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WBA0430_v1.

Direito empresarial e direito


aplicado ao comércio
Direito empresarial. Modelos
societários e de crédito.
Bloco 1

Renato Traldi Dias


A escolha do modelo societário na prática

- Sociedades simples:
- Sociedade simples pura.
- Sociedade cooperativa.
- Sociedade em nome coletivo*.
- Sociedade em comandita simples*.
- Sociedade limitada*.
*Podem ser consideradas sociedades empresárias, se o objeto for constituir
empresa.
A escolha do modelo societário na prática

- Exemplos de sociedade simples pura: consultório de médicos e escritório


de advocacia.
- Exemplos de sociedade cooperativa: cooperativa de catadores de lixo e
cooperativa de agricultores.
- Sociedade em nome coletivo e em comandita simples, hoje em dia,
praticamente não tem mais uso dado o grau de responsabilização dos sócios.
- A sociedade limitada também tende a ser utilizada pelo mesmo tipo de
profissionais liberais da pura.
A escolha do modelo societário na prática

- Sociedades empresárias:
- Sociedade em nome coletivo*.
- Sociedade em comandita simples*.
- Sociedade limitada*.
- Sociedade anônima.
- Sociedade em comandita por ações.
*Podem ser consideradas sociedades simples, se seu objeto for constituir
empresa.
A escolha do modelo societário na prática

- Como já mencionado, a sociedade em nome coletivo e em comandita


simples estão em desuso. Isso se aplica também à versão empresária delas.
- A sociedade em comandita por ações também sofre do mesmo problema,
que é a presença de responsabilização ilimitada.
- Na prática, a escolha, no caso de sociedade empresária, então, resta entre a
sociedade limitada e a anônima.
A escolha do modelo societário na prática

- Sociedade limitada:
- Em 2014, mais de 50% das sociedades limitadas eram classificadas
como microempresas e 98,34% delas não tinham administrador profissional
(MATTOS FILHO et al., 2014).
- Criação de conselho fiscal é opcional.
- Acesso ao regime especial tributário do simples nacional (se
preenchidos demais requisitos).
- Não presta contas à CVM.
A escolha do modelo societário na prática

- Sociedade anônima:
- Permite a emissão de ações que podem ser comercializadas em
bolsas de valores mobiliários.
- Ações tem tipo flexível, permitindo ou não voto (ou até permitindo
voto restrito).
- Maior burocracia, como a obrigatoriedade de se constituir conselho
fiscal ou prestar contas à CVM.
- Via de regra, acionista não pode ser excluído, mas também não pode
se retirar sem motivo.
Direito empresarial. Modelos
societários e de crédito.
Bloco 2

Renato Traldi Dias


Análise aprofundada do conceito de empresa

- Art. 966, CC. “Considera-se empresário quem exerce profissionalmente


atividade econômica organizada para a produção ou a circulação de bens ou
de serviços.
Parágrafo único. Não se considera empresário quem exerce profissão
intelectual, de natureza científica, literária ou artística, ainda com o
concurso de auxiliares ou colaboradores, salvo se o exercício da profissão
constituir elemento de empresa.” (BRASIL, 2002)
Análise aprofundada do conceito de empresa

- Profissionalidade:
- Exploração não ocasional da atividade, ou seja, deve ser habitual,
consistente, segundo Rodrigues e Venosa (2019).
- Os atos do empresário devem estar voltados para um objetivo
comum, que é a exploração da atividade (ibidem).
- Empresário assume os riscos da empresa , segundo Negrão (2018).
Análise aprofundada do conceito de empresa

- Economicidade:
- ”Criação ou circulação de riquezas e de bens ou serviços
patrimonialmente valoráveis”, de acordo com Negrão (2018, p. 32); ou seja,
pode envolver uma ou mais dentre:
a) Criação e circulação de riquezas.
b) Produção e circulação de bens com valor patrimonial.
c) Prestação de serviços com valor patrimonial.
Análise aprofundada do conceito de empresa

- Organização, segundo Rodrigues e Venosa (2019) e Negrão (2018), via de


regra, verifica-se por quatro elementos:
a) Capital (próprio ou alheio).
b) Mão de obra (trabalho alheio).
c) Tecnologia (uso técnicas, métodos, instrumentos específicos de
ofício etc.).
d) Insumos (tudo o que for imprescindível ou importante para o
desenvolvimento da atividade econômica, conforme Resp. n. 1.221.170-PR).
Análise aprofundada do conceito de empresa

- Profissão intelectual, de natureza científica, literária ou artística:


- É exercida pessoalmente, não por meio de organização, segundo
Negrão (2018).
- Exemplos: cientista, cantor, escritor, cartunista, advogado, médico,
contador etc.
- Embora a classificação seja de interesse, visto que a lei a mencionou,
Rodrigues e Venosa (2019) não veem razão real para que exista.
Direito empresarial. Modelos
societários e de crédito.
Bloco 3

Renato Traldi Dias


Empresário Individual, MEI e EIRELI

- Empresário individual:
- Não possui personalidade jurídica.
- Apesar disso, ainda tem registro no Registro Público de Empresas
Mercantis e CNPJ.
- Responde por todas as obrigações que contrai, pois inexiste divisão
entre patrimônio pessoal e social.
- Usa a firma como nome empresarial.
- Não há limite em termos de número de funcionários ou de seu
faturamento.
Empresário Individual, MEI e EIRELI

- Microempreendedor Individual (MEI): conforme o artigo 18-A, §1º, da Lei


Complementar n. 123/2006, é o empresário individual, ou o empreendedor
rural com atividade de industrialização, comercialização ou prestação de
serviços, que:
- Tenha receita bruta no ano calendário anterior de até R$81.000,00.
- Tenha optado pelo Simples Nacional.
- Não esteja impedido pelo artigo 18-A.
Empresário Individual, MEI e EIRELI

- O art. 18-A, §4º, determina que não será considerado MEI aquele:
a) Cuja atividade é tributada na forma dos anexos V ou VI da LC n.
123/2006, salvo autorização.
b) Que possua mais de um estabelecimento.
c) Participe de outra empresa como titular, sócio ou administrador.
d) Constituído na forma de startup.
Empresário Individual, MEI e EIRELI

- A startup, por sua vez, está definida no artigo 65-A da mesma lei, sendo,
cumulativamente:
a) Autodeclarada como tal.
b) Empresa de caráter inovador, visando a aperfeiçoar sistemas,
métodos ou modelos de negócio, de produção, de serviços ou de produtos.
c) Caracterizada por desenvolver inovações em condição de incerteza
que requer experimentação e validação constante.
Empresário Individual, MEI e EIRELI

- Ainda o artigo 18-C, da lei complementar, traz exigência adicional para a


classificação como MEI, relativa ao limite de empregados e salário destes.
- Nele, se estabelece que o empresário deve possuir, no máximo, um único
empregado que receba um salário mínimo ou o piso salarial de sua categoria
profissional.
- O texto do artigo parece oferecer via alternativa para classificação como
MEI, mas não é o caso; trata-se de exigência adicional para todo caso.
Empresário Individual, MEI e EIRELI

- Além de se beneficiar do Simples Nacional, conforme o artigo 18-A, §3º, VI,


da lei complementar e ressalvado o disposto no artigo 18-C, o MEI tem
isenção relativa à maior parte dos tributos do Simples Nacional: IRPJ, IPI,
CSLL, COFINS, a Contribuição para o PIS/Pasep e a CPP.
- Essa isenção, portanto, não se estende, via de regra, ao ICMS nem o ISS.
Contudo, o artigo 18, §20, menciona que é possível que Estados, Municípios
e DF confiram isenção ou redução desses tributos.
Empresário Individual, MEI e EIRELI

- Empresário Individual de Responsabilidade Limitada (EIRELI), regido pelo


artigo 980-A do Código Civil:
- Não se confunde com a sociedade limitada de um único sócio.
- Permite que o empresário individual separe seu patrimônio pessoal
do patrimônio da empresa, limitando sua responsabilidade.
- O capital social deve ser igual ou superior a cem salários mínimos.
Empresário Individual, MEI e EIRELI

- Nome empresarial pode ser de firma ou denominação e deve ter a


expressão ‘EIRELI’ ao final.
- A pessoa natural que constitui EIRELI só pode participar de uma
empresa desse tipo.
- Conforme o artigo 980-A, §6º, as normas que couberem das
sociedades limitadas aplicam-se à EIRELI.
Teoria em Prática
Bloco 4
Renato Traldi Dias
Reflita sobre a seguinte situação
Você é um profissional cuja carreira está apenas começando, mas, por sorte, você
conheceu três outros colegas de profissão (bem mais velhos, com anos de
experiência) que decidiram deixar as sociedades de que faziam parte para dar início
a uma nova sociedade empresária. Eles o convidaram para fazer parte dela, como
sócio fundador, o que representa uma ótima oportunidade. Contudo, os três estão
convencidos de que a sociedade deve adotar um modelo em que sócios são
responsabilizados de forma ilimitada para que seja um negócio que inspira
confiança. Tratando-se de uma empresa de escopo relativamente pequeno e ciente
do risco de se responsabilizar de forma ilimitada, qual seria a melhor opção para
você nesse caso? E em que capacidade você poderia atuar nessa sociedade?
Norte para a resolução...
• Uma saída para você não precisar assumir tanto risco quanto os seus três colegas
profissionais seria a de adotar um modelo societário que comporta classes diferentes de
sócios.
• Assim, o melhor modelo seria o da sociedade em comandita simples, regido pelos
artigos 1.045 a 1.051 do Código Civil.
• É possível a adoção do modelo de sociedade em comandita por ações, mas este é um
tipo muito complexo para uma empresa de escopo relativamente pequeno, que,
provavelmente, não pretende emitir ações.
• Sendo sócio comanditário, você só se obrigará até o valor de sua quota, mas não poderá
praticar atos de gestão, nem ter o nome na firma social; só participar de deliberações e
fiscalizar operações.
Dica do Professor
Bloco 5
Renato Traldi Dias
Dica do professor

Portal do empreendedor do Ministério da Economia:


- Apesar do nome, o site foca na assistência ao MEI (Microempreendedor
Individual).
- É útil tanto para quem já é MEI ou pretende ser MEI.
- Fornece informações detalhadas sobre como realizar diferentes
pagamentos, quais são as vantagens e desvantagens de se constituir como
MEI, e até oferece exemplos das atividades mais comuns das pessoas que
adotam essa classificação.
Referências

BRASIL. Ministério da Economia. Portal do Empreendedor. Brasília, 2020. Disponível em:


http://www.portaldoempreendedor.gov.br/. Acesso em: 07 abr. 2020.
BRASIL. Presidência da República. Casa Civil. Subchefia para Assuntos Jurídicos. Lei n.
10.406, de 10 de janeiro de 2002. Brasília, 2002. Disponível em:
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2002/l10406.htm. Acesso em: 07 abr. 2020.
BRASIL. Presidência da República. Casa Civil. Subchefia para Assuntos Jurídicos. Lei
complementar n. 123, de 14 de dezembro de 2006. Brasília, 2006. Disponível em:
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/lcp/lcp123.htm. Acesso em: 07 abr. 2020.
Referências
MATTOS FILHO et al. Radiografia das sociedades limitadas. Núcleo de Estudos em Mercados e
Investimentos – FGV Direito SP, São Paulo, 2014.

NEGRÃO, Ricardo. Manual de direito empresarial. 8. ed. São Paulo: Saraiva Educação, 2018.

RODRIGUES, Cláudia; VENOSA, Sílvio de S. Direito empresarial. 9. ed. São Paulo: Atlas, 2019.

STJ. Recurso especial n. 1.221.170-PR. Min. Rel. Napoleão Nunes Maia Filho. Brasília, 2018.
Bons estudos!

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