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CULTURA GERAL
No período do Segundo Templo, rabi Hillel (c.60 a.C – c.7 a.C.) contendia com seu
colega rabi Shammai (c.50 a.C – c.20 a.C.) em mínimos detalhes da Lei mosaica. O
Talmud registra 316 pontos de disputa entre a Casa de Hillel e a Casa de Shammai,
sendo a primeira mais latitudinária em sua interpretação e aplicação da Torá
enquanto a última exigia maior rigor. Subjacente ao debate entre esses sábios tanaítas
estava a diferente hermenêutica empregada.
Hillel utilizava a analogia e a alegoria para adaptar a Torá ao seu objetivo, resumido
na regra áurea de “O que for odioso a você, não faça a seu próximo; isso é toda a Torá”
b.Shabbat 31a. Enquanto Shammai fazia uma abordagem mais literalista, subsuntiva e
legalista.
E foi anunciado a Davi, dizendo: Eis que os filisteus pelejam contra Queila, e
saqueiam as eiras.
E consultou Davi ao Senhor, dizendo: Irei eu, e ferirei a estes filisteus? E disse o
Senhor a Davi: Vai, e ferirás aos filisteus, e livrarás a Queila.
Porém os homens de Davi lhe disseram: Eis que tememos aqui em Judá, quanto mais
indo a Queila contra os esquadrões dos filisteus.
Então Davi tornou a consultar ao Senhor, e o Senhor lhe respondeu, e disse:
Levanta-te, desce a Queila, porque te dou os filisteus na tua mão.
Então Davi partiu com os seus homens a Queila, e pelejou contra os filisteus, e
levou os gados, e fez grande estrago entre eles; e Davi livrou os moradores de
Queila.
1 Samuel 23:1-5
Uma analogia é feita entre dois textos separados com base em uma frase, palavra ou
raiz semelhante — ou seja, quando as mesmas palavras são aplicadas a dois casos
separados, segue-se que as mesmas considerações se aplicam a ambos.
Por exemplo, “pé” aparece como eufemismo para a genitália em várias partes da
Bíblia: Saul descobrindo seus “pés” na caverna (1 Samuel 24:3); Rute descobrindo e
deitando-se sobre os “pés” de Boaz (Rute 3:3-4); Isaías profetizou que os assírios
metaforicamente passariam a navalha nos pelos dos “pés” de Israel (Isaías 7:20).
Outro exemplo é do lenhador que mata outra pessoa acidentalmente (Deut 19:4-5).
Outras situações de provocar a morte de forma involuntária são tratadas com postura
similar.
5. Kelal u-Peraṭ /Peraṭ u-kelal (do geral ao particular; do particular ao geral): uma
termo específico seguido de um termo geral. Antecede o célebre círculo hermenêutico.
O exemplo clássico é o da perda de um bem emprestado. Êxodo 22:9 faz um rol aberto
de bens perdidos (gado, vestimenta ou qualquer coisa) que incubem quem tomou
emprestado a restituir em dobro. Assim, as obrigações e responsabilidades de quem
toma emprestados são dobradas em relação ao emprestador, irrespectivo de qual bem
seja.
SAIBA MAIS
FERREIRA, Cláudia Andrea Prata. “Os estudos bíblicos e a exegese judaica na Idade
Média“. In LEWIN, H., coord. Judaísmo e modernidade: suas múltiplas inter-relações
[online]. Rio de Janeiro: Centro Edelstein de Pesquisas Sociais, 2009. pp. 479-502. ISBN:
978-85-7982-016-8. Disponível no SciELO Books .
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