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popularizou o conceito
Mesmo sem ser o primeiro a abordar a questão, Freud deu asas ao ego
28 outubro 2023
Ego. Egocêntrico. Egoísta. Palavras que fazem parte do nosso cotidiano.
Foi o criador da psicanálise, Sigmund Freud (1856-1939), quem deu asas à ideia do ego, 100 anos
atrás, com seu livro Das Ich und das Es (O Eu e o Id, Ed. Companhia das Letras, 2011).
Para Freud, "o ego representa o que pode ser chamado de razão e senso comum, em contraste com o
id, que contém as paixões".
Freud praticou o que chamou de psicanálise por quase 25 anos. O Ego e o Id foi sua tentativa de
apresentar o que ele conseguiu entrever sobre o funcionamento interno da mente.
O médico vienense afirmou que, além de ser dividida entre o consciente e o inconsciente, a mente
era impulsionada por forças em conflito.
"Uma forma de conceber o ego é como o lugar da negociação, onde promovemos ajustes, cálculos
psicológicos para encontrar uma forma de viver conosco mesmos e no mundo", segundo a escritora
e psicanalista britânica Susie Orbach.
Um século depois da publicação do livro de Freud, o ego se transformou em uma ideia fundamental
para entender quem nós somos e o que faz com que nós sejamos nós mesmos e não outras pessoas.
Grande fraude?
capa original de O Eu e o IdCRÉDITO,REPRODUÇÃO
Legenda da foto,
'O Eu e o Id' foi publicado em 1923 pela Imprensa Psicanalítica Internacional
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Fim do Podcast
Na verdade, Freud não foi a primeira pessoa a propor essa ideia.
O filósofo Friedrich Nietzsche (1844-1900) já havia afirmado, 50 anos antes, que nós temos um
ego. Mas Freud desenvolveu o conceito de ego, quase lhe dando vida própria.
"Ele elaborou o conceito, entendendo que uma relação de terapia poderia oferecer alívio", explica
Orbach. "E, nesse processo, ele conseguiu extrair ideias sobre a mente que eram totalmente
revolucionárias."
Mas nem todos estão de acordo com esta afirmação. Muitas pessoas consideraram que toda a noção
de Freud sobre o ego, o id e o superego estava errada.
Um dos seus críticos mais ferrenhos foi o filósofo americano Frank Cioffi (1928-2012). Ele
chamava Freud de pseudocientista, "pois fez afirmações sobre as quais não tinha provas".
Questionado sobre os seus motivos, Cioffi afirmou à BBC em 2000 que elas "são tão radicalmente
inadequadas que não podemos dizer que seja apenas um erro; ele nos instiga a descrevê-lo como a
maior fraude intelectual do século 20".
"Cioffi tem razão: não é ciência", reconheceu o psicanalista britânico Adam Phillips em um
programa da BBC dedicado a Sigmund Freud.
"A ciência precisa ser capaz de reproduzir experimentos e a psicanálise não pode ser reproduzida",
explica Philips.
"Cada análise é diferente porque nunca há uma terceira pessoa presente e cada pessoa tem uma
história diferente (...). O único critério que temos é o julgamento da própria pessoa, se o tratamento
foi uma total perda de tempo ou se, na verdade, foi de grande utilidade."
Mas, independentemente das controvérsias sobre a psicanálise e seu criador, a noção de ego ganhou
vida própria.
"Temos visto um enfoque cada vez maior no 'eu', como o foco na experiência, como o lugar dos
direitos políticos, como realmente o centro do centro de tudo", explica à BBC o filósofo Julian
Baggini, autor do livro The Ego Trick ("A armadilha do ego", em tradução livre).
Para Baggini, "a forma em que o pensamento se desenvolveu no Ocidente transformou o 'eu' na
unidade básica da sociedade, no fundamento de onde brota todo o resto".
E isso, segundo ele, contribuiu para que o ego se separasse do seu lugar dentro do modelo da mente
de Freud para se transformar em algo diferente.
"O que acreditamos que seja? Em grande parte, é senso comum que, dentro de cada um de nós,
existe um ego, um 'eu' singular, algo que contém todas as nossas diferentes experiências,
recordações, planos, projetos, relações..."
"Não é uma alma imaterial, nem uma região do cérebro. Mas, como tantas coisas que existem, é
uma coleção de partes, todas essas coisas diferentes trabalhando em conjunto", conclui o filósofo.
E a música, segundo o compositor e escritor Steven Johnson, ajuda a entender a forma em que o
nosso ego pode se dividir em diversas formas quando trata de negociar a confusa realidade do
mundo.
O ego no palco
capa do filme PsicoseCRÉDITO,GETTY IMAGES
Legenda da foto,
A trilha sonora do filme 'Psicose' (1960), de Alfred Hitchcock, que aborda o ego e o id de forma
similar às óperas de Richard Wagner, no século 19
Johnson estudou o sentido do ego na música por muitos anos. Ele destaca a obra do compositor
alemão Richard Wagner (1813-1883), que explora a noção do ego – especialmente sua relação com
esse misterioso inconsciente que, segundo Freud, está sempre à nossa espreita.
Wagner concluiu, muito antes de Freud, que temos uma mente consciente e inconsciente, que pode
nos enganar durante a tomada de decisões básicas da nossa vida.
Nas suas óperas, "existe uma relação extraordinária entre o que ocorre no palco e o que acontece no
fosso orquestral", afirmou Johnson à BBC.
"O palco é a dimensão do ego: os atores, o que eles dizem e suas ações, estão todos no cenário da
mente consciente, racional, pensante, cotidiana."
Essa noção de que a música pode destacar algo que o ego desconhece foi aproveitada por
Hollywood na década de 1930.
"Max Steiner, frequentemente descrito como o pai da música de cinema de Hollywood, era
vienense", destaca Johnson. "Ele certamente estava familiarizado com as ideias de Freud e as tinha
em mente quando se dedicava a fazer a trilha sonora de um filme."
"Desde muito cedo, você vê que a relação entre a partitura e o que está acontecendo na tela é muito
similar à concebida por Wagner entre a orquestra e o palco", prossegue o compositor.
"Existe um exemplo muito famoso: o incrível som criado por Bernard Herrmann para a cena de
esfaqueamento do filme Psicose, de Hitchcock. Esta é uma imagem de som incrivelmente
deslumbrante que, de fato, nos conta o que não podemos ver na tela: a mulher sendo horrivelmente
esfaqueada até a morte."
"Mas, se você retroceder o filme, poderá ouvir como Hermann estabelece esta relação muito antes."
"Quando Janet Leigh está, por exemplo, dirigindo o carro para sair da cidade, não há motivo para
que ela se sinta ameaçada, mas a música já faz, ao fundo, o mesmo tipo de ilustração da cena do seu
esfaqueamento, mais tarde."
Esta técnica se baseia no desconhecimento pelo ego do que está acontecendo abaixo da superfície.
Atualmente, ela pode ser encontrada em toda parte, não só no cinema, mas também na publicidade e
na música popular.
Terapia e política
ilustração de cabeça humana com ego, superego e idCRÉDITO,GETTY IMAGES
Legenda da foto,
Freud colocou o ego na cabeça, de onde ele saiu para uma viagem sem fim
A resposta à compreensão de que o ego é inseguro, autoenganoso, cego ao que realmente está
acontecendo, naturalmente, é a terapia – aquela investigação profunda - e muitas vezes cara - sobre
as nossas próprias mentes.
Sua versão alternativa, mais barata e acessível, é a autoajuda, um dos setores mais lucrativos nos
meios de comunicação e publicações em todo o mundo.
A ideia de Freud de que podemos esquadrinhar e cuidar do funcionamento da nossa mente acabou
gerando milhões de livros, aplicativos e canais no YouTube, criados para nos ajudar a nos sentirmos
melhor conosco mesmos.
Para Julian Baggini, esta ênfase em cuidar dos nossos egos talvez tenha nos afastado das outras
pessoas.
Ele conta que, originalmente, a autoajuda tinha um objetivo espiritual ou religioso: cultivar os
nossos egos para um propósito superior. Mas isso mudou nos últimos cerca de 50 anos.
Para ele, "a autoajuda parece ser muito mais voltada, agora, à simples melhoria da minha vida como
indivíduo, em uma espécie de senso de recompensa hedonista".
"Não existem muitos livros de autoajuda que discutam como ser uma pessoa melhor no sentido
moral. A questão é ser mais forte, mais saudável, mais produtivo."
"E, até quando tocam em aspectos éticos, eles são justificados por benefícios próprios: abraçar as
pessoas e ser gentil fará você se sentir melhor e, por isso, você deve fazê-lo", explica Baggini.
Esta ideia de alimentar o nosso ego combina com o que promoveram, na década de 1980, políticos
como a ex-primeira-ministra britânica Margaret Thatcher (1925-2013) e o ex-presidente americano
Ronald Reagan (1911-2004): a noção de que nossa verdadeira atenção deveria ser dirigida às nossas
necessidades individuais.
Os defensores do neoliberalismo e do livre mercado, embora nunca tenham dito desta forma,
incentivaram o fortalecimento do ego para poderem agir sobre os desejos vorazes desse furioso
inconsciente do modelo tripartite de Freud.
"No final do século 20, a ideia do 'eu' como o mais importante se tornou mais poderosa e exagerada,
tendo sido levada a um novo extremo", destaca Baggini.
Thatcher, por exemplo, chegou a declarar: "acreditamos que todos devemos ser indivíduos. Mas
todos desiguais."
"Ninguém, graças a Deus, é igual a nenhuma outra pessoa, por mais que os socialistas defendam o
contrário. Acreditamos que todos têm direito a serem desiguais. Mas, para nós, cada ser humano é
igualmente importante", acrescentou a ex-primeira-ministra.
Para Baggini, "algo mudou naquele momento, algo se inverteu. A balança se inclinou para o lado do
indivíduo e para longe da comunidade."
E esse afastamento da comunidade para uma espécie de egoísmo autorizado permanece muito
presente nos dias de hoje.
Esta pergunta parece absurda. Afinal, o ego é uma ideia, não um objeto.
Mas, embora não possamos ver o ego, existe uma parte fundamental da atividade cerebral que trata
de nos ajudar a entender o que nós somos e o que é o mundo exterior, segundo Sophie Scott,
diretora do Instituto de Neurociência Cognitiva do University College de Londres.
"Uma das propriedades básicas do cérebro é que ele sabe quando você está fazendo algo", segundo
ela. "Por isso, se você tocar a sua mão, obterá uma resposta cerebral diferente de que se outra
pessoa fizer o mesmo gesto."
"O seu cérebro acha normal o que vem de você, de forma que você tem um bom sentido do 'eu' e do
outro", explica Scott.
"E faz isso com tudo: o seu cérebro reage de forma diferente à sua própria voz quando você está
falando. Ele suprime áreas do cérebro que seriam usadas para ouvir outras pessoas, porque já sabe o
que você está a ponto de dizer."
Esta noção do ego como uma espécie de processo de pensamento, do produto de muitas mensagens
diferentes que viajam entre os neurônios cerebrais, leva a pensar na tecnologia e na complexa
questão de como o nosso ego, agora, precisa subsistir online.
"Pense que, há vários séculos, os espelhos eram raros. As pessoas, na verdade, não tinham uma
imagem clara de si próprias", explica à BBC o jornalista e comentarista de tecnologia Bill
Thompson.
"Agora, vemos nossa imagem nos espelhos fragmentados das nossas publicações nas redes sociais,
nosso correio eletrônico, nossos filtros no Snapchat, em toda parte." E isso afeta não só a forma em
que o mundo nos vê, segundo ele, mas também a forma em que nós vemos a nós mesmos.
"No passado, era possível viver a sua vida sem questionar diariamente sua imagem de si próprio",
prossegue Thompson. "Mas, agora, existem desafios. São pequenos, mas constantes."
"E, quando se trata especificamente das redes sociais, ocorre o chamado 'colapso de contexto' –
você publica algo para que o que você acredita ser um público que o entende e atinge uma audiência
muito diferente, que reage muito mal; isso é uma ameaça real para o seu senso de identidade."
"Repentinamente, outras pessoas veem você de forma muito diferente da sua percepção de si
próprio. Isso tem grande impacto quando tentamos construir um 'eu' unificado a partir dessa
cacofonia de formas, imagens, ruídos e pontos de vista sobre nós mesmos", conclui o jornalista.
Este é um desafio para o estado atual do nosso ego, um século depois de Freud tentar localizá-lo na
nossa cabeça, enfrentando todas as forças e ideias contraditórias que giram na nossa mente.
De lá para cá, pudemos compreender que o ego é intangível e algo muito mais fascinante: ou seja,
nós mesmos.
*Ouça o programa da BBC Rádio 4 "The Hundred Year Ego" (em inglês), que deu origem a esta
reportagem, no site BBC Sounds.
Saiba mais sobre o desenvolvimento psicossexual neste gráfico útil delineando os estágios básicos,
idades e eventos na teoria de Freud.
3 fases da motivação
Ativação (início)
Persistência (direção de esforço)
Intensidade (foco de sustentação)
A motivação é uma variável interveniente inferida no comportamento que apresenta características
como ligação à um estímulo e à resposta, sujeita à vários valores e à influência de uma infinidade de
diferentes manipulações. Um comportamento motivado tem como característica o emprego de
energia considerável na direção de um objetivo/meta.
Perspectiva Cognitiva
Cognóscere vem do latim: conhecimento. A Perspectiva Cognitiva afirma o homem como um ser
racional, não sujeito à forças que não controla e que usa a própria razão na modificação do mundo.
Também fala sobre o papel da vontade no comportamento. Foca no pensamento, coloca o ser
humano como ativo e curioso, com planos, objetivos e expectativas.
Isso lembra Descartes que, nas suas 3 regras da moral provisória do livro O Discurso do Método,
recomenda que “da mesma forma que nós não desejamos possuir um país como a China, ter o corpo
feito de diamante ou ter asas de pássaro, não devemos desejar estar saudáveis quando estivermos
doente ou estar livres se estivermos presos.” (itálico relativo ao texto do link)
Teoria da auto-determinação
Deci (1975), Deci & Ryan (195)
Motivação intrínseca: Motivação interna causada pela natureza inerente de uma atividade. Algo
agradável ou satisfatório estimula o desejo, que provoca o comportamento.
Motivação extrínseca: Motivação externa à atividade e não-inerente. Desejo ou impulso que dirige o
comportamento visando obter reforço externo ou evitar consequências indesejáveis.
Motivações de acordo com a pirâmide de necessidades de Maslow
piramide-motivos-maslow
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Teoria psicodinâmica
Para Sigmund Freud (1856-1939) os instintos são motivações para os humanos, sendo colocados
como tensões internas que atuam visando a satisfação. Sexo e agressão seriam dois instintos básicos
que controlam outros e o meio.
Etologia
Etologia é o estudo do comportamento natural do animal no ambiente.
Konrad afirmava a existência de um período crítico nas primeiras 36 horas após a saída de um
patinho do ovo em que ele se prende a qualquer um de diversos tipos de estímulo-sinal que se
movem em sua frente (uma galinha, uma caixa, uma pessoa como ele mesmo). Com o
estabelecimento da ligação, ocorre a impressão do objeto a ser seguido pelo pato, o que agora é
irreversível. Um exemplo de estímulo-sinal auditivo pode ser observado quando uma perua não
cuida dos seus filhotes por ser surda.
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Perspectiva Behaviorista
Teorias hedonistas
Hedone vem do grego e significa prazer. Segundo teorias hedonistas o homem busca prazer e evita
dor e sofrimento. Os motivos, que são aprendidos, são causados pelos geradores de prazer (atração)
e pelos geradores de desprazer (afastamento).
“Dê-me uma dúzia de crianças saudáveis, bem formadas, e meu próprio mundo especificado para
criá-los e eu vou garantir a tomar qualquer uma ao acaso e treiná-lo para se transformar em
qualquer tipo de especialista que eu selecione – advogado, médico, , artista, comerciante-chefe, e,
sim, mesmo mendigo e ladrão, independentemente dos seus talentos, inclinações, tendências,
habilidades, vocações e raça de seus antepassados.”
A redução do impulso é definida por operações como saciar a fome, satisfação sexual e cessação da
dor.
Definição de libido
Libido é um termo usado na teoria psicanalítica para descrever a energia criada pelos instintos
sexuais e de sobrevivência. De acordo com Sigmund Freud, a libido é parte do id e é a força motriz
de todo o comportamento.
A maneira com que a libido é expressa depende do estágio de desenvolvimento em que uma pessoa
está. De acordo com Freud, as crianças se desenvolvem através de uma série de estágios
psicossexuais.
Em cada fase, a libido é focada em uma área específica. Quando tratada com sucesso, a criança
passa para a próxima fase de desenvolvimento e, eventualmente, cresce e se torna um adulto bem
sucedido e saudável.