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6 ESTRUTURAS MOLECULARES
6.1 Introdução
A estrutura molecular é formada pelo agrupamento de diversas moléculas
constituídas, por sua vez, por um número limitado de átomos fortemente ligados entre si
por meio de ligações covalentes.
As moléculas, que são eletricamente neutras, agem como se fossem uma unidade,
pois as ligações intramoleculares são muito fortes, enquanto as ligações intermoleculares
são originadas por forças fracas de van der Walls. A formação da estrutura molecular,
portanto, é resultado da interação entre diversas moléculas por meio de ligações fracas, do
tipo van der Walls.
São exemplos mais comuns de compostos moleculares: água (H2O), dióxido de
carbono (CO2), metano (CH4), oxigênio (O2), hidrogênio (H2), nitrogênio (N2) e etano
(C2H6).
Dentro de cada uma dessas moléculas, os átomos são mantidos unidos por fortes
forças de atração, resultantes, em geral, de ligações covalentes. Opostamente às forças
fortes que mantém os átomos unidos na molécula, as ligações entre moléculas são fracas e,
consequentemente, cada molécula está livre para agir de uma forma mais ou menos
independente.
Dessa forma, nos materiais de estrutura molecular, a natureza das ligações inter e
intramoleculares exercem influência decisiva em suas características e propriedades, como
por exemplo, nos pontos de fusão e ebulição, resistência mecânica e dureza, conforme
observado a seguir:
1- Os pontos de ebulição e de fusão dos compostos moleculares são baixos, quando
comparados com outros materiais;
2- Os sólidos moleculares são moles, porque as moléculas podem escorregar umas em
relação às outras com aplicações de pequenas tensões;
3- As moléculas permanecem intactas, tanto na forma líquida como na forma gasosa.
O tamanho de uma molécula pode variar bastante, desde dois, como nos casos do
oxigênio (O2), nitrogênio (N2) e hidrogênio (H2), por exemplo, até milhares de átomos,
como no pentatriacontano (C35H72). A Figura 6.1 apresenta as estruturas eletrônica e
tridimensional do etano (C2H6).
NL = 8 − G
O=O H – Cl
Portanto, o ângulo entre as ligações será de 180º, conforme ilustra a Figura 6.2, onde
são visualizados os modelos didáticos das moléculas de ácido bromídrico (HBr) e de ácido
clorídrico (HCl).
(a) (b)
H-CN O=C=O
Portanto, o ângulo entre as ligações será de 180º, conforme mostra a Figura 6.3, onde
são visualizados os modelos didáticos das moléculas de sulfeto de carbono (CS2) e de
dióxido de carbono (CO2).
(a) (b)
Figura 6.3 – Exemplos de moléculas triatômicas lineares. (a) CS2; (b) CO2.
104,5o 103°
(a) (b)
Figura 6.4 – Exemplos de moléculas triatômicas não-lineares. (a) H2O; (b) OF2.
120o
(a) (b)
Figura 6.5 – Exemplos de moléculas com quatro átomos. (a) BF3; (b) BI3.
estrutura trigonal plana para uma pirâmide de base piramidal ou pirâmide trigonal (03
lados). A Figura 6.6 ilustra os modelos didáticos das moléculas de fluoreto de nitrogênio
(NF3) e de amônia (NH3). Para o NH3, o ângulo entre as ligações vale 107,8º.
107,8o
(a) (b)
Figura 6.6 – Exemplos de moléculas com quatro átomos. (a) NF3; (b) NH3.
(a) (b)
Figura 6.7 – Exemplos de moléculas com cinco átomos. (a) CCl4; (b) SiH4.
109,5°
6.3 Isômeros
Em moléculas de mesma composição, mais de um arranjo atômico é, usualmente,
possível. Estruturas diferentes de moléculas que têm a mesma composição são
denominadas de isômeros. A Figura 6.9 mostra os isômeros do propanol.
6.4 Hidrocarbonetos
Uma classe importante de materiais com estrutura molecular é aquela formada pelos
hidrocarbonetos. Esses compostos são constituídos essencialmente por átomos de carbono
ligados a átomos de hidrogênio.
O menor hidrocarboneto é o metano (CH4).
Os hidrocarbonetos podem ser classificados em dois grupos: saturados e
insaturados.
UFPA – ITEC – FEM Prof. Jorge Teófilo de Barros Lopes
Estrutura e Propriedades dos Materiais Estruturas Moleculares
O conceito de saturação pode ser obtido pela análise de uma molécula de etano,
tomada aqui como unidade de uma estrutura:
• Se átomos de carbono e de hidrogênio são adicionados a esta unidade, pode-se obter
uma molécula de tamanho teoricamente infinito;
• Essas moléculas, de fórmula geral CnH2n+2, são denominadas parafinas;
• Uma molécula é considerada parafínica se todas as suas ligações são simples; assim,
cada átomo de carbono dentro da cadeia tem NC igual a 4, não existindo, portanto,
qualquer possibilidade de novos átomos serem adicionados a esta molécula, que desta
forma é considerada “saturada”.
a) Hidrocarbonetos saturados
As moléculas saturadas apresentam intensas ligações covalentes intramoleculares e
fracas ligações do tipo van der Walls intermoleculares. Assim sendo, essas moléculas agem
individualmente, e têm apenas fracas atrações umas pelas outras, o que é indicado por seus
baixos pontos de fusão.
Entretanto, nem todas as moléculas saturadas têm atrações intermoleculares
igualmente fracas.
Os pontos de fusão aproximados para os hidrocarbonetos saturados podem ser
expressos pela seguinte equação experimental:
1 −3 17 ,1 10 −3
= 2 ,395 10 + ,
Tf n
onde Tf é a temperatura absoluta (K) para uma molécula com n átomos de carbono.
Moléculas grandes têm, relativamente, maiores forças de atração de van der Walls,
pois existem mais posições ao longo da molécula para os efeitos de dispersão ou dipolos
induzidos; consequentemente, uma energia proporcionalmente maior deve ser suprida a
uma molécula grande em relação a uma pequena, a fim de removê-la do campo de atração
de uma molécula adjacente.
A parafina, por exemplo, contém em torno de 30 átomos de carbono por molécula e
se funde à temperatura ambiente. Já o polímero polietileno, que é um hidrocarboneto com
milhares de átomos de carbono por molécula, apresenta temperatura de fusão em torno de
145ºC.
b) Hidrocarbonetos insaturados
As moléculas consideradas insaturadas apresentam átomos de carbono com ligações
duplas e triplas. A quebra dessas ligações é possível e permite a adição de novos átomos à
molécula.
Em geral, qualquer molécula com ligações carbono-carbono múltiplas é considerada
insaturada. Tais moléculas apresentam grande importância industrial, pois permitem a
polimerização de pequenas moléculas em uma única molécula, de tamanho bem maior,
como é o caso da formação do poliestireno, mostrada na Figura 6.10.
Monômero
H H H H H H H H
C C C C C C C C
H H H H H H H H
H H H H H H H H
C C C C C C C C
H H H H H H H H
Mero
Figura 6.10 - Polimerização do etileno: (a) Monômeros de etileno e (b) Polímero contendo
muitas unidades de meros (C2H4).
Para formar um polímero, os monômeros devem apresentar pelo menos dois pontos
reativos em cada molécula. Esses pontos estão relacionados a ligações insaturadas entre
átomos de carbono e grupos funcionais oxigenados e nitrogenados.
O processo de polimerização pode ocorrer de duas formas principais: polimerização
por adição e polimerização por condensação.
H H H H
C C C C
H H H H
A simples colocação dos monômeros, uns próximos aos outros, não produz
automaticamente uma reação de polimerização. A reação deve ser acelerada pela aplicação
de calor, pressão, luz ou um catalisador (iniciador), conforme mostra a Figura 6.12 para o
caso da molécula de etileno.
H H
n( C 2 H 4 ) ⎯⎯ ⎯ ⎯ ⎯ ⎯ ⎯ ⎯ ⎯ ⎯→ C − C −
Calor , pressão , luz ou catalisador
n
H H
Figura 6.12 – Reação de formação do polietileno.
se tornam ativos; dessa forma, outras unidades repetidas (meros) podem ser adicionadas
para produzir uma cadeia.
No etileno há duas localizações onde a molécula pode ser atacada; portanto, o etileno
é bifuncional e forma somente cadeias. A funcionalidade é o número de locais nos quais
novas moléculas podem ser atacadas pelas unidades repetitivas do polímero.
O processo de polimerização por adição ocorre em três etapas: Iniciação, preparação
e término (Figura 6.13).
1- Iniciação: Quando, pela adição de calor, luz, pressão ou catalisador, as ligações duplas
podem ser rompidas;
2- Propagação: É a etapa onde as moléculas do monômero, com pontos reativos, iniciam o
processo de formação de cadeias poliméricas;
3- Término: Os pontos reativos são eliminados, encerrando o processo de polimerização.
A estrutura formada por polímeros de adição contendo dois ou mais meros diferentes
é denominada copolímero e, frequentemente, apresentam propriedades físicas e mecânicas
melhores.
H H H H
C C C C
R H R H
Polipropileno (R = CH3)
Poliestireno (R = )
(TERMOPLÁSTICOS)
H H H H H
C C C C C
H H H H
H C H
H C H
H C H
H HCN H H H H H
N C N C N C C C C
H H H H
C O C O S S
H H H H
N C N C N C C C C
H HCN H H H H H
Uréia-formaldeído
Polibutadieno vulcanizado
(TERMOFIXOS) (BORRACHA)
COM LIGAÇÕES
LINEARES RAMIFICADAS CRUZADAS
Figura 6.18 - Diferenças entre cadeias lineares, ramificadas e com ligações cruzadas.
CADEIA CARBÔNICA
CADEIA CARBÔNICA HOMOGÊNEA
HETEROGÊNEA
VAN VLACK, L.H. Princípios de ciência dos materiais. 3.d. São Paulo: Edgard Blücher,
1977.
www.energia.com.br/professores/alquimistas/apoio/geo_molecular.doc