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Advocacia, Consultoria Dr.

Carlos Alberto Andrade


e Assessoria Jurídica OAB/SC 55930
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ILUSTRÍSSIMO(A) SENHOR(A) PRESIDENTE DA JUNTA


ADMINISTRATIVA DE RECURSOS DE INFRAÇÃO DE TRÂNSITO – JARI /
CIRETRAN-PALHOÇA.

PROCESSO ADMINISTRATIVO nº 4175/2021

ANGELINA CLEISE FLORENZANO, brasileira, casada,


enfermeira, portadora do RG nº 1.468.306, SSP/SC, CPF nº 482.346.219-04, residente e
domiciliada na Rua: Vicente Silva, 209, Centro, Santo Amaro da Imperatriz/SC, CEP
88140-000, por intermédio do seu advogado que esta subscreve ao final (procuração em
anexo), vem mui respeitosamente à presença de Vossa Senhoria, em conformidade com
os arts. 281 e 285, ambos do CTB, Resolução 299/08 e Resolução nº 619/2016 do
CONTRAN, da Lei Federal 9.784/99, e CF/88, para apresentar

RECURSO PROCESSO ADMINISTRATIVO

em desfavor ao PROCESSO ADMINISTRATIVO nº 4175/2021, promovido pela


DETRAN/SC – CIRCUNSCRIÇÃO REGIONAL DE TRÂNSITO DE PALHOÇA,
conforme restará demonstrada pelos fatos e fundamentos de direito a seguir aduzidas:

I – PRELIMINARMENTE

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1.1 - Sobre o julgamento da Defesa Prévia

Oportuno destacar que, embora demonstrado na defesa prévia


que a RECORRENTE foi surpreendida ao receber em sua residência a notificação
sobre a instauração do processo administrativo de suspensão do direito de dirigir, sem
ao menos ser notificada sobre a infração que originou o PASDD, o órgão executivo de
trânsito optou por desconsiderar a ausência de comprovação das notificações,
imputando ao condutor a responsabilidade na apresentação dos comprovantes.

Neste caso, conforme poderá ser constatado no Processo


Administrativo de Suspensão do Direito de Dirigir – PASDD, que a CIRETRAN
deixou de cumprir com a legislação vigente, permitindo a instauração do processo
eivado de vícios, ferindo princípios constitucionais como: Devido Processo Legal,
Contraditório e Ampla Defesa, suprimindo direitos da RECORRENTE.

O Egrégio Tribunal de Justiça de Santa Catarina decidiu em


caso análogo:
APELAÇÃO CÍVEL E REEXAME NECESSÁRIO. MANDADO DE
SEGURANÇA. INFRAÇÃO DE TRÂNSITO. ANULAÇÃO DE
PROCEDIMENTO ADMINISTRATIVO POR
CERCEAMENTO DE DEFESA. SEGURANÇA CONCEDIDA.
AUTUAÇÃO EM FLAGRANTE E CONSEQUENTE
DISPENSABILIDADE DA DUPLA NOTIFICAÇÃO.
INACOLHIMENTO. INFRATOR QUE, APESAR DA
FLAGRÂNCIA, NÃO FOI COMUNICADO SOBRE A EFETIVA
ABERTURA DO PROCEDIMENTO ADMINISTRATIVO.
CORRESPONDÊNCIAS ENVIADAS AO ENDEREÇO CORRETO,
COM RETORNO SEM A DEVIDA ENTREGA. ÊXITO, APENAS,
NA NOTIFICAÇÃO FINAL AFETA À IMPOSIÇÃO DA
PENALIDADE. IMPOSSIBILIDADE DO EXERCÍCIO DO
DIREITO DE DEFESA. ILEGALIDADE CONFIGURADA.
LITIGÂNCIA DE MÁ-FÉ. INSUBSISTÊNCIA. INEXISTÊNCIA
DE DOLO, MÁFÉ OU INTUITO PROCRASTINATÓRIO.
RECURSO VOLUNTÁRIO CONHECIDO E DESPROVIDO.
REMESSA NECESSÁRIA CONHECIDA COM MANUTENÇÃO
DA SENTENÇA. (TJSC, Apelação / Remessa Necessária n. 0312890-
27.2018.8.24.0064, do Tribunal de Justiça de Santa Catarina, rel.

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Paulo Ricardo Bruschi, Terceira Câmara de Direito Público, j. 03-11-


2020). (grifo nosso)

Colhe-se, ainda, em situações semelhantes:


REEXAME NECESSÁRIO. MANDADO DE SEGURANÇA.
INFRAÇÃO DE TRÂNSITO. INSTAURAÇÃO DE PROCESSO
ADMINISTRATIVO. TENTATIVAS FRUSTRADAS DE
NOTIFICAÇÃO VIA POSTAL COM AVISO DE
RCEBIMENTO. CIENTIFICAÇÃO POR EDITAL. NULIDADE.
NECESSIDADE DE ESGOTAMENTO DE TODOS OS MEIOS
DE CIENTIFICAÇÃO PESSOAL DO INFRATOR. ARTIGO 10
DA RESOLUÇÃO N. 182/2005 DO CONTRAN. CERCEAMENTO
DE DEFESA. VIOLAÇÃO AOS PRINCÍPIOS DO
CONTRADITÓRIO E DA AMPLA DEFESA. CORRETA
CONCESSÃO DA SEGURANÇA. DIREITO LÍQUIDO E CERTO
EVIDENCIADO. REMESSA NECESSÁRIA CONHECIDA, COM A
MANUTENÇÃO DA SENTENÇA. (TJSC, Remessa Necessária
Cível n. 5006009-81.2020.8.24.0054, do Tribunal de Justiça de Santa
Catarina, rel. Vera Lúcia Ferreira Copetti, Quarta Câmara de Direito
Público, j. 30-09-2021). (grifo nosso)

AGRAVO DE INSTRUMENTO EM MANDADO DE


SEGURANÇA. INFRAÇÃO DE TRÂNSITO. IMPETRAÇÃO
VISANDO A ANULAÇÃO DOS ATOS ADMINISTRATIVOS QUE
APLICARAM, EM PROCEDIMENTALIZAÕES CONEXAS,
SANÇÃO DE SUSPENSÃO DO DIREITO DE DIRIGIR VEÍCULO
AUTOMOTOR E FREQUÊNCIA EM CURSO DE RECICLAGEM.
ENCAMINHAMENTO DAS NOTIFICAÇÕES SOBRE A
INSTAURAÇÃO DO PROCESSO ADMINISTRATIVO E A
RESPEITO DA APLICAÇÃO DA SANÇÃO ADMINISTRATIVA
PARA O ENDEREÇO CONSTANTE DO RENACH. INFRATOR
QUE, TODAVIA, AO ENSEJO DA AUTUAÇÃO EM
FLAGRANTE, DECLINOU OUTRO ENDEREÇO. AUTORIDADE
DE TRÂNSITO QUE EM PRINCÍPIO NÃO PROCEDEU
TENTATIVA DE NOTIFICAÇÃO NESTE LOGRADOURO. NÃO
ESGOTAMENTO DE TODOS OS MEIOS PREVISTOS PARA
NOTIFICAR DO INFRATOR ANTES DA CIENTIFICAÇÃO POR
EDITAL. ART. 10, § 2º, DA RESOLUÇÃO CONTRAN N. 182/05.
APARENTE NULIDADE DAS PROCEDIMENTALIZAÇÕES E,
ASSIM, DO SANCIONAMENTO. FUMUS BONI JURIS E
PERICULUM IN MORA CARACTERIZADOS. ART. 7º, INC. III,
DA LEI N. 12.016/09. DECISÃO REFORMADA PARA
CONCEDER A MEDIDA LIMINAR. AGRAVO DE
INSTRUMENTO CONHECIDO E PROVIDO. (TJSC, Agravo de
Instrumento n. 5023245-77.2021.8.24.0000, do Tribunal de Justiça de
Santa Catarina, rel. Francisco José Rodrigues de Oliveira Neto,
Segunda Câmara de Direito Público, j. 28-09-2021).

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REMESSA NECESSÁRIA. CONSTITUCIONAL E


ADMINISTRATIVO. MANDADO DE SEGURANÇA.
SUSPENSÃO DO DIREITO DE DIRIGIR. SENTENÇA
CONCESSIVA DA ORDEM. PROCESSO ADMINISTRATIVO
INSTAURADO. AUSÊNCIA DE INTIMAÇÃO DO AUTOR PARA
APRESENTAR A SUA DEFESA ESCRITA. MEIOS PREVISTOS
PARA NOTIFICAÇÃO DO IMPETRANTE NÃO ESGOTADOS.
INOBSERVÂNCIA AO ART. 10 DA RESOLUÇÃO Nº 182/05 DO
CONTRAN. NUMERAÇÃO DA RUA DO AUTOR CADASTRADA
EQUIVOCADAMENTE NO SISTEMA DO ÓRGÃO DE
TRÂNSITO ESTADUAL. AVISO DE RECEBIMENTO
DEVOLVIDO COM A INFORMAÇÃO "DESTINATÁRIO
DESCONHECIDO". AFRONTA AOS PRINCÍPIOS DO
CONTRADITÓRIO E DA AMPLA DEFESA. CERCEAMENTO
DE DEFESA CONFIGURADO. NULIDADE CONFIRMADA.
SENTENÇA MANTIDA EM REEXAME NECESSÁRIO. (TJSC,
Remessa Necessária Cível n. 0302731-96.2018.8.24.0008, do Tribunal
de Justiça de Santa Catarina, rel. Carlos Adilson Silva, Segunda
Câmara de Direito Público, j. 09-02-2021). (grifo nosso)

MANDADO DE SEGURANÇA. PROCESSO ADMINISTRATIVO


PARA IMPOSIÇÃO DE PENA DE SUSPENSÃO DE DIRIGIR.
FALTA DE ESGOTAMENTO DAS TENTATIVAS DE
NOTIFICAÇÕES PESSOAIS E POSTAIS ANTES DA
NOTIFICAÇÃO POR EDITAL. INDICATIVO DE OFENSA A
DIREITO LÍQUIDO E CERTO. EXTINÇÃO LIMINAR DO FEITO.
IMPOSSIBILIDADE DE JULGAMENTO DO MÉRITO PELO
TRIBUNAL. AUTORIDADE COATORA AINDA NÃO
NOTIFICADA. DEVOLUÇÃO DOS AUTOS À ORIGEM. (TJSC,
Apelação n. 5001664-31.2019.8.24.0079, do Tribunal de Justiça de
Santa Catarina, rel. Sônia Maria Schmitz, Quarta Câmara de Direito
Público, j. 22-10-2020). (grifo nosso)

REEXAME NECESSÁRIO EM MANDADO DE SEGURANÇA.


INFRAÇÃO DE TRÂNSITO. OBTENÇÃO DA CNH
DEFINITIVA. ORDEM CONCEDIDA. NULIDADE DA
NOTIFICAÇÃO DO CONDUTOR ACERCA DA APLICAÇÃO
DA PENALIDADE. EXPEDIENTE ENVIADO AO ENDEREÇO
INFORMADO E CONSTANTE NO CADASTRO DO ÓRGÃO
DE TRÂNSITO. AVISO DE RECEBIMENTO DEVOLVIDO
PELO MOTIVO "NÃO PROCURADO". POSTERIOR
INTIMAÇÃO EDITALÍCIA. NULIDADE. AUSÊNCIA DE
ESGOTAMENTO DOS MEIOS DE CIENTIFICAÇÃO
PESSOAL DO INFRATOR. ARTIGO 10 DA RESOLUÇÃO N.
182/2005 DO CONTRAN. CERCEAMENTO DE DEFESA
CARACTERIZADO. CORRETA CONCESSÃO DA SEGURANÇA.
REMESSA NECESSÁRIA CONHECIDA, COM MANUTENÇÃO
INTEGRAL DA SENTENÇA. (TJSC, Remessa Necessária Cível n.
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0305883-26.2016.8.24.0008, de Blumenau, rel. Bettina Maria


Maresch de Moura, Quarta Câmara de Direito Público, j. 13-08-2020).
(grifo nosso)

Diante de todo exposto, requer seja recebido e provido o


presente RECURSO ADMINISTRATIVO, para ao final ser julgado pela procedência
do reconhecimento das ausências dos comprovantes de notificações dos autos de
infrações de trânsito (art. 281, CTB), como também ausência dos comprovantes das
notificações da aplicação de penalidade de multas (art. 282, CTB), determinando o
cancelamento do PASDD ora atacado.

II – DO MÉRITO

2.1 – Sobre o processo administrativo de suspensão do direito de dirigir

Os fatos e fundamentos ventilados no presente Processo


Administrativo instaurado pelo Departamento Estadual de Trânsito de Santa Catarina
está à mingua do parco conteúdo probatório ab inicio, sem ao menos apresentar os
comprovantes de notificação da autuação de infração de trânsito (art. 281 do CTB), e
consequentemente, notificação de aplicação de penalidade (art. 282 do CTB).

O Termo de Instauração e Notificação sobre a do Processo


Administrativo ora combatido está eivado de vícios, como: ausência do AIT expedido
pelo Órgão Autuador dentro do prazo legal; ausência do comprovante de notificação do
proprietário do veículo/condutor (ARs) que permite a ampla defesa e contraditório;
como tantas outras que deverão ser apreciadas no mérito da presente defesa.

Dito isso, o presente Processo Administrativo, além de estar


desacompanhado de provas necessárias para instauração do Processo Administrativo
que, diante do que restou ventilado na acusação e, quando muito, acompanhado de
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apenas um EXTRATO DE AUTO DE INFRAÇÃO DE TRÂNSITO expedido pelo


SISTEMA DE INFRAÇÕES / SC – DETRANNET, restando que, o presente
Processo Administrativo há que ser julgado inapto, improcedente, diante da ausência
dos requisitos mínimos ensejadores de um Processo Administrativo de Suspensão do
Direito de Dirigir, bem como, para que seja declarada a sua validade jurídica.

Em referência ao dito, a Resolução nº 008/2004 do


CETRAN/SC destaca que:
Art. 3º O processo administrativo de trânsito inicia-se com a
notificação do infrator para que, querendo, apresente defesa da
autuação no prazo não inferior a 15 (quinze) dias, contados a partir da
data da notificação da autuação.

Art. 4º Considerar-se-á notificado da autuação o infrator quando:

I – colhida sua assinatura no momento da autuação, desde que:

a) seja a infração de responsabilidade do condutor;

b) seja a infração de responsabilidade do proprietário e este estiver


conduzindo o veículo;

II – recebida a notificação postal da autuação;

§ 1º. Somente se considerará notificado da autuação nas hipóteses


previstas nas alíneas “a” e “b” do inciso I, do caput deste artigo, se no
auto de infração de trânsito constar a data do término do prazo para a
apresentação da defesa da autuação.

§ 2º. Frustradas as tentativas de notificação levadas a efeito com


base nos incisos I e II do caput deste artigo, a notificação da
autuação deverá ser promovida através de edital publicado,
alternativamente:

a) no Diário Oficial do Estado;

b) em órgão de imprensa oficial do Município;

c) em jornal de circulação no Município ou na região onde ocorreu a


infração.

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§ 3º Na contagem do trintídio legalmente estabelecido para


expedição da notificação da autuação, excluir-se-á o dia da
ocorrência do ilícito e incluir-se-á o do vencimento, e considerarse-ão
os dias consecutivos. (grifo nosso)

Não diferente é o posicionamento do CONTRAN referente ao


tema combatido, em que a Resolução nº 723/2018, atenta para os requisitos para a
instauração do Processo Administrativo de Suspensão do direito de dirigir, vejamos:
Art. 10. O ato instaurador do processo administrativo de suspensão do
direito de dirigir de que trata esta Resolução, conterá o nome, a
qualificação do infrator, a(s) infração(ões) com a descrição sucinta dos
fatos e a indicação dos dispositivos legais pertinentes.

[...]

§ 3º A notificação será expedida ao infrator por remessa postal,


por meio tecnológico hábil ou por outro meio que assegure a sua
ciência. (grifo nosso)

Ainda com base no art. 7º, II e III, da Resolução nº


723/2018/CONTRAN, vejamos:
Art. 7º O auto de infração será arquivado e seu registro julgado
insubsistente:

[...]

II – se considerado inconsistente ou irregular; III – se, no prazo


máximo de trinta dias, não for expedida a notificação da autuação.
(grifo nosso)

Diante de todo o exposto, requer-se seja o presente processo


administrativo julgado insubsistente, devendo ser cancelado e arquivado.

2.2 - Sobre o auto de infração de trânsito - AIT

Conforme já apresentado em preliminar, segue as


irregularidades identificadas no presente AIT.

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2.2.1 – Ausência dos AITs expedido no prazo de 30 dias

É cediço que o art. 281, PU, em seu inciso II, do Código de


trânsito Brasileiro – CTB, determina que, depois de lavrado o AIT, deve-se notificar o
suposto infrator para querendo apresente sua defesa, no prazo MÁXIMO de até 30
(trinta) do ato do cometimento da infração. Ressaltando que a multa somente deve ser
imposta após lhe ser disponibilizado o direito à ampla defesa e ao contraditório, quais
sejam PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS, fato este que no presente caso não
ocorreu.

Desta forma, o artigo 281 do CTB, trata sobre a notificação da


autuação, senão vejamos:
Art. 281. A autoridade de trânsito, na esfera da competência
estabelecida neste Código e dentro de sua circunscrição, julgará a
consistência do auto de infração e aplicará a penalidade cabível.

Parágrafo único. O auto de infração será arquivado e seu registro


julgado insubsistente:

I - se considerado inconsistente ou irregular;

II - se, no prazo máximo de trinta dias, não for expedida a


notificação da autuação. (Grifo nosso)

Desta forma, conforme é possível de verificar nos autos do


processo administrativo em anexo, o Estado através do Órgão competente para
fiscalização e gestão do trânsito, deixou de cumprir com os preceitos legais, não
apresentando nos autos, os documentos (AIT) inicial para a abertura do Processo
Administrativo de Suspenção do direito de dirigir.

Assim, mesmo com previsão legal, taxativa, referente a


obrigatoriedade da EXPEDIÇÃO do AUTO DE INFRAÇÃO DE TRÂNSITO pelo
Órgão Autuador no prazo máximo de até 30 (trinta) dias, a contar da data do
cometimento da infração, e sendo este documento obrigatório para dar-se início aos

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procedimentos da aplicação da penalidade prevista para o ato infracional, o DETRAN


também deixou de apresenta-lo, tornando a pretensão punitiva do poder Estatal, um
ATO NULO.

Não obstante, conforme será demonstrado é possível de observar


uma afronta aos dispositivos legais: art. 281, PU, II do CTB; art. 282, § 4º do CTB;
Súmula 312 do STJ; além do que, o descumprimento do Princípio Constitucional do
contraditório e ampla defesa, previsto no art. 5º, inciso LV da CF.

2.2.2 - Sobre a ausência dos comprovantes do envio das notificações (AR) dos autos
de infração de trânsito

Como se não bastasse a falta do AIT expedido no prazo máximo


de 30 dias do cometimento do ato infracional, o Órgão responsável pela administração
de trânsito, deixou de demonstrar que o RECORRENTE fora intimado através do
comprovante de “AR”, fornecido pelo Correios no momento da intimação, ou, por
qualquer outro meio legal, sobre o a suposta infração cometida.

Assim, lamentavelmente, não constam no processo de suspensão


do direito de dirigir ora atacado, o comprovante (AR) do envio da comunicação da
suposta infração cometida pelo RECORRENTE, do AIT ora combatido.

É cediço que estamos diante de uma gritante violação de direitos


promovida pelo poder ESTATAL, na qual insistiu em instruir o processo
administrativo de suspensão do direito de dirigir, sem ao menos cumprir os requisitos
legais acima citados.

Neste caso, o art. 281, § 1º, em seu inciso II, do Código de


Trânsito Brasileiro – CTB, mesmo determinando que depois de lavrado o AUTO DE
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INFRAÇÃO DE TRÂNSITO, deve-se notificar o suposto infrator para que o mesmo,


possa apresentar sua defesa, o Estado deixou de cumprir, conforme é possível de
verificar no PROCESSO ADMINISTRATIVO ora atacado.

O mesmo dispositivo legal, ressalta ainda que a multa somente


deve ser imposta após lhe ser disponibilizado o direito à AMPLA DEFESA E AO
CONTRADITÓRIO, o que no presente caso não ocorreu.

Em suma, tem-se com a leitura primária dos dispositivos acima


citados, que, a autoridade de trânsito não utilizou dos recursos necessários para notificar
o proprietário, ou, o suposto infrator sobre a imposição da penalidade.

Destaca-se no artigo citado (art. 282 do CTB), in fine, que, o


meio usado para a ciência da imposição da penalidade, deve assegurar a necessária
ciência do suposto infrator.

Acompanhando o ensinamento de Pinheiro1 , ao comentar o


artigo 282 do CTB, assevera que:
Embora se tenha em conta a respeitabilidade do serviço postal, como
da notificação resultarão consequências jurídicas importantes, é
conveniente, senão indispensável, que a remessa postal seja feita
através de aviso de recebimento (AR), com o que será eliminada
qualquer dúvida quanto a remessa do documento.

Ainda acerca do assunto, Rizzardo2 ensina que:


Entrementes, é necessária a comprovação da entrega ao destinatário
ou na residência por este indicada em seu prontuário junto ao
DETRAN ou órgão encarregado. Do contrário, resta ferido o direito
de defesa. Possível que a empresa responsável extravie o documento.

[...]

1
Código de Trânsito Brasileiro Interpretado, Ed. Juarez de Oliveira, 2000, pág..449.
2
Arnaldo Rizzardo – Comentários ao código de trânsito brasileiro – 7. Ed. – São Paulo : Editora Revista
dos Tribunais, 2008. Págs. 554 e 556.
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A garantia da plena defesa implica a observância do rito, as


cientificações necessárias, a oportunidade de objetar a acusação desde
o seu nascedouro, a produção de prova, o acompanhamento do iter
procedimental, bem como a utilização dos recursos cabíveis.

A Administração Pública, mesmo no exercício do seu poder de polícia


e nas atividades self executing, não pode impor aos administrados
sanções que repercutam no seu patrimônio sem a preservação da
ampla defesa, que in casu se opera pelas notificações apontadas no
CTB. (grifou-se)

O próprio Superior Tribunal de Justiça mesmo antes da


publicação da Resolução 619/2016 do CONTRAN, que uniformizou o procedimento
administrativo da lavratura do auto de infração, já vinha impondo a notificação, a fim de
possibilitar a defesa do autuado:
Em homenagem aos princípios da ampla defesa e do contraditório,
deve ser inequívoco o conhecimento das notificações relativas a
infrações de trânsito, não se mostrando razoável que o condutor ou
proprietário do veículo tenha a obrigação de comprovar que não foi
devidamente cientificado, cabendo essa demonstração aos órgãos de
trânsito, estes cada vez mais aparelhados em sua estrutura funcional.
(Resp 89,116/SP, da 2a Turma doSTJ, j. em 06/03/2001, DJU
30,04,2002).

No mais, houve afronta no que preconiza a CRFB/1988 em seu


artigo 5°, incisos LIV e LV da CF/88, vejamos:
“ninguém será privado da liberdade ou de seus bens sem o devido
processo legal”; bem como, “aos litigantes, em processo judicial ou
administrativo, e aos acusados em geral são assegurados o
contraditório e ampla defesa, com os meios e recursos a ela inerentes".

Ainda, destacam-se os princípios norteadores da administração


pública que foram absolutamente prejudicados, pois julgaram um processo totalmente
ilegal, ferindo a LEGALIDADE, IMPESSOALIDADE, MORALIDADE,
PUBLICIDADE E EFICIÊNCIA.

Conforme já debatido, e oportuno de destacar, a ausência da


notificação através do AUTO DE INFRAÇÃO DE TRÂNSITO, ressalto, que a

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autoridade de trânsito deve notificar o proprietário do veículo da autuação no prazo


máximo de até 30 dias (art. 281, PU, inciso II, do CTB) e, somente o infrator não
apresentando a Defesa Prévia (619/2015 do CONTRAN e Art. 5º, inciso LV, da CF),
também no prazo de 30 dias, deverá a autoridade de trânsito julgar a consistência do
Auto de Infração, e, então, aplicar, se for o caso, as penalidades cabíveis.

Assim, conforme desta a autora Maria Sylvia Zanella Di Pietro


de modo impecável, sustentando que:
[...] a inobservância das formalidades que precedem o ato e o
sucedem, desde que estabelecidas em lei, determinam a sua
invalidade" (Direito Administrativo. 10ª ed. São Paulo. Atlas, 1998, p.
172).

Desta forma, e na ordem das ideias expostas, temos a convicção


de afirmar que não se justifica, o órgão de trânsito, emitir uma notificação de imposição
de penalidade de suspensão do direito de dirigir, sem cumprir o que prescreve o artigo
281 do CTB, o qual determina, entre outros, que a autoridade de trânsito deve julgar a
consistência do auto de infração e aplicar a penalidade cabível, ou se conter erro ou
inconsistência, deverá cancelar o auto de infração, que é o casu in tela.

Não diferente, o Tribunal Regional Federal da 4ª Região, assim


se manifesta:
“ADMINISTRATIVO. MANDADO DE SEGURANÇA.
INFRAÇÃO DE TRÃNSITO. DEFESA PRÉVIA. AUSÊNCIA DE
NOTIFICAÇÃO. PRAZO DA IMPETRAÇÃO.
1. O condutor do veículo deve ser notificado do auto de infração, o
que não se confunde com a notificação da imposição da multa, a ser
expedida após regular julgamento da consistência do auto de infração.
2. Procedimento administrativo que ofende o contraditório e a ampla
defesa, bem como a disposição do Código de Trânsito Brasileiro, que
determina a homologação, em decisão específica, do auto de infração.
3. Omissis;
4. Omissis.

Nestes aspectos, restará devidamente demonstrado que o


PROCESSO ADMINISTRATIVO ora atacado, não preenchem os requisitos legais,
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bem como, não foram cumpridos os requisitos de notificação de penalidade, ou seja,


cerceando o direito ao CONTRADITÓRIO E A AMPLA DEFESA do
RECORRENTE.

De sorte, demonstrando que esteja em total irregularidade ante a


ausência das devidas notificações, sendo que nos termos do artigo 281, PU, inciso II, do
CTB, o Auto de Infração de Trânsito (AIT) ora atacado deve ser arquivado e seu
registro julgado insubsistente.

2.2.3 – Ainda sobre o auto de infração de trânsito

2.2.3.1 – Sobre o estudo técnico da necessidade da instalação do equipamento de


fiscalização de velocidade

É sabido que, nos casos de instalação de aparelhos medidores de


velocidade do tipo fixo, como no presente caso, é necessário que a autoridade de
trânsito responsável pela via em questão, realize estudo técnico que venham a
comprovar a necessidade de controle ou redução do limite de velocidade no local.

Conforme é possível de observar, a Resolução n° 396/2011, ao


dispor sobre requisitos técnicos mínimos para a fiscalização da velocidade de veículos
automotores, reboques e semirreboques, conforme o Código de Trânsito Brasileiro,
prevê:
Art. 4º Cabe à autoridade de trânsito com circunscrição sobre a
via determinar a localização, a sinalização, a instalação e a
operação dos medidores de velocidade do tipo fixo.

§ 2º Para determinar a necessidade da instalação de medidor de


velocidade do tipo fixo, deve ser realizado estudo técnico que
contemple, no mínimo, as variáveis do modelo constante no item A do
Anexo I, que venham a comprovar a necessidade de controle ou
redução do limite de velocidade no local, garantindo a visibilidade do
equipamento. (grifo nosso)

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Sendo assim, tais estudos devem estar disponíveis ao público na


sede do órgão ou entidade de trânsito com circunscrição sobre a via, justamente para
que o cidadão ao recorrer de uma multa de trânsito, possa comprovar de fato que houve
a realização do estudo. E se porventura não foi realizado tal estudo, a autuação
lavrada pelo equipamento deve ser anulada.

Além disso, os estudos técnicos devem também ser


encaminhados às Juntas Administrativas de Recursos de Infrações – JARI dos
respectivos órgãos ou entidades, e ser encaminhados ao órgão máximo executivo de
trânsito da União e aos Conselhos Estaduais de Trânsito - CETRAN ou ao Conselho de
Trânsito do Distrito Federal - CONTRADIFE, quando por eles solicitados (Art. 4º § 6
Inc. I, II, III).

Pelas razões acima expostas, requer-se intimado o Órgão


competente para a juntada do estudo técnico da necessidade da instalação do
equipamento de fiscalização de velocidade destacado no presente AIT ora combatido, a
fim de identificar a regularidade da instalação do equipamento.

2.2.4 - Sobre a o cancelamento e arquivamento do processo administrativo de


suspensão do direito de dirigir por excesso de pontos “regime jurídico
administrativo – autotutela”

Imperioso destacar que, no âmbito do Regime Jurídico


Administrativo, a noção de AUTOTUTELA é concebida, aprioristicamente, como um
princípio informador da atuação da Administração Pública, paralelamente a outras
proposições básicas, como a legalidade, a supremacia do interesse público, a
impessoalidade, entre outras.

Sendo assim, para sua formulação teórica, parte-se do


pressuposto inquestionável de que o PODER PÚBLICO está submetido à lei. Logo,
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sua atuação se sujeita a um controle de legalidade, o qual, quando é exercido pela


própria Administração, sobre seus próprios atos é denominado de AUTOTUTELA.

Essa AUTOTUTELA abrange a possibilidade de o PODER


PÚBLICO ANULAR OU REVOGAR SEUS ATOS ADMINISTRATIVOS, quando
estes se apresentarem, respectivamente, ilegais ou contrários à conveniência ou à
oportunidade administrativa. Em qualquer dessas hipóteses, porém, não é necessário a
INTERVENÇÃO DO PODER JUDICIÁRIO, podendo a anulação/revogação
perfazer-se por meio de outro ATO ADMINISTRATIVO AUTO EXECUTÁVEL.

Essa noção está consagrada em antigos enunciados do Supremo


Tribunal Federal, que preveem:
A Administração Pública pode declarar a nulidade dos seus próprios
atos. (STF, Súmula nº 346, Sessão Plenária de 13.12.1963). A
Administração pode anular seus próprios atos, quando eivados de
vícios que os tornam ilegais, porque deles não se originam direitos; ou
revogá-los, por motivo de conveniência ou oportunidade, respeitados
os direitos adquiridos, e ressalvada, em todos os casos, a apreciação
judicial. (STF, Súmula nº 473, Sessão Plenária de 03.12.1969).

Segundo Odete Medauar, em virtude do princípio da


AUTOTUTELA administrativa, destaca que:
A Administração deve zelar pela legalidade de seus atos e condutas e
pela adequação dos mesmos ao interesse público. Se a Administração
verificar que atos e medidas contêm ilegalidades, poderá anulá-los por
si própria; se concluir no sentido da inoportunidade e inconveniência,
poderá revogá-los. (Medauar, 2008, p. 130).

Em suma, portanto, a AUTOTUTELA é tida como uma


emanação do PRINCÍPIO DA LEGALIDADE e, como tal, impõe à Administração
Pública o dever, e não a mera prerrogativa, de zelar pela regularidade de sua atuação
(dever de vigilância), ainda que para tanto não tenha sido provocada.

Esse controle interno se dá em dois aspectos, a saber: a


ANULAÇÃO de atos ilegais e contrários ao ordenamento jurídico, e a REVOGAÇÃO
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de atos em confronto com os interesses da Administração, cuja manutenção se afigura


inoportuna e inconveniente.

Desta maneira, diante de todo o exposto, não haverá


possibilidade da aplicação do PROCESSO ADMINISTRATIVO DE SUSPENÇÃO
DO DIREITO DE DIRIGIR POR EXCESSO DE PONTOS, não podendo prosperar
o feito aqui atacado.

Diante do exposto, requer o recebimento do presente


RECURSO julgando-o procedente, deferindo os pedidos na sua totalidade, cancelando
e arquivando o presente PROCESSO ADMINISTRATIVO DE SUSPENÇÃO DO
DIREITO DE DIRIGIR POR EXCESSO DE PONTOS.

III – DOS PEDIDOS

NOBRE JULGADOR, diante de todo o exposto, requer o


recebimento do presente RECURSO para ao final, julgar totalmente procedente os
pedidos formulados pela RECORRENTE quais sejam:

a) que seja julgado procedente o pedido preliminar, concedendo o pedido de


cancelamento e arquivamento do PROCESSO ADMINISTRATIVO DE
SUSPENÇÃO DO DIREITO DE DIRIGIR POR EXCESSO DE PONTOS ora
combatido;

b) que seja recebida a presente RECURSO, pois preenche todos os requisitos para sua
admissibilidade, com cópia de documentos da RECORRENTE e seu procurador;

c) no MÉRITO que seja julgada improcedente o presente PROCESSO


ADMINISTRATIVO DE SUSPENÇÃO DO DIREITO DE DIRIGIR POR
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EXCESSO DE PONTOS e consequentemente o seu arquivamento, haja visto


encontrar-se eivados de vícios, conforme fundamentações jurídicas já apresentadas;

d) e de acordo com o Artigo 37 da Constituição Federal e Lei 9.784/00, a administração


direta e indireta de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e
dos Municípios, devem seguir os PRINCÍPIOS DA LEGALIDADE,
IMPESSOALIDADE, MORALIDADE, PUBLICIDADE, MOTIVAÇÃO E
EFICIÊNCIA. Desta forma, caso não seja acatado o pedido de cancelamento e
arquivamento do PROCESSO ADMINISTRATIVO DE SUSPENÇÃO DO
DIREITO DE DIRIGIR, requer se um parecer por escrito do responsável, com decisão
motivada e fundamentada sob pena de nulidade de todos os atos praticados;

e) requer seja intimado o Órgão competente pela instalação e manutenção do


equipamento fiscalizador apresentado no AIT ora combatido, a fim de ser apresentado o
estudo técnico da necessidade da instalação do equipamento de fiscalização de
velocidade, a fim de identificar sua legalidade.

Por último, requer a produção de provas em todo direito


admitidos.

Termos em que,
Pede deferimento.

Florianópolis/SC, 12 de setembro de 2022.

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