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Índice
Ilustração de Capa
Ilustrações Coloridas
Créditos Tradução
Capítulo 01: Porto Vento
Capítulo 02: Conexões Perdidas, a Prequela
Capítulo 03: Conexões Perdidas, a Continuação
História Paralela: Conexões Perdidas, História Extra
Capítulo 04: O Sábio a Bordo
Capítulo 05: O Demônio no Armazém
Capítulo 06: As Crianças do Povo-Fera
Capítulo 07: Apartamento Grátis
Capítulo 08: Emergência Incendiária
Capítulo 09: Vida Tranquila no Vilarejo Doldia
Capítulo 10: A Estrada da Espada Sagrada
Capítulo Extra: Guardião Fitz
Ilustração de Capa
Ilustrações Coloridas
MUSHOKU TENSEI
- Isekai Ittara Honki Dasu - Vol. 04
Rifujin na Magonote
Ilustrações por Shirotaka
Retirado do site:
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— Olhe!
— Podemos nadar?
— Isso!
Sua resposta foi tão chocante que não consegui esconder minha
confusão. O que diabos é um maiô, eu não preciso de um, ela disse.
Então pretendia nadar totalmente nua…? Não, de jeito nenhum, não
poderia ser isso. O mais provável é que pretendia nadar usando
suas roupas de baixo. A imaginei vestida com nada além de
calcinha, com água caindo sobre seu corpo. O tecido úmido grudaria
em seu corpo e, através do tecido transparente, eu seria capaz de
ver a cor de sua pele, bem como as pequenas protuberâncias em
seu peito.
Por que nunca me juntei a eles quando ela foi brincar na água
em Fittoa? Ah, é claro, porque estava ocupado. Mesmo nos meus
dias de folga, estava preocupado com alguma coisa. Ainda assim,
deveria ter ido junto ao menos uma vez.
Quando olhei para trás, Ruijerd estava sentado ali com a cabeça
raspada e uma cicatriz cruzando o rosto, como um yakuza. Seu
nome completo era Ruijerd Superdia. Ele era um demônio que
amava as crianças e assumiu a responsabilidade de nos escoltar
desde o início, quando estávamos tão perdidos que não sabíamos
nem onde estávamos. Agora que estava careca, era impossível
dizer que tinha o infame cabelo verde-esmeralda da raça Superd.
Neste mundo, demônios com cabelo verde-esmeralda eram
considerados um símbolo de medo. O homem cortou o seu por
nossa causa. Restaurar a honra ao nome de seu povo era apenas
uma maneira de pagar minha dívida para com ele.
— Na praia?
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Dito isso, se tivéssemos tempo para matar antes que nosso navio
estivesse pronto, provavelmente aceitaríamos um dos empregos
locais. Geralmente, isso significaria missões de rank B. As missões
de rank A e S não eram apenas perigosas, como a maioria delas
levava mais de uma semana para ser concluída. Se quiséssemos
uma renda diária consistente, tarefas de rank B eram nossa melhor
opção. Também era por isso que eu não tinha planos de elevar
nosso grupo ao rank S, porque isso significaria que não poderíamos
mais aceitar missões de rank B.
— Do porto, é claro.
— Sim senhor.
— Posto de controle?
— Ei, você!
Uma voz alta ecoou pelo lugar. Quando olhei para trás, Eris havia
socado algum homem humano. Parecia que nossa ogiva nuclear
estava se sentindo particularmente explosiva.
— Vá em frente, pegue-o!
— Pare — disse.
Alguém gritou:
Hein?
— Ouvi dizer que são brutais, mas ele não é um cara de coração
ruim.
Foi a primeira vez que passamos por algo do tipo. Pelo visto,
nosso grupo havia se tornado bastante famoso. Acho que, no final
das contas, não precisaríamos divulgar o bom nome de Ruijerd
desta vez, hein?
Como assim!!
— Ei, ei! Dizem que se você o insultar, ele solta os cães em você!
— Gahahaha!
Antes que eu percebesse o que estava acontecendo, estavam
todos rindo de mim por causa de algo completamente sem sentido.
Entretanto, isso só era pior para eles. Eu ainda estava crescendo (e
muito bem), então, sim, podia ser só um brotinho de bambu no
momento. Mas o dia em que aquilo cresceria e se tornaria uma
árvore robusta e magnífica não estava longe.
— N-não é nada!
Heh heh heh. Se você está tão interessada, por que não dá uma
olhada enquanto eu tomo banho esta noite? Não se preocupe,
explicarei tudo para Ruijerd. Se quiser, podemos até ficar juntos.
Claro, uma mão, perna, corpo ou mesmo uma língua pode acabar
escorregando no processo…
— Hmph!
Partimos com a atenção da maioria da guilda direcionada a nós
três.
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— Superd.
Eu pressionei.
— Se você mentir sobre sua tribo, não precisa pagar multa, não
é?
Munch, munch.
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— O que faremos?
— Ah.
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— Então você vai fazer isso só porque não tem outra escolha?
Nah, é só que já sei o que vai acontecer desde que você disse as
palavras “comida” e “beco”.
— Sabe mesmo?
Sim, muito clichê, não acha? Deixe-me adivinhar, vou encontrar
uma criança faminta que se perdeu. E ela vai ter um cara estranho
tentando pegá-la. Algo tipo isso?
— Ah, veja, da última vez meu conselho não funcionou tão bem
para você, não foi? Então foi um pouco difícil para eu aparecer de
novo.
Huh! Então, no final das contas, parece que o Deus Homem tem
um pouco de vergonha na cara. Mas não tenha a ideia errada,
entendeu? Da última vez fui eu quem errou. Dito isso, o que eu
devia ter feito?
— E o que é?
Aha, então é isso! Esse é o seu jogo. Agora entendi. Valeu pela
dica. Da próxima vez você não vai se divertir tanto.
Tudo bem então, seria a última vez que eu faria o que ele disse.
Seguiria seu conselho e veria como as coisas acabariam desta vez,
mas não o obedeceria nunca mais. De jeito nenhum me tornaria sua
marionete e o deixaria me amarrar! Isso!
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Ah! Mas Ruijerd era muito forte, afinal, e Eris parecia respeitá-lo
muito! E ultimamente, ela vinha me tratando como nada mais do que
um Mestre do Canil.
Na minha cabeça, simulei uma luta com Ruijerd. Não havia como
vencer em um combate de curta distância. Se eu quisesse lidar com
ele, precisava começar em algum lugar fora do seu alcance de
detecção. Então teria que usar a água para acabar com o homem.
Afinal, foi ele que atrapalhou nossa diversão à beira-mar. Eu o
atacaria com água como uma retribuição por isso. Se produzisse
uma grande quantidade de água, poderia jogá-lo no oceano. Fim!
Ele poderia ficar à deriva no mar até se afogar. Mwahaha!
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— Owch!!
Quando ele olhou por cima do ombro, fiz outro disparo. Desta
vez, foi um ligeiramente reforçado.
— Gah!
Não, espera, não era uma súcubo. Até onde eu sabia, não havia
nenhuma delas entre as raças de demônios. Se bem me lembrava,
as súcubos habitavam o Continente Begaritt. Paul estava com uma
expressão estranhamente tensa no rosto quando me disse: “Nossa
raça não tem chance contra elas.” Mesmo eu poderia ficar impotente
diante de uma súcubo se realmente encontrasse alguma. Súcubos
eram o inimigo natural da família Greyrat.
Uh, sim, nem preciso dizer que foi um choque. Já fazia muito
tempo desde a última vez que alguém me olhou no rosto e me
chamou de nojento. Então, parando para pensar, achei a mesma
coisa quando olhei para ela. Pelo visto, ao menos estávamos quites.
— Sim.
— Rudeus Greyrat.
— Muito bom! Eu sou Kishirika Kishirisu! As pessoas me
chamam de Grande Imperador do Mundo Demônio! — Ela
orgulhosamente empurrou seus quadris para frente com as mãos
apoiadas em sua cintura.
Hm. Ficar sozinho era algo solitário. Então fiquei sem escolhas.
Teria que participar da brincadeira.
— Oh? Aah, claro! Muito bom, muito bom! Esta é a reação que
eu estava esperando! Os jovens de hoje em dia não têm mais
educação, sabe! — Ela balançou a cabeça satisfeita.
— Que tolo fui por não perceber que você tinha revivido. Por
favor, perdoe-me por minhas maneiras precárias!
Mas ela disse que eu poderia pedir qualquer coisa! Não, espera,
talvez isso fosse parte da encenação. Talvez tenha havido algum
episódio em que alguém pediu dinheiro ao Grande Imperador
apenas para ela responder que não tinha nada.
— Ah, isso é porque não preciso dos homens. — Ah, merda, sem
querer deixei meus verdadeiros sentimentos transparecerem. Isso
não era algo que ela deveria ouvir.
— Tudo bem, então fico satisfeito com o seu corpo. Por favor,
pague-me com seu corpo.
— Ehh? Meu corpo? Por ser tão cheio de luxúria mesmo na sua
idade, fico preocupada com o seu futuro.
— Ha ha, é claro que só estou brincando…
Então não era o caso. O único outro tipo de olho demoníaco que
eu conhecia era o que transformava a pessoa para quem se olhava
em pedra. Percebi que olhos que disparam raios ou lasers não
poderiam ser considerados olhos demoníacos.
Ela continuou:
— Tudo bem, então vou querer dois, para que meus dois olhos
possam ser olhos demoníacos.
— Certo.
— Gyaaah!
Instintivamente tentei recuar, mas Kishirika me segurou. Eu não
podia me mover. Ela era mais forte do que eu esperava.
— Seus olhos não estão bons, eh? Então ande fora do caminho!
Sabe, parece que todo mundo que não vê ou escuta direito gosta de
sair pedindo desculpas enquanto anda por aí!
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— Você quer?
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Eu podia ver até três ou quatro segundos com mais mana, mas
se tentasse ver cerca de cinco segundos do porvir, a imagem se
dividia e embaçava tanto que me dava dor de cabeça. Isso
representava o tanto de formas que o futuro poderia ter. Além disso,
quanto mais tentava ver o futuro, aparentemente mais isso
sobrecarregava o cérebro. Kishirika até disse que ter dois olhos
demoníacos poderia resultar em loucura. Talvez fosse graças à
influência de todos seus olhos demoníacos que ela parecia uma
cabeça de vento.
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— Hah!
— Tah!
— O qu…!
— Bom trabalho.
— Ah, sério?
Ah, certo. Tá, certo. Sim, entendi o que ele quis dizer.
— E em combate próximo?
— Quer tentar?
Eu conseguia ver. Podia ver o que ele iria fazer e reagir a isso.
— Ow! — Inclinei meu corpo para trás, evitando seu ataque por
pouco.
— Bwah!
— Se rende?
— Não tenho ideia do que você viu, mas decidi que se tentasse
se defender com a mão eu a agarraria, e se não o fizesse, daria um
soco. Isso foi tudo que passou pela minha cabeça.
Em outras palavras, enquanto ele pudesse adivinhar o que eu
faria a seguir, poderia reagir a isso. Havia uma brecha tão grande
entre nossos níveis de habilidade que minha capacidade de ver um
segundo no futuro, parando para pensar, não significava nada.
Pode-se dizer que era algo parecido com shogi. Mesmo que um
novato pudesse ver um movimento à frente, ainda não havia como
vencer um mestre.
— Isso é verdade.
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— Um, Eris?
Sério, mas que diabos? Foi seu próprio erro e ainda assim
aquele aspirante a guerreiro amante de crianças me fez limpar sua
bagunça. Ainda assim, foi efetivo. Seu ego tinha inchado muito
depois de reivindicar vitória contra um oponente que nunca havia
vencido antes (Ruijerd), apenas para ser perfurado ao perder para
um oponente que nunca a havia derrotado antes (eu).
Dito isso, não acho que essa fosse a maneira certa de lidar com
isso. Eu sabia como era finalmente começar a pensar: Ei, será que
peguei o jeito disso? apenas para provar o contrário. Isso deixaria
qualquer um se sentindo completamente miserável, como se tudo o
que tivesse feito até o momento fosse inútil.
— Não perca toda a sua confiança com isso. Ouvi dizer que você
conseguiu derrotar Ruijerd uma vez. Isso é incrível, certo? —
Sentei-me ao lado dela enquanto falava. Quando fiz isso, Eris
encostou seu corpo contra o meu. O doce aroma de suor encheu
minhas narinas. Era um cheiro bom, mas eu precisava me controlar.
Em situações assim precisava ser um cavalheiro.
— Isso é trapaça, Rudeus. Você ganhou um olho demoníaco
enquanto eu tive que trabalhar duro…
Ela estava certa. Por que eu estava ficando tão feliz? Era
trapaça. O que eu fiz foi desonesto. O poder do olho demoníaco não
era algo que trabalhei duro para conquistar. Simplesmente caiu no
meu colo. Tudo o que fiz foi comprar comida em alguma barraca e
vagar pelos becos. Verdade, levei uma semana para dominar seus
poderes. Mas era só isso. Não precisei me esforçar. O que diabos
estava fazendo ao usar esse poder e agir feliz por ter vencido Eris
quando ela passou uma semana inteira trabalhando duro, ficando
encharcada de suor?
— Sinto muito.
— Não se desculpe.
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Parei.
— Se for necessário.
Ele respirou fundo. Achei que fosse gritar, embora não fosse do
tipo que levantava a voz, a menos que tivesse algo a ver com
crianças. Ele não gritou. Em vez disso, soltou um suspiro enquanto
falava.
— Mencionei — concordei.
— Não mencionavam.
Parecia que ele iria me repreender por mentir. Não, nunca tive a
intenção de mentir. Vender meu cajado fazia parte da opção de
ataque frontal.
A única coisa que descobri foi uma opção melhor, não a melhor
das opções. A melhor opção, aquela em que tudo funcionaria
perfeitamente, era muito difícil e provavelmente terminaria em
fracasso. Então, eu não sabia a solução correta, assim como não
sabia antes. Por isso também não estava convencido de que usar
um contrabandista fosse realmente a opção certa.
— Rudeus.
— Sim?
— Mas a vergonha que vou sentir porque você vendeu isso ainda
vai permanecer. Eris também ficará incomodada. Não é esse o
desacordo que você estava falando querer evitar?
— Digo o mesmo.
Sem saber o que ele quis dizer, virei meus olhos para o homem e
o encorajei a continuar.
O sujeito sorriu.
Ele iria retribuir um favor, mas também queria outro? Isso parecia
um pouco estranho. Então, novamente, o homem me viu usando
magia não verbal. Sua conversa sobre pagar uma dívida
provavelmente era apenas uma distração; ele estava na verdade
procurando alguém competente para fazer algum trabalho. Foi por
isso que apareceu após ouvir nossa conversa.
— Por que você não pode fazer isso? Com sua espada e suas
habilidades, deveria ser capaz, certo?
— Isso mesmo. Posso não parecer, mas sou o mais forte entre
meus amigos. Ainda assim, Senhor Superd, não é como se eu
quisesse trair meus camaradas. Tenho que considerar o que
aconteceria depois, sabe. Mesmo se eu os salvasse, não teria mais
para onde ir, então não faria sentido. Só porque você é o mais forte,
não significa que está no topo da hierarquia.
— Rudeus Greyrat.
E foi então que trocamos nossos nomes e decidimos assumir a
missão de uma organização de contrabando.
História Paralela:
Conexões Perdidas, História Extra
Roxy Migurdia , a mulher que era mestra de Rudeus,
desembarcou de sua viagem marítima na cidade de Porto Vento no
Continente Demônio.
No entanto, o déjà vu não era a razão pela qual Roxy fez uma
pausa. Era por haver uma clara diferença entre o ar do local e
aquele do Continente Millis.
— Eu sei disso.
Não, você não sabe, Roxy fez uma careta. Elinalise podia não ter
nenhum problema com sua assim chamada maldição, mas Roxy
desejou que ela pensasse no grupo com a qual estava viajando.
Estava tudo bem para a elfa fazer o que quisesse em seu próprio
tempo, mas esta era uma emergência. Além disso, se engravidasse,
isso só atrasaria ainda mais a viagem.
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— Em qual parte?
— É difícil acreditar que alguém em sã consciência fingiria ser o
Fim da Linha.
— Sem dúvida.
— Entendido.
Roxy não era do tipo que enrolava com as coisas. Não importa
onde estivesse, nunca perdia tempo. Ela sempre terminava as
coisas rapidamente e então partia. Essa parte de sua personalidade
transpareceu quando inicializou Rudeus, ensinando-lhe sua técnica
especial e imediatamente partindo para outro lugar. Tomar decisões
rápidas era seu forte, mas também parte do motivo pelo qual
Rudeus a via como uma cabeça de vento. Outros haviam apontado
para essa sua característica, mas Roxy ainda considerava isso um
ponto forte.
Os dois eram fortes, até mesmo para Roxy, que havia viajado
pelo mundo como uma aventureira. Essa não era uma força que
poderia ser alcançada apenas pela técnica.
No final das contas, poderia acabar sendo bom entrar em contato
com eles.
Assim que ela pensou isso, o Cão de Guarda olhou por cima do
ombro.
Ah…!
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Ruijerd a sentiu desde o início. Ele não tinha certeza do que ela
queria, ou se estava apenas assistindo. Quando casualmente olhou
em sua direção, viu o rosto de uma garota espreitando por trás de
uma pedra.
Não, não uma garota, percebeu. Uma mulher Migurd adulta. Ele
não poderia dizer só de relance, mas não havia como enganar o
terceiro olho de Ruijerd. O homem não reconheceu a presença dela,
mas também existia mais de um assentamento Migurd.
— Guh!
Depois de trocar três golpes, Eris atingiu as costas da mão de
Ruijerd e o fez largar a espada.
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— Sério…?
Roxy se sentiu uma idiota. Ela não só não conseguia fazer o que
precisava, como também não conseguia expressar sua frustração
por Elinalise ser tão egoísta. Foi especialmente enfurecedor, pois,
ao contrário da elfa, Roxy estava demonstrando autocontrole e
dizendo a si mesma que agora não era hora de se ocupar.
— Ah… eh?
— Quer participar?
— Uh, o qu…
A cena diante dela era tão repreensível que a maga não
conseguiu nem processar.
— Aaaaaaaaaaaaah!
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— Definitivamente não.
— Além disso, não tenho tempo para tudo isso. — Bem, Roxy
decidiu que era melhor ficar sozinha enquanto vagava pelo
Continente Demônio.
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Foi Ruijerd quem o treinou. Não que ele fizesse algo especial,
mas certamente havia uma dinâmica de mestre e servo entre o
homem e Guella Ha. O lagarto devia ter percebido quem era a
pessoa mais poderosa do nosso grupo. Por outro lado, o animal não
gostava nem um pouco de mim e me mordeu várias vezes.
Bem, é melhor deixar essa coisa de nome para lá. Isso só está
me fazendo sentir apego, decidi. Então adeus, lagarto sem nome.
Nunca vou esquecer como foi cavalgar em você.
— Você já viu um navio antes, Eris? — Ela não disse que esta
era a primeira vez que via o oceano?
Ah, claro, lembro de ter feito alguns desses. Era uma boa
memória. Naquela época, eu queria trabalhar na minha magia da
terra, então comecei a criar coisas. Assim que percebi que poderia
vendê-los, comecei a fazer figures da Roxy em escala 1:10.
Entretanto, há algum tempo não fiz nenhuma outra. No momento,
não sabíamos quando precisaria usar minha mana, então não tinha
feito nenhum treinamento que consumisse tal precioso recurso. O
único treinamento que fiz foi o físico, ao lado de Ruijerd e Eris. Nos
últimos tempos realmente comecei a relaxar. Depois que as coisas
se acalmassem, provavelmente precisaria voltar a aprimorar minhas
habilidades.
— Eu os fiz usando minha imaginação, então não é surpresa que
não sejam uma réplica perfeita — disse. Sem mencionar que este
era para ser um novo tipo de navio. Quanto a que parte era nova, eu
não tinha ideia.
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Sim, não, não era bem isso… Ah! Sim! Quando se pensa em um
navio, se pensa em ser atacado no mar! Um polvo, uma lula, uma
serpente, piratas ou um navio fantasma, algo assim. Um desses nos
atacaria e nos afundaria. Seríamos deixados à deriva e depois
acabaríamos encalhados. Chegaríamos a uma ilha deserta, onde a
heroína e eu, apenas nós dois, começaríamos nossas vidas juntos.
No início, ela me odiaria, mas depois de superar vários obstáculos,
gradualmente se tornaria menos tsun e mais dere.
Além disso, havia apenas uma coisa para um homem e uma
mulher presos em uma ilha deserta fazerem juntos. A troca de
olhares, o calor febril… Dois jovens de sangue quente, começando
a suar em meio ao eco das ondas do mar. Depois, desfrutaríamos
do nascer do sol juntos. Um paraíso só para nós dois.
Para ser honesto, chorei de tanto rir quando vi seus pontos fortes
individuais pela primeira vez. O espadachim lutando em sua
vanguarda era forte, mas não tão forte quanto Ghislaine4. Aquele
que atuava principalmente em desviar os ataques do inimigo e
chamava a atenção também era um guerreiro forte, mas nada
parecido com Ruijerd. Na retaguarda estava quem parava o polvo,
um mago que certamente era mais fraco do que eu.
Eris era horrível. Ela ouvia as instruções muito bem, mas quando
se tratava de uma batalha real, não conseguia combinar seu ritmo
com o nosso. Ficava muito fixada no inimigo à frente e se jogava em
batalhas intensas. Quanto mais a luta durava, menos ela escutava.
Mesmo se a chamássemos, nunca cobriria nenhum de nós, nem
mesmo uma vez.
— Rudeuuus…
— Tá bom, tá bom.
— Não…
— Por favor, estou implorando, por favor, apenas faça isso (me
cure).
Tocar seu corpo, não importa onde, ainda era tocar. Tocar
indicava que estávamos próximos. Estar próximos significava que
seu corpo estava totalmente à vista. A testa, banhada pelo suor frio,
a nuca, o peito, tudo.
Ahh, claro, não era apenas o Santo Graal. O corpo de Eris estava
mudando dia a dia, especialmente seu seio. Ela estava no meio da
puberdade. Eu não tinha certeza se era genético, mas estava se
desenvolvendo rapidamente de uma forma que lembrava sua mãe.
Se continuasse nesse ritmo, se tornaria uma beleza voluptuosa.
Sua voz me acertou em cheio. Uma voz que normalmente era tão
alta e forte.
Desta vez foi na altura perfeita, o suficiente para fazer meu peito
formigar.
Certo, disse a mim mesmo, vamos agir como uma máquina. Uma
máquina. Eu era uma máquina de cura. Me tornaria um robô sem
sangue ou lágrimas. Não veria nada, porque se visse o rosto dela,
faria algo impulsivo. Com esse pensamento em mente, decidi fechar
meus olhos. Também não ouviria nada. Se ouvisse sua voz, faria
algo imprudente. Então, bloqueei minha audição também.
— Uff…
— Certo, voltei.
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— Sim, mas teremos que fazer isso uma última vez para ir do
Continente Millis ao Continente Central.
— B-bem, acho que é assim que tem que ser. Da próxima vez
pode me tocar, mas só um pouco, tá? — Seu rosto estava vermelho
e brilhante como um tomate. Era realmente adorável. No entanto,
havia uma lacuna muito grande entre a enormidade do meu desejo
e o “pouco” que ela oferecia.
Ainda assim, seria melhor não contar com os ovos dentro das
galinhas, certo? Não tínhamos muito dinheiro e também não
conseguimos encontrar uma pousada para nos hospedar. Os únicos
lugares com quartos disponíveis estavam fora do nosso orçamento
ou eram extremamente ruins.
— Hmm, acho que não é tão ruim! — Eris era filha de uma
família nobre, mas não tinha escrúpulos quanto ao estado
dilapidado do edifício ou sua falta de serviços.
Decidi não “agir como um bebezão”. Tudo o que pude fazer foi
usar magia para criar um vento quente que aniquilaria todos os
ácaros da poeira e, em seguida, daria uma limpada rápida no
quarto. Eu não tinha mania de limpeza. Honestamente, até gostava
que as coisas ficassem um pouco bagunçadas, mas, às vezes, em
pousadas como essa, as pessoas que pernoitavam esqueciam
algumas de suas coisas. Poderia haver alguma moeda deixada
debaixo da cama ou um pequeno anel que caiu de uma bolsa.
Podíamos embolsar qualquer dinheiro que encontrássemos, mas, às
vezes, se houvesse um anel ou algo semelhante deixado para trás,
poderia haver um pedido de busca na guilda. Isso poderia nos
render uma recompensa em dinheiro, independentemente do rank
do pedido. Normalmente, seria algo pequeno, mas poderia
acontecer de render uma grande quantia. Foi por isso que
cuidadosamente limpei o quarto.
Mas, sabe, Eris, eu nunca tentei roubar sua calcinha depois que
você a lavou… Nem uma vez.
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Com a lança de Ruijerd em uma das mãos, fiz meu caminho até
o cais e, em seguida, até a orla. Lá estavam quatro grandes
armazéns de madeira. Deslizei para dentro daquele rotulado como
“Armazém Três”.
— Yo, Steve. Como está Jane, sabe, aquela que mora perto da
praia? — Essa era a nossa senha.
Ah, merda, fiz errado? Não, não era isso – talvez ele
simplesmente não acreditasse em mim, já que eu era criança.
— Entrem.
— E quem o indicou?
— Ditz. — Esse era o nome que Gallus nos disse para usar.
— Ele, hein? Ainda assim, eu não esperava que ele usasse uma
criança para isso. Com certeza é um homem cauteloso.
Eu podia ouvir o barulho do chão sob seus pés, bem como o som
de alguém gemendo em algum lugar do prédio. O cheiro de algum
animal também ocasionalmente surgia. Foi quando percebi que
havia uma sala adjacente à área principal, cercada por barras de
ferro. Espiei lá para dentro. Mesmo sob a luz fraca, pude ver um
círculo mágico no chão. Contida dentro de seus limites estava uma
grande besta que estava acorrentada e estatelada. Estava muito
escuro para ter certeza, mas eu nunca tinha visto aquele tipo de
criatura no Continente Demônio. Devia ser algo nativo do Continente
Millis.
— Não tire suas algemas aqui. Não há nada que possamos fazer
para impedir um Superd se ele ficar fora de controle. — O homem
parecia um pouco pálido ao dizer isso.
— O que foi?
— Não sei. Mas parece que não há mais ninguém por aqui.
— Matar todos.
Assustador!
— Não faça essa cara. Suas mãos são para proteger Eris.
Ah, bem. Eu acho que ele estava certo. Não havia sentido em me
forçar a matar. Decidi deixar todo o trabalho para Ruijerd. Se ele
podia fazer isso sozinho, então seria melhor confiar nele. Se isso me
tornava um covarde, tudo bem. Era melhor me concentrar no que
era capaz de fazer do que no que não era.
— Então vamos lá. Vou libertar as crianças. Você sabe onde elas
estão?
— Na porta ao lado.
Sem falar mais nada, tirei suas algemas. A porta rangeu quando
Ruijerd se levantou lentamente.
— Hã…?
— Gaaaaah!
Mas que visão – foi como uma versão jovem de Kannon, a Deusa
da Misericórdia, uma Bodisatva budista. Este era o Éden. Não,
talvez fosse o paraíso. Finalmente cheguei ao céu? Não, eu ainda
nem tinha encontrado o bebê verde!
Não era hora para ficar excitado. Com apenas uma exceção,
seus olhos estavam todos inchados de tanto chorar, e vários tinham
hematomas preto-azulados em seus rostos. Minha cabeça esfriou
na mesma hora. Estavam chorando e gritando, então provavelmente
apanharam por fazerem barulho.
Outra tinha uma costela quebrada. Isso não podia ser algo
bom… E uma delas teve o fêmur quebrado. Aqueles homens foram
realmente cruéis.
— Mew?
Essa garota poderia ser ainda mais obstinada do que Eris. Não,
ela provavelmente era mais velha do que Eris era naquela época.
Se tivessem a mesma ideia, sem chances de que Eris perderia.
Certo, por que diabos eu estava ficando tão competitivo?
— Então isso significa que todos vocês foram levados contra sua
vontade? — Tentei conter minhas emoções e permanecer calmo
enquanto perguntava.
— Ninguém.
— Então vamos encontrar algumas roupas para eles. Vão pegar
um resfriado se os deixarmos assim.
— Hm? — Por acaso, olhei pela janela, apenas para ver uma
montanha de cadáveres. Cada um deles tinha um único ferimento
de faca, no coração ou na garganta. Há algum tempo, uma cena
dessas me deixaria apavorado, mas desta vez foi até reconfortante.
Ainda assim, não esperava que houvesse tantos deles. O forte
cheiro de sangue pairava no ar. Isso atrairia monstros.
— Opa!
O fogo resultante foi claramente muito poderoso, já que se
espalhou por todo o prédio na mesma hora. Rapidamente lancei
uma magia de água para extinguir as chamas.
— Rudeus. Terminei.
— Arranquei as cortinas.
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— Havia um.
Ah, vamos, pensei. Nós salvamos vocês. Não há razão para nos
olhar assim.
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— Definitivamente é um cachorro.
Quando o vi pela primeira vez pensei que seu pelo era branco,
mas ao ver mais de perto, percebi que na verdade era prateado.
Parecia brilhar, mas provavelmente era só por causa da iluminação.
Um grande Shiba Inu bebê prateado, com um olhar refinado e
inteligente em seu rosto.
No entanto, pelo que pude ver, não havia tal cristal para ser
encontrado. Não… isso só indicava que eu ainda não tinha o
encontrado. Onde o esconderam? Provavelmente no subsolo. Será
que devia usar magia de terra para remover o círculo? O que
aconteceria no caso de tentar forçar a dissipação de um círculo
mágico como este?
— Grrr…!
Hm.
— Isso aí.
— Woof!
— Ei!
— Woof!
Para ser tão macio assim… Ei, espera… Você usa algum tipo de
amaciante, não usa? pensei, apenas para outra voz na minha
cabeça responder na mesma moeda. Aww, mas eu não estou
usando nada…
✦✦✦✦✦✦✦
— Hein?
Achei que não fosse fazer nada, mas de repente ele rugiu.
— Hm.
N-não, você está errado. Tenho doze anos. Não sou um homem
de quarenta e cinco anos por dentro, pode confiar, protestei
balançando a cabeça.
— Woof!
— Woof!
— Leve-o para casa conosco. Ele pode ser uma criança, mas se
estava trabalhando com aqueles contrabandistas, então será
punida.
O quê?!
— Sim senhor!
— Woof!
✦✦✦✦✦✦✦
Além disso, Eris não estava lá, então ele não teria motivos para
se preocupar. Se Rudeus usasse toda a extensão de seus poderes,
não poderia ser derrotado. O único problema era que estava em
conflito sobre tirar a vida de uma pessoa. Se limitasse muito os seus
poderes, poderia acabar levando a pior. Não… ele com certeza não
era tolo.
Mas já fazia muito tempo desde que ele usara a língua do Deus
Fera. A última vez em que a usou… Hmm, quando foi mesmo?
Desde a Guerra de Laplace ele não lembrava de ter a usado muito.
— De nada.
— O que foi?
— Ah não!
“Você o matou?”
✦✦✦✦✦✦✦
Tudo bem. A julgar pela conversa que tiveram, eu sabia que isso
iria acontecer. Me confundiram com um contrabandista. É por isso
que não entrei em pânico. Esse mal-entendido logo seria resolvido.
Ainda assim, qual era a necessidade de me despir? Pensando bem,
aquelas crianças também tinham sido despojadas de todas as suas
roupas.
✦✦✦✦✦✦✦
Eu disse:
— Pervertido…!
— Achoo!
Brincadeiras à parte, eu realmente queria algumas roupas. Por
enquanto, usaria o feitiço de fogo, Queima Local, para me manter
aquecido e não pegar um resfriado.
Dia dois.
— Ooh…
Ah, a floresta. Eu não sabia como sair dela. Gyes havia corrido
em alta velocidade por muito tempo, então devíamos estar bem
longe da cidade. Mesmo se eu corresse com todas as minhas
forças, indo sempre para frente, provavelmente precisaria de cerca
de seis horas. E eu tinha certeza de que me perderia no meio do
caminho.
Ainda não sabia o que estava por trás da magia que ele usou. Se
não conseguisse encontrar uma maneira de contra-atacar em uma
luta, poderia perder. Além disso, da próxima vez o homem poderia
cortar minhas pernas para que eu não pudesse correr. Talvez fosse
melhor esperar um pouco mais para que minhas circunstâncias
mudassem.
Dia três.
Dia quatro.
Dia cinco.
— Ei, novato, é melhor tomar cuidado com o que fala. Estou aqui
há mais tempo do que você. Isso significa que sou o mestre desta
cela, seu ancião. Mostre algum respeito — ordenei.
— S-sim.
— Sim senhor.
— S-sim senhor.
— Então, novato. Por que você foi jogado aqui? — Tentei soar o
mais hostil possível quando perguntei.
— Geese — respondeu.
— Eu sou Rudeus. Sou mais jovem que você, mas aqui sou seu
chefe.
— Ei, novato.
— O que foi?
Aha! Mas eu não estava mais nu! Além disso, era uma acusação
falsa. Eu não era um pervertido.
Geese explicou:
— E encontrou?
Esse cara não tinha esperanças. Mas talvez ele não fosse inútil.
Ei, você, pare com isso, pensei. Se colocar dessa forma, faz
parecer que meus amigos me abandonaram.
— Então se vire por conta própria. Não tem nada a ver comigo —
disse Geese.
Expliquei:
— Salvou?
— Ahh, então foi isso que aconteceu. Você sofreu uma acusação
falsa?
— Exatamente.
Ele pôde dizer tudo o que quisesse, mas ainda assim não quis
me ajudar a encontrar um caminho. Se eu me perdesse na floresta
enquanto tentava ir ajudar Ruijerd, isso não seria motivo para rir.
Do meu ponto de vista, Gyes não era do tipo que dava ouvidos
às pessoas. Mas ainda assim era verdade que ajudei aquelas
crianças a escaparem. Se voltassem, a acusação contra mim seria
retirada.
Dia seis.
Dia sete.
— O quê?
Então eram enviados para Porto Zant, hein? Então a Tribo Doldia
só jogava criminosos especiais nesta cela? Fui confundido com um
contrabandista e também falsamente acusado de tentativa de
bestialidade à sua Fera Sagrada. Isso devia ser muito impactante, o
suficiente para me dar algum tipo de título especial. Isso me tornava
um criminoso ainda mais extraordinário.
Mas espere.
— Então por que você foi colocado aqui? Foi preso por trapaça,
certo?
— Hm? Ah, sim, faz um tempo que não lavo — disse Geese.
— Yo, novato.
— O quê?
— Tá, tá.
— Sim, aí, bem aí. Ah, sim, você é muito bom nisso.
— Eu falei, não falei? — disse. — Não posso fazer nada. Se
quiser, depois também posso massagear seus ombros. — Quando
Geese disse isso, moveu suas mãos para meus ombros. Droga. Ele
realmente era bom nisso.
Só então percebi que algo estava muito errado. Mas, o quê? Algo
estava diferente do normal.
— Ei, novato…
— O que foi agora? Quer que eu vá mais para baixo? Quer que
eu coce a sua bunda também?
Geese disse:
— S-socorro…
Geese falou:
— Então… chefe.
— O que foi?
— D-droga! Então cai pro pau! Não vou deixar vocês colocarem a
mão no meu chefe! — gritou Geese bravamente, embora estivesse
recuando um passo de cada vez. Inútil.
— Não seremos derrotados por sua laia, ainda mais agora que a
chuva limpou meu rosto e meu nariz está funcionando direito!
Ooh, que fala mais heróica! Mas foi exatamente como ele disse:
Todos os homens-fera da área estavam retornando.
— Certo!
Ela alternou seu olhar entre mim e Gimbal, seu rosto ficando
pálido. Provavelmente se lembrou de como me tratou mal e
percebeu o erro que cometeu.
— Aquele é o último!
Ah, sim. Acho que sei de qual família ele estava falando.
Com essas palavras, Gimbal voltou seu olhar para mim. Parecia
entender um pouco da língua humana, e me observava com cautela.
Eu realmente não queria que ele fizesse isso.
As negociações falharam.
Isso era ruim. Eu não achava que ele era tão forte quanto
Ruijerd, mas, naquele rank, provavelmente seria mais do que eu
poderia lidar. O que poderia fazer ao lutar usando o Olho da
Previsão?
— RAAAAH!
— Guh?!
Que tipo de boato era esse?! Não, deixando isso de lado, o mais
importante era que eu acabei recebendo alguma ajuda para lidar
com o contrabandista.
— Foi mal, Gallus. Mas Ruijerd do Fim da Linha não pode ser um
cara mau.
— Gaaah!
— Ha!
Ele vai cortar a lateral do meu abdômen, então irá usar o impulso
para dar um golpe de retorno.
— Gah…!
— Gwah! Seu…!
— Tsk!
Meu feitiço voou em direção a ele em alta velocidade, mas Gallus
apenas o partiu em dois no meio do ar. Faíscas saíram da lâmina
quando ela quebrou mesmo na mão dele. Bom, agora poderia usar
a oportunidade para arrancar a espada curta do meu…
Ele vai pegar a espada nos seus pés e vai acabar com isso.
Ah, não. Foi então que percebi que em algum momento o sujeito
conseguiu me colocar de volta no lugar onde os corpos daqueles
homens-fera estavam. A lâmina aos seus pés pertencia a eles. O
cara me guiou ao local.
— Hã…?
Eu não tinha ideia do que isso significava, mas pelo visto aqueles
treinados neste estilo em específico tinham algum hábito estranho.
Apesar de tudo, abordei Gallus com enorme cautela.
✦✦✦✦✦✦✦
Foi exatamente aí que Ruijerd entrou. Ele disse com orgulho que
poderia usar o cristal em sua testa para procurá-los. Quanto a Eris,
ela não participou, pois havia assumido a responsabilidade de
cuidar das crianças.
✦✦✦✦✦✦✦
— Estou tão feliz por não ter sido levada. Ouvi dizer que há uma
família nobre louca e doente em Asura que só tem interesse sexual
pelo povo-fera. Vai saber o que aconteceria comigo.
Gallus também falou sobre como uma certa família nobre paga
especialmente bem por gente-fera com sangue Doldia. Parecia que
aqueles que eram fáceis de treinar eram vendidos pelos preços
mais altos.
— Hein?
— Esse anel também, isso foi algo que nossa mãe deu a ela para
que parasse de ficar furiosa sem motivos. Mas não é como se
tivesse funcionado. Não passava de uma garota surtada e inútil.
— Sinto muito…
✦✦✦✦✦✦✦
— Ei! Vamos lá, pare com isso. Não posso fugir agora, não antes
que a estação das chuvas termine.
— Tem certeza?
✦✦✦✦✦✦✦
✦✦✦✦✦✦✦
✦✦✦✦✦✦✦
Um mês se passou.
Foi a primeira vez que Eris conseguiu fazer amigas de sua idade.
Fiquei orgulhoso ao vê-la se dando tão bem com as meninas. O
cabelo ruivo, as orelhas de gato e as orelhas de cachorro… Ver
todas brincando felizes era mais do que suficiente para mim.
— Ah, Lady Eris, aprecio você se dar tão bem com minha filha.
— Lorde Rudeus…?
A julgar pelo que ele estava dizendo, Ghislaine parecia ter sido
exatamente como Eris quando era mais nova. Especialmente nas
partes em que arrumava briga com as pessoas e que, por ser forte,
poucos podiam impedi-la. Gyes deve ter se queimado várias vezes
com seu fogo. Ele não seria um irmão mais velho muito bom se
fosse muito mais fraco do que sua irmã mais nova.
Falando em irmãos mais velhos, eu também era um. Gostaria de
saber como Norn e Aisha estavam. Sempre quis escrever uma carta
para elas, mas acabava esquecendo. Assim que a chuva parasse,
seguiríamos para a capital do País Sagrado de Millis, onde enviaria
uma carta para Buena Village. Se eu tivesse enviado uma lá do
Continente Demônio, provavelmente não teria chegado, mas com
certeza não teria problemas se enviasse de Millis.
— Sim?
— O quêê?! Sem chances; mas que absurdo. Será que não tem
nenhuma garota do povo-fera se dando prazer e chegando ao
êxtase justo agora?
— Sim senhor.
✦✦✦✦✦✦✦
Ruijerd discordou.
Ai. Por mais verdade que isso fosse, doeu. Ruijerd tinha fé em
mim, e foi por isso que me permitiu voltar sozinho. No entanto, fui
pego bem facilmente. De certa forma, traí sua confiança.
✦✦✦✦✦✦✦
— Olhe só, se não é a Fera Sagrada. Que negócio você tem aqui
com um viciado em sexo como eu?
— Ruff!
— Ruff!
— Não tenho mais nada para fazer, então estou criando algo.
— Woof. — A fera lambeu minha mão e abanou o rabo.
Claramente não me odiava. Ainda estava chovendo lá fora, então
provavelmente também não tinha mais nada para fazer.
Provavelmente ansiava por alguma emoção.
— Quer brincar?
— Woof!
— Hm? Entre.
— É um prazer te rever.
A verdadeira razão era porque toda vez que ela vinha e abaixava
a cabeça, meu pervertido interior começava a sussurrar: “Ei, moça,
se você pudesse resolver isso com um simples pedido de
desculpas, não precisaríamos chamar a polícia, certo? Se realmente
quer resolver isso, sabe o que precisa fazer, certo? Vamos dar
umazinha.”
A Fera Sagrada era um tipo de fera mágica que nascia uma vez
a cada poucas centenas de anos. Não tinha nome próprio. Desde
eras longínquas, só aparecia quando o mundo enfrentava uma crise,
e quando se tornava adulta partia ao lado de um herói, usando seu
grande poder para salvar o mundo.
Bem, ao menos era essa a lenda. Era por isso que a Fera
Sagrada recebia uma criação tão cuidadosa, bem no fundo do
Vilarejo Doldia, em uma área restrita onde havia uma grande árvore
que chamavam de Árvore Sagrada. Então é claro que vivia sendo
protegida. Eles tomavam o cuidado de não expor o filhote ao mundo
exterior, do qual o animal pouco sabia. Ainda era um cão, então
liberavam um tempo para caminhar todos os dias.
Pelo visto, levaria mais cem anos até que a Fera Sagrada
atingisse a idade adulta. Se as histórias fossem verdadeiras, o
mundo enfrentaria uma calamidade. Nesse meio tempo, Laklana
supervisionaria a proteção da Fera Sagrada. Quanto à Árvore
Sagrada, estava localizada além do caminho bloqueado que eu
havia visitado antes.
— Arf!
— Eu entendo, mas…
— Woof!
— Entendo…
Por que diabos você está falando com este cão como se
estivesse tendo uma conversa normal? pensei. Eu podia ouvi-lo
latindo. Essa com certeza não era a língua do Deus Fera. Como ela
estava entendendo isso? Estava usando algum tipo de tradução
bilingual?
— A Fera Sagrada disse que você não é o único.
— Woof!
— Hã?!
— Woof!
— Eris.
— O quê?!
— Não quero…
✦✦✦✦✦✦✦
Abaixei meu cajado. Então foi por isso que Ruijerd não disse
nada.
— Desculpe, Tona, mas está escuro.
— Owie, mew…
— Mew…!
Hã, T-Tona?
Isso mesmo, não importava se ela era uma criança. Não deveria
ter mostrado seu corpo com tanta falta de cuidado assim. Afinal,
causaria sérios problemas se fosse agredida por algum velho
doente tentando brincar de médico.
✦✦✦✦✦✦✦
Era hora de partir! Ou pelo menos deveria ser, quando por algum
motivo um homem com cara de macaco se aproximou de nós.
— Rudeus.
— Heh heh. Eu gosto de apostar, mas acho que nunca fiz nada
verdadeiramente desprezível para os outros. Mestre Ruijerd, você
tem um bom olho para as pessoas.
Curioso para saber o que isso significava, virei meu olhar para
Ruijerd, mas ele apenas balançou a cabeça como se não tivesse
ideia do que Geese estava falando. Era, no mínimo, algo que
aconteceu bem antes dos últimos três meses.
— Acho que você não se lembra, hein? Bem, claro, foi há uns
trinta anos.
Geese então iniciou sua explicação. Foi uma história épica que
incluiu um encontro inicial, uma despedida, um clímax e uma cena
de amor. Quando um herói incrivelmente bonito e durão disse que ia
partir em uma jornada, centenas de mulheres imploraram para que
ele não fosse. O sujeito saiu de sua cidade natal, apesar de seus
apegos persistentes a ela e encontrou uma misteriosa beldade
quando chegou ao seu destino.
O Superd relaxou ao ouvir isso. Senti que, logo após ouvir essa
história, entendi o significado da palavra karma. Bom para você,
Ruijerd, pensei.
✦✦✦✦✦✦✦
✦✦✦✦✦✦✦
Cozinheiro: Geese
Nossa atribuição de trabalho era tão precisa que não havia nada
para Eris fazer, exceto coletar lenha, mas ela terminava tudo rápido
demais. Assim sendo, acabava entediada.
— Ei, Geese!
— Mas…
— Poder lutar é uma coisa maravilhosa, sabe? Se você quer
viver neste mundo, não há nada mais essencial do que isso. Não
desperdice seu talento.
O rosto de Eris ficou sombrio, mas ela não tentou socar Geese.
Havia algo estranhamente persuasivo no que ele disse.
Não ficou claro se a culinária teve alguma coisa a ver com o que
aconteceu depois, mas a mulher ficou com o homem e os dois se
casaram algum tempo depois. Então deixaram o grupo e foram para
algum lugar. Tudo bem, disse Geese. Houve uma briga quando os
dois foram embora, mas a partida não foi um problema.
O que aconteceu depois é que foi horrível. Quando as duas
pessoas mais importantes foram embora, o grupo começou a
debandar. Tornou-se um turbilhão de disputas e apatia, tanto que
não podiam mais realizar missões e logo se dispersaram por
completo.
Foi então que ele percebeu que o grupo em que estava antes era
o único lugar ao qual pertencia. Percebeu que só era quem era
porque todos eram muito inabilidosos. Depois disso, Geese se
aposentou prematuramente de sua carreira de aventureiro. Agora
vivia das apostas.
— Não sei. Nunca mais a vi. — Ele soltou uma risada auto-
depreciativa. — Mas o homem não ficou feliz.
✦✦✦✦✦✦✦
Ruijerd explicou:
— Difícil de dizer. Foi dito que criou isso para que pudessem
encontrar pessoas capazes de derrotá-los, mas eu não sei.
— Como se eu soubesse.
Bem, essa era ao menos uma das razões. A outra era porque
nossos cavalos eram extremamente eficientes. Os cavalos deste
mundo tinham uma resistência insana. Eles podiam correr por dez
horas diretas, sem qualquer descanso, e então voltar a fazer isso no
dia seguinte. Talvez usassem algum tipo de magia, mas, de
qualquer forma, saímos da floresta sem problemas.
— E-eu li em um livro.
✦✦✦✦✦✦✦
— Hein?!
— Eek!
— Ah… ah!
Precisava fazer alguma coisa. Tinha que fazer algo ou iria morrer.
Sim, morrer. Não havia dúvida de que morreria. Se alguém caísse
de algum lugar tão alto, então morreria. Ele já sabia disso. Também
sabia que estava se aproximando do solo rapidamente.
— Waaaaaah!
Seu professor disse algo sobre… como voar? Isso mesmo, sobre
como era impossível. Não era possível voar – humanos não podem
voar. Seria necessário usar algo para fazer isso. Seu professor já
havia tentado voar antes. Tentou, falhou e colocou algo macio no
chão, algo macio onde pudesse cair.
Era isso! Algo para suavizar a queda. Algo macio. Algo macio
para o segurar. Mas quão macio deveria ser? Como deveria fazer
isso?
Não sei, não sei, não sei! gritou em sua cabeça. O que eu faço, o
que eu faço, o que eu faço?!
Caiu de cabeça.
✦✦✦✦✦✦✦
✦✦✦✦✦✦✦
A única coisa incomum nele era que era um mago. E não apenas
um mago qualquer. Ele podia ter apenas dez anos, mas teve um
professor excepcional e estava pelo menos no nível intermediário
em todas as escolas de magia, avançado em várias e podia lançar
feitiços não verbais.
Ele não sabia nem como vestir alguém e mesmo assim foi
designado a esse trabalho. Mas acabou ficando bastante hábil
nisso. Mesmo um caipira como Fitz poderia aprender isso depois de
ser forçado a fazer a mesma coisa várias vezes.
— N-não!
— Sim, senhora!
Luke seguiu Ariel quando ela saiu. Fitz moveu-se para o seguir,
mas parou abruptamente para ver seu reflexo no espelho da
mesinha de maquiagem. Ele mostrava um jovem com uma
aparência sombria e óculos escuros sobre os olhos. O jovem
permaneceu lá e torceu uma mecha do cabelo branco cortado curto
em torno de um de seus dedos. Durou apenas um momento. Então
se virou e foi atrás de Ariel.
✦✦✦✦✦✦✦
— Disso o quê?
— Que aquele que ensinou a sua neta era um menino dois anos
mais novo que ela.
— Minha nossa.
— Claro que o lorde não disse muito, mas ouvi que ele também
não negou que fosse verdade.
— Talvez.
✦✦✦✦✦✦✦
Foi por isso que Ariel decidiu se tornar a rainha. Ela havia
começado a trilhar o caminho que a levaria ao trono.
— De fato.
— Ha ha.
Pilemon falou apenas isso ao seu filho antes de partir. Enquanto
observava o pai ir embora, Luke se curvou conforme o costume
exigia.
— Existe algum tipo de sistema com esse sino? Tipo, você bate
um certo número de vezes para pedir comida?
— Não…
— Por que não aceitar a oferta dela? Pense nisso como uma
recompensa.
— Uma recompensa…?
Fitz não tinha aliados na corte. Assim que percebeu isso, soltou
um suspiro.
✦✦✦✦✦✦✦
Enquanto Ariel e Pilemon conspiravam um com o outro, em
algum outro lugar do palácio imperial, outra conspiração estava
tomando forma.
— Hm…
✦✦✦✦✦✦✦
— Fico feliz que você veio. Já podem sair — disse ela às duas
damas de companhia. Cada uma delas fez uma reverência antes de
passar pela porta. Fitz e Ariel ficaram subitamente sozinhos em seu
quarto mal iluminado. — Algo de errado? Venha aqui e sente-se ao
meu lado.
— Um… uh… você diz isso, mas seu olhar está assustador.
— Um…
Fitz permaneceu confuso, sem saber o que fazer. Seu corpo ficou
rígido.
— Sonhando?
— Obrigado…
— Agora eu entendo…
— Princesa Ariel?
— O que foi?
— Hã…?
Fitz percebeu que era uma assassina, mas antes que pudesse
gritar qualquer coisa, seu corpo já estava se movendo. No mesmo
instante em que saltou para proteger o corpo da princesa, estendeu
as duas mãos em direção à garota e lançou sua magia.
— Explosão de Ar!
— Uff…
Fitz virou as palmas das mãos para fora e liberou sua magia.
— Ah…!
— Hah… hah…
✦✦✦✦✦✦✦
Assim, a tentativa de assassinato de Ariel foi frustrada.
Fitz havia sido infectado pelo veneno, mas o corte em seu dedo
era tão pequeno que apenas um pouco dele entrou em seu sistema.
Graças à sua resposta rápida ao usar magia de desintoxicação,
escapou com vida por muito pouco e não houve efeitos prolongados
do veneno.
✦✦✦✦✦✦✦
[←1]
Meus agradecimentos ao grupo Tsundoku Traduções.
[←2]
O nome da cidade foi alterado. Após algum tempo prestei um pouco de atenção
e notei que “Porto do Vento” é uma tradução errônea, logo, a partir do volume 4
estaremos adotando o termo correto.
[←3]
Escute clicando aqui ou James Blunt - Goodbye My Lover
[http://youtu.be/wVyggTKDcOE].
[←4]
Aqui talvez seja um erro do tradutor gringo, não tenho certeza absoluta. Acredito
que Rudeus esteja, na verdade, se referindo a Eris, buscando fazer uma comparação
com seu próprio grupo.