas bebidas alcoólicas. O


Komposto é uma bebida na forma de xarope, produzida pela cocção branda de frutas,
como damasco, marmelo, cereja em água e açúcar, aromatizado com especiarias.

• Raki: bebida nacional da Turquia, mas presente em outros países do Oriente Médio.
Raki é um destilado de cascas de uva saborizado com anis, de alto teor alcoólico.

• Ayran: bebida refrescante, feita pela diluição de iogurte em água, levemente salga-
da.

• Kahve: Café turco, intenso, com ou sem açúcar, feito em uma pequena panela de-
nominada cezve (também chamada de ibrik).

MÍDIA INTEGRADA

Quando o chef Fred Caffarena foi trabalhar em Istanbul, redescobriu a culinária do Oriente
Médio. Conheça mais dessa história. Acesse aqui!

Outras culturas do Oriente Médio, como do Iraque, Irã, Síria e Arábia Saudita possuem
riquezas gastronômicas semelhantes às citadas nos países acima, que influenciaram
a cozinha do Oriente Médio contemporâneo.

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CONCLUSÃO
O Oriente Médio apresenta uma tradição gastronômica com uma história de milhares
de anos, que incorpora técnicas culinárias e ingredientes do extremo da Ásia e dos
povos que habitaram o mediterrâneo europeu e o Norte da África na antiguidade. O
processo civilizatório, que remonta mais de 10 mil anos, a forte influência do islamis-
mo, do cristianismo ortodoxo e da cultura judaica em todo Oriente Médio, contribuiu
para que a região se tornasse um polo cultural de turismo religioso, histórico e gas-
tronômico.

Para o profissional da gastronomia, o Oriente Médio é uma fonte de conhecimento


milenar, com grande diversidade étnico-cultural, territorialidade e clima, que, ao longo
dos séculos, aprimorou o modo de produzir alimentos e de consumi-los, e tornou-se
uma das cozinhas mais ricas e complexas do mundo. Saber utilizar este conhecimen-
to e aplicá-lo na cozinha contemporânea, é ser inovador e, ao mesmo tempo, mante-
nedor da cultura gastronômica mundial.

REFERÊNCIAS
HOLLAND; Mina. O atlas gastronômico: uma volta ao mundo em 40 cozinhas. Rio
de Janeiro: Casa da Palavra, 2015.

INSTITUTO AMERICANO DE CULINÁRIA. Chef profissional: o guia definitivo para o


sucesso na cozinha. São Paulo: Senac, 2013.

MEDINA, Ignacio. Turquia: cocina país por país. Buenos Aires: El País, 2005.

NERIS, Ana Caroline Carvalho. Alimentação judaica no contexto cultural e seu


papel biopsicossocial. 2014. Monografia (Graduação em Nutrição) – Faculdade de
Ciências da Educação e Saúde, Centro Universitário de Brasília, Brasília, DF, 2014.
Disponível em: https://bit.ly/3VulJBB. Acesso em: 3 maio 2023.

WAINER, Mariana. Dieta Kasher: uma abordagem nutricional. 2017. Monografia


(Graduação em Nutrição) – Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto
Alegre, 2017. Disponível em: https://bit.ly/3AUAyDO. Acesso em: 3 maio 2023.

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Universidade do Extremo Sul Catarinense – UNESC
Reitora Luciane Bisognin Ceretta

Pró-Reitoria de Ensino
Graziela Amboni

Diretoria de Ensino a Distância


Almerinda Tereza Bianca Bez Batti Dias

Setor de Educação a Distância


Mariesa Toldo

PRODUÇÃO DO MATERIAL
Autor
Prof. Dr. Marco Antonio da Silva

Assessoria Pedagógica
Fernanda Cizescki

Design Instrucional
Amanda Kestering Tramontin
Angélica Manenti
Natassia D’Agostin Alano

Revisão
Ana Paula Dias Fernandes de Oliveira
Bruno Estevam Pereira
Emilly Estevam Machado
Vitória Lobo Gonçalves

Projeto gráfico e Diagramação


Suamy Fujita

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