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INFORMATIVO
ORTO-ORTOPÉDICO
GRUPO DE ESTUDO E PESQUISA EM ORTO-ORTOPEDIA
Ano 2 n.2 Mar/Abr 2022

Editores: Brasil - Leon Daghlian (CD e TPD)


Silvia Monfredini (TPD)
Peru - Virgílio Gonzales Vargas (TPD)
ORTODOTISTAS
e
Itália - Massimo Rosella (TPD)
TÉCNICOS EM PRÓTESE DENTÁRIA
Revisão: Brasil - Virgínia Magri (CD-Me.)

A EXCELÊNCIA DO CONHECIMENTO

Prof. Leon Daghlian


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APARELHOS ORTOPÉDICOS FUNCIONAIS

Prof. Leon Daghlian


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ACESSÓRIOS 5

Prof. Leon Daghlian


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Informativo Orto-Ortopédico #1 #2 #3 #4 #5
(Ortho-Orthopedic newsletter)
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Português / Español / English / Italian

Criação e Edição: Leon Daghlian (55-11) 97118 5799 E-mail: gepoo@outlook.com.br


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A Excelência do Conhecimento

O que precisamos saber para confeccionar uma aparelho com excelência?

Esta pergunta vai muito além da bancada. Primeiramente, imaginemos que o paciente é você,
sendo assim, o que você colocaria em sua boca? Aí paramos para pensar...

Ao confeccionar um aparelho, apesar de você não ser o dentista que o indicará, mas quem irá
confeccionar a pedido dele, o que pode ser observado no modelo?

Partimos do princípio que o ortodontista avaliou e indicou corretamente o aparelho,


conhecendo seus problemas e necessidades, conhecendo sua anatomia e particularidades de sua
estrutura estomatognática, moldou ou escaneou corretamente e enviou devidamente condicionado
para que nada danificasse seu trabalho. Aí você começa o trabalho.

O conhecimento da anatomia bucal, do aparelho e acessórios devem ser apropriados de um


profissional qualificado, a maneira de manusear os fios e alicates como mãos de um artista, respeitando
os limites e propriedades dos materiais, não deixando marcas nos fios e adaptando-os corretamente
no modelo. Ao acrilizar com cuidado para que não fique fino a ponto de quebrar, nem tão grosso que
se torne pesado e incômodo, com acabamento de primeira e polimento de um espelho. Sim, é o que
esperamos de um trabalho.

Aí você vai ao consultório para instalar o aparelho e o entrega bonito e higienizado, a final, é você
quem irá usá-lo.

Orgulhoso de um trabalho bem executado, ouve a pergunta do ortodontista: Você sabe por que
eu escolhi estes grampos de retenção, essas molas, este arco e o por que deste tipo de acrilização? Qual
será sua resposta?

O técnico tem a obrigação de conhecer a ativação, atuação e o resultado esperado com seus
aparelhos e acessórios. Não basta saber confeccionar, isso a grande maioria dos técnicos faz e muito
bem, mas o conhecimento além da bancada é que faz o grande profissional.

Vijayalakshmi, K., Removable Orthodontic Appliances. Jaypee Brothers


Medical Publishers Ltd. p.81, New Delhi - India. 2010.
ISBN 978-81-8448-839-5
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Quando confeccionamos um grampo de retenção, devemos saber identificar a necessidade do


paciente, se este grampo ficará tocando o ponto de contato, ou afastado para o caso de erupção dentária,
se não causará um contato prematuro quando o paciente ocluir. As molas, quais usar e em qual situação,
como elas atuarão no dente, inclinando, girovertendo, se colocada em um dente em erupção, como deve
ser ativada e com que força. Qual o arco mais indicado para este caso, etc.

Hoje vemos muitos aparelhos lindos nas redes sociais, mas quantos arcos, grampos e molas
são utilizados? reparem que a variedade é muito pequena, em um universo de mais de um século de
criações, estudos e novidades. Vemos hoje aparelhos e acessórios iguais com nomes diferentes por falta
de pesquisa. É um cuidado a ter quando criamos algo, porque é possível que alguém no passado já tenha
criado ou feito algo semelhante. A leitura e estudo nos mostram os caminhos trilhados e o que foi criado,
isso nos dá o conhecimento e é a alavanca para novas criações ou aumenta as possibilidades de nosso
trabalho, oferecendo maiores possibilidades de acessórios.

Vemos autores como Arthur Martin Schwarz, que na década de 1930, publicou seu livro que
mudou o foco da ortodontia dando vida aos aparelhos removíveis, com uma grande variedade de
aparelhos e possibilidades que tem sido utilizados até hoje, e ainda será por muito tempo, tamanha
sua importância. Seus aparelhos são muito copiados e variedades feitas, o que é muito bom, seu legado
ficou e nos ajudou a prosseguir. É dele a chamda Placa de Schwarz, a base da Placa de Hawley (com a
mudança dos grampos de retenção por qualquer outro que não os grampos do próprio autor), ou ainda
a Placa de Adams, que utiliza os grampos de mesmo nome, que é uma variação dos grampos de Schwarz,
entre outros. Os aparelhos encapsulados, que são os mesmos citados acima, com o acréscimo de resina
na oclusal nos dentes posteriores, que surgiram na mesma época, com grampos variados ou mesmo
sem acessórios, arcos variados ou sem estes.

Aparelhos de Arthur Martin Schwarz


Vijayalakshmi, K., Removable Orthodontic Appliances. Jaypee
Brothers Medical Publishers Ltd. p.83; 84, New Delhi - India.
2010.
ISBN 978-81-8448-839-5

Em nosso Informativo Orto-Ortopédico dedicamos uma seção para acessórios que


acompanha todas as edições, justamente para este fim, de darmos o reconhecimento aos seus autores e
conhecimento aos dentistas e técnicos para poderem utilizá-los quando acharem necessários.
Muitos são específicos e não são fáceis de serem utilizados ou confeccionados, estes
não citamos, mas existem muito excelentes para nosso dia a dia.

Prof. Leon Daghlian


Especialista em Ortopedia Funcional dos Maxilares (CFO 2003)
Especialista em Implantodontia (FACSETE 2017)
Cirurgião Dentista (UMESP 2001)
Técnico em prótese Dentária (SENAC 1985)
leondaghlian@gmail.com
Instagram: @dentearte
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APARELHOS ORTOPÉDICOS FUNCIONAIS

Os aparelhos ortopédicos surgiram em 1909 com o Monobloco de Pierre Robin (1867 - 1950,
França), baseado no aparelho de Norman W. Kingslay de 1885. Pouco tempo depois, apesar de não
se conhecerem, nem tão pouco saberem de seus trabalhos, Viggo Andresen (1870 - 1950, Oslo),
juntamente com Karl Häupl (1893 - 1960), publicaram em 1927 um livro apresentando o Ativador
de Andresen e Häupl, semelhante ao Monobloco de Robin e também baseado no aparelho de Kingslay.

Nos anos seguintes, muitos aparelhos surgiram com base no estímulo de crescimento e/ou para
resolver problemas funcionais. Dentre os aparelhos mais conhecidos estão: Planas, Bimler Bionator,
Klammt, Fränkel, Twin Block, entre outros, e no Brasil: SN - Simões Network, PAM - Guias Póstero-
Anterior Marinho e Propulsor de Rossi. São muitas técnicas e aparelhos maravilhosos que devem ser
estudados.

Em uma visão mecânica, temos a mudança de postura chamada Mordida Construtiva, ou


Mudança de Postura Terapêutica (termo adotado por Wilma Simões (SN)), onde o aparelho muda a
posição mandibular para alcançar o objetivo programado.

Todos os aparelhos para as más oclusões de classe II terão uma projeção mandibular
póstero-anterior, para classe III, uma projeção ântero-posterior, e para o desvio de linha média
esqueletal, um desvio látero-lateral. A questão não é saber o óbvio, mas entender como cada
aparelho trabalha para alcançar a mudança desejada.

Os Planos Inclinados são um exemplo da delicadeza de cada movimento. Por exemplo, em um


caso de classe II, ao utilizar um Plano Inclinado superior para a projeção mandibular, este toca nos
incisivos inferiores de maneira que escorreguem pela inclinação da resina movendo a mandíbula para
frente, logo, estimulando o crescimento póstero-anterior mandibular (A). Estaria certo se os incisivos
inferiores não inclinassem com este aparelho (B). Para evitar tal consequência, é necessário a utilização
de um aparelho inferior para que os incisivos estejam ancorados nos demais dentes, o que impedirá esta
movimentação (C).
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Uma visão da mecânica a ser utilizada, a ancoragem exigida, dentro das condições de
crescimento e um aparelho adequado para tais correções e estímulos são importantes em ser
observados.

O conhecimento de uma técnica irá direcionar o tratamento para um fim esperado, mas
conhecendo mais técnicas, um leque de opções se abrirão diante de seus olhos.

Muitos autores utilizaram o conhecimento de múltiplos aparelhos para criarem outros. Bimler
utilizou o equiplan de Planas, Klammt observou as qualidades e defeitos de outros aparelhos, como
Bimler e Balters, e por considerá-los muito rígidos desenvolveu seu aparelho. Fränkel, ao observar que
os aparelhos existentes interferiam com a língua, a fala e ocupava um certo volume no interior da boca,
desenvolveu um aparelho que se posiciona por vestibular dos dentes, não sendo incômodo à fala, e
afastando os tecidos moles para um melhor desenvolvimento transversal. Wilma Simões, em seu
livro cita sua experiência com Planas e Bimler, o que a levou ao desenvolvimento dos SNs, que
não são limitados a um tipo somente de caso, outros vão surgindo conforme a necessidade e
estudo de casos.

O conhecimento das técnicas nos permite criar, quando de uma necessidade, um aparelho
específico. Muitos aparelhos existem que levam o nome do autor seguido da modificação, por exemplo
o Planas Composto; o Planas Bombonato; Planas PAM, etc., estes aparelhos receberam modificações que
melhoraram a utilização do aparelho, no caso dos três citados, permitem que o Planas pare em
construtiva, e permanecem com o nome do autor do aparelho base, Planas. Outros modificam tanto ou
se inspiram em autores para criarem seus aparelhos que merecem um novo nome, caso dos aparelhos
de Klammt, SN, entre outros.

Isso mostra que não precisamos ficar presos à uma técnica, mas podemos utilizá-las de maneira a
seguir como indicado por seus autores ou modificá-las de acordo com a necessidade. Um legado deixado
por grandes nomes que nos ensinam e inspiram a seguir em frente criando cada vez mais.

A mudança de postura de classe II para classe I é dado com o aparelho mantendo a mandíbula
mais a frente que sua posição habitual, mas quanto mais a frente? Alfeu Marinho (PAM) preconiza 2mm
em sua técnica, Bimler e Klammt sugerem 3 a 4mm de projeção, Balters permite 4 a 5mm, Fränkel
possui variações em seus aparelhos que levam a mandíbula até 7mm ou mais. Podemos seguir estas
orientações ou por exemplo, utilizar uma projeção de 2mm em um Klammt, ou em um Fränkel mesmo
quando a discrepância sendo maior, mas por querer trabalhar de modo mais "leve" na movimentação
mandibular não estaremos mudando uma técnica, mas o conhecimento adquirido com o PAM pode ser
utilizado no Fränkel, por exemplo.

Queremos mostrar que não precisamos estar engessados (no bom sentido) em uma técnica,
mas utilizando o conhecimento de várias podemos ter maiores possibilidades no tratamento. Nossos
pacientes não são todos iguais. Reparem que os autores citados criaram diversos aparelhos para as mes-
mas más oclusões, porém, eles foram os primeiros, mas não esgotaram as possibilidades.

Prof. Leon Daghlian


Especialista em Ortopedia Funcional dos Maxilares (CFO 2003)
Especialista em Implantodontia (FACSETE 2017)
Cirurgião Dentista (UMESP 2001)
Técnico em prótese Dentária (SENAC 1985)
leondaghlian@gmail.com
Instagram: @dentearte
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Bimler A Bionator Standard Planas Composto

Simões Networks (SN)

R.F. Fränkel

Planas PAM
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ACESSÓRIOS 5

Grampo Auxiliar,... ou
Grampo Gota,... ou
Grampo Stahl,... ou
Grampo Eye,... ou
Grampo Laçada Simples
Com muitos nomes, este grampo de retenção é a opção para quase todas as horas. simples
de ser confeccionado, fácil de ser ativado, possui características que o tornam o número 1 quando a
simplicidade unida com a eficácia se fazem necessárias.

Não é possível afirmar quando e com quem surgiu este grampo. Existem vários livros citando
suas aplicações, mas pouca coisa sobre sua origem. Há relatos da autoria por Stahl, em 1958, outros o
apresentam com nomes diferentes e de origens incertas.

Este grampo pode ser encontrado pré-fabricado, mas no laboratório podemos confeccioná-lo de
3 maneiras distintas.

1. Com o alicate 74 (torre), onde o fio é


contornado sobre a superfície cilíndrica
formando um círculo.

2. Com alicate tridente, onde 3 ângulos são


criados e posteriormente fechado com alicate
reto, formando um losango.

3. Com alicate 74 (torre), semelhante ao


primeiro citado, mas deixando uma extremidade
mais longa, formando uma gota, e com o
alicate tridente apertando sobre este formato
para torná-la curva.

O trabalho de retenção dos três grampos será semelhante, a variação vai do gosto de cada um.

As diferenças podem aparecer conforme a confecção. Se em qualquer dos grampos a


extremidade livre ficar saliente poderá incomodar o paciente. A variação 3 é a que mais se "esconde"
quando na boca, a variação 2 não quebra, apesar de ser confeccionado com alicate tridente. O alicate
deve ter sua ponta arredondada, não com ângulos vivos.
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Reparem no volume de cada grampo por vestibular. Vantagens todos possuem, de boa
retenção, facilidade de confecção, grande variedade de opções na indicação. Como desvantagens, a
utilização em dentes com diastemas, coroa expulsiva e quando interfere na oclusão. Também não são
indicados quando o aparelho é encapsulado, pois sua ativação se torna difícil.
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O fio utilizado para estes grampos são de diâmetro 0,7mm. Não recomendamos outro fio levando
em consideração a estabilidade, rigidez e conforto.

Prof. Leon Daghlian


Especialista em Ortopedia Funcional dos Maxilares (CFO 2003)
Especialista em Implantodontia (FACSETE 2017)
Cirurgião Dentista (UMESP 2001)
Técnico em prótese Dentária (SENAC 1985)
leondaghlian@gmail.com
Instagram: @dentearte

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