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Controle Social

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por Alexsandro M. Medeiros

lattes.cnpq.br/6947356140810110 (http://lattes.cnpq.br/6947356140810110)

publicado em 2015

Dentro do regime democrático de Governo a divisão de poderes (executivo (ci%c3%aancia-


politica/poder-e-soberania/poder-executivo/), legislativo (ci%c3%aancia-politica/poder-e-
soberania/poder-legislativo/) e judiciário) pode, de certa maneira, ser entendida como uma
forma de Controle que um Poder deve exercer sobre o outro. Assim, por exemplo, podemos
entender que uma das funções do Poder Legislativo (Câmaras, Assembleias, Congresso
Nacional) é o de fiscalizar e exercer um certo “controle” sobre as ações do executivo.

Hoje em dia esse tipo de controle, que nós podemos chamar de Institucional, é exercido
não apenas pelo Poder Legislativo (ci%c3%aancia-politica/poder-e-soberania/poder-legislativo/),
mas pelos Tribunais de Contas e Controladorias. As Controladorias (da União, dos Estados e
Municípios) são órgãos de controle interno, porque as mesmas fazem parte do Poder Executivo.
Os Tribunais de Contas (da União, Estados e Municípios) assim como o Poder Legislativo são
órgãos de controle externo, pois não fazem parte do Poder Executivo (ci%c3%aancia-
politica/poder-e-soberania/poder-executivo/)[1]. Estes órgãos têm todos eles e cada um dentro
da sua esfera de competência, a função de fiscalizar o gasto dos recursos públicos (federais,
estaduais, municipais) e podem ser acionados por meio de denúncias, por qualquer cidadão.

Além dessa forma de Controle Institucional, que um Poder ou Órgão exerce sobre o outro,
hoje em dia tem-se falado muito em Controle Social, que pode ser entendido como uma forma
de fiscalização e controle por parte da própria sociedade sobre as ações do Estado[2]. Por
permitir que os próprios cidadãos participem de alguma forma da gestão da coisa pública, o
Controle Social propicia a vivência da própria Democracia (ciber-democracia/democracia/), pois,
ao praticar esse controle, os cidadãos podem interferir no planejamento, na realização e na
avaliação das atividades do governo.
O controle social pode ser entendido como a participação do cidadão na gestão pública:
fiscalização, monitoramento e controle das ações da Administração Pública. É um importante
mecanismo de fortalecimento da cidadania que contribui para aproximar a sociedade do
Estado, abrindo a oportunidade de os cidadãos acompanharem as ações dos governos e
cobrarem uma boa gestão pública.

Silva (2001) apresenta um diagrama no qual a sociedade aparece com a função de


alimentadora do ciclo com as informações que permitem o ajuste, a correção e os novos
planejamentos levando o cidadão ao exercício pleno da sua cidadania dentro do processo
administrativo e político.

Fatores que Impedem a Participação Popular e o Controle Social

O Clientelismo Político: ao privilegiar alguns atores sociais em detrimento de outros na


administração pública, um gestor precisa, de certa forma, “driblar” os mecanismos
constitucionais de igualdade política para todos e, naturalmente, o gestor que age desta
forma não tem maiores interesses em ter suas ações fiscalizadas/controladas pela
sociedade, uma vez que inibiria este tipo de ação na política. A máquina administrativa é
usada como privilégio para beneficiar alguém ou um grupo de apoio político.
Assistencialismo ou Paternalismo: para se promover politicamente muitos políticos
precisam exercer esse tipo de política assistencialista ou paternalista, usando a máquina
administrativa como forma de “ajuda” e “caridade” aos mais necessitados. E para isso, não
raro, os políticos necessitam de verbas públicas que garantam o exercício da política
assistencialista e, nesse caso, quanto menos controle, mais fácil a utilização dessa prática.
Falta de Cultura Participativa e Fiscalizatória: a falta de participação e apatia política da
sociedade cria, sem dúvida, maiores facilidade para a corrupção (ci%c3%aancia-
politica/poder-e-corrupcao/) política e desvio de verbas públicas. Para o gestor mal
intencionado, que já entra na política com interesses particulares e partidários, quanto
menos participação do cidadão no controle das contas públicas melhor.
Fazer com que os cidadãos possam participar diretamente desse processo de construção
de uma sociedade mais democrática não é uma tarefa fácil, mas é essencial para a construção
de uma sociedade mais justa e igualitária. Esse controle pode ser feito por qualquer cidadão e,
para ajudar a sociedade no exercício desse controle, foram criados os Conselhos Municipais,
Estaduais e Nacionais (de educação, saúde, da cidade etc.) que são representados não apenas
pelos gestores, mas por prestadores de serviços, profissionais e inclusive, pelos próprios
usuários de um determinado serviço.

Os Conselhos de Políticas Públicas como instâncias de Controle

Os conselhos gestores de políticas públicas constituem uma das principais experiências de


democracia participativa no Brasil contemporâneo, contribuindo para o aprofundamento da
relação Estado e Sociedade e permitindo que os cidadãos se integrem à gestão administrativa e
participem da formulação, planejamento e controle das políticas públicas. E com base em
Raquel Raichelis (1998) é possível afirmar como a partir da aprovação da Constituição Federal
de 1988 (ci%c3%aancia-politica/poder-e-soberania/constituicao-federal/) o tema da participação
da sociedade ganha novos contornos e dimensões na esfera pública. Além disso,

a Constituição de 1988, também chamada de "Constituição Cidadã (ci%c3%aancia-


politica/poder-e-soberania/constituicao-federal/)" por ser o texto constitucional mais
democrático que o País possuiu, consagrou um contexto favorável à participação dos
cidadãos nos processos de tomada das decisões políticas essenciais ao bem-estar da
população. Entre essas iniciativas podemos citar a instituição dos conselhos de
políticas públicas. Nesses conselhos os cidadãos não só participam do processo de
tomada de decisões da Administração Pública, mas, também, do processo de
fiscalização e de controle dos gastos públicos, bem como da avaliação dos resultados
alcançados pela ação governamental (CGU, 2012, p. 18).

A partir das diretrizes constitucionais de participação da sociedade nas decisões


governamentais, a legislação brasileira passou a prever a existência de inúmeros conselhos de
políticas públicas (Conselhos de Saúde (ci%c3%aancia-politica/politicas-
publicas/saude/conselhos-de-saude/), CONCIDADE (ci%c3%aancia-politica/politicas-
publicas/politica-urbana/concidade/) - Conselho da Cidade), alguns com abrangência nacional e
outros cuja atuação é restrita a estados e municípios. Foi a partir da regulamentação e diretrizes
constitucionais que

[...] começaram a ser estruturados espaços públicos institucionais, como os conselhos


de políticas públicas e as conferências, mecanismos que concretizam os princípios
constitucionais de democratização e de controle social. A política de saúde
(ci%c3%aancia-politica/politicas-publicas/saude/) tinha uma experiência anterior de
participação e que serviu de referência às demais (MORONI, 2009, p. 110).

Eis como podemos definir os conselhos de políticas públicas:


[...] como espaço fundamentalmente político, institucionalizado, funcionando de forma
colegiada, autônomo, integrante do poder público, de caráter deliberativo, compostos
por membros do governo e da sociedade civil, com as finalidades de elaboração,
deliberação e controle da execução das políticas públicas (MORONI, 2009, p. 114).

De acordo com Eleonora Cunha (2004 e 2009) os conselhos de políticas públicas foram
instituídos com base nos seguintes princípios: participação, representação, deliberação,
publicidade e autonomia. A participação ampliou os canais de participação política da
sociedade, com representação de diferentes segmentos da sociedade civil organizada, com
poder de decisão e deliberação sobre as políticas públicas (ci%c3%aancia-politica/politicas-
publicas/), cujos debates e as decisões devem se dar de forma transparente para a sociedade e
com autonomia para criar as regras de seus funcionamentos.

E José Moroni (2009, p. 114 – adaptado) aponta as seguintes características dos


Conselhos de Políticas Públicas:

a. Órgão público estatal presente nas três esferas de governo e com participação popular por
meio de representantes da sociedade civil eleitos por seus pares;
b. Espaço público de relação e interlocução entre Estado e sociedade, criado por meio legal
(portanto institucional) e com composição paritária entre governo e sociedade;
c. Atribuições de deliberação de políticas públicas, deliberação orçamentária (aplicação de
recursos) e de controle social (controle da sociedade sobre o Estado);
d. Possibilidade de escolha através de eleição de seu presidente.

Através dos diferentes Conselhos é possível: fiscalizar a aplicação dos recursos públicos,
fiscalizar a prestação de serviços de uma determinada área (Educação, Saúde (ci%c3%aancia-
politica/politicas-publicas/saude/) ou Desenvolvimento Urbano (ci%c3%aancia-politica/politicas-
publicas/politica-urbana/) por exemplo), verificar se o governo está agindo de acordo com as
necessidades da população, além de influenciar nas decisões, planejamento e execução das
ações do governo.

Os Conselhos de Políticas Públicas possuem três vertentes:

Conselhos Gestores de Programas Governamentais, como merenda ou alimentação


escolar, ensino fundamental e crédito;
Conselhos de Políticas Setoriais, por meio da elaboração, implantação e controle das
políticas públicas, definidos por leis federais para concretizarem direitos de caráter
universal, como Saúde, Educação e Cultura;
Conselhos Temáticos, que visam acompanhar as ações governamentais junto a temas
transversais que permeiam os direitos e comportamentos dos indivíduos e da sociedade,
como Direitos Humanos, violência, discriminação contra a mulher, contra o negro, dentre
outros.

Além disso, eis as funções desempenhadas pelos Conselhos (CGU, 2012, p. 21):

Função Fiscalizadora: pressupõe o acompanhamento e o controle dos atos praticados


pelos governantes (os Conselhos fiscalizam quando: discutem sobre a movimentação e a
transferência, em si, dos recursos financeiros no âmbito de sua respectiva atuação, bem
como a execução da política da instância correspondente, acompanhando e controlando os
repasses Fundo a Fundo);
Função Mobilizadora: refere-se ao estímulo à participação popular na gestão pública e às
contribuições para a formulação e disseminação de estratégias de informação para a
sociedade sobre as políticas públicas;
Função Deliberativa: refere-se à prerrogativa dos conselhos de decidir sobre as
estratégias utilizadas nas políticas públicas de sua competência (quando o Conselho realiza
conferências para efetuar avaliações e formulações da política setorial, quando define e
aprova propostas orçamentárias, diretrizes, transferências de recursos financeiros, ele está
deliberando sobre um determinado assunto/política;
Função Consultiva: relaciona-se à emissão de opiniões e sugestões sobre assuntos que
lhes são correlatos (através de recomendações e moções, os conselhos exercem sua
atribuição de caráter consultivo. Recomendações ou moções são manifestações de
advertência ou o resultado de um assunto discutido em plenário que requer
posicionamento do Conselho, mas que não é possível deliberar, pois ultrapassa o poder do
Conselho).

Atualmente, a maior parte dos programas do governo federal prevê a participação dos
cidadãos na execução e controle das políticas públicas por meio de conselhos. Além disso, a
liberação de recursos a estados e municípios está vinculada à instituição de conselhos, que
devem contar com condições necessárias para o seu funcionamento, a exemplo do Programa
Nacional de Alimentação Escolar-PNAE, Programa Bolsa Família, Programa Saúde da Família-
PSF, Fundo de Educação Básica – Fundeb, dentre outros. Eis alguns exemplos de conselhos que
devem ser constituídos pelos municípios:

Conselho Municipal de Saúde

O que faz Quem faz parte

Controla o
dinheiro
destinado à
Representante(s) das
saúde.
pessoas que usam o
Acompanha as Sistema Único de
verbas que Saúde.
chegam pelo
Profissionais da área
Sistema Único de
de saúde (médicos,
Saúde (SUS) e os
enfermeiras).
repasses de
programas Representante(s) de
federais prestadores de
serviços de saúde
Participa da
(hospitais
elaboração das
particulares).
metas para a
saúde Representantes da
prefeitura
Controla a
execução das
ações na saúde

Fonte: CGU (2012, p. 22)

O controle social na saúde


Abrange as práticas de fiscalização e de participação nos processos deliberativos
relacionados à formulação de políticas de saúde e de gestão do SUS. Há mecanismos
institucionalizados que garantem a participação e o controle social, como os
Conselhos de Saúde e as Conferências de Saúde, com representatividade dos distintos
atores sociais. As Conferências de Saúde, que ocorrem a cada quatro anos, devem
avaliar o cumprimento das diretrizes contidas no respectivo Plano de Saúde e produzir
diretrizes que orientem novas políticas e programas no seu âmbito de atuação.
Conselhos e conferências são garantidos nas três esferas de gestão do SUS pela Lei n°
8.142, de 28 de dezembro de 1990. O SUS garante ao Ministério da Saúde (MS), aos
estados, ao Distrito Federal e aos municípios autonomia para administrar os recursos
da Saúde. Para isso, é preciso que cada esfera de gestão tenha seu Conselho de Saúde
funcionando de forma adequada. Ao MS e às Secretarias de Saúde cabe a
implementação de mecanismos para a gestão e apoio ao fortalecimento do controle
social no SUS, de mandatos entre membros dos conselhos e governantes, como forma
de minimizar as possibilidades de rupturas bruscas nas políticas implementadas
(SOUZA, 2012, p. 26).

As resoluções aprovadas nas conferências de políticas públicas se constituem como


diretrizes para o estabelecimento de políticas públicas (ci%c3%aancia-politica/politicas-
publicas/) em suas respectivas áreas, seja no campo da saúde (ci%c3%aancia-politica/politicas-
publicas/saude/), educação (ci%c3%aancia-politica/politicas-publicas/educa%c3%a7%c3%a3o/),
dentre outros, ou são tomadas como bases para a elaboração de diretrizes ou resoluções pelos
conselhos e órgãos públicos afins.

Como metodologia de participação [as Conferências] são uma importante forma de


acesso da população aos instrumentos democráticos de exercício do poder porque
funcionam como suplemento aos procedimentos da democracia representativa
(ciber-democracia/democracia-representativa/) que levam à ação efetiva na
condução dos temas afetos à vida dos eleitores (LAMBERTUCCI, 2009, p. 78).

NOTA

ver mais em: Políticas Públicas de Saúde (ci%c3%aancia-politica/politicas-publicas/saude/)

As Conferências Nacionais de Saúde (products/a15%c2%aa-conferencia-nacional-de-


saude/) têm afirmado a necessidade de estimular o controle social na Saúde, como podemos
perceber no caso da 12ª Conferência Nacional, quando esta afirma ser necessário:

Estimular e fortalecer a mobilização social e a participação cidadã nos diversos setores


organizados da sociedade, com a aplicação dos meios legais disponíveis, visando
efetivar e fortalecer o Controle Social na formulação, regulação e execução das
políticas públicas, de acordo com as mudanças desejadas para a construção do SUS
que queremos (BRASIL. MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2009, p. 16).
FORTALECER O CONTROLE SOCIAL NO SUS (SOUZA, 2012, p. 23)

O controle social na educação


Conselho do Fundo da Educação Básica (Fundeb)

O que faz Quem faz parte

Representantes do Poder Executivo


Municipal (Prefeitura), dos quais pelo
Examina os gastos realizados com menos 1 (um) deve ser da Secretaria
recursos do Programa. Municipal de Educação ou de órgão
Supervisiona o censo escolar anual e a educacional equivalente.
elaboração da proposta orçamentária Representante dos professores da
anual, com o objetivo de concorrer para educação básica pública.
o regular e tempestivo tratamento e
encaminhamento dos dados estatísticos Representante dos diretores das escolas
básicas públicas.
e financeiros.
Acompanha a aplicação dos recursos Representante dos servidores técnico
federais referentes ao Programa administrativos das escolas básicas
públicas.
Nacional de Apoio ao Transporte do
Escolar (Pnate) e ao Programa de Apoio Representante(s) dos pais de alunos da
aos Sistemas de Ensino para educação básica pública.
Atendimento à Educação de Jovens e Representante(s) dos estudantes da
Adultos, e, ainda, recebe e analisa as educação básica pública, um é indicado
prestações de contas referentes a esses pela entidade de estudantes
Programas, formula pareceres secundaristas.
conclusivos sobre a aplicação desses Representante(s) do respectivo Conselho
recursos e encaminha-os ao Fundo Municipal de Educação.
Nacional de Desenvolvimento da
Educação (FNDE). Representante do Conselho Tutelar da
Criança e do Adolescente, indicados por
seus pares, quando houver no município

Fonte: CGU (2012, p. 23)

Controle Social do ponto de vista Jurídico


O direito ao exercício de poder por parte dos cidadãos, assegurado pela Constituição
Federal de 1988 (BRASIL, 2015, Art. 1º, § 1º), permite ao cidadão junto aos Órgãos Públicos:
peticionar junto aos Poderes Públicos para a defesa de seus direitos (BRASIL, 2015, Art. 5º -
XXXIV), obter certidões em repartições públicas (BRASIL, 2015, Art. 5º - XXXV), fiscalizar as contas
municipais (BRASIL, 2015, Art. 31º, § 3º), denunciar irregularidades ou ilegalidades (BRASIL, 2015,
Art. 74º, § 2º), exercer o Controle Social (ciber-democracia/democracia-participativa/controle-
social/) através das políticas de saúde (BRASIL, 2015, Art. 198º - III), de assistência social (BRASIL,
2015, Art. 204º - II), e educação (BRASIL, 2015, Art. 206º - VI), cooperar por meio de associações
no planejamento municipal (BRASIL, 2015, Art. 29º - XII), receber informações das autoridades
(BRASIL, 2015, Art. 5º - XXXIII), promover ações judiciais e representações (BRASIL, 2015, Art. 5º -
LXXIII).

A Lei Orgânica da Saúde nº 8142/90 (http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l8142.htm)


já no seu Art. 1º promove a existência de um Conselho de Saúde a da Conferência de Saúde.
Art. 1° O Sistema Único de Saúde (SUS), de que trata a Lei n° 8.080, de 19 de setembro
de 1990 (http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l8080.htm), contará, em cada esfera
de governo, sem prejuízo das funções do Poder Legislativo (ci%c3%aancia-
politica/poder-e-soberania/poder-legislativo/), com as seguintes instâncias colegiadas:

I - a Conferência de Saúde; e

II - o Conselho de Saúde.

§ 1° A Conferência de Saúde reunir-se-á a cada quatro anos com a representação dos


vários segmentos sociais, para avaliar a situação de saúde e propor as diretrizes para a
formulação da política de saúde nos níveis correspondentes, convocada pelo Poder
Executivo (ci%c3%aancia-politica/poder-e-soberania/poder-executivo/) ou,
extraordinariamente, por esta ou pelo Conselho de Saúde.

§ 2° O Conselho de Saúde, em caráter permanente e deliberativo, órgão colegiado


composto por representantes do governo, prestadores de serviço, profissionais de
saúde e usuários, atua na formulação de estratégias e no controle da execução da
política de saúde na instância correspondente, inclusive nos aspectos econômicos e
financeiros, cujas decisões serão homologadas pelo chefe do poder legalmente
constituído em cada esfera do governo.

No Art. 1º, § 2º, § 4º e § 5º, é promovida a necessidade de participação popular com


paridade em relação aos demais segmentos sociais (Art. 1º § 4º), seja para avaliar a situação da
saúde e formular novas diretrizes (Art. 1º § 1º), seja para aprovar as normas que regem tais
instâncias (Art. 1º § 5º) e também para controlar a execução da política de saúde no que tange
os aspectos econômicos, financeiros e fiscalizatórios (Art. 1º § 2º).

Quanto à Lei Orgânica da Assistência Social nº 8742/93


(http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l8742.htm), de grande importância também para as
organizações sociais, traz no seu bojo a participação popular na formulação das políticas e no
controle das ações,

Art. 5º A organização da assistência social tem como base as seguintes diretrizes:

I - descentralização político-administrativa para os Estados, o Distrito Federal e os


Municípios, e comando único das ações em cada esfera de governo;

II - participação da população, por meio de organizações representativas, na


formulação das políticas e no controle das ações em todos os níveis;

Legitima as instâncias deliberativas com composição paritária entre governo e sociedade civil
por meio do Art. 6º:

Art. 6o A gestão das ações na área de assistência social fica organizada sob a forma de
sistema descentralizado e participativo, denominado Sistema Único de Assistência
Social (Suas), com os seguintes objetivos: (Redação dada pela Lei nº 12.435, de 2011)
I - consolidar a gestão compartilhada, o cofinanciamento e a cooperação técnica entre
os entes federativos que, de modo articulado, operam a proteção social não
contributiva; (Incluído pela Lei nº 12.435, de 2011)

II - integrar a rede pública e privada de serviços, programas, projetos e benefícios de


assistência social, na forma do art. 6o-C; (Incluído pela Lei nº 12.435, de 2011)

III - estabelecer as responsabilidades dos entes federativos na organização, regulação,


manutenção e expansão das ações de assistência social;

IV - definir os níveis de gestão, respeitadas as diversidades regionais e municipais;


(Incluído pela Lei nº 12.435, de 2011)

Dessa forma verificamos o estímulo à criação de mecanismos de Controle Social (ciber-


democracia/democracia-participativa/controle-social/), na forma de conselhos representativos,
reconhecendo que os processos de descentralização devem ser acompanhados não somente
da qualificação do gestor local, como também da participação da sociedade no planejamento,
acompanhamento e verificação das ações. Para muitos cidadãos brasileiros a participação
nesses conselhos propiciou a primeira oportunidade de experiência em gestão democrática e
participativa.

A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Brasileira nº 9394/96


(http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l9394.htm) – enseja a participação do cidadão com a
garantida da existência de um Conselho Nacional de Educação: “A União incumbir-se-á de [...]
Na estrutura educacional, haverá um Conselho Nacional de Educação, com funções normativas
e de supervisão e atividade permanente, criado por lei” (Art. 9º, § 1º). E defende uma gestão
democrática com a participação dos profissionais da educação e da comunidade escolar nos
conselhos escolares:

Art. 14. Os sistemas de ensino definirão as normas da gestão democrática do ensino


público na educação básica, de acordo com as suas peculiaridades e conforme os
seguintes princípios:

I - participação dos profissionais da educação na elaboração do projeto pedagógico da


escola;

II - participação das comunidades escolar e local em conselhos escolares ou


equivalentes.

De maneira análoga, o Estatuto da Criança e do Adolescente, Lei nº 8069/90


(http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l8069.htm), no Art. 88 – II, também visa promover a
criação de Conselhos municipais, estaduais e nacionais dos direitos da criança e do adolescente,
assegurando a participação paritária da comunidade utilizando-se de organizações
representativas.

Art. 88. São diretrizes da política de atendimento:


I - municipalização do atendimento;

II - criação de conselhos municipais, estaduais e nacional dos direitos da criança e do


adolescente, órgãos deliberativos e controladores das ações em todos os níveis,
assegurada a participação popular paritária por meio de organizações representativas,
segundo leis federal, estaduais e municipais;

Referências Bibliográficas

BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil


(http://bd.camara.gov.br/bd/handle/bdcamara/15261). 48. ed. Brasília: Câmara dos Deputados,
Edições Câmara, 2015.

____. MINISTÉRIO DA SAÚDE. Secretaria de Gestão Estratégica e Participativa. Política Nacional


de Gestão Estratégica e Participativa no SUS - ParticipaSUS
(http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/politica_estrategica_participasus_2ed.pdf). 2.
ed. Brasília – DF: Editora do Ministério da Saúde, 2009. (Série B. Textos Básicos de Saúde).
Acessado em 01/08/2015.

CGU – Controladoria-Geral da União. Controle Social


(https://bvc.cgu.gov.br/bitstream/123456789/3671/1/controle_social.pdf): orientações aos
cidadãos para participação na gestão pública e exercício do controle social. Brasília, DF, 2012.
(Coleção Olho Vivo no Dinheiro Público). Acessado em 01/08/2015.

CUNHA, Eleonora Schettini M. Aprofundando a democracia: o potencial dos Conselhos de


Políticas e Orçamentos Participativos. Dissertação (Mestrado em Ciência Política). Faculdade de
Filosofia e Ciências Humanas. Universidade Federal de Minas Gerais. Belo Horizonte, 2004.

____. Efetividade deliberativa: estudo comparado de conselhos municipais de assistência social


(1997/2006). Tese (Doutorado em Ciência Política). Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas.
Universidade Federal de Minas Gerais. Belo Horizonte, 2009.
LAMBERTUCCI, Antonio Roberto. A participação social no governo Lula. In: AVRITZER, Leonardo
(org.). Experiências nacionais de participação social. São Paulo: Cortez, 2009. (Coleção
Democracia Participativa)

MORONI, José Antônio. O direito à participação no governo Lula. In: AVRITZER, Leonardo [org.].
Experiências nacionais de participação social. São Paulo: Cortez, 2009. (Coleção Democracia
Participativa).

RAICHELIS, Raquel. Articulação entre os conselhos de políticas públicas: uma pauta a ser
enfrentada pela sociedade civil (http://igepp.com.br/uploads/arquivos/apu_93.pdf). Serviço
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SILVA, Francisco Carlos da Cruz. Controle social: reformando a administração para a sociedade.
Brasília, 2001.
SOUZA, Jomilton Costa. Avaliação da implementação da política ParticipaSUS com foco na
estruturação dos Conselhos Estaduais de Saúde. Dissertação (Mestrado em Ciências da
Saúde). Programa de Pós-Graduação em Ciências da Saúde da Universidade de Brasília. Brasília-
DF, 2012.

[1] Os Tribunais de Contas não fazem parte do poder judiciário (ci%c3%aancia-politica/poder-e-


soberania/poder-judiciario/), como o nome poderia erroneamente sugerir, mas são
considerados antes, como “tribunais administrativos” que julgam as contas de administradores,
bens e valores públicos. A Constituição Federal de 1988 deu ao TCU (Tribunal de Contas da
União) o papel de ajudar o Congresso Nacional no exercício do controle externo.
[2] O controle social é um dos fundamentos da Constituição de 1988 e é uma forma de
aumentar a participação popular na gestão da coisa pública. A Carta Magna prevê a participação
popular direta ou por meio de organizações representativas na formulação das políticas
públicas e no controle das ações em todos os níveis. Foram incluídas, no texto constitucional,
diversas formas participativas de gestão e controle em áreas como saúde, educação, assistência
social, políticas urbanas, meio ambiente, entre outras.

(Ciber)democracia (ciber-democracia/) → Democracia Participativa (ciber-


democracia/democracia-participativa/) → Participativa Controle Social

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Veja Também:

1. Para uma análise mais aprofundada do conceito de democracia participativa e/ou deliberativa, veja a
publicação da nossa Tese de Doutorado: Conselhos de Políticas Públicas, Política Deliberativa e
Educação Popular (products/conselhos-de-politicas-publicas-politica-deliberativa-e-educacao-popular/)

2. Ação popular, ferramenta para o controle social do patrimônio coletivo (products/acao-popular/)


3. Conselhos de Saúde (products/conselhos-de-saude/)

4. Conselho das Cidades - CONCIDADE (products/concidade-parintins-am/)

Apresentação de Slides

Gestão Democrática e Conselhos de Políticas Públicas


(https://drive.google.com/file/d/0B_rZqjLEze7dZVpaSjRDMHdxSk0/view)

Conselhos de Saúde (https://politicaonlineblog.files.wordpress.com/2016/08/conselhos-de-


sac3bade.pptx)

Participação e Controle Social no Sistema Nacional de Desenvolvimento Urbano


(https://politicaonlineblog.files.wordpress.com/2016/08/participac3a7c3a3o-e-controle-social-no-
sndu.pptx)

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