Você está na página 1de 20

Abordagem Psicológica e Guias de Comportamento

Antigamente chamava-se de manejo do comportamento! São maneiras que usamos para


conduzir a criança durante o atendimento. Aqui veremos apenas níveis básicos de manejo, os
avançados (como sedação com óxido nitroso) não veremos.

O princípio básico para guiarmos o


comportamento das crianças, é que criança
não é um ‘’mini adulto’’. Há menos de 100 anos
atrás, elas eram tratadas assim, e essa visão
com o tempo foi acabando. Muitas práticas
que ainda temos. trazem essa visão antiga, que
a opinião da criança não tem importância, mas
tem muita importância sim. No atendimento,
para que o comportamento da criança
caminhe bem, temos uma tríade – criança, pais
e equipe – Não estamos lidando só com a
criança, estamos lidando com os pais, e com a
pessoa que está trabalhando com a gente
(dupla), precisamos lidar com esse contexto,
para que a consulta seja um sucesso.

O paciente infantil

Concepção à adolescência:

• 0-36 meses
• 3-6 anos
• 6-12 anos
• 12-17 anos

Vamos discutir o comportamento infantil por faixas etárias!

0-36 meses

A criança assim que nasce, a


maneira que ela se expressa é
chorando. A primeira forma de
comunicação dela, de demonstrar
que está se agradando ou não, é
chorando. A gente já nasce
sabendo chorar, só depois que
aprendemos a sorrir. A partir do
3º/4º mês o bebê desenvolve o
sorriso social, sorri porque quer
sorrir, porque gostou ou achou
graça. O recém-nascido ele
expressa dor, identifica sensação

ABORDAGEM PSICOLÓGICA E GUIAS DO COMPORTAMENTO | Thaís de Freitas Sena


de toque, mudanças na posição, se você coloca ele numa posição que ele não gosta, ele chora.
Ele sente dor, ele chora, ele fez xixi, ele chora, essa é a maneira que ele tem de se expressar no
momento.

Durante o primeiro ano de vida, o choro é uma parte muito importante dessa conexão com a
mãe, com a família, com os adultos ao redor. Com 2/3 meses depois, o sorriso começa a ser
social, escolhido. As 4 maiores áreas do desenvolvimento cognitivo, que foram identificadas por
Mussen em 1984:

• Percepção (desenvolvido durante esse 1° ano)


• Reconhecimento (desenvolvido durante esse 1° ano)
• Classificação (a partir do 1º ano)
• Memória (a partir do 6º mês)

A capacidade da criança de perceber e reconhecer, é desenvolvido durante o 1º ano. A


capacidade do bebê de classificar se dá a partir do primeiro ano de vida. E a memória do bebê é
uma memória curta, à medida que ele vai crescendo e se desenvolvendo, ele vai lembrando dos
eventos positivos e negativos

Linguagem

Durante o primeiro ano o desenvolvimento inicial


é lento, inicia com uma linguagem não verbal
(choro, sorriso). A linguagem falada ela começa
devagar também. É comum vermos as meninas
falarem um pouco mais, desenvolvem um
vocabulário expressivo mais rápido, mas os
meninos logo acompanham. Até os 18 meses fala
em torno de 10 palavras, e isso varia muito de
acordo com a convivência social. 24 meses se
espera que ela tenha um grande vocabulário expressivo. Em torno de 36 meses (3 anos), ela
consegue falar cerca de mil palavras, se expressa bem, e antes dos 18 meses embora o
vocabulário seja limitado, o que ela consegue entender da linguagem falada, é maior do que ela
consegue falar (cuidado ao falar algo na frente do bebê, pois ele entende o que você disse). Há
uma diferença então entre a linguagem expressiva e a linguagem que a criança consegue
perceber e interpretar

Emoção: 0 a 36 meses

Entre os 4 e 10 meses é a idade que chamamos de


despertar das emoções, é a idade que ela inicia com o
sorriso social, e ela começa a interagir muito. O bebê
até os 10 meses, começa a socializar, tentar falar,
balbuciar, tentar sorrir. Nesse primeiro ano a
separação dos pais produz extrema tristeza, a criança
se acaba toda, aí tem uma alegria enorme no
reencontro, no final do dia quando os pais chegam, é
como se eles reaparecessem na frente dele.

A criança nessa fase não lida bem com surpresas, não


são bem-vindas nessa fase. O objeto de medo nessa

ABORDAGEM PSICOLÓGICA E GUIAS DO COMPORTAMENTO | Thaís de Freitas Sena


fase tende a ser estranhos, principalmente, a partir do 7º mês ao primeiro ano e vida. Aquela
criança que ri para você, e quando você vai pegar, ela começa a chorar. A separação dos pais,
ela gera mais ansiedade até 1 ano e meio/2 anos. À medida que a criança se apresenta aos 2
anos/2,5, a ansiedade gerada pela separação dos pais vai diminuindo, e ela começa ter uma
compreensão de que a separação não é pra sempre.

Socialização

No 1º ano de vida, o primeiro evento


social é o soriso. Nos primeiros
meses de vida não diferencia muito
bem uma pessoa da outra, mas, ela
conhece a mãe pelo cheiro,
principamete se é uma criança que
amamenta. Tem uma total
dependência dos pais nesse 1ºano, e
a mãe tende a ser o centro. Aprende
o poder do sorriso e do choro (ex:
criança chorar no berço, e a mãe ir
logo tirar ela de lá). Quando a criança
não estiver satisfeita, e chora, e ao
chorar ela é retirada do berço, ela vai
entender, que se chorar, vai sair do berço. Quando a criança faz gracinha, e você sorri, e aí ela
faz de novo a mesma coisa, e você sorri (crianças nessa época gostam muito de repetição), ela
entende que conquistou você, porque você está sorrindo. Então quando ela cresce, e gosta de
uma coisa, ela sorri, e quando não gosta, chora

No 2º ano de vida temos uma linguagem que permite o aprendizado e o relacionar, necessidade
em testar a independência (quer mostrar que come sozinha, que faz as coisas sozino, que solte
a mão dele no shopping pra andar sozinho) – período dos ‘’terríveis dois’’, a criança chora, se
joga no chão, quando a mãe vai pegar pelo braço, ele amolece o corpo. Mas, essa fase passa!
Porém, precisa ser conduzida da forma correta (não dar atenção, criança levanta e chora na sua
frente para ser notada). Essa fase no consultório existe, e é importante ter a mãe por perto no
atendimento para conseguir driblar esse atendimento com mais tranquilidade. Manutenção da
afetividade e necessidade de aprovação são outros pontos importantes, durante os dois anos
que precisam ser trabalhados. E à medida que
você vai conduzidndo todos esses momentos,
a afetividade vai sendo mais expressa e a
necesisdade de aprovação se mantém por
mais um tempo.

No 3º ano de vida, você tem um bebê que se


alimenta com independência, que aprende a ir
ao banheiro não faz mais xixi na cama. Ele tem
uma resistência e fala o que pensa (‘’eu não
gosto de você’’), é a fase mais verdadeira. Essa
é a fase dos ‘’comos’’ e dos ‘’porquês’’. A
criança assimila muitos padrões, ela observa
outras crianças, ela tenta ficar parecida com

ABORDAGEM PSICOLÓGICA E GUIAS DO COMPORTAMENTO | Thaís de Freitas Sena


elas, com a mãe, com a professora. Ela amplia os contatos sociais e muitos acham que essa seria
a idade ideal para a 1ª visita ao dentista (?)*

*O ideal é que a primeira visita não aguarde até o 3º ano de vida, essa é a fase mais facil de
examinar. Mas, a primeira visita deve ser até os 12 meses, ou ao erupcionar o primeiro dentinho.
Também não deve ultrapassar os 12 meses, chegou aos 12 meses, com ou sem dentes, o bebê
deve ir para sua consulta! Antes da erupção dos primeiros dentinhos, limpar os tecidos moles
com gaze úmida ou escova de dedo (material: silicone)

Cognição 3-4 anos

Entre os 3 e os 4 anos,
temos a idade pré-escolar!
Onde a criança está indo
para a escola mesmo, com
intuito de aprendizado. Tem
uma expansão grande das
relações sociais e com isso o
desenvolvimento da razão, à
medida que se aproxima dos
6-7 anos, tem uma criança
com capacidade maior de
racionalizar de ter um
entendimento melhor das
coisas, perguntas mais
inteligentes, mais elaborados. O pensamento de imagens/simbólico e não sofisticado começa
existindo, e à medida que a criança vai se aproximando da idade escolar, esse pensamento
simbólico vai deixando de existir. O pensamento simbólico é interessante para trabalharmos
durante o manejo, brincar com a imaginação da criança mesmo, falar de super-heróis, desenhos
animados

Cognição 4-7 anos

Estágio do pensamento simbólico e


mais sofisticado se estabelece perto
dos 7 anos. À medida que a criança vai
se afastando dos 4 anos, o
pensamento intuitivo vai se
estabelecendo. Habilidade de agrupar
objetos por classes (classificar coisas e
pessoas). Vai desenvolvendo a leitura,
controle sobre os impulsos (isso faz
parte do amadurecer

ABORDAGEM PSICOLÓGICA E GUIAS DO COMPORTAMENTO | Thaís de Freitas Sena


Emoção: 3 aos 6 anos

-Redução do medo de estranhos (ele não tem medo


de estranhos, de ir com você. Ele já entende que a
mãe não vai desaparecer)

-Senso de identidade sexual (meninas se


identificando com meninas, meninos com meninos,
ou entre si)

-Identidade e autoestima

-Autocontrole (agressividade) – agressividade passa a


ser mais contida

-Mecanismo de distração (funcionam super bem


nessa fase, é atender a criança conversando outra
coisa)

-Monitoramento do próprio comportamento (a criança começa a olhar para ela mesma)

-Consciência (sentimento de culpa)

-Susceptibilidade a elogios (reforço positivo) – adoram ser elogiados

-Emocionalmente complexo (aos 6 anos) - e mais madura

Socialização: 3 aos 6 anos

Aos 6 anos acaba a primeira infância, aos 5


anos e 11 meses ela está na primeira
infância, aos 6 anos ela não está mais na
primeira infância

-Enorme crescimento social

-Desenvolvimento de sistema de valores

-Autodisciplina

• 2 anos (paralelismo simples) –


quando você coloca dois bebês de
dois anos para brincar, com
brinquedos no chão, eles brincam
lado a lado, mas, não interagem. Só dá problema, se um quiser o brinquedo do outro, aí
choram
• 4 anos (cooperativismo) – as crianças já brincam de frente uma para outra, interagindo,
de forma cooperativa
• 6 anos (jogos) – são capazes de brincar com jogos, jogos mais difíceis, em grupo

ABORDAGEM PSICOLÓGICA E GUIAS DO COMPORTAMENTO | Thaís de Freitas Sena


Cognição: 6 anos 12 anos

Desenvolvimento mais maduro, compreensível!

-Ajustes e mudanças sofisticadas (inclusive a


nível cerebral)

-Crescimento extensivo da capacidade mental

-Entre os 5 e 7 anos ocorre uma reorganização do


SNC que gera mais zelo e atenção

-Alto grau de instrução (coisas mais elaboradas)


– de dizer o que quer, de responder perguntas

-Representação mental de mapas e locais (ela já


sabe onde mora, explicar endereços, salas de
prédio)

-Feedback mais elaborado aos 12 anos

-Desenvolve-se a relatividade (entende que nem tudo é absoluto)

-Aos 12 encontra-se uma criança capaz de absorver o real, o teórico e o abstrato

1 ano seguinte (aos 13 anos) passa a ser adolescente!

Emoção: 6 aos 12 anos

-Dever de casa, esportes, animais de estimação,


música (aula) – essas são as conversas que você
tem com uma criança dessa faixa etária, e é uma
conversa bem diferente de uma criança com
menos de 6 anos

-Vontade própria

-Habilidade em ter prioridades

-Imagem corporal

-Habilidade de recuperação (ao chorar, se


recupera mais rápido)

-Iniciam-se as decepções

-Não suportam bem serem motivo de risos – ‘’fazer pouco’’ não é legal para essa criança

ABORDAGEM PSICOLÓGICA E GUIAS DO COMPORTAMENTO | Thaís de Freitas Sena


Socialização: 6 aos 12 anos

-Adquire conceitos próprios (hábitos


controlados)

-Colegas e escola (mundo extra família)

-Figuras de autoridade (professor, dentista,


médico) – respeita bastante essas pessoas,
o que você diz como autoridade é válido,
mas, muitas vezes, o que a mão diz não (se
você dentista mandar ela escovar os
dentes, ela escova, se a mãe mandá-la
escovar em casa, ela não escova)

-Ambientes onde a criança NÃO TEM


CONTROLE (tem ambientes que ela não tem controle, e se adapta a isso)

-Sentimento pelo professor se assemelha ao sentimento pelas mães

-Experiências pessoais próprias (entusiasmo) – entusiasmo maior pelas conquistas (tirar nota
boa em prova)

-Grupo de amigos (conflitos)

-Amizades (geralmente com crianças do mesmo sexo)

Sucesso da consulta

Depende de:

-Medo/ansiedade – por experiências negativas


anteriores

-Ansiedade materna - é um contraponto para a


criança

-Conscientização – história prévia do evento, a


ansiedade aumenta, o medo é objetivo, não é
subjetivo, ela sentiu dor na cadeira de outro
dentista

-História médica – crianças especiais, com síndrome, com hospitalizações frequentes, com
problemas de saúde, tendem a ser influenciadas pela história prévia delas

Dúvida: a presença dos pais na consulta é boa ou não? Houve uma mudança de paradigma, em
que se entendia que a presença dos pais, era algo negativo, que era para a criança ficar só com
o profissional, porque TODA criança teria um comportamento ruim! Esse paradigma já caiu, mas,
tem profissionais que se prendem a ele. É melhor que seja apenas um acompanhante (ou o pai,
ou a mãe), alguma pessoa que a criança se sinta segura e tranquila (avô, tia, com consentimento
dos pais, caso não seja o pai ou a mãe). Dos 2 aos 3 anos de vida é indispensável a presença do
pai/mãe/responsável. A partir do 3º ano pode deixar os pais escolherem!

ABORDAGEM PSICOLÓGICA E GUIAS DO COMPORTAMENTO | Thaís de Freitas Sena


Classificando o comportamento

Escala de Frankl

Recusa o tratamento, choro compulsivo,


amedrontado – Definitivamente negativo
(criança jogando coisas, chorando
compulsivamente, um pavor, medo
agressivo)

Relutância para aceitar o tratamento –


Negativo

Aceitação do tratamento (cauteloso) –


Positivo

Interessado, ri e se diverte –
Definitivamente positivo

A escala de Frankl não rotula a criança, como escala anteriores, ela classifica o comportamento
naquele momento. Porque a criança pode ter um comportamento positivo hoje, semana que
vem, ela ter um comportamento negativo por algo que aconteceu! Existem variáveis ao redor
da criança: casa, consultório, presença de anestesia, que vão influenciar o desfecho de um
comportamento. O interessante é você classificar a cada consulta, para você ter um parâmetro,
e para que o colega que for atender depois de você, possa ter uma ideia.

Entrevistando

Objetivos

-Conhecer as preocupações do paciente e


dos pais – converse com os pais, pergunte
como a criança está na escola, se tem
amigos, as dificuldades dele na escola.
Depois pergunte como é dentro de casa,
se bate nos irmãos, como são os castigos,
se os pais resolvem na conversa, ou se
batem na criança. É preciso entender com
que família você está lidando antes, para
assim, entender a criança, o que é
considerado normal no mundo dela, para
você trazê-la para o seu mundo de forma
equilibrada

-Estimar a capacidade de cooperação da


criança

Formatos

-Questionário

-Entrevista

ABORDAGEM PSICOLÓGICA E GUIAS DO COMPORTAMENTO | Thaís de Freitas Sena


Informações

-Reações à atendimentos anteriores – ‘’ele já foi atendido antes?’’ ‘’como ele se comportou?”’

-Nível de ansiedade dos pais – ‘’o senhor tem medo de dentista?”, porque as crianças sentem a
ansiedade dos pais

-Queixa principal – porque que a criança está ali no consultório (aparelho, dor de dente e etc.)

-Recompensas e castigos adotados

Técnicas de manejo

-Modificando o comportamento pré-consulta:

• Tudo que é dito ou feito para


influenciar positivamente o
comportamento da criança, antes
mesmo dela entrar no consultório
• Filmes, modelos de pacientes ao
vivo, correspondências antes da
consulta

Podemos trabalhar o comportamento da


criança antes da consulta! Ex: Deixando
que ele assista o irmão(ã) sendo atendido,
desde que tenham comportamento
positivo/definitivamente positivo

Conceitos Básicos

-Abordagem positiva

-Atitude da equipe – criança gosta de


alegria, tem que saber brincar,
descontrair, bater papo

-Organização – ter uma estrutura na


consulta

-Autenticidade

-Tolerância – com o comportamento da


criança que não é esperado

-Flexibilidade – com os compartamentos


que a criança vai tendo ao longo da consulta/consultas

ABORDAGEM PSICOLÓGICA E GUIAS DO COMPORTAMENTO | Thaís de Freitas Sena


Comunicação

-Estabelecer comunicação – bater um papo com a


criança, tirá-la da caixinha

-Estabelecer o comunicador – quem é o


comunicador. Mesmo que os pais estejam
presentes, entender que a comunicação é
conduzida por você

-Clareza da mensagem – conversar com uma


linguagem apropriada. Ex: não vai dizer profilaxia,
vai dizer que o dente vai tomar banho

-Controle da voz – tom de voz mais alto, mais


rápido, mais baixo, para trazer a criança para a
gente

-Comunicação multissensorial – estar pronto para se comunicar com a criança de forma que ela
entenda a mensagem que você está passando. Isso diz respeito a linguagem verbal e não-verbal

-Problemas de domínio – colocar as autoridades na conversa

-Escuta ativa – estar ativamente escutando o que as crianças estão dizendo, ou os pais

-Respostas apropriadas – não deixar o paciente sem resposta

_____________________________________________________________________________

Técnicas básicas de manejo

-Dizer-mostrar-fazer – uma das técnicas mais


antigas

-Modelagem do comportamento

-Controle de voz

-Comunicação não-verbal

-Reforço positivo

-Distração

-Presença/ausência dos pais no consultório

-Inalação por óxido nitroso – não vamos discutir


aqui. Em níveis mais baixos (25-30%) é considerado
uma técnica mais básica

Técnicas avançadas de manejo

-Estabilização protetora – lençol ou prender a criança fisicamente

ABORDAGEM PSICOLÓGICA E GUIAS DO COMPORTAMENTO | Thaís de Freitas Sena


-Sedação moderada – não veremos aqui

-Sedação profunda – não veremos aqui

-Anestesia geral – não veremos aqui

1) Dizer-mostrar-fazer

1- Explicação verbal em linguagem acessível à idade – de uma forma que a criança entenda
(ex: ‘’hoje vamos dar banho nos dentinhos’’, ‘’você sabia que dentinho faz cocô?’’)
2- Demonstrar cuidadosamente os aspectos visuais, auditivos, olfatórios e táteis do
procedimento, em ambiente não ameaçador – mostrar o pote dappen, pedra pomes, a
pasta misturando, mostrar a cureta para a criança
3- Executar o procedimento sem desvios do que foi explicado ou demonstrado – não
acrescentar etapas que não foram explicadas
• Comunicação verbal e não-verbal + reforço positivo (eu expliquei, eu
demonstrei, eu fiz, se a criança
se comportou bem, dê parabéns,
pregue um adesivo de bom-
comportamento)

Objetivos:

• Ensinar e familiarizar o paciente


– porque à medida que o tempo
for andando, aquela ansiedade
inicial vai diminuindo e acriança
vai aceitando o que for sendo
feito, à medida que for sendo
ensinado
• Modelar respostas através de
dessensibilização e expectativas bem descritas

Indicações: qualquer paciente

Contraindicações: nenhuma – É uma técnica universalmente usada, para todas as idades


de criança e funciona muito bem

Você diz, você demonstra e você faz, com ou sem colaboração, a técnica preconiza isso!

ABORDAGEM PSICOLÓGICA E GUIAS DO COMPORTAMENTO | Thaís de Freitas Sena


2) Perguntar-dizer-perguntar

1- (Perguntar) – Perguntar a respeito da visita e sentimentos em relação ou sobre


quaisquer procedimentos planejados
2- (Dizer) – Explicar os procedimentos através de demonstrações e linguagem não-
ameaçadora e apropriada ao nível cognitivo da criança
3- (Perguntar) – Inquirir sobre a
compreensão da criança e como se sente
sobre o tratamento que iremos iniciar
• Criança ainda preocupada
– lidar/acessar/modificar

Objetivos:

• Acessar nível de ansiedade


- a melhor maneira de
fazer isso é conversando e
perguntando
• Ensinar sobre o
procedimento
• Confirmar
segurança/conforto com o procedimento antes de prosseguir

Indicações: qualquer paciente capaz de diálogo

Contraindicações: nenhuma

Essa técnica é mais nova! Vou perguntar a respeito da visita (‘’e aí? Como você acha que vai ser
hoje?’’) para ele expressar o que está pensando, o que está achando. Se você fez um
procedimento no dia anterior, você pergunta o que ele achou (‘’como foi ontem?”). Claro que
para fazer isso tem que ter uma criança com linguagem expressiva capaz de responder as
perguntas. Quando eu pergunto e ela responde que acha, eu pego esse gancho da resposta, e
explico esse procedimento através de demonstrações e linguagem não ameaçadora e
apropriada para a idade, principalmente para a idade cognitiva da criança! Aqui dentro dessa
técnica, podemos usar o Dizer, mostrar e fazer, eu pergunto, eu digo o que vou fazer e posso
demonstrar também. As técnicas não são isoladas, mas você trabalha em conjunto com todas.
Depois que eu explico, eu pergunto de novo (‘’você entendeu?”), a depender do que ela
responder, eu forneço mais informação. Quando a criança ainda está preocupada nesse segundo
momento que pergunto, eu vou lidar com a preocupação dela, explicando novamente, vamos
acessar o objeto da ansiedade e vamos tentar modificar

3) Modelagem do comportamento

-Forma de modificação do comportamento para crianças comunicativas e cooperadoras

-Processo que desenvolve o comportamento muito lentamente, pelo reforço de sucessivas


aproximações, até que o comportamento desejado seja alcançado – (enquanto no ‘’dizer,
mostrar e fazer’’ eu digo, demonstro e executo, aqui eu vou dizer, demonstrar, se a criança não
tiver um comportamento bacana, volta tudo de novo)

ABORDAGEM PSICOLÓGICA E GUIAS DO COMPORTAMENTO | Thaís de Freitas Sena


-Teoria diz que comportamentos são
geralmente aprendidos e que o aprendizado é
o estabelecimento de uma conexão entre um
estímulo e uma resposta (teoria estímulo –
resposta)

Ela também usa ‘’dizer-mostrar-fazer’’. São


aquelas crianças que são classificadas como
comportamento positivo ou definitivamente
positivo, não funciona muito bem em
comportamento negativo, ou definitivamente
negativo.

Esboço de modelagem

1- Estabelecer objetivo geral ou tarefa


2- Explicar a necessidade do
procedimento
3- Dividir a explicação – (se eu for fazer
um procedimento de profilaxia, eu
não vou explicar o procedimento
todo, eu vou explicar aquela parte
que eu já vou executar, eu divido a
explicação em várias pequenas
partes. Primeiro eu explico por que
que eu vou ter que fazer, depois
como eu vou ter que fazer)
4- Usar linguagem apropriada
(eufemismos)
5- Usar sucessivas aproximações (DMF)
- eu vou usar DMF, mas, se na hora
de fazer, a criança resistir/não
colaborar eu volto para o começo de
novo, eu explico e eu demonstro, e
eu tento fazer de novo. E vamos
repetir quantas vezes forem
necessários, com sucessivas
aproximações, até que tenha o
comportamento desejado. Quando
o comportamento desejado
acontece, vamos dar o reforço
positivo (bater palma, fazer festa)
• Dizer-mostrar-fazer
6- Reforçar o comportamento apropriado
7- Desprezar o comportamento inadequado

ABORDAGEM PSICOLÓGICA E GUIAS DO COMPORTAMENTO | Thaís de Freitas Sena


Modelagem versus DMF

Duas técnicas diferentes:

-Modelagem

• Repassar as etapas em caso de


comportamento inadequado
• Requer manutenção do
comportamento desejado

É uma técnica muito mais demorada, em caso


de comportamento inadequado eu volto para
o começo de novo. A modelagem requer a
manutenção do comportamento desejado
para que você possa prosseguir. Eu dou um
estímulo, enquanto eu não tenho a resposta que eu quero, eu continuo estimulando. No DMF,
você diz o que vai fazer, demonstra e executa (independente da colaboração do paciente).

4) Controle de voz

-Alteração controlada do volume da voz, tom,


ou velocidade com o intuito de influenciar e
direcionar o comportamento do paciente –
(falar baixo, ou bem alto, ou bem rápido,
modulando a voz de acordo com a
necessidade)

-Objetivos:

• Ganhar atenção e colaboração –


tentar tirar a criança daquele
momento
• Modificar um comportamento
negativo ou de recusa

Indicações: Qualquer paciente

Contraindicações: deficientes auditivos

O que menos importa é o que você diz, é como você diz. A criança vai estar muito mais ligada
na modulação da sua voz, do que nas suas palavras! Não é gritar com a criança, nem só falar alto
(embora isso possa acontecer)

ABORDAGEM PSICOLÓGICA E GUIAS DO COMPORTAMENTO | Thaís de Freitas Sena


5) Comunicação não-verbal

-Reforçar ou guiar comportamento através de


contato, postura, expressão facial ou
linguagem corporal apropriados

-Objetivos:

• Incrementar a eficácia de outras


técnicas de manejo
• Ganhar e manter a atenção e
cooperação do paciente

Indicações: qualquer paciente

Contraindicações: nenhuma

É você se mexendo, fazendo gestos, transmitindo a informação com movimentos!

6) Reforço positivo

-Recompensa de comportamentos positivos,


reforçando a recorrência desses
comportamentos

-Reforços sociais: modulação positiva de voz,


expressão facial, elogios, demonstração físicas
de afeto – ‘’você foi ótimo’’ ‘’estou muito
orgulhosa de você’’

-Reforços não-sociais: prêmios e brinquedos –


quando o paciente teve que ultrapassar um
procedimento mais difícil, doloroso. Esses
prêmios não são subornos!

-Objetivos:

• Reforçar comportamentos desejáveis

Indicações: qualquer paciente

Contraindicações: nenhuma

Existem várias formas diferente de reforço positivo, mas de maneira geral é uma recompensa!
Pode ser feita de forma social e não social.

ABORDAGEM PSICOLÓGICA E GUIAS DO COMPORTAMENTO | Thaís de Freitas Sena


7) Distração

-Desviar a atenção do paciente (criança) do


que é percebido como um procedimento
desagradável – (conversar outros assuntos
de coisas legais)

-Às vezes, se traduz numa simples ‘’pausa’’


durante um procedimento estressante –
(dar uma pausa, conversar um pouquinho
e retornar ao procedimento)

-Objetivos:

• Reduzir a percepção do
‘’desagradável’’
• Modificar comportamento
negativo ou de recusa

Indicações: qualquer paciente

Contraindicações: nenhuma

8) Presença ou ausência dos pais

-Ganhar cooperação durante o tratamento (?)

-Diferentes filosofias

-Considerar os desejos dos pais, e


possibilidade de mudança de paradigma

-Objetivos:

• Participação dos pais no exame e/ou


tratamento da criança
• Suporte físico e psicológico
• Possibilidade de observar a realidade
do tratamento da criança
• Para recuperar a atenção do paciente
e ganhar confiança
• Evitar comportamento negativos e de recusa
• Estabelecer os papéis da criança e do dentista
• Aumentar eficácia da comunicação dentista-criança-pais
• Minimizar ansiedade e alcançar uma experiência positiva
• Facilitar rápido consentimento para mudanças no tratamento ou nos guias de
comportamento – (uma situação que você pensava que seria apenas uma simples
restauração, e se torna um canal/extração, e você precisa de autorização para essa
mudança no plano de tratamento)

ABORDAGEM PSICOLÓGICA E GUIAS DO COMPORTAMENTO | Thaís de Freitas Sena


Indicações: qualquer paciente

Contraindicações: pais que não queiram ou não possam oferecer suporte efetivo (quando
requisitado)

Existem diferentes filosofias, hoje a filosofia da presença dos pais tem aumentado mais! Em
geral, quando os pais não ficam presencialmente no consultório, é interessante ter uma câmera
na recepção para ver o seu filho sendo tratado

9) Estabilização protetora

-Restrição na liberdade de movimento, com ou


sem permissão do paciente, para reduzir riscos
de acidentes, permitindo segura conclusão no
tratamento – (uma criança que se mexe muito,
preciso fazer uma exodontia, com bisturi na
mão, posso pedir para os pais segurarem a
cabeça da criança, o corpo da criança, qualquer
coisa que contenha seu movimento: deitando
em cima dela, segurando na cadeira, seja no
lençol, seja como for! Não é um castigo, mas,
sim para proteger a criança durante o
tratamento, em procedimentos em que ela
precisa estar quieta, mas, não pode estar
sedada. Toda sedação moderada, tem que ser conduzida com estabilização protetora, porque
ela tem muitos movimentos involuntários)

-Considerar:

• Modalidades alternativas de guias de comportamento – possibilidade de óxido nitroso,


sedação
• Necessidades dentárias do paciente – (se ela precisar de várias sessões, contida na
cadeira, sob estabilização, às vezes é mais interessante, para evitar traumas, que ela vá
para o centro cirúrgico, ou sedada, para ser tratada)
• Efeito na qualidade do tratamento
• Grau de desenvolvimento emocional da criança
• Considerações médicas e físicas do pacientes – (naquela criança pode ser utilizado
algum método de contação física, tem problemas físicos que impedem isso)

-Explicações à criança

É o único de guia de comportamento avançado que veremos hoje!

Indicações:

• Pacientes que necessitam de diagnóstico imediato e/ou tratamento limitado e não


conseguem cooperar por falta de maturidade, deficiência física ou mental – (criança
com dor ou muito nervosa, mas que precisa de diagnóstico imediato/definitivamente
negativa)

ABORDAGEM PSICOLÓGICA E GUIAS DO COMPORTAMENTO | Thaís de Freitas Sena


• Segurança
• Sedação

Contraindicações:

• Pacientes colaboradores não


sedados – pacientes positivos ou
definitivamente positivos
• Pacientes que não podem ser
imobilizados com segurança devido a
condições médicas ou físicas
• Pacientes com trauma físico ou
psicológico prévio – (crianças que já
passaram por abuso físico ou sexual
não reagem bem a esse tipo de
modalidade)
• Pacientes não-sedados, necessitando de tratamentos não urgentes prolongados – (se
não é urgente, se pode esperar, vamos trabalhar o comportamento, a parte psicológica,
para chegar lá, sem precisar de contenção física)

Cuidados:

• Saúde da criança
• Duração e fixação da estabilização
• Não deve restringir circulação ou respiração (peito e extremidades)
• Tem que ter consentimento por escrito dos pais (o ideal é ser por escrito)

Métodos

-HOME (hand over mouth exercise) – colocar a


mão na boca da criança quando ela está
gritando ou chorando, isso não se usa mais, foi
abolido

-Corpo-a-corpo

-Papoose board

-Pedi-wrap

-Lençóis com fitas adesivas

-Abridores de boca

-Necessita de consentimento informado – (todo


modo de estabilização protetora o ideal é que
tenha consentimento informado, ainda que seja verbal, mas é interessante que os pais estejam
presentes e concordem com o que está sendo feito)

ABORDAGEM PSICOLÓGICA E GUIAS DO COMPORTAMENTO | Thaís de Freitas Sena


Recondicionar

-Indicação: pacientes apreensivos ou com


comportamento negativo

-Importante: determinar a fonte do problema

-Objetivo: construir novas associações

Alterar o estímulo para ober mudança na


resposta!

Readaptar (distrar N2O2) -> Modelar

Quando buscamos recondicionar o paciente,


ou ligar a memória da criança a novos links e
conceitos. Se eu tenho uma paciente
apreensivo, ou com comportamento
negativo, ou que tenha uma história prévia negativa de atendimento odontologico, é importante
que eu determine a fonte do problema, para usar as técnicas de guia de comportamento, para
construir novas associações, para readaptar a criança e criar novos links emocionais dela no
consultório, que ela reconstrua os conceitos dela, no que diz respeito ao tratamento
odontológico. O óxido nitroso é excelente nesses momentos, podemos usar ele para tentar
remodelar esse comportamento e recondicionando essa criança para um novo perfil de
comportamento, com outros estímulos, buscando um novo tipo de resposta

Considerações

-Horário da consulta – bebês mais jovens tendem a


reagir muito mal quando são marcados no horário do
soninho, do lanche. O melhor horário é quando ele está
de barriga cheia, que não está cansado. Por outro lado,
quando você vai fazer procedimentos que requerem que
a criança fique mais tranquila, às vezes ela com sono, ela
fica enjoada, mas acaba adormecendo na cadeira e você
consegue trabalhar mais tranquila. Então você tem que
ponderar o que vai ser feito e qual o melhor horário

-Separação pais-criança

-Prêmios e recompensas – ver o que é aceitável para os


pais (diferentes tipos de família e criações)

-Indumentária - nessa era da pandemia, em que usamos face shield, parece que as crianças já
estão se acostumando. A criança reage muito melhor a coisas coloridas, do que a cor branca
(bata colorida, gorro colorido), mais a criança reage bem. Crianças com história prévia de
internações hospitalares, múltiplas cirurgias não reagem bem a cor branca

ABORDAGEM PSICOLÓGICA E GUIAS DO COMPORTAMENTO | Thaís de Freitas Sena


Conclusões

1) O sucesso na abordagem do paciente infantil dependerá de uma interação equilibrada


entre a criança, seus pais e a equipe odontológica
2) É indispensável um conhecimento adequado da criança como um todo, lembrando que
o grau de ansiedade e medo determinarão o sucesso da consulta
3) O dentista deverá estar preparado para superar demonstrações iniciais de não-
colaboração – (toda criança pode ser domada e trazida para o seu mundo. Todo mundo
tem uma ‘porta’, quem não tem uma ‘porta’, tem uma ‘janela’. Encontre-a e entre.)
4) Deve-se sempre que possível procurar estabelecer comunicação com o paciente infantil,
utilizando linguagem acessível

5) Quando a criança exprimir um comportamento adequado, o mesmo deverá ser


estimulado por meio de reforço positivo
6) Comportamentos inadequados não devem ser enfatizados
7) O processo de aprendizado da criança deverá ser trabalhado por meio das várias
técnicas disponíveis, visando sempre a obtenção de um paciente cooperador
8) A atitude ou expectativa do dentista poderão afetar o resultado de uma consulta
odontológica

ABORDAGEM PSICOLÓGICA E GUIAS DO COMPORTAMENTO | Thaís de Freitas Sena

Você também pode gostar