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Simulado 2 - Delegado PC-SP - Simulado DISCURSIVO - GABARITO - 2023 - Projeto em Delta
Simulado 2 - Delegado PC-SP - Simulado DISCURSIVO - GABARITO - 2023 - Projeto em Delta
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A prova escrita avaliará o domínio do conhecimento jurídico, do conteúdo das disciplinas deste edital e da
norma culta, bem como o desenvolvimento dos temas na estrutura proposta, a adequação da linguagem, a
articulação do raciocínio lógico e a capacidade de argumentação e será constituída por 5 (cinco) questões
discursivas, abrangendo disciplinas objeto do programa definido no Anexo IV: Direito Penal; Legislação
Especial; Direito Processual Penal; Direito Constitucional; Direitos Humanos; Direito Administrativo.
A prova escrita será desenvolvida sob a responsabilidade da Academia de Polícia quanto à sua
elaboração, correção e divulgação do resultado, cabendo à Fundação VUNESP a aplicação e o
processamento do resultado. A prova escrita terá a duração de 4 (quatro) horas, não podendo o(a)
candidato(a) ausentar-se, definitivamente, da sala de provas antes das primeiras 2 (duas) horas, sob pena de
desligamento do concurso.
Durante a realização da prova escrita não serão permitidos o porte de arma, qualquer espécie de consulta a
códigos, livros, manuais, impressos, anotações ou outro tipo de pesquisa, utilização de outro material não
fornecido pela Fundação VUNESP, relógio de qualquer natureza, calculadora, agenda eletrônica ou similar,
aparelhos sonoros, telefone celular, smartphone, notebook, tablet, controle de alarme de carro, gravador ou
qualquer tipo de receptor e/ou emissor de mensagens ou sinais, assim como o uso de boné, gorro, chapéu,
óculos de sol e fone de ouvido. O uso de boné, lenço de cabeça, gorro, chapéu, óculos de sol somente será
permitido caso a solicitação seja acompanhada por laudo médico data e assinado atestando tais condições. As
matérias e legislação descritas no Anexo IV incluem as respectivas modificações e atualizações, que passarem
a vigorar durante a realização do concurso. A jurisprudência e as Súmulas dos Tribunais Superiores,
pertinentes às matérias do Anexo IV, poderão ser objeto de questionamento.
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QUESTÕES DISCURSIVAS
QUESTÃO 1) Discorra, em até 15 (quinze) linhas, sobre os critérios gerais que norteiam a aplicação das
medidas cautelares segundo o Código de Processo Penal, abordando a (des)necessidade de contraditório
prévio para a decretação de tais medidas pelo Juízo.
(VALOR 20,0 PONTOS).
PADRÃO DE RESPOSTA: Lembre-se, inicialmente, que as medidas cautelares tem caráter de instrumentalidade,
visando resguardar o processo, se aplicando antes da sentença penal condenatória transitada em julgado, ou seja, antes
da condenação definitiva. O Código de Processo Penal estabelece que as medidas cautelares deverão ser aplicadas
observando-se a necessidade para aplicação da lei penal, para a investigação ou a instrução criminal e, nos casos
expressamente previstos, para evitar a prática de infrações penais. Além disso, a aplicação de tais medidas deve observar
sua adequação à gravidade do crime, às circunstâncias do fato e às condições pessoais do indiciado ou acusado, valendo
consignar que as medidas cautelares poderão ser aplicadas isolada ou cumulativamente. Segundo a legislação pátria, o
juiz, ao receber o pedido de medida cautelar, deve determinar a intimação da parte contrária, para se manifestar no prazo
de 5 (cinco) dias, acompanhada de cópia do requerimento e das peças necessárias, permanecendo os autos em juízo. Tal
“contraditório prévio” não se aplica nos casos de urgência ou de perigo de ineficácia da medida, casos estes que deverão
ser justificados e fundamentados em decisão que contenha elementos do caso concreto que justifiquem a
excepcionalidade da dispensa de intimação prévia.
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QUESTÃO 2) Leia a notícia abaixo, tratando de fatos amplamente noticiados pela imprensa brasileira no mês
de setembro de 2023:
Lula diz que Putin não será preso se vier ao Brasil para cúpula do G-20 em 2024
Tribunal Penal Internacional emitiu mandado de prisão contra o presidente da
Rússia por crimes de guerra; documento final de cúpula na Índia suavizou tom
sobre conflito na Ucrânia
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou que os países-membros do G-
20, grupo que reúne as principais economias do mundo, encontrarão um “clima de
paz” durante a próxima reunião, que acontecerá no Rio de Janeiro, em 2024, já que o
País vai assumir a presidência do grupo a partir de dezembro. Lula garantiu que o
presidente da Rússia, Vladimir Putin, pode se sentir tranquilo em participar do
encontro.
“O que eu posso dizer é que, se eu sou o presidente do Brasil e ele for para o
Brasil, não há por que ele ser preso”, afirmou em entrevista ao canal
indiano Firstpost em Nova Délhi, onde participa da cúpula do G-20, ao ser perguntado
sobre o mandado de prisão emitido contra o líder russo. “Ninguém vai desrespeitar o
Brasil, porque tentar prender ele no Brasil é desrespeitar o Brasil”, disse Lula, que
afirmou que convidará Putin para o encontro.
(...)
ESTADÃO. Disponível em < https://www.estadao.com.br/internacional/lula-diz-que-
putin-nao-sera-preso-se-vier-ao-brasil-para-cupula-do-g-20-em-2024/ >, acesso em
23 set. 2023.
A partir do excerto acima, discorra, em até 15 (quinze) linhas, sobre a adesão do Brasil ao Tribunal Penal
Internacional (TPI) e sobre a competência da Corte, explicando, ainda, o procedimento para eventual retirada
do Brasil do tratado que instituiu referido Tribunal.
(VALOR 20,0 PONTOS).
PADRÃO DE RESPOSTA: A Constituição Federal de 1988 estabelece que o Brasil se submete à jurisdição
de Tribunal Penal Internacional a cuja criação tenha manifestado adesão, não havendo que se falar, no ponto,
em violação da soberania do país, conforme doutrina majoritária. Tem-se então que o Brasil, no ano de 2022,
promulgou o Estatuto de Roma do Tribunal Penal Internacional (TPI), aderindo formalmente a tal Tribunal
no âmbito interno, se comprometendo ainda a executar e cumprir o tratado sem reservas. Segundo o Estatuto,
a competência do TPI, sediado em Haia, restringe-se aos crimes mais graves, que afetam a comunidade
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internacional no seu conjunto, julgando então os crimes de genocídio, contra a humanidade, de guerra e de
agressão. O próprio Decreto que promulgou o acordo estabeleceu que são sujeitos à aprovação do Congresso
Nacional quaisquer atos que possam resultar em revisão ou ajustes complementares ao Tratado. O Supremo
Tribunal Federal decidiu ainda, recentemente, que a denúncia de tratados internacionais pelo presidente da
República exige a anuência do Congresso Nacional. Ou seja, o procedimento para eventual retirada do Brasil
do Estatuto de Roma, a fim de que o país possa não cumprir uma ordem de prisão regularmente expedida pelo
TPI, exigiria prévia manifestação do Congresso Nacional.
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PADRÃO DE RESPOSTA: O estado de defesa e o estado de sítio são medidas excepcionais de defesa do
Estado e das Instituições Democráticas, enquadradas no conceito de sistema constitucional de crises. Quanto
ao estado de defesa, tem-se que pode ser decretado diretamente pelo Presidente da República, ouvidos o
Conselho da República e o Conselho de Defesa Nacional, com o objetivo de preservar ou prontamente
restabelecer, em locais restritos e determinados, a ordem pública ou a paz social ameaçadas por grave e
iminente instabilidade institucional ou atingidas por calamidades de grandes proporções na natureza. A
duração do estado de defesa não será superior a trinta dias, podendo ser prorrogado uma vez, por igual período,
se persistirem as razões que justificaram a sua decretação. Após decretado o estado de defesa ou sua
prorrogação, o Presidente da República, dentro de vinte e quatro horas, submeterá o ato com a respectiva
justificação ao Congresso Nacional, que decidirá por maioria absoluta. Quanto ao estado de sítio, tem-se que
o Presidente da República deve solicitar ao Congresso Nacional (que decide por maioria absoluta), após
ouvidos os Conselhos acima, autorização para sua decretação. Suas hipóteses são: (i) a comoção grave de
repercussão nacional ou ocorrência de fatos que comprovem a ineficácia de medida tomada durante o estado
de defesa, caso em que a medida não poderá ser decretado por mais de trinta dias, nem prorrogada, de cada
vez, por prazo superior; (ii) a declaração de estado de guerra ou resposta a agressão armada estrangeira,
hipótese em que a medida poderá ser decretada por todo o tempo que perdurar a guerra ou a agressão armada
estrangeira.
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QUESTÃO 5) Discorra, em até 15 (quinze) linhas, sobre a chamada teoria do ciclo de polícia, abordando a
possibilidade de delegação do poder de polícia a pessoas jurídicas de direito privado, inclusive para fins de
aplicação de multas.
(VALOR 20,0 PONTOS).
PADRÃO DE RESPOSTA: O poder de polícia pode ser definido como a faculdade que dispõe a
administração pública de condicionar e restringir o uso e gozo de bens, atividades e direitos individuais em
benefício da coletividade ou do próprio Estado, tendo-se como fundamento o princípio da supremacia do
interesse público, ou seja, a predominância do interesse público sobre o particular. Segundo a teoria do ciclo
de polícia, o poder de polícia se dividiria em quatro fases: (i) ordem de polícia, (ii) consentimento de polícia,
(iii) fiscalização de polícia e (iv) sanção de polícia. É solidificado, na jurisprudência, o entendimento segundo
o qual os atos relativos ao consentimento e à fiscalização são delegáveis às pessoas jurídicas de direito privado.
Ademais, e de acordo com jurisprudência fixada em sede de repercussão geral pelo Supremo Tribunal Federal,
é constitucional a delegação do poder de polícia, de forma mais ampla, para pessoas jurídicas de direito
privado, desde que se trate de pessoa jurídica integrante da Administração Público indireta, inclusive com
possibilidade de aplicação de multas, aplicação esta que se enquadra na fase de sanção de polícia. Ou seja,
tem-se por constitucional a delegação do poder de polícia, por meio de lei, a pessoas jurídicas de direito
privado integrantes da Administração Pública indireta de capital social exclusivamente ou majoritariamente
público que prestem exclusivamente serviço público de atuação própria do Estado e em regime não
concorrencial.
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