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Os efeitos negativos da pandemia no ensino e na aprendizagem das nossas crianças podem ser considera-
dos um consenso. Nesse momento tão complexo de retorno presencial ou híbrido das atividades escolares pensa-
mos ser interessante discutir algumas medidas que as redes de ensino podem dispor para enfrentar estes efeitos.
A questão que se impõe é como se pode ajudar os alunos a recuperar aquilo que não aprenderam?
Sem a pretensão de oferecer uma “receita” pensamos em elencar alguns pontos que consideramos essen-
ciais e podem ajudar as redes e as escolas com este desafio:
1. Fazer um acolhimento psicológico tanto dos estudantes como dos professores. A melhor maneira de fazer
isso é a escola e os professores estarem abertos para o que os alunos têm a dizer, acolher suas dúvidas e
angústias, criar um espaço de confiança. Será muito necessário esse vínculo de relações sociais para esse
processo de recuperação do aprendizado.
2. Fazer uma análise cuidadosa e minuciosa para combater a infrequência e, principalmente, o abandono. É
importante que a escola realize a busca ativa dos alunos matriculados em cada série (de preferência com
os dados retirados do Censo), faça a análise da frequência, participação e devolutiva de cada um dos alunos
nas atividades domiciliares. É também consenso que a suspensão das aulas presenciais afetou os estudan-
tes de maneiras diferentes, já que há escolas que conseguiram avançar mais ou menos no ensino remoto.
As situações podem variar desde alunos que ficaram privados de qualquer contato com a escola e, portanto,
terão um longo caminho a percorrer na retomada do ensino presencial/híbrido, até o caso de quem conse-
guiu acompanhar regularmente as aulas remotas. É preciso identificar cada um dos alunos, nominalmente,
e saber sobre sua participação nas aulas remotas e na realização das atividades propostas.
3. Organizar o ensino híbrido tendo como critério o atendimento presencial prioritário aos alunos que tiveram
maiores dificuldades de acesso aos recursos virtuais ou que estejam em situação de vulnerabilidade. A
palavra de ordem precisa ser equidade, oferecer mais a quem precisa de mais. Os alunos em processo de
alfabetização ou não alfabetizados também precisam ser priorizados.
4. Analisar cuidadosamente o currículo ou plano de curso. É preciso saber com clareza o que os alunos já
deveriam saber, considerando o currículo. Para isso, o professor deve analisar o currículo, principalmente
o currículo prioritário que foi organizado em 2020 e que considera quais são as habilidades foco em cada
ano. Deve ainda fazer uma listagem das habilidades que já foram trabalhadas e que já deveriam ter sido
consolidadas pelos alunos, das habilidades que não foram trabalhadas, mas que nesse período já deveriam
ter sido estudadas e das habilidades que ainda faltam ser trabalhadas. Essa listagem das habilidades deve
ser analisada e seus conteúdos redistribuídos ao longo dos meses que ainda temos para trabalhar, criando-
se um plano de trabalho focado nas demandas de aprendizagem dos estudantes.
5. Realizar um diagnóstico: organizar formas de diagnóstico presencial ou remoto para ter clareza do nível de
aprendizagem de cada um dos alunos. Relatos qualitativos dos professores e das famílias são válidos, mas
o ideal é priorizar dados coletados por instrumentos mais confiáveis.
6. Analisar os resultados das avaliações diagnósticas realizadas pela rede e/ou pelo professor. Espera-se uma
maior desigualdade entre as competências desenvolvidas por grupos de alunos, considerando a qualidade
do acesso ao conteúdo escolar que tiveram neste período remoto.
7. A partir desse diagnóstico, atuar sobre as lacunas de aprendizagem da turma e de cada aluno.
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Será necessário organizar um plano de intervenção, elencando as habilidades a serem recuperadas em cada
momento com cada grupo de alunos e selecionar as atividades que trabalhem essas habilidades no material didá-
tico disponível.
Sugerimos a seguir algumas estratégias para a recuperação destas aprendizagens, como aulas de recupe-
ração e reforço individual, envolvendo trabalho presencial ou remoto.
Expansão do horário de aula para atendimento de pequenos grupos em sistema de revezamento;
Buscar atendimento diferenciado a grupos reduzidos de alunos, organizados por nível de dificuldade, no
turno de aula, de acordo com as avaliações diagnósticas realizadas;
Realizar reagrupamento de alunos em dias e horários previamente combinados, podendo envolver alunos
de turmas diversas, para atendimento de atividades diferenciadas, acompanhadas ou monitoradas por pro-
fessores diferentes, no turno e contraturno;
O reforço para alunos com maiores dificuldades precisa ser individual ou em pequenos grupos, duas ou três
vezes por semana, por um tutor preparado e com material específico para as dificuldades dos alunos. Con-
sideramos mais efetivo manter grupos menores por menor tempo que criar um reforço com tempo mais
dilatado, mas envolvendo muitas crianças.
A recuperação da aprendizagem por meio de atividades remotas ainda pode ser mantida. Para isso, é im-
portante buscar o apoio das famílias, estimular esta parceria, utilizando-se de videoaulas e material extra
para se fazer em casa.