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A incrível transformação do ego desde que Freud

popularizou o conceito

Mesmo sem ser o primeiro a abordar a questão, Freud deu asas ao ego

28 outubro 2023
Ego. Egocêntrico. Egoísta. Palavras que fazem parte do nosso cotidiano.

Foi o criador da psicanálise, Sigmund Freud (1856-1939), quem deu asas à ideia do ego, 100 anos
atrás, com seu livro Das Ich und das Es (O Eu e o Id, Ed. Companhia das Letras, 2011).

Para Freud, "o ego representa o que pode ser chamado de razão e senso comum, em contraste com o
id, que contém as paixões".

Freud praticou o que chamou de psicanálise por quase 25 anos. O Ego e o Id foi sua tentativa de
apresentar o que ele conseguiu entrever sobre o funcionamento interno da mente.

O médico vienense afirmou que, além de ser dividida entre o consciente e o inconsciente, a mente
era impulsionada por forças em conflito.

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Ele descreveu um sistema tripartite, no qual o id exige satisfação para nossos impulsos naturais; o
superego reage e decide como devemos nos comportar segundo nossas normas morais; e o ego seria
a junção dos elementos no "eu".

"Uma forma de conceber o ego é como o lugar da negociação, onde promovemos ajustes, cálculos
psicológicos para encontrar uma forma de viver conosco mesmos e no mundo", segundo a escritora
e psicanalista britânica Susie Orbach.
Um século depois da publicação do livro de Freud, o ego se transformou em uma ideia fundamental
para entender quem nós somos e o que faz com que nós sejamos nós mesmos e não outras pessoas.

Grande fraude?
capa original de O Eu e o IdCRÉDITO,REPRODUÇÃO
Legenda da foto,
'O Eu e o Id' foi publicado em 1923 pela Imprensa Psicanalítica Internacional

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Na verdade, Freud não foi a primeira pessoa a propor essa ideia.

O filósofo Friedrich Nietzsche (1844-1900) já havia afirmado, 50 anos antes, que nós temos um
ego. Mas Freud desenvolveu o conceito de ego, quase lhe dando vida própria.

"Ele elaborou o conceito, entendendo que uma relação de terapia poderia oferecer alívio", explica
Orbach. "E, nesse processo, ele conseguiu extrair ideias sobre a mente que eram totalmente
revolucionárias."

Mas nem todos estão de acordo com esta afirmação. Muitas pessoas consideraram que toda a noção
de Freud sobre o ego, o id e o superego estava errada.

Um dos seus críticos mais ferrenhos foi o filósofo americano Frank Cioffi (1928-2012). Ele
chamava Freud de pseudocientista, "pois fez afirmações sobre as quais não tinha provas".

Questionado sobre os seus motivos, Cioffi afirmou à BBC em 2000 que elas "são tão radicalmente
inadequadas que não podemos dizer que seja apenas um erro; ele nos instiga a descrevê-lo como a
maior fraude intelectual do século 20".

"Cioffi tem razão: não é ciência", reconheceu o psicanalista britânico Adam Phillips em um
programa da BBC dedicado a Sigmund Freud.

"A ciência precisa ser capaz de reproduzir experimentos e a psicanálise não pode ser reproduzida",
explica Philips.

"Cada análise é diferente porque nunca há uma terceira pessoa presente e cada pessoa tem uma
história diferente (...). O único critério que temos é o julgamento da própria pessoa, se o tratamento
foi uma total perda de tempo ou se, na verdade, foi de grande utilidade."

Mas, independentemente das controvérsias sobre a psicanálise e seu criador, a noção de ego ganhou
vida própria.

'O centro do centro de tudo'


homem olhando espelhoCRÉDITO,GETTY IMAGES
Legenda da foto,
Quem somos e o que nos faz ser o que somos?
Longe do ambiente acadêmico, o ego se popularizou. E, como costuma acontecer, seu significado se
tornou um pouco mais vago e ambíguo.

Mas ele também assumiu um papel protagonista.

"Temos visto um enfoque cada vez maior no 'eu', como o foco na experiência, como o lugar dos
direitos políticos, como realmente o centro do centro de tudo", explica à BBC o filósofo Julian
Baggini, autor do livro The Ego Trick ("A armadilha do ego", em tradução livre).

Para Baggini, "a forma em que o pensamento se desenvolveu no Ocidente transformou o 'eu' na
unidade básica da sociedade, no fundamento de onde brota todo o resto".

E isso, segundo ele, contribuiu para que o ego se separasse do seu lugar dentro do modelo da mente
de Freud para se transformar em algo diferente.

"O que acreditamos que seja? Em grande parte, é senso comum que, dentro de cada um de nós,
existe um ego, um 'eu' singular, algo que contém todas as nossas diferentes experiências,
recordações, planos, projetos, relações..."

"Não é uma alma imaterial, nem uma região do cérebro. Mas, como tantas coisas que existem, é
uma coleção de partes, todas essas coisas diferentes trabalhando em conjunto", conclui o filósofo.

E a música, segundo o compositor e escritor Steven Johnson, ajuda a entender a forma em que o
nosso ego pode se dividir em diversas formas quando trata de negociar a confusa realidade do
mundo.

O ego no palco
capa do filme PsicoseCRÉDITO,GETTY IMAGES
Legenda da foto,
A trilha sonora do filme 'Psicose' (1960), de Alfred Hitchcock, que aborda o ego e o id de forma
similar às óperas de Richard Wagner, no século 19

Johnson estudou o sentido do ego na música por muitos anos. Ele destaca a obra do compositor
alemão Richard Wagner (1813-1883), que explora a noção do ego – especialmente sua relação com
esse misterioso inconsciente que, segundo Freud, está sempre à nossa espreita.

Wagner concluiu, muito antes de Freud, que temos uma mente consciente e inconsciente, que pode
nos enganar durante a tomada de decisões básicas da nossa vida.

Nas suas óperas, "existe uma relação extraordinária entre o que ocorre no palco e o que acontece no
fosso orquestral", afirmou Johnson à BBC.

"O palco é a dimensão do ego: os atores, o que eles dizem e suas ações, estão todos no cenário da
mente consciente, racional, pensante, cotidiana."

"Mas a música representa as ideias e sentimentos inconscientes... os impulsos. Por isso, os


personagens podem dizer que estão fazendo algo por alguma razão, ou que têm algum sentimento,
mas a música pode nos dizer algo muito diferente", explica o compositor.

Essa noção de que a música pode destacar algo que o ego desconhece foi aproveitada por
Hollywood na década de 1930.
"Max Steiner, frequentemente descrito como o pai da música de cinema de Hollywood, era
vienense", destaca Johnson. "Ele certamente estava familiarizado com as ideias de Freud e as tinha
em mente quando se dedicava a fazer a trilha sonora de um filme."

"Desde muito cedo, você vê que a relação entre a partitura e o que está acontecendo na tela é muito
similar à concebida por Wagner entre a orquestra e o palco", prossegue o compositor.

"Existe um exemplo muito famoso: o incrível som criado por Bernard Herrmann para a cena de
esfaqueamento do filme Psicose, de Hitchcock. Esta é uma imagem de som incrivelmente
deslumbrante que, de fato, nos conta o que não podemos ver na tela: a mulher sendo horrivelmente
esfaqueada até a morte."

"Mas, se você retroceder o filme, poderá ouvir como Hermann estabelece esta relação muito antes."

"Quando Janet Leigh está, por exemplo, dirigindo o carro para sair da cidade, não há motivo para
que ela se sinta ameaçada, mas a música já faz, ao fundo, o mesmo tipo de ilustração da cena do seu
esfaqueamento, mais tarde."

Esta técnica se baseia no desconhecimento pelo ego do que está acontecendo abaixo da superfície.
Atualmente, ela pode ser encontrada em toda parte, não só no cinema, mas também na publicidade e
na música popular.

Terapia e política
ilustração de cabeça humana com ego, superego e idCRÉDITO,GETTY IMAGES
Legenda da foto,
Freud colocou o ego na cabeça, de onde ele saiu para uma viagem sem fim

A resposta à compreensão de que o ego é inseguro, autoenganoso, cego ao que realmente está
acontecendo, naturalmente, é a terapia – aquela investigação profunda - e muitas vezes cara - sobre
as nossas próprias mentes.

Sua versão alternativa, mais barata e acessível, é a autoajuda, um dos setores mais lucrativos nos
meios de comunicação e publicações em todo o mundo.

A ideia de Freud de que podemos esquadrinhar e cuidar do funcionamento da nossa mente acabou
gerando milhões de livros, aplicativos e canais no YouTube, criados para nos ajudar a nos sentirmos
melhor conosco mesmos.

Para Julian Baggini, esta ênfase em cuidar dos nossos egos talvez tenha nos afastado das outras
pessoas.

Ele conta que, originalmente, a autoajuda tinha um objetivo espiritual ou religioso: cultivar os
nossos egos para um propósito superior. Mas isso mudou nos últimos cerca de 50 anos.

Para ele, "a autoajuda parece ser muito mais voltada, agora, à simples melhoria da minha vida como
indivíduo, em uma espécie de senso de recompensa hedonista".

"Não existem muitos livros de autoajuda que discutam como ser uma pessoa melhor no sentido
moral. A questão é ser mais forte, mais saudável, mais produtivo."

"E, até quando tocam em aspectos éticos, eles são justificados por benefícios próprios: abraçar as
pessoas e ser gentil fará você se sentir melhor e, por isso, você deve fazê-lo", explica Baggini.
Esta ideia de alimentar o nosso ego combina com o que promoveram, na década de 1980, políticos
como a ex-primeira-ministra britânica Margaret Thatcher (1925-2013) e o ex-presidente americano
Ronald Reagan (1911-2004): a noção de que nossa verdadeira atenção deveria ser dirigida às nossas
necessidades individuais.

Os defensores do neoliberalismo e do livre mercado, embora nunca tenham dito desta forma,
incentivaram o fortalecimento do ego para poderem agir sobre os desejos vorazes desse furioso
inconsciente do modelo tripartite de Freud.

"No final do século 20, a ideia do 'eu' como o mais importante se tornou mais poderosa e exagerada,
tendo sido levada a um novo extremo", destaca Baggini.

Thatcher, por exemplo, chegou a declarar: "acreditamos que todos devemos ser indivíduos. Mas
todos desiguais."

"Ninguém, graças a Deus, é igual a nenhuma outra pessoa, por mais que os socialistas defendam o
contrário. Acreditamos que todos têm direito a serem desiguais. Mas, para nós, cada ser humano é
igualmente importante", acrescentou a ex-primeira-ministra.

Para Baggini, "algo mudou naquele momento, algo se inverteu. A balança se inclinou para o lado do
indivíduo e para longe da comunidade."

E esse afastamento da comunidade para uma espécie de egoísmo autorizado permanece muito
presente nos dias de hoje.

Onde está o ego?


homem se olhando em espelho quebradoCRÉDITO,GETTY IMAGES
Legenda da foto,
Nossas identidades ficam fragmentadas no ambiente online

Esta pergunta parece absurda. Afinal, o ego é uma ideia, não um objeto.

Mas, embora não possamos ver o ego, existe uma parte fundamental da atividade cerebral que trata
de nos ajudar a entender o que nós somos e o que é o mundo exterior, segundo Sophie Scott,
diretora do Instituto de Neurociência Cognitiva do University College de Londres.

"Uma das propriedades básicas do cérebro é que ele sabe quando você está fazendo algo", segundo
ela. "Por isso, se você tocar a sua mão, obterá uma resposta cerebral diferente de que se outra
pessoa fizer o mesmo gesto."

"O seu cérebro acha normal o que vem de você, de forma que você tem um bom sentido do 'eu' e do
outro", explica Scott.

"E faz isso com tudo: o seu cérebro reage de forma diferente à sua própria voz quando você está
falando. Ele suprime áreas do cérebro que seriam usadas para ouvir outras pessoas, porque já sabe o
que você está a ponto de dizer."

Esta noção do ego como uma espécie de processo de pensamento, do produto de muitas mensagens
diferentes que viajam entre os neurônios cerebrais, leva a pensar na tecnologia e na complexa
questão de como o nosso ego, agora, precisa subsistir online.
"Pense que, há vários séculos, os espelhos eram raros. As pessoas, na verdade, não tinham uma
imagem clara de si próprias", explica à BBC o jornalista e comentarista de tecnologia Bill
Thompson.

"Agora, vemos nossa imagem nos espelhos fragmentados das nossas publicações nas redes sociais,
nosso correio eletrônico, nossos filtros no Snapchat, em toda parte." E isso afeta não só a forma em
que o mundo nos vê, segundo ele, mas também a forma em que nós vemos a nós mesmos.

"No passado, era possível viver a sua vida sem questionar diariamente sua imagem de si próprio",
prossegue Thompson. "Mas, agora, existem desafios. São pequenos, mas constantes."

"E, quando se trata especificamente das redes sociais, ocorre o chamado 'colapso de contexto' –
você publica algo para que o que você acredita ser um público que o entende e atinge uma audiência
muito diferente, que reage muito mal; isso é uma ameaça real para o seu senso de identidade."

"Repentinamente, outras pessoas veem você de forma muito diferente da sua percepção de si
próprio. Isso tem grande impacto quando tentamos construir um 'eu' unificado a partir dessa
cacofonia de formas, imagens, ruídos e pontos de vista sobre nós mesmos", conclui o jornalista.

Este é um desafio para o estado atual do nosso ego, um século depois de Freud tentar localizá-lo na
nossa cabeça, enfrentando todas as forças e ideias contraditórias que giram na nossa mente.

De lá para cá, pudemos compreender que o ego é intangível e algo muito mais fascinante: ou seja,
nós mesmos.

*Ouça o programa da BBC Rádio 4 "The Hundred Year Ego" (em inglês), que deu origem a esta
reportagem, no site BBC Sounds.

Resumo das 5 Fases do Desenvolvimento psicossexual em tabela


A teoria do desenvolvimento psicossexual de Sigmund Freud é uma das mais conhecidas (e talvez a
mais controversa das) teorias da psicologia. É também uma das teorias mais prováveis para inspirar
risos constrangidos quando os alunos estão discutindo isso em sala de aula. Você já ouviu alguém se
referido como tendo uma fixação oral? O termo vem diretamente da famosa teoria de Freud.

Saiba mais sobre o desenvolvimento psicossexual neste gráfico útil delineando os estágios básicos,
idades e eventos na teoria de Freud.

Tabela das fases de desenvolvimento psicossexual segundo Freud


Etapa Idade Eventos importantes fixações
Energia libidinal está focada na Fixação Oral. Adultos que são oralmente
Fase Nascimento –
boca. Atividades como comer, fixados podem comer, fumar ou beber
Oral 18 Meses
beber, e chupar são importantes. para lidar com a ansiedade.
Energia libidinal está focada no fixação anal. Adultos fixados analmente
Fase 18 Meses – 3 ânus. Aprendizado no uso do podem se tornar obsessivos ou
Anal anos toalete é um evento central nesta compulsivos, ou podem tornar-se
fase. confusos e destrutivos.
Fase 3 Anos – 5 energia libidinal está focada nos fixação fálica. Homens fixados nesta
fase podem se tornar excessivamente
órgãos genitais. O complexo
agressivos ou excessivamente passivos;
fálica anos de Édipo e inveja do pênis
as mulheres podem tornar-se
ocorrem nesta fase.
paqueradoras ou sedutoras.
Um período de relativa calma, Geralmente não há fixações ligadas ao
Período 6 anos – Pré- quando energias libidinais ficam período de latência, uma vez que é um
latente adolescentes menos ativos.O ego e superego tempo de relativamente pouco
emergem. desenvolvimento psicossexual.
Freud sugeriu que a fixação genital era
realmente o que as pessoas deveriam
Se fases anteriores foram bem-
estar se esforçando para
sucedidas, as energias libidinais
O Adolescentes conseguir. Tornando-se fixada nesta
devem manter o foco sobre os
Estágio – idade fase, a pessoa está pronta para um
órgãos genitais. Mutuamente
Genital adulta relacionamento duradouro, amoroso,
relacionamentos satisfatórios são
sexual e formando fortes ligações com
centrais para esta fase.
parceiros românticos.

Eros e Thanatos: “Instintos” de vida e morte de Freud


A Teoria das pulsões de Freud evoluiu ao longo de sua vida e obra. Ele inicialmente descrevia uma
classe de unidades conhecidas como os “instintos de vida” e acreditava que essas unidades eram
responsáveis por grande parte do comportamento. Eventualmente, ele chegou a acreditar que só
esses instintos de vida não poderiam explicar todo o comportamento humano. Freud determinou que
todos os instintos caem em uma das duas classes principais: os instintos de vida ou os instintos de
morte.

Eros e Thanatos - Instintos de vida e morte de Freud


Eros e Thanatos – Instintos de vida e morte de Freud
Fonte: Monstergry

Instinto de Vida (Eros)


Às vezes referidos como instintos sexuais, os instintos de vida são aqueles que lidam com a
sobrevivência básica, prazer, e reprodução. Esses instintos são importantes para sustentar a vida do
indivíduo, bem como a continuação da espécie. Enquanto eles são freqüentemente chamados de
instintos sexuais, essas unidades também incluem coisas como sede, fome, assim como evitar a dor.
A energia criada pelos instintos de vida é conhecida como libido. Comportamentos comumente
associados com o instinto de vida incluem amor, cooperação e outras ações pró-sociais.
Instinto de morte (Thanatos)
Inicialmente descrito em seu livro Além do princípio do prazer (Beyond the Pleasure Principle),
Freud propôs que “o objetivo de toda a vida é a morte” (1920). Ele observou que as pessoas o
experimentam após um evento traumático (como guerra), que muitas vezes revive a experiência.
Ele concluiu que as pessoas têm um desejo inconsciente de morrer, mas que este desejo é
amplamente temperado pelos instintos de vida. Na visão de Freud, o comportamento auto-destrutivo
é uma expressão da energia criada pelos instintos de morte. Quando esta energia é dirigida para fora
e para os outros, é expressada como agressão e violência.

Tipos de Motivação na Psicologia


Conceitos de motivação na Psicologia
Motivação é um termo amplo para todos processos que podem iniciar, dirigir e sustentar um
comportamento
Forças que agem sobre o organismo iniciando e dirigindo um comportamento
Dinâmicas de comportamento que podem iniciar, dirigir e sustentar um comportamento
Por que iniciamos, persistimos, focamos e paramos nosso comportamento?
Motivação para um coelho
Motivação para um coelho
O que é Motivo? Conceito de motivo na Psicologia
Motivo é uma necessidade ou desejo que provoca o início e dá direção a um comportamento
visando um objetivo.

O que é Incentivo? Conceito de incentivo na Psicologia

Incentivo é um estímulo, objeto, condição ou significação externa que atrai a direção do


comportamento.

Incentivo positivo: Atrai o indivíduo e o estimula na busca (alimento, dinheiro, sucesso)


Incentivo negativo: Repele o indivíduo e provoca nele afastamento e/ou evitamento (dor,
sofrimento, isolamento social)
O que é motivação?
A motivação diz respeito à todo o processo.

3 fases da motivação
Ativação (início)
Persistência (direção de esforço)
Intensidade (foco de sustentação)
A motivação é uma variável interveniente inferida no comportamento que apresenta características
como ligação à um estímulo e à resposta, sujeita à vários valores e à influência de uma infinidade de
diferentes manipulações. Um comportamento motivado tem como característica o emprego de
energia considerável na direção de um objetivo/meta.

4 teorias/perspectivas para o conceito de motivação


Perspectiva Cognitiva
Perspectiva Humanista
Perspectiva Evolucionista
Perspectiva Behaviorista
________________________________________________________

Perspectiva Cognitiva
Cognóscere vem do latim: conhecimento. A Perspectiva Cognitiva afirma o homem como um ser
racional, não sujeito à forças que não controla e que usa a própria razão na modificação do mundo.
Também fala sobre o papel da vontade no comportamento. Foca no pensamento, coloca o ser
humano como ativo e curioso, com planos, objetivos e expectativas.

Teoria de dissonância cognitiva – Leon Festinger (1919-1989)


Teoria da expectativa de valor
A teoria da expectativa de valor coloca a motivação como função conjunta de valor e afirma que
pessoas tem expectativa na realização em relação ao que acreditam possível, ou seja, somos
dirigidos para alcançar objetivos que acreditamos que são alcançáveis por nós.

Isso lembra Descartes que, nas suas 3 regras da moral provisória do livro O Discurso do Método,
recomenda que “da mesma forma que nós não desejamos possuir um país como a China, ter o corpo
feito de diamante ou ter asas de pássaro, não devemos desejar estar saudáveis quando estivermos
doente ou estar livres se estivermos presos.” (itálico relativo ao texto do link)

Teoria da auto-determinação
Deci (1975), Deci & Ryan (195)
Motivação intrínseca: Motivação interna causada pela natureza inerente de uma atividade. Algo
agradável ou satisfatório estimula o desejo, que provoca o comportamento.
Motivação extrínseca: Motivação externa à atividade e não-inerente. Desejo ou impulso que dirige o
comportamento visando obter reforço externo ou evitar consequências indesejáveis.
Motivações de acordo com a pirâmide de necessidades de Maslow
piramide-motivos-maslow
________________________________________________________

Perspectiva Evolucionista da motivação


O que é instinto na psicologia?
Instinto é um padrão fixo de comportamento inato e inflexível dirigido para um objetivo,
característico da espécie. Segundo William McDougall (1871-1938) instinto é um “padrão de
respostas, tendências propositais herdadas, em busca de objetivos determinados”.

Lista de instintos: “instinto de fuga de algo, de repulsa, de curiosidade, tenacidade, de degradação


própria, de amor-próprio, paternidade, reprodução, fome, gregário, aquisição e construtividade”.

Teoria psicodinâmica
Para Sigmund Freud (1856-1939) os instintos são motivações para os humanos, sendo colocados
como tensões internas que atuam visando a satisfação. Sexo e agressão seriam dois instintos básicos
que controlam outros e o meio.

Eros – Instinto sexual, de vida


Thanatos – instinto agressivo, de morte
Sigmund Freud – Biografia – Resumo

Ainda na abordagem psicodinâmica, motivos podem ser necessidade de relacionamento e


necessidade de auto-estima. Recentemente há uma relação da motivação com

Desejos – associado à emoção


Medo – Associado ao sentimento de desprazer
Críticas à perspectiva evolucionista da motivação
Ayres – “O instinto da crença em instintos” (1921)
Luther Bernarr: Em “Instinct” (1924) lista 6.000 instintos e 400 autores. Mostra instintos no
mínimo curiosos:

Evitar comer maças do próprio pomar


Introduzir o dedo em fendas da parede para desalojar pequenos animais escondidos lá
Freud provavelmente teria uma explicação para esse último.

Etologia
Etologia é o estudo do comportamento natural do animal no ambiente.

Imprinting ou estampagem em aves – Konrad Lorenz (1903-1989)

Konrad afirmava a existência de um período crítico nas primeiras 36 horas após a saída de um
patinho do ovo em que ele se prende a qualquer um de diversos tipos de estímulo-sinal que se
movem em sua frente (uma galinha, uma caixa, uma pessoa como ele mesmo). Com o
estabelecimento da ligação, ocorre a impressão do objeto a ser seguido pelo pato, o que agora é
irreversível. Um exemplo de estímulo-sinal auditivo pode ser observado quando uma perua não
cuida dos seus filhotes por ser surda.

Esses comportamentos são padrões fixo de ação determinados geneticamente.

Definição de conceitos em Imprinting ou estampagem


Padrões fixos de ação: sequência de comportamentos programados geneticamente, específicos da
espécie, em um ou ambos os sexos.
Período crítico: período de tempo limitado para o aparecimento do padrão fixo de ação (36 horas
para os patos). Depois disso não acontece mais o comportamento.
Estímulo-chave ou estímulo-sinal: mecanismo de liberação inato que estimula o desencadeamento
do padrão fixo de ação.
-> Nikolaas Tinbergen descobriu que o estímulo-sinal que deflagrava o comportamento agressivo
do peixe esgana-gata é a cor vermelha da barriga.

________________________________________________________
Perspectiva Behaviorista
Teorias hedonistas
Hedone vem do grego e significa prazer. Segundo teorias hedonistas o homem busca prazer e evita
dor e sofrimento. Os motivos, que são aprendidos, são causados pelos geradores de prazer (atração)
e pelos geradores de desprazer (afastamento).

John B Watson (1878-1958)


Tido por muitos como o pai do Behaviorismo, John Watson considerava os métodos experimentais
superiores aos introspectivos. Sob influência de Pavlov, via o comportamento como respostas à
estímulos, sendo observável e previsível. Com o curioso experimento do bebê Albert, onde Watson
induziu o medo de rato branco, tomou a ideia de que os motivos são aprendidos. Os únicos traços
herdados do comportamento são os reflexos. O resto é influência do meio e adquirido por meio de
aprendizagem.

“Dê-me uma dúzia de crianças saudáveis, bem formadas, e meu próprio mundo especificado para
criá-los e eu vou garantir a tomar qualquer uma ao acaso e treiná-lo para se transformar em
qualquer tipo de especialista que eu selecione – advogado, médico, , artista, comerciante-chefe, e,
sim, mesmo mendigo e ladrão, independentemente dos seus talentos, inclinações, tendências,
habilidades, vocações e raça de seus antepassados.”

Teorias do impulso (drive) ou despertar do comportamento


Para Robert S. Woodworth (1869-1962) o motivo ou impulso é “energia que impede o organismo à
ação; tendências para alcançar ou evitar objetivos determinados“. Dá importância às necessidades
fisiológicas.

A redução do impulso é definida por operações como saciar a fome, satisfação sexual e cessação da
dor.

O despertar do comportamento é relativo ao sistema nervoso autônomo, músculos e glândulas.

Organismo: motivado pela necessidade de estabelecer/manter algum objetivo


Impulso (drive): condição interna que dirige o organismo para a satisfação de necessidades
Necessidade: estado de desequilíbrio fisiológico que muitas vezes causa o despertar de um motivo
Homeostase: estado relativamente constante de equilíbrio orgânico interno que permite
sobrevivência e funcionamento celular. Regular funções como comer, beber e dormir.
Para Clark Hull (1884-1952) todo comportamento é motivado por impulsos de homeostase, direta
ou indiretamente. As recompensas se baseiam na redução desses impulsos.

B.F. Skinner (1904-1990)


Skinner é famoso pelo seu condicionamento operante. Para ele o indivíduo que experimenta o
sucesso após um comportamento tende a repetir esse comportamento visando novamente obter
sucesso. (comportamento recompensado tende a ser repetido). Em oposição, um comportamento
que leva ao insucesso ou fracasso tende a ser abandonado (comportamento punido tende a ser
extinto). Chega a parecer óbvio pelo conhecimento comum dos papéis de reforço e punição na
aprendizagem.

Behavioristas vêem a motivação como combinação de motivos e reforços:

Motivos: Fome, sede, desejo sexual


Reforços: Comida, bebida, sexo
Os motivos podem ser primários e secundários.

Primários: inatos e baseados em necessidades biológicas, necessários a sobrevivência


Secundários: motivos aprendidos, ou necessidades aprendidas
https://www.youtube.com/watch?v=7S-b4JLEbbk

Controvérsias sobre a definição de motivação no Behaviorismo


Impulsos primários são necessidades fisiológicas internas?
Todos os incentivos e recompensas são baseados em redução de tensão?
Todos os impulsos sociais se baseiam em necessidades fisiológicas primárias como fome, sede e
sexo?
Hedonismo experimental
Certos estímulos ambientais suscitam estado de prazer ou dor, provocando a motivação para
aproximação ou afastamento. O nível de agradabilidade ou de dor depende de cada indivíduo e de
sua adaptação anterior.

Definição de libido
Libido é um termo usado na teoria psicanalítica para descrever a energia criada pelos instintos
sexuais e de sobrevivência. De acordo com Sigmund Freud, a libido é parte do id e é a força motriz
de todo o comportamento.

A maneira com que a libido é expressa depende do estágio de desenvolvimento em que uma pessoa
está. De acordo com Freud, as crianças se desenvolvem através de uma série de estágios
psicossexuais.

Em cada fase, a libido é focada em uma área específica. Quando tratada com sucesso, a criança
passa para a próxima fase de desenvolvimento e, eventualmente, cresce e se torna um adulto bem
sucedido e saudável.

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