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Jogos Constituites Criacao Crianca-1
Jogos Constituites Criacao Crianca-1
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A CRIAÇÃO DA CRIANÇA
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O BRINCAR NO LAÇO MÃE-BEBÊ
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Jacques Lacan (1953-1954). O seminário. Livro 1. Os escritos técnicos de
Freud, p. 172.
497
Alfredo Jerusalinsky. Algumas questões para elaborar a teoria do brincar.
498
Sigmund Freud (1908). Escritores criativos e devaneio, p. 151.
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Alfredo Jerusalinsky. Algumas questões para elaborar a teoria do brincar.
504
Lembrando aqui a célebre correlação estabelecida por Melanie Klein entre o
brincar para a criança e os sonhos para os adultos. Melanie Klein (1926).
Fundamentos psicológicos del análisis del niño, p. 27-28.
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Tal como aponta Sigmund Freud, (1908). Escritores criativos e devaneio, p.
150: A linguagem acolheu parentesco entre o brincar infantil e a criação poética,
chamando ambos “Spiel” (que pode ser traduzido tanto por jogo quanto por
brincadeira), assim como as encenações teatrais são denominadas de «Lustspiel»
[«comedia»; literalmente, «jogo de prazer»], «Trauerspiel» [«tragédia»; «jogo
de luto»], e designando «Schauspieler» [«ator dramático»; «o que joga ao
espetáculo»] a quem as encena.
506
Idem, p. 151.
507
Alfredo Jerusalinsky. Algumas questões para elaborar a teoria do brincar.
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510
Ver, a este respeito, capítulo “Leitura de bebês”.
511
Ainda que possa parecer pequena e o é, já que é no detalhe do trocadilho,
sabemos o quanto um pequeno elemento é capaz de subverter toda uma estrutura.
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512
Ver recortes clínicos a seguir.
513
Jacques Lacan (1976-1977). Seminario 24, L’insu que sait de l’une-bevue
s’aile à mourre, clase 1, Las identificaciones, de 16/11/76; O que é o savoir-
faire? É a arte, o artifício, o que dá à arte da qual se é capaz um valor notável.
Jacques Lacan (1975-1976). O seminário. Livro 23. O sinthoma, p. 59.
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O marco do Fort-Da
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Jacques Lacan (1964). El seminário. Libro 11. Los cuatro conceptos
fundamentales del psicoanálisis, p. 244.
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520
Ver a este respeito: Alfredo Jerusalinsky. La educación es terapéutica? (Parte
I), p. 11-16; Ricardo Rodulfo. O brincar e o significante.
521
Isto é algo que, quando não se inscreve, ou se inscreve de modo anômalo,
produz sintomas no funcionamento das funções corporais, muito frequentemente
denominadas como quadros psicossomáticos e com incidência relevante na
clínica com bebês.
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Podemos considerar aí a importância justamente atribuída por Winnicott à
mostração de objeto, ou apresentação de objeto, como uma das importantes
incumbências da função materna. Donald Winnicott (1960). La relación inicial
de una madre con su bebé, p. 34.
527
Silvia Peaguda. Juegos precursores del Fort-Da.
528
Já que além do objeto transicional a criança pode preferir entoar uma melodia
ou roçar um tecido, como fenômeno transicional, como aponta Donald Winnicott
(1971). Realidad y juego, p. 20.
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Alfredo Jerusalinsky. Algumas questões para elaborar a teoria do brincar.
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535
Sigmund Freud (1931). Sexualidade feminina, p. 271.
536
Idem, ibidem.
537
Jean Bergès (1988a). O corpo e o olhar do Outro, p. 54; Julieta Jerusalinsky.
Enquanto o futuro não vem – a psicanálise na clínica interdisciplinar com
bebês, p. 157.
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538
Ângela Vorcaro. O organismo e a linguagem maternante: hipótese de trabalho
sobre as condições do advento da fala e seus sintomas. Ver também capítulo
“Prosódia e enunciação na clínica com bebês”, desta tese.
539
Veja-se, por exemplo, a cantiga popular Atirei um pau no gato, em que toda
uma história é contada até que o gato berra, e aí a pequena criança pode dizer o
esperado: miau! Ou em Escravos de Jó, em que as estrofes: tira-bota deixa ficar
coincidem com um gesto que é demandado.
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540
Julieta Jerusalinsky. Enquanto o futuro não vem – a psicanálise na clínica
interdisciplinar com bebês, p. 296.
541
Idem, p. 160-166.
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que lhe faz litoral a partir de um saber. Assim, quando a mãe fala ao
bebê, quando lhe endereça palavras que quer que o bebê receba, o
faz utilizando uma forma de falar com ele particularmente convocante
(articulando o gozo da voz, como objeto pulsional, ao chamamento do
comparecimento do sujeito na linguagem).543 O bebê não se engaja
se o que está em jogo não for, por assim dizer, minimamente
convidativo, minimamente sedutor. Para tanto, a mãe se ocupa
cuidadosamente de propiciar transitivamente gozo a seu bebê de modo
que este gozo, em lugar de ficar achatado sobre uma zona corporal,
torne imprescindível o Outro em seu circuito. A mãe, de fato, perverte,
corrompe a natureza, superpondo ao gozo do corpo do bebê, um
gozo que mascaradamente, sorrateiramente, passa a ficar atrelado
ao saber materno.544 Surge assim um pequeno perverso polimorfo.
Uma vez engajado, o gozo do corpo faz litoral com o saber.
A dor sentida na carne da pequena criança que cai requer o “ai!”
que a mãe transitivamente coloca, emprestando em cena seu
próprio saber, do qual a criança se apropria para que a dor possa
ser sua, para que o corpo possa ser seu – alienado e separado do
corpo materno.545
Nos cuidados que uma mãe dirige ao bebê, nos jogos que
coloca em cena com ele, já está presente a estrutura da linguagem,
a alternância presença-ausência,546 a alteridade, o estabelecimento
da demanda e a suposição do bebê como sujeito. O bebê é suposto
pela mãe como alguém que sabe e é por isso que ela pode outorgar
um estatuto de fala às produções vocálicas e corporais do bebê,
tomando-as na linguagem.
543
Ver a este respeito o capítulo “Prosódia e enunciação na clínica com bebês”.
544
O sentido de seduzir, para além de perverter, corromper, aponta a capacidade
ou processo de atrair alguém capciosamente ou através do estímulo à sua
esperança ou desejo. In: Dicionário eletrônico Houaiss.
545
Ver a este respeito o capítulo “A maternidade além do gozo fálico”.
546
O que a criança demanda à sua mãe com sua demanda é algo destinado,
para ele a estruturar a relação presença-ausência que o jogo original do Fort-
Da estrutura e que é um primeiro exercício de mestria. Jacques Lacan (1962-
1963). O seminário. Livro 10. A angústia, p. 76. Optamos pela livre tradução
a partir de edição eletrônica estabelecida para circulação interna da Escuela
Freudiana de Buenos Aires.
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547
Julieta Jerusalinsky. Enquanto o futuro não vem – a psicanálise na clínica
interdisciplinar com bebês, p. 132.
548
entre genitivo subjetivo e genitivo objetivo.
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549
Jean Bergès (1988a). O corpo e o olhar do Outro, p. 51-65.
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550
Fontes consultadas: Dicionário Houaiss da língua portuguesa; Dicionário
Larousse ilustrado; Dicionário escolar Latino Português.
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quando a mãe lhe perguntou se ela sabia o que a música dizia. Ela
não sabia. A mãe lhe conta que a música falava do diabo e diz seu
nome em inglês. Tratava-se da música Simpathy for the devil.551
A partir de então ela descobre que Cruela Devil, vilã do filme e
conto infantil Cento e um dálmatas, também faz referencia ao
diabo.
Diz, então, que quer brincar com argila. Brincadeira que
costuma solicitar nas sessões, enquanto conversamos.
Algumas sessões antes havia feito em argila a escultura
uma menina dormindo sozinha na cama (composta de menina
com ursinho, cama e mesa de cabeceira com abajur). A escultura
exigiu bastante trabalho e mais de uma sessão entre confecção,
pintura e secagem, após o que pediu para dá-la de presente para
o dia das mães, fato a que assenti, por ser um ato importante de
endereçamento à mãe.
De fato, isso fez a mãe solicitar algumas sessões para falar
do assunto: Estela dormia na cama com a mãe, para contento das
duas diante do consentimento levemente contrariado do pai.
Questão importante na história dessa menina de sete anos
padecendo de importantes sintomas fóbicos que a impedem de
realizar desde passeios escolares até qualquer ato que implicasse
o mais mínimo risco corporal (desde andar de patins até pular do
sofá).
A sessão em que me conta de seu “medo da palavra diabo”
cai justamente no dia dos namorados. Enquanto começamos a
brincar com argila, conta-me que o pai não iria comprar presente
para a mãe porque, em lugar de trocar presentes, eles combinaram
de sair para jantar. Diz então que, como o pai não ia mesmo dar
presente, ela poderia fazer um presente para a mãe. Tal ato eu
não consinto, situando que o presente que ela poderia dar já havia
551
Rolling Stones (1968). Album Beggars Banquet, gravadora Decca. Sua Letra
diz: Pleased to meet you, hope you guess my name. Ah, what’s puzzling you is
the nature of my game. Em português: Espero que você adivinhe meu nome. O
que incomoda você é a natureza de meu jogo.
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sido dado: o do dia das mães. Aponto ainda que, se a mãe e o pai
haviam combinado assim o dia dos namorados, isso não era
problema dela.
Ela, que é uma menina bastante inteligente, logo responde,
sorrindo: “Tá bom, eu entendi!”, e decide, dessa vez, fazer um
boneco do Cebolinha.552 Pede que eu também faça um outro
personagem, que, atribui, eu deveria escolher. Começamos a
modelar e ela percebe que eu estou fazendo um diabo e ri. Logo
diz que é um boneco grande.
–– Então é um diabão!, lhe digo. E depois pergunto:
–– E se fosse o Chico Bento que dissesse isso? Dia bão,
sô! 553
Ela gargalha com a brincadeira e a repete algumas vezes.
Depois me diz:
–– Lá vem você com a palavra esperta.
–– Palavra esperta? –– interrogo, um tanto surpresa com
a formulação.
–– É. Que parece que diz uma coisa, mas diz outra... Acho
que agora eu perdi o medo dessa palavra –– afirma.
Tal recorte clínico nos permite pensar o quanto brincar é
decifrar, não para positivar um conhecimento sobre o sintoma,
desvendando um sentido supostamente oculto, mas para permitir
ao sujeito operar com a cifra.
O extremo dessa questão se coloca quando a criança passa
a brincar com a língua, chegando aos jogos de palavras. Durante
bastante tempo ela é presa da língua, não consegue apropriar-se
de um saber que lhe permita achar a graça, recuperar o gozo, da
552
Personagem da história de quadrinhos para crianças Turma da Mônica, de
Maurício de Souza, cuja principal característica é falar errado – o que não me
parece uma escolha casual diante do temor que lhe produziu que a mãe soubesse
o que ela dizia sem saber.
553
Forma como, supostamente, esse personagem, que é “caipira” (tendo um
sotaque interiorano específico), diria: “Que dia bom!”
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piada que ela mesma conta fazendo outro rir. Ou, como aponta
Freud, ela é capaz de produzir ditos ingênuos guiando-se pela
mesma lógica da produção de um chiste, por exemplo, a homofonia,
mas sem ter tal intenção.554 É o outro que sabe e ela fica capturada
em um gozo que produz ao contar a piada, mas em relação ao
qual não pode fazer-se sujeito de um saber. Daí que seja um salto
quando pode tomar a palavra como objeto de jogo.
O jogo de palavras certamente é o jogo mais fino, sutil a
que se pode chegar. Ao brincar com a letra, tergiversando a língua
por meio de um saber, se produz um mais-de-gozar que leva a rir
através da linguagem, com o corpo. Como uma criança de três
anos que ria ao dizer que “a locadora (de DVDs) era um lugar
cheio de loucos”, ou a de cinco que, diante da insistência da mãe
de que fizesse compressas para baixar a febre, retrucou:
“compressa sem pressa”.
Se a letra inscreve litoral entre gozo e saber, o chiste, o
jogo com a língua, ao tomar a palavra ao pé da letra e, portanto,
servindo-se da linguagem por meio de um saber, permite um ganho
de gozo, obtido ao rir. Corpo e linguagem, estas substâncias de
diferente ordem aparecem aí fazendo litoral.
554
Sigmund Freud (1905). Os chistes e sua relação com o inconsciente, p. 208.
555
Contou com a parceria de um trabalho em equipe com fonoaudióloga,
acompanhante terapêutico e equipe escolar.
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556
Ele não só não emitia palavras, mas qualquer produção sonora modulada em
prosódia, a não ser alguns poucos gritos estridentes que não discriminavam
entre a excitação de prazer ou de desprazer – o que, clinicamente, colou em
pauta uma possível patologia específica de linguagem (mesmo não apresentando
nenhuma anomalia detectada em seu organismo em todos os exames possíveis
realizados) talvez até mesmo anterior ao seu quadro de autismo.
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Sigmund Freud (1908). Escritores criativos e devaneio, p. 149. Optamos, no
entanto pela livre tradução a partir da edição em espanhol, dado que em português
utiliza-se o termo real em lugar de realidade.
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558
Tomamos, para isso, a grafia proposta por Lacan (1975-1976), no seminário
23, ao diferenciar symptôme de sinthoma. O primeiro fica situado não como sinal
de uma doença, mas como expressão de um conflito psíquico que, ao longo de uma
análise, pode cair, tendo, portanto, um caráter contingente na resolução dos
conflitos psíquicos. O segundo faz suporte para o sujeito (p. 44), articulando por
meio de um quarto nó suplementar o registro real, o simbólico e o imaginário (p.
55), sendo central em sua economia de gozo e desejo, não podendo cair e tendo,
portanto, um caráter necessário, tal como escrever é para o escritor. (p. 71).
Alfredo Jerusalinsky, em Psicanálise e desenvolvimento infantil, aponta que na
infância encontramos uma duplicação do elo do real, na medida em que a criança
se encontra com a dupla demanda do Outro: de que seja criança e de que seja
grande, entre a insuficiência real de seu organismo e a antecipação simbólica. Essa
duplicação resulta em uma série de formações psíquicas próprias da infância: o
fato de o Outro ser encarnado, o fato de a criança necessitar sustentar na relação
de objeto uma transicionalidade entre ela e o Outro, e na relação dialética entre o
brincar e a realidade pelo qual a realidade está no que se brinca, mas o que se
brinca não está na realidade (p. 52-55). Por meio do brincar a criança produz um
saber fazer.
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559
Francisco Buarque de Holanda (1979). Chapeuzinho Amarelo. Uma ilustração
dessa obra, com autoria de Ziraldo, consta nos anexos.
560
Idem.
561
Ao longo da primeira infância o bebê e a pequena criança sentem-se
transparentes diante do Outro encarnado, na medida em que o Outro detém um
saber sobre seu gozo. Brincar com a falta, com a presença-ausência que o Fort-Da
articula, permite também estabelecer a dimensão do ocultamento, ou seja, de
saber algo que o outro não sabe. Daí a importância enquanto sintoma estruturante,
das pequenas mentiras infantis e dos gestos de ocultamento que implicam, por
parte da criança, um árduo trabalho de separação de seu Outro encarnado. Exemplo
disso é uma pequena menininha de três anos que, diante da pergunta da mãe:
“quem bagunçou essa gaveta?”, argumenta: “Não fui eu!”, e, depois de uma
pausa, acrescenta: “Você não estava lá!”, entregando a cena que busca ocultar.
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Sigmund Freud (1920). Além do princípio do prazer, p. 27.
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Jacques Lacan (1975-1976). O seminário. Livro 23. O sinthoma, p. 71.
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