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INTRODUÇÃO À CONFIABILIDADE │ UNIDADE I

Sendo a constante de Euler γ ≅ 0,5772

Variância da distribuição de Gumbel:

𝜋𝜋 2 𝜎𝜎 2
𝑉𝑉𝑉𝑉𝑉𝑉(𝑌𝑌) =
6

Para maiores informações e exemplos de exercícios envolvendo distribuição


de Gumbel, consulte:http://www.portalaction.com.br/confiabilidade/413-
distribuicao-de-valor-extremo-ou-de-gumbel.

Escolha do modelo de probabilidade


Cada tipo de aplicação utiliza um tipo diferente de distribuição, pois de acordo com
suas características, um modelo ou outro é mais indicado. Isso faz com que a escolha
correta seja extremamente importante, pois se o modelo escolhido não for o mais
indicado, as estimativas podem não corresponder com a realidade.

Veja na Figura 4 o fluxograma do que acontece quando se escolhe um modelo


probabilístico errado.

Figura 4. Fluxograma modelo probabilístico errado.

Modelo Análise estatística Respostas


inadequado comprometida distorcidas

Fonte: Adaptado pelo autor de: http://www.portalaction.com.br/sites/default/files/Confiabilidade/figuras/adequacao_modelo.


png. Acesso em: 11 jun. 2019

Todas as distribuições de probabilidade que foram apresentadas no item anterior são


utilizadas tipicamente para dados de confiabilidade.

Para escolher o melhor método, ou seja, o modelo que melhor se aplica a cada
aplicação, pode-se comparar os dados estimados com valores observados.

O jeito mais simples de escolher qual modelo melhor se adapta, é utilizando técnicas
gráficas para simular o comportamento do conjunto de dados completo.

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E se nenhum modelo for adequado ou não atender às especificações, uma técnica não
paramétrica pode ser utilizada, como o estimador Kaplan-Meier.

O estimador Kaplan-Meier é um estimador limite-produto e não paramétrico para


a função de confiabilidade. Pode ser considerado como uma adaptação de função de
confiabilidade empírica.

Para saber mais sobre o estimador Kaplan- Meier, consulte: http://www.


portalaction.com.br/confiabilidade/32-estimador-de-kaplan-meier

Uma vez definido qual o modelo a ser utilizado, e este método seja paramétrico, há a
necessidade de estimar os parâmetros.

Como se pode ver nas equações do item anterior, os modelos de distribuição utilizam
parâmetros, por exemplo, o modelo exponencial utiliza apenas um e o modelo Weibull
utiliza dois.

No estudo da confiabilidade de cada caso, esses parâmetros precisam ser estimados de


acordo com amostras por observação para que o modelo fique determinado.

O método de máxima verossimilhança é uma opção apropriada para que esses


parâmetros sejam estimados.

Este método funciona da seguinte forma: com base nos resultados, é determinada qual
a distribuição, dentre todas as definidas pelos possíveis valores de parâmetros que
tiverem a maior chance de ter gerado a amostra em questão.

Por exemplo, se a distribuição analisada é a exponencial, para cada valor de λ, têm-


se diferentes distribuições exponenciais. O estimador de máxima verossimilhança
consegue escolher qual λ melhor explica o comportamento da amostra que está sendo
observada.

Para saber mais sobre o estimador de máxima verossimilhança, consulte:


http://www.portalaction.com.br/confiabilidade/421-metodo-de-maxima-
verossimilhanca

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CAPÍTULO 3
Manutenibilidade e disponibilidade

Neste capítulo, os conceitos de manutenibilidade e disponibilidade em confiabilidade


serão explicados, além de mostrar como é o cálculo dessas duas características do
sistema de confiabilidade.

Manutenibilidade
Afinal, o que é manutenibilidade? Da forma mais simples, o que se pode definir desse
conceito é a facilidade de se realizar a manutenção de um componente, equipamento
ou máquina.

Segundo a NBR 5462:

Manutenibilidade é a capacidade de um item ser mantido ou


recolocado em condições de executar suas funções requeridas, sob
condições de uso especificadas, quando a manutenção é executada sob
condições determinadas e mediante procedimentos e meios prescritos
(ABNT, 1994).

Esse conceito ainda é pouco discutido na maioria das indústrias, mas quando seguido,
é um forte aliado na melhora da disponibilidade. Pode ser usado como indicador ou
referência para manutenção dentro da planta.

Para entender o conceito dessa aplicação, imagine uma máquina com travas mecânicas,
difíceis de serem movidas, com muitos parafusos e necessidade de uma equipe para
a sua manutenção. Agora imagine que as travas mecânicas foram substituídas por
dobradiças que não exigem força por parte da manutenção. Ou seja, agora apenas uma
pessoa consegue fazer a manutenção da máquina e o índice de manutenibilidade dessa
máquina aumentou consideravelmente.

Para entender a dificuldade e a gravidade do problema, veja o exemplo a seguir.

Uma indústria metalúrgica que trabalha com engrenagens possui uma máquina no
processo que faz o empacotamento dessas engrenagens. Quando essa máquina para,
todo o processo de produção precisa ser interrompido.

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Foi feito um levantamento nessa máquina e notou-se que ela parou 32 vezes por causa
de problemas de aquecimento no motor. A causa dessa falha era a obstrução dos filtros
das janelas de ventilação na cabine do motor.

Para evitar que esse problema continuasse a acontecer, uma troca de filtro semanal se
tornou necessária. Foi nesse ponto que o problema da manutenibilidade começou.

O local onde ficava o motor era de difícil acesso, o filtro era um modelo específico
que demorava dias para ser comprado, a atividade era nova e ninguém sabia como
executá-la. O local, além de difícil acesso, era muito apertado e exigia muitas medidas
de segurança.

Com esse cenário, é possível notar que a manutenibilidade dessa máquina era muito
baixa, tinha alto risco e ainda riscos de segurança.

Como elevar a manutenibilidade

Há um passo a passo de como conseguir aumentar a manutenibilidade de um sistema,


e ele é descrito a seguir.
» Procedimento: nesta etapa, é necessária a documentação de todas
as ações de manutenção que são constantes e repetitivas. Um
procedimento bem feito possui muitos detalhes, fotos, desenhos, ou
seja, é minuciosamente bem escrito para que a prática seja entendida.
» Desenvolvimento: depois da etapa do procedimento, as habilidades
necessárias devem ser identificadas a fim de desenvolver as atividades
dentro da equipe.
» Informação: as informações coletadas devem ser de conhecimento
de toda a equipe, ou seja, deve-se tomar medidas de disseminação da
informação, seja por informativos ou instruções de trabalho.
» Antecipação: quando todo o procedimento foi escrito, habilidades foram
desenvolvidas e a informação disseminada, chega a hora de antecipar
cenários e ações para facilitar a manutenção.
» Treinamento: mesmo depois das habilidades terem sido desenvolvidas,
é importante um constante treinamento para que a habilidade se torne
um hábito e a atividade de manutenção seja feita tranquilamente.
» Repetição: para que se tenha sucesso, esse ciclo nunca deve cessar. Um
ciclo bem definido e respeitado é a chave para uma manutenibilidade
com altos índices de melhora.

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Veja na Figura 5 o ciclo da elevação da manutenibilidade.

Figura 5. Ciclo da elevação da manutenibilidade.

Procedimento

Repetição Desenvolvimento

Treinamento Informação

Antecipação

Fonte: https://engeteles.com.br/wp-content/uploads/2017/07/manutenibilidade-1.png. Acesso em: 12 jun. 2019.

A eficiência operacional de uma indústria é melhorada com o aumento da


manutenibilidade, pois esta está diretamente ligada à confiabilidade e à disponibilidade
dos sistemas, equipamentos e ativos.

A disponibilidade será detalhada no item 3.2.

Também é importante que se dê um suporte para a equipe de manutenção, pois é ela


quem tratará diretamente do problema.

A equipe de manutenção tem necessidades, como:

» Área de planejamento, programação e controle de manutenção (PPCM)


para planejamento de atividades.

» Área de PPCM para controle de atividades.

» Ferramentas de qualidade.

» Capacitação da equipe de trabalho.

» Recursos suficientes para o trabalho exigido.

» Segurança do trabalho.

» Gestão focada em resultados.

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Cálculo de manutenibilidade

Após todas as etapas do ciclo de aumento da manutenibilidade, é importante que se


faça a medição para saber quais processos e atividades tiveram mais dificuldade de
serem executados.

Uma medição adequada é uma grande aliada na elaboração de planos para a


manutenção e deve ser utilizada na otimização de tempo.

Há várias formas de se calcular a manutenibilidade e elas são tratadas na norma NBR


5462.

Cada maneira de cálculo de manutenibilidade deve ser utilizada de acordo com a


aplicação no momento e para cada processo.

Para se medir a taxa de reparo instantânea, que é simbolizada por µ(t), sutiliza-se o
conceito de limite.

𝑃𝑃𝑃𝑃[𝑡𝑡 < 𝑇𝑇 < (𝑡𝑡 + ∆𝑡𝑡)|𝑇𝑇 > 𝑡𝑡]


𝜇𝜇(𝑡𝑡) = lim⁡
∆𝑡𝑡

Onde

T é o instante de término da ação de manutenção corretiva.

(𝑡𝑡, 𝑡𝑡 + ∆𝑡𝑡) é o intervalo de tempo.

t é a duração desse intervalo quando ∆t tende a zero.

Para realizar o cálculo da taxa de reparo média, simbolizada por (t1, t2), a equação
utilizada é a seguinte:

𝑡𝑡2
1
𝜇𝜇(𝑡𝑡1, 𝑡𝑡2) = ∫ 𝜇𝜇(𝑡𝑡). 𝑑𝑑𝑑𝑑
𝑡𝑡2 − 𝑡𝑡1 𝑡𝑡1

Onde t1 e t2 são os intervalos de tempo da taxa média de reparo instantâneo.

O tempo médio de reparo pode ser associado à manutenibilidade da seguinte forma:


se o tempo médio de reparo foi alto, significa que a dificuldade de reparo também foi
alta.

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Esse conceito já foi apresentado neste material, mas vale lembrar que o MTTR mede
o tempo da atividade da manutenção em relação ao número de falhas nesse tempo
determinado.

Por exemplo, uma máquina parou 5 vezes para que a manutenção corretiva pudesse
ser feita dentro de um prazo de um mês. Cada pausa demorou 2 horas para ser
reparada. O MTTR dessa máquina foi de 2 horas.

𝑆𝑆𝑆𝑆𝑆𝑆𝑆𝑆𝑆𝑆ó𝑟𝑟𝑟𝑟𝑟𝑟 𝑑𝑑𝑑𝑑 𝑡𝑡𝑡𝑡𝑡𝑡𝑡𝑡𝑡𝑡 𝑑𝑑𝑑𝑑 𝑟𝑟𝑟𝑟𝑟𝑟𝑟𝑟𝑟𝑟𝑟𝑟 10


𝑀𝑀𝑀𝑀𝑀𝑀𝑀𝑀 = = =2
𝑆𝑆𝑆𝑆𝑆𝑆𝑆𝑆𝑆𝑆ó𝑟𝑟𝑟𝑟𝑟𝑟 𝑑𝑑𝑑𝑑 𝑛𝑛ú𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚 𝑑𝑑𝑑𝑑 𝑓𝑓𝑓𝑓𝑓𝑓ℎ𝑎𝑎𝑎𝑎 5

Disponibilidade
O cálculo da disponibilidade de equipamentos tem papel muito importante no setor
de planejamento e manutenção de uma empresa. A partir desse cálculo, o setor pode
traçar metas e estratégias dentro do ambiente de produção para executar as atividades
de manutenção.

O objetivo é simples: elevar a disponibilidade e a confiabilidade dos sistemas,


equipamentos, componentes e afins. Dessa forma, como consequência de uma boa
disponibilidade e manutenibilidade, a produção consegue melhorar seu desempenho e
o risco de paradas é evitado.

O cálculo da disponibilidade deve ser uma tarefa que a equipe de processos e


manutenção deve dominar. O cálculo deve ser realizado periodicamente e deve haver
discussões com o objetivo de melhorias frequentemente.

Quando se fala em disponibilidade industrial, o conceito diz respeito a uma métrica


para avaliação de desempenho de equipamentos que podem ser reparados, em
conjunto com propriedades de confiabilidade e manutenção.

Segundo a normal NBR 5462, disponibilidade é:

Capacidade de um item estar em condições de executar uma certa


função em um dado instante ou durante um intervalo de tempo
determinado, levando-se em conta os aspectos combinados de sua
confiabilidade, mantenabilidade e suporte de manutenção, supondo
que os recursos externos requeridos estejam assegurados (ABNT,
1994).

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Há diversas classificações de disponibilidade e diferentes maneiras de serem


calculadas. Essa classificação é flexível e se baseia na relação com o tempo, seja no
período de inatividade da indústria ou no tempo da disponibilidade.

Veja abaixo algumas das classificações mais importantes quanto à disponibilidade:

» Disponibilidade constante do estado.

» Disponibilidade instantânea.

» Disponibilidade de tempo de atividade.

» Disponibilidade operacional.

» Disponibilidade inerente.

A disponibilidade inerente é a mais utilizada para equipamentos industriais, ela


considera apenas o tempo de inatividade da máquina para manutenções corretivas,
ou seja, não considera tempo de paradas para outros tipos de manutenção, como
preventivas, ou até mesmo atrasos dos mais diversos tipos.

Elevação da disponibilidade

A estabilidade do índice de disponibilidade deve no mínimo ser estabelecida. O objetivo


é sempre aumentá-la, para que assim se alcance altos índices de disponibilidade
dentro da produção.

O grande ponto que deve ser alterado para o alcance de melhores índices é o aumento
do tempo médio entre falhas. Ou seja, quanto mais um sistema demorar a apresentar
uma falha, melhor é sua disponibilidade.

Portanto, para o aumento da disponibilidade, deve-se:

» Ter um plano eficaz de manutenção preventiva.

» Executar o plano estabelecido com vigor e sem brechas para não


cumprimento das etapas.

Depois da implantação da manutenção preventiva, os números de disponibilidade


apresentarão melhora, e os próximos passos são:

» Criação de um plano de manutenção preditiva.

» Executá-lo com o mesmo rigor com que a manutenção preventiva é feita.

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A manutenção preditiva tem como foco fazer o monitoramento de equipamentos


e máquinas a fim de encontrar falhas ainda no nível inicial. Esse monitoramento é
realizado com a ajuda de equipamentos e instrumentos próprios para essa atividade e
conta com tecnologias avançadas.

Dessa forma, a manutenção não é feita de forma reativa e sim de forma proativa. O
que eleva os índices de disponibilidade consideravelmente.

Sugerimos o estudo complementar de elaboração de plano de manutenção


preventiva: https://engeteles.com.br/plano-de-manutencao-preventiva/

E também o estudo de elaboração de plano de manutenção preditiva: https://


engeteles.com.br/manutencao-preditiva/

Outra forma para aumentar a disponibilidade é diminuindo seu tempo médio de


reparo.

Como já foi visto no item 3.1, quanto menor for o tempo de reparo, maior a sua
manutenibilidade. Portanto todo o processo de elevação da manutenibilidade também
tem efeitos na disponibilidade geral do sistema.

O ciclo da elevação da manutenibilidade (procedimento, desenvolvimento,


informação, antecipação, treinamento e repetição) garante não só a
manutenibilidade elevada, mas também uma melhora significativa da
disponibilidade.

Veja na Figura 6 um esquema com a relação entre esses conceitos:

Figura 6. Relação entre disponibilidade, manutenibilidade, MTTR e MTBF.

MTBF Disponibilidade

MTTR Disponibilidade

Manutenibilidade Disponibilidade

Fonte: Elaborado pelo autor.

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Portanto, com os conceitos do que é necessário fazer para a elevação da


disponibilidade, resta aprender como medi-la.

Cálculo da disponibilidade industrial

O cálculo da disponibilidade é extremamente simples, este consegue refletir os


quesitos em relação à velocidade que a equipe de manutenção desenvolve seu trabalho
e também sua experiência e nível de treinamento.

Como já foi tratado neste material, sabe-se que MTBF é o tempo médio entre falhas e
que o MTTR é o tempo médio para reparo.

Com essas informações em mãos, é possível calcular a disponibilidade de acordo com


a equação apresentada:

𝑀𝑀𝑀𝑀𝑀𝑀𝑀𝑀
%𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷 = ×100
𝑀𝑀𝑀𝑀𝑀𝑀𝑀𝑀 + 𝑀𝑀𝑀𝑀𝑀𝑀𝑀𝑀

Quando se trata de eficiência global do equipamento – OEE, outros fatores como a


manutenção, taxa de qualidade das peças e taxa de performance entram no cálculo.

Eficiência global do equipamento é a medida de eficiência de uma planta de produção,


mas esse assunto não será abordado neste material.

Veja a aplicação de um exemplo prático neste link: https://www.citisystems.


com.br/confiabilidade-disponibilidade-maquinas/

Gestão de manutenção
Quando se fala em RAM em confiabilidade, o conceito referido é reability, availability
and maintainability, ou seja, confiabilidade, disponibilidade e mantenabilidade.

Esses três itens compõem a gestão de manutenção eficiente.

Os atributos que compõem a RAM interferem diretamente na missão pretendida numa


empresa e no sucesso, pois possuem impacto na sustentação e no custo total do ciclo
de vida, também chamado de LCC, de um sistema qualquer.

A definição ideal para a confiabilidade num ambiente seria a probabilidade de zero


falha ao longo de um intervalo de tempo definido para uma missão, por exemplo. Já
a disponibilidade é a porcentagem de tempo para que o sistema esteja pronto para a

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