Você está na página 1de 56

NOÇÕES GERAIS

DE DIREITO E
FORMAÇÃO
HUMANÍSTICA
Ciência Política: As Bases do Estado de
Direito

SISTEMA DE ENSINO

Livro Eletrônico
NOÇÕES GERAIS DE DIREITO E FORMAÇÃO HUMANÍSTICA
Ciência Política: As Bases do Estado de Direito
Leonardo Dlugokenski

Sumário
Apresentação......................................................................................................................................................................3
Ciência Política: As Bases do Estado de Direito. ............................................................................................4
A Sociedade e o Estado: a Terminologia Científica.......................................................................................4
Resumo.................................................................................................................................................................................21
Exercícios............................................................................................................................................................................22
Gabarito...............................................................................................................................................................................29
Gabarito Comentado....................................................................................................................................................30
Referências........................................................................................................................................................................42
Anexo I..................................................................................................................................................................................43
Anexo II.................................................................................................................................................................................48

O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Joice Gomes Ferreira - 03075840114, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.

www.grancursosonline.com.br 2 de 56
NOÇÕES GERAIS DE DIREITO E FORMAÇÃO HUMANÍSTICA
Ciência Política: As Bases do Estado de Direito
Leonardo Dlugokenski

Apresentação
Olá, senhores, senhoras e senhoritas!
Quero nesse momento te congratular por ter adquirido este material. Posso afirmar que
nossos materiais já foram decisivos na vida de muitas pessoas, de pessoas que traçaram um
objetivo e nós auxiliamos na efetivação deste.
Está preparado(a)? Quero ver você vencer, mas, para isso, preciso que venha comigo, que
confie no nosso método e, mais do que isso, confie em si mesmo(a)! Seja obstinado(a) e “res-
pire” concurso nos próximos dias! Acredite! Você pode mudar o seu mundo e o mundo de
quem está à sua volta.
Eu sou o professor Leonardo Dlugokenski, graduado em Filosofia, especialista em Socio-
logia, especialista em Educação e mestre em História, com uma década de experiência no
ensino superior inclusive no curso de Direito.
Caso queiram entrar em contato, ou me seguir, meu Instagram é @professorleonardoled e
meu e-mail é leoled@gmail.com.
Vamos pra cima!

Avaliação da Aula

Você deve estar ansioso(a) para iniciar logo essa aula – e já vamos começar, mas, antes,
quero combinar com você uma coisa, pode ser?
Olha só: na última página das aulas tem um link que vai dar num site, onde você terá a opor-
tunidade de avaliar nosso trabalho, nos dar um feedback.
Então, eu quero te pedir que, no final da aula, clique nesse link e nos diga se gostou ou não.
Se quiser, deixe suas opiniões, sugestões, críticas ou elogios!
Levará poucos segundos e não lhe custará absolutamente nada.
Por outro lado, você estará contribuindo para que nosso trabalho seja cada vez melhor.

Suporte

Se no decorrer do caminho surgirem dúvidas sobre a aula, fique à vontade para manda-las-
para o nosso FÓRUM DE DÚVIDAS, disponível no portal, que eu terei todo o prazer de respon-
dê-las com a maior brevidade possível.
Vamos ao estudo!
Seja imparável!
#SouGran!

O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Joice Gomes Ferreira - 03075840114, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.

www.grancursosonline.com.br 3 de 56
NOÇÕES GERAIS DE DIREITO E FORMAÇÃO HUMANÍSTICA
Ciência Política: As Bases do Estado de Direito
Leonardo Dlugokenski

CIÊNCIA POLÍTICA: AS BASES DO ESTADO DE DIREITO


A Sociedade e o Estado: a Terminologia Científica
Professor, o que é sociedade?

Segundo Sanchez Agesta não existe uma sociedade, mas sociedades que são uma plura-
lidade de grupos da mais diversa espécie e coesão, já para Toennies a Sociedade é o grupo
derivado de um acordo de vontades, de membros que buscam, mediante um vínculo comum
associativo, um interesse comum impossível de se obter pelos esforços isolados do indivíduo

E como funciona a sociedade, professor?

Bem, meu caro discente, existem duas teorias, a teoria oganizacionista e a teoria mecani-
cista. A teoria organizaconista consiste:
• São teorias descendentes dos filósofos gregos Platão e Aristóteles.
• Para Aristóteles o homem é um ser político por natureza, fora dos laços da sociabilidade
ele é um “bárbaro”.
• O ser humano tem vocação inata para a vida social.
• Esse é um princípio para o organizacionismo, porém é necessário ordem para o todo.
• Para Del Veccio a teoria organicista é: “Reunião de várias partes, que preenchem fun-
ções distintas e que por sua ação combinada, concorrem para manter a vida do todo”
• A sociedade funciona como um corpo humano.
• O positivismo é uma consequência direta dessa teoria.
• Alguns autores dizem que esta teoria está predisposta a governos autoritários.

E a teoria mecânica, professor?

Os mecanicistas criticam os organizacionistas devido à existência de fenômenos que não


se encaixam nessa teoria como: migrações e imigrações, suicídio e mobilidade social. Para os
mecanicistas o princípio da sociedade é o assentimento e não o princípio da autoridade, ou
seja, a sociedade só existe a partir de acordos que proporcionam a união dos indivíduos em
pró a manutenção do grupo.

Qual diferença entre sociedade e comunidade, caro mestre?

O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Joice Gomes Ferreira - 03075840114, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.

www.grancursosonline.com.br 4 de 56
NOÇÕES GERAIS DE DIREITO E FORMAÇÃO HUMANÍSTICA
Ciência Política: As Bases do Estado de Direito
Leonardo Dlugokenski

Segundo Toennies, sociedade supõe a ação conjunta e racional dos indivíduos no seio
da ordem jurídica e econômica, nela “os homens, a despeito de todos os laços, permanecem
separados”.
Para Rousseau, sociedade é o conjunto daqueles grupos fragmentários, daquelas “socieda-
des” parciais, onde, do conflito de interesses reinantes só se pode recolher a vontade de todos.
Segundo Norberto Bobbio, é o conjunto de relações humanas intersubjetivas, anterior, exte-
rior e contrário ao estado ou sujeitas a este que formam a sociedade.
Já a comunidade é dotada de caráter irracional, primitivo, munida e fortalecida de solidarie-
dade inconsciente, feita de afetos, simpatias, emoções, confiança, laços de dependência direta
e mutua do “individual” e do “social”.

 Obs.: “Na sociedade a gente está, na comunidade a gente é!”

Professor Leonardo, nós já aprendemos sobre a sociedade e a comunidade, mas e o es-


tado, o que é o estado?

Segundo Hegel e a concepção filosófica, o estado é a realidade da ideia moral, a substância


ética consciente de si mesma, a manifestação visível da divindade.
Já na concepção jurídica o estado é reunião de uma multidão de homens vivendo sob as
leis do direito, é o laço jurídico e político ao passo que a sociedade é uma pluralidade de laços.
O estado é a generalização da sujeição do poder ao direito: por certa personalização.
Na concepção sociológica o estado está ligado a um grupo vitorioso que se impôs a um
grupo vencido, com o único fim de organizar o domínio do primeiro sobre o segundo e resguar-
dar-se contra rebeliões intestinas e agressões estrangeiras. O estado é simplesmente a orga-
nização social do poder e da coerção, é um grupo humano fixado em determinado território,
onde os mais fortes impõem aos mais fracos sua vontade.

Legal, professor, e como se constituí o estado?

Meu caro Frodo, o estado pode ser constituído de duas formas, ou unitário ou federado.
Das formas de estado a unitária é a mais simples, mais lógica e a mais homogênea. O Esta-
do Unitário é a concretização daquele princípio de homogeneização das antigas coletividades
sociais governantes, essa é a principal característica dos estados modernos surgidos ao fim
do século XII, não se constitui de estados-membros: é um estado só, uno, ainda que se possa
subdividir em regiões (como a Itália), ou em províncias (como o Brasil na época do Império), ou
em departamentos (como a França). Pelo que, no estado unitário, apenas há uma constituição:
a constituição nacional.

O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Joice Gomes Ferreira - 03075840114, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.

www.grancursosonline.com.br 5 de 56
NOÇÕES GERAIS DE DIREITO E FORMAÇÃO HUMANÍSTICA
Ciência Política: As Bases do Estado de Direito
Leonardo Dlugokenski

O Estado Federado (como os Estados Unidos, o Brasil, a Suíça, a Alemanha e outros) é um


estado soberano constituído de estados federados (estados-membros) dotados, não de sobe-
rania, mas apenas de autonomia, os quais têm poder constituinte próprio, decorrente do poder
constituinte originário que fez a federação. Desse modo, no estado federal, além da constitui-
ção federal, também existem as constituições estaduais. Exemplos: República Federativa do
Brasil, República federativa dos Estados Unidos da América etc.

Já vimos os tipos de estado, mas quais as formas de governo desse estado, professor?

Existe uma diferenciação entre formas de governo e formas de estado. Formas de Estado:
os ordenamentos estatais, a forma plural e a forma singular dos estados, a sociedade de esta-
dos (estado federal, confederado), Estado simples ou unitário.
Já as formas de governo temos a organização e o funcionamento do poder estatal.
O filósofo da antiguidade Aristóteles de Estagira (384-322 a.C.) estudou profundamente as
formas de governo do seu tempo, ou seja, a Monarquia, Aristocracia e Democracia.
Para ele, a Monarquia representa o governo de um só. Atende o sistema monárquico à
exigência unitária da organização do poder, exprimindo uma forma de governo qual se faz
necessário o respeito as leis, já a Aristocracia significa o governo de alguns, dos melhores. A
exigência de todo o governo aristocrático deve ser a seleção dos melhores.
Segundo o filósofo estagirita a Democracia é o governo que deve atender na sociedade aos
reclamos da conservação e observância dos princípios de liberdade e igualdade. A democracia
decaída se transfaz em demagogia, governo das multidões grosseiras, estúpidas e arbitrárias.
O filósofo moderno Nicolau Maquiavel (1469-1527) acreditava que as formas de governo
ou eram monarquias (poder singular) ou repúblicas (poder plural).
Para ele a República abrange a Aristocracia e a Democracia. A República consiste na sobe-
rania estar nas mãos do povo. Tem como princípio a virtude que se traduz no amor a pátria, na
igualdade, na compreensão dos deveres cívicos. A Monarquia decorre de ser o governo de um
só e tem como princípio o sentimento de honra, no amor das distinções, no culto das prerroga-
tivas. O Despotismo é o governo da ignorância ou transgressão da lei e tem como princípio o
medo, onde há insegurança, onde as relações entre governante e governados se fazem a base
do temor recíproco.
Bluntschl, um jurista alemão distinguiu as formas elementares ou primárias e as formas
secundárias, as formas primárias dizem respeito a participação do governante no governo e a
secundária dos governados no governo. Este teórico segue as formas de governo aristotélicas,
incluindo a forma teocrática.
Segundo Bluntschl existem governos que não se baseiam na figura do governante ou do
povo, mas em uma figura atemporal, divina. A teocracia, como forma de governo degenera na
idolocracia: veneração dos ídolos, as práticas de baixos princípios religiosos extensivos à or-
dem política, que conseqüentemente se perverte.
O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Joice Gomes Ferreira - 03075840114, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.

www.grancursosonline.com.br 6 de 56
NOÇÕES GERAIS DE DIREITO E FORMAÇÃO HUMANÍSTICA
Ciência Política: As Bases do Estado de Direito
Leonardo Dlugokenski

E o que é Estado de direito, mestre? Vi na faculdade, mas não me lembro!

O estado de direito não se apresenta apenas sob uma forma jurídica calcada na hierarquia
das leis, ou seja, ele não está limitado apenas a uma concepção de ordem jurídica, mas, tam-
bém, a um conjunto de direitos fundamentais próprios de uma determinada tradição, assim
o estado de direito apresenta-se ora como liberal, ora como social e, por fim, democrático. O
direito aparece no estado liberal como um limitador das ações do estado, ou seja, submetendo
a soberania estatal a lei. Pode-se apontar como características do estado de direito:
1. Separação entre estado e sociedade civil mediada pelo direito;
2. Garantia das liberdades individuais;
3. Estado essencialmente democrático, controlado por instituições legislativas.
4. Estado mínimo, assegurando a liberdade de ação dos indivíduos.
O estado de direito liberal aqui se entende como mero mediador das relações entre estado
e cidadãos, esse não é um estado que produz nada de material. É um modelo que apoia o indi-
vidualismo liberal e a ação empreendedora do cidadão.
O estado social de direito tenta corrigir o individualismo do estado liberal, atuando além de
garantir a liberdade do indivíduo com a promoção do bem-estar social da coletividade, ou seja,
apesar de ser um estado capitalista, este é um estado intervencionista. É um estado que tenta
criar a uma situação de bem estar geral que garanta o desenvolvimento da pessoa.
O estado democrático de direito é a tentativa de conciliar no estado de direito as conquis-
tas democráticas, as garantias jurídico legais e a preocupação social, a lei aparece como um
instrumento na busca pela igualdade. O estado democrático aparece como um fomentador
para a participação pública do cidadão.
Os princípios do estado democrático de direito são:
1. Constitucionalidade;
2. Organização democrática da sociedade;
3. Sistema de direitos fundamentais individuais e coletivos;
4. Justiça social;
5. Divisão de poderes;
6. Legalidade;
7. Segurança e certeza jurídica.
Diferentemente dos outros modelos de estado, o democrático não trabalha apenas com a
coisa dada, ele é também transformador, proporcionando a participação do povo nas decisões
como também nas conquistas do mesmo.

Beleza! Vimos até agora sobre o que é a sociedade e como funciona. Também vimos o
que é o estado e como funciona, porém, qual é o objetivo do estado? Por que ele existe,
professor?

O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Joice Gomes Ferreira - 03075840114, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.

www.grancursosonline.com.br 7 de 56
NOÇÕES GERAIS DE DIREITO E FORMAÇÃO HUMANÍSTICA
Ciência Política: As Bases do Estado de Direito
Leonardo Dlugokenski

Essa questão foi exaustivamente discutida na Idade Média e a resposta sempre era a mes-
ma, porque Deus quis. Deus criou o mundo, os seres e organizou-os em estados, escolhendo
uma linhagem para governá-los. Esses estadistas deveriam proporcionar que o povo cumpris-
se todas as regras das sagradas escrituras e das bulas papais para ter acesso a salvação no
dia do juízo fiunal, ou seja, o rei era como um pastor escolhido por Deus para levar o seu reba-
nho a boa aventurança e essa teoria ficou conhceida como Direito Divino.
O Direito Divino começou a ruir com a Reforma Protestante de 1517, onde o monge Mar-
tinho Lutero (1483-1546) questionou as ordens da Igreja e parte da sua doutrina, dividindo-a
entre católicos e Protestantes e afastando os monarcas da religião. Com a reforma a igreja
afastou-se do poder temporal e da política deixando um vácuo teórico, surgindo assim a ne-
cessidade de fundamentar a existência do estado em outras bases. Nesse contexto surgiu a
teoria do Jusnaturalismo.
Os jusnaturalistas defendiam que o direito era independente da vontade humana, para es-
tes teóricos o direito existe antes mesmo do homem e acima das leis do homem, para os
jusnaturalistas o direito era algo natural e tinha como pressupostos os valores do ser humano,
e busca sempre uma ideal de justiça. Sendo este um Direito Universal, imutável e inviolável.
Eles acreditavam que o surgimento do estado vinha da necessidade de uma liderança que era
escolhida a partir de um sufrágio em algum tempo imemorial que dividiu o estado de natureza
(primitivo) e o estado de direito (racional e burocrático).
Os teóricos clássicos dessa corrente são John Locke (16321704), Jean Jacques Rousseau
(1712–1778), Jean Bodin (1530–1596) e Thomas Hobbes (1588–1679). Também são teóricos
utilizados para a compreensão dos objetivos do estado Nicolau Maquiavel (1469–1527) e o
Barão de Montesquieu (1689–1755).
Para melhor compreensão meu caro estudante, veremos um autor por vez começando
com Thomas Hobbes.
A chave para entender o pensamento de Hobbes é apreender o que é o “estado de nature-
za”, para ele, a natureza humana é a mesma em todos os tempos. Isso significa que o homem
em estado de natureza não é necessariamente um selvagem, mas o mesmo homem que vive
em sociedade. Hobbes crê que os homens são iguais o suficiente para que nenhum possa
triunfar de maneira total sobre o outro.
Para Hobbes, da igualdade dos homens surge uma guerra geral e constante, já que os ho-
mens não sabem quais são as intenções dos outros tem de supor qual será a atitude desses
últimos. O mais razoável para cada um acaba sendo atacar o outro para vencê-lo ou, simples-
mente, evitar um ataque possível, atingindo assim seu fim último, que é o de preservar a própria
vida e, as vezes seu deleite.
Há três causas principais de discórdia:
1. a competição, que leva os homens a atacarem os outros visando lucro;
2. desconfiança, que os leva a fazer guerra visando segurança;
3. glória, visando reconhecimento.
O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Joice Gomes Ferreira - 03075840114, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.

www.grancursosonline.com.br 8 de 56
NOÇÕES GERAIS DE DIREITO E FORMAÇÃO HUMANÍSTICA
Ciência Política: As Bases do Estado de Direito
Leonardo Dlugokenski

Dessas premissas, Hobbes deduz que no estado de natureza o homem tem direito a tudo
– o direito de natureza – para preservar a si mesmo.

(...) um preceito ou regra geral estabelecido pela razão, mediante o qual se proíbe a um homem fa-
zer tudo o que possa destruir sua vida ou privá-lo dos meios necessários para preservá-la, ou omitir
aquilo que pense contribuir melhor para preservá-la. (Leviatã, cap. XIII, p.74)

Para preservar a vida humana em face da possibilidade de aniquilação total da espécie,


Hobbes acreditava que o ser humano abriu mão de alguns desejos em pró à obediência da lei
e do gestor da lei, o governante.
Esse autor acreditava que a lei e o governante, por si mesmos não bastam. Era necessário
um Estado dotado de espada para causar terror e forçar os homens ao respeito das leis.
A única maneira de instituir tal poder é segundo Hobbes, conferir todo poder individual a
uma pessoa ou assembleia por meio de um pacto estabelecido por um homem com cada outro
homem, com a condição de que os outros façam o mesmo. Essa multidão se une, então, em
uma só pessoa chamada Estado, de cujos atos todos os homens se reconhecem autores, pois
é uma unidade. A pessoa física que encarna essa pessoa formada por todos os participantes
do pacto é chamada de soberano, todos os restantes são súditos. Assim se dá a passagem do
estado de natureza para o estado de direito.
O Estado faz com que as leis sejam respeitadas por meio do medo que impõe aos súditos.
Mas evitar a morte violenta não é o único propósito do Estado: os homens criam este na espe-
rança de uma vida melhor e mais confortável. O conforto se deve, em grande parte a proprie-
dade, cuja divisão é da competência do soberano.
Jean Bodin é um autor francês que se dedicou mais a figura do soberano e não a passagem
do estado de natureza para o estado civil como Hobbes. Ele foi um jurista francês que contri-
buiu bastante para que o absolutismo ganhasse suas mais importantes justificativas intelec-
tuais. Além de preocupar-se com questões de ordem política, Bodin também era um famoso
perseguidor das manifestações heréticas de sua época. Sua ação contra os valores religiosos
considerados anticristãos acabou deixando-o conhecido como “procurador do Diabo”. Entre
suas principais obras damos destaque espacial à “República”.
Convivendo com os intensos conflitos religiosos que tomaram conta da França do século
XVI, Bodin vai dedicar boa parte de sua reflexão política à questão da soberania, nesse sentido,
um dos mais marcantes valores pregados pelo seu pensamento consiste em defender a indi-
visibilidade da soberania.
Bodin acreditava que a ideia de um governo misto geraria uma falsa impressão de que
não há a ação de um setor politicamente soberano. Para confirmar essa idéia ele toma como
exemplo as práticas políticas instituídas no interior da República romana. De acordo com sua
interpretação, o fato da população romana ter o direito de indicar quais pessoas ocupariam os
cargos de magistratura, não limitava os diversos poderes concedidos a esses mesmos repre-
sentantes políticos.
O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Joice Gomes Ferreira - 03075840114, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.

www.grancursosonline.com.br 9 de 56
NOÇÕES GERAIS DE DIREITO E FORMAÇÃO HUMANÍSTICA
Ciência Política: As Bases do Estado de Direito
Leonardo Dlugokenski

Dessa maneira, Jean Bodin não aceitava a possibilidade de uma forma de governo pautada
na ausência de soberania. Caso não haja um setor politicamente soberano, seja minoritário ou
majoritário, qualquer governo acaba se transformando em um verdadeiro regime de natureza
anárquica. Por isso esse teórico francês vai conceber um “estado” em que a soberania assume
em diferentes contextos políticos, para assim, julgar qual a classificação mais adequada ao
seu tipo de governo.
No momento em que a hegemonia é assumida pela figura do príncipe, temos a instalação
de uma monarquia. Em experiências onde a soberania é assumida pela grande maioria da po-
pulação, acredita o pensador que o estado é popular. Por fim, caso haja um grupo minoritário
controlando as instituições políticas, haveria a formação de um regime aristocrático. Além dis-
so, Bodin também vai admitir que cada tipo de estado assuma diferentes formas de governo.
Por fim, sua obra se sustenta veementemente na ideia de que seria impossível conceber
um governo pautado em grupos igualitariamente favorecidos. Ao naturalizar as desigualdades,
Bodin começou a levantar argumentos onde indicou que a desigualdade e a presença de um
indivíduo soberano não se tratavam de um costume socialmente constituído, mas uma forma
claramente perceptível em diferentes manifestações de ordenação da natureza.
Dessa forma, Jean Bodin também utilizava uma argumentação de traço fortemente reli-
gioso para defender o regime monárquico. Segundo o próprio autor, “todas as leis da natureza
nos guiam para a monarquia; seja observando esse pequeno mundo que é nosso corpo, seja
observando esse grande mundo, que tem um soberano Deus; seja observando o céu, que tem
um só Sol”. Por isso era considerado um dos defensores do “direito divino dos reis”.

E o Locke e o Roussseau? O que eles pensavam sobre isso, professor?

Juntamente com Hobbes e Rousseau, Locke é um dos principais representantes do jusna-


turalismo ou teoria dos direitos naturais. O modelo jus-naturalista de Locke é, em suas linhas
gerais, semelhante ao de Hobbes: ambos partem do estado de natureza que, pela mediação do
contrato social, realiza a passagem para o estado civil.
O estado de natureza era, segundo Locke, uma situação real e historicamente determinada
pela qual passara, ainda que em épocas diversas, a maior parte da humanidade e na qual se
encontravam ainda alguns povos, como as tribos norte-americanas.
Esse estado de natureza diferia do estado de guerra hobbesiano, baseado na insegurança
e na violência, por ser um estado de relativa paz, concórdia e harmonia. Existe, contudo, grande
diferença na forma como Locke, diversamente de Hobbes, concebe especificamente cada um
dos termos do trinômio estado natural/contrato social/estado civil.
Locke utiliza também a noção de propriedade numa segunda acepção que, em sentido es-
trito, significa especificamente a posse de bens móveis ou imóveis. A teoria da propriedade de
Locke, que é muito inovadora para sua época, também difere bastante da de Hobbes.

O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Joice Gomes Ferreira - 03075840114, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.

www.grancursosonline.com.br 10 de 56
NOÇÕES GERAIS DE DIREITO E FORMAÇÃO HUMANÍSTICA
Ciência Política: As Bases do Estado de Direito
Leonardo Dlugokenski

O homem era naturalmente livre e proprietário de sua pessoa e de seu trabalho. Como a
terra fora dada por Deus em comum a todos os homens, ao incorporar seu trabalho à matéria
bruta que se encontrava em estado natural o homem tornava-a sua propriedade privada, esta-
belecendo sobre ela um direito próprio do qual estavam excluídos todos os outros homens. O
trabalho era, pois, na concepção de Locke, o fundamento originário da propriedade.
A concepção de Locke, segundo a qual “é na realidade o trabalho que provoca a diferença
de valor em tudo quanto existe”, pode ser considerada, em certa medida, como precursora da
teoria do valor-trabalho, desenvolvida por Smith e Ricardo, economistas do liberalismo clássico.
Em Locke, o contrato social é um pacto de consentimento em que os homens concordam
livremente em formar a sociedade civil para preservar e consolidar ainda mais os direitos que
possuíam originalmente no estado de natureza.
No estado civil os direitos naturais inalienáveis do ser humano à vida à liberdade e aos
bens estão melhor protegidos sob o amparo da lei, do árbitro e da força comum de um corpo
político unitário.
Assim, a Passagem do estado de natureza para a sociedade Política ou civil (Locke não
distingue entre ambas) se opera quando, através do contrato social, os indivíduos singulares
dão seu consentimento unânime para a entrada no estado civil.
Estabelecido o estado civil, o passo seguinte é a escolha pela comunidade de uma deter-
minada forma de governo. Na escolha do governo, a unanimidade do contrato originário cede
lugar ao princípio da maioria, segundo o qual prevalece a decisão majoritária e, simultanea-
mente, são respeitados os direitos da minoria.
No que diz respeito às relações entre o governo e a sociedade, Locke afirma que, quando o
executivo ou o legislativo violam a lei estabelecida e atentam contra a propriedade, o governo
deixa de cumprir o fim a que fora destinado, tornando-se ilegal e degenerando em tirania. O que
define a tirania é o exercício do poder para além do direito, visa não o interesse próprio e não o
bem público ou comum.
Segundo Locke, a doutrina da legitimidade da resistência ao exercício ilegal do poder re-
conhece ao povo, quando este não tem outro recurso ou a quem apelar para sua proteção, o
direito de recorrer a força para a deposição do governo rebelde. O direito do povo à resistência
é legítimo tanto para defender-se da opressão de um governo tirânico como para libertar-se do
domínio de uma nação estrangeira.
Jean Jacques Rousseau em linhas gerais acreditava que o homem em Estado de natureza
era bom, era puro, porém alguns espertos resolveram aproveitar-se dessa situação e foram
tomando conta das terras, cercando-as e dizendo ser suas por direito divino, logo, os bons de
coração perderam todas as suas terras e tiveram que obedecer às ordens dos espertos. Assim
que começou segundo Rousseau o governo déspota dos reis europeus.

Mas, professor, o que Rousseau propõe para resolver esse problema?

O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Joice Gomes Ferreira - 03075840114, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.

www.grancursosonline.com.br 11 de 56
NOÇÕES GERAIS DE DIREITO E FORMAÇÃO HUMANÍSTICA
Ciência Política: As Bases do Estado de Direito
Leonardo Dlugokenski

Rousseau propôs realizar uma nova divisão das terras, dado que o mal estava feito e não
era possível voltar no tempo para desfazê-lo, ou seja, o modelo Robin Hood de estado tirando
dos ricos e dando para os pobres. Esse modelo foi aplicado de forma genérica após a Revolu-
ção Francesa de 1789.

Perfeito, professor! Já vimos sobre os teóricos do estado, mas o que é a sociedade de


controle social?

Desde que o homem passou a viver em sociedade foram criados dois espaços, o público
e o privado:
• Espaço público: para os gregos era o espaço onde o cidadão se expressava por meio de
ideias e de seu corpo, campo dos iguais, dos cidadãos, portanto, da cidadania.
• Espaço privado: espaço dos não cidadãos: mulheres, estrangeiros e escravos.

Na modernidade o espaço público tornou-se o espaço de relacionamento entre os desi-


guais, onde o estado se impõe para normatizar as relações entre esses indivíduos visando à
harmonia social, as normas podem ser tanto sociais (morais) quanto legais.
• Normas sociais: são normas de conduta, o julgamento é feito pela sociedade e a puni-
ção é auferida pela consciência do indivíduo.
• Normas legais: são normas de conduta positivadas pelo estado, quem julga é o poder
judiciário e a penalidade consta nos códigos e pode ir de multa a reclusão do indivíduo.

A norma depende da sociedade e do contexto histórico e social que esta sociedade está
passando, ou seja, não é fixa e pauta o que chamamos de normal. O que é normal hoje pode ser
considerado anormal amanhã, a norma surge como um organismo que visa coagir o indivíduo
para que esse realize ações corretas conforma o que é considerado válido segundo os acordos
realizados.
O direito surge como aparelho ideológico a partir do momento que normatiza a conduta
dos indivíduos. As regras legais são resultado da ação dos legisladores, que a partir de vota-
ções criam as regras que deverão ser seguidas pela sociedade, os legisladores dependem do
sistema de governo, ou seja, o direito surge como um aparelho repressivo do estado.
O estado possui também aparelhos ideológicos que tem como objetivo a formação do ci-
dadão ideal. Os aparelhos ideológicos são representados por instituições como:
• Família;
• Instituições educativas;
• Igreja;
• Mídia;
• Sistema judiciário.

O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Joice Gomes Ferreira - 03075840114, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.

www.grancursosonline.com.br 12 de 56
NOÇÕES GERAIS DE DIREITO E FORMAÇÃO HUMANÍSTICA
Ciência Política: As Bases do Estado de Direito
Leonardo Dlugokenski

Quando falamos em Estado de Controle Social estamos falando de um estado que tem
como objetivo moldar às ações do cidadão em benefício da coletividade e torná-lo um ente útil
a coletividade.

Ok, professor, mas o que é classe social? Como ela surge?

Segundo Marx (1818-1883) classe social é um grupo de indivíduos que, por ocuparem uma
posição semelhante na divisão do trabalho, compartilham recursos econômicos comuns. Para
ele as principais classes sociais são os burgueses (donos dos meios de produção) e os pro-
letários (donos da força individual de trabalho). Nessa perspectiva, o conflito por recursos (e
poder) é característica fundamental da sociedade, e a relação de classes é necessariamente
uma relação de exploração. O resultado dessa relação é a desigualdade econômica que o sis-
tema capitalista produz.
Max Weber (1864-1920) compartilhava a ideia de Marx de que a noção de classe social
teria um determinante econômico fundamental. No entanto, considerava também que o con-
ceito de classe deriva de outros elementos que não tem vínculo direto com a riqueza. Fatores
como o Prestígio hereditário, a participação na sociedade, a autoidentificação com o grupo, o
reconhecimento dos outros como semelhantes, o estilo de vida semelhante, a educação, as
atitudes e valores que os indivíduos possuem são também condicionantes para o pretenci-
mento ou não à uma classe.
Para Weber a posição do indivíduo na sociedade influencia as suas oportunidades de vida,
e essa possibilidade de opções – que resulta da diferença entre grupos sociais em matéria de
privilégio social, prestígio, autoridade, poder e de diversos graus de habilidade – chama-se sta-
tus. Saberes diferenciados e qualificações específicas, como diplomas e graus acadêmicos,
produzem um número considerável de posições na sociedade e influenciam no tipo de trabalho
que a pessoa pode ter.
O enfoque weberiano concebe um número de classes sociais que não é fixo, como também
não são fixas as fronteiras de status que as separam.

Perfeito!!!!! Mas ouvi falar em uma tal estratificação social, o que é? O senhor pode me
explicar, professor?

Sim, sim sim!!!!!! Por “estratificação social” entendemos a distribuição de indivíduos e gru-
pos em camadas hierarquicamente superpostas dentro de uma sociedade. Essa distribuição
se dá pela posição social dos indivíduos, das atividades que eles exercem e dos papéis que
desempenham na estrutura social.

O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Joice Gomes Ferreira - 03075840114, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.

www.grancursosonline.com.br 13 de 56
NOÇÕES GERAIS DE DIREITO E FORMAÇÃO HUMANÍSTICA
Ciência Política: As Bases do Estado de Direito
Leonardo Dlugokenski

Os principais tipos de estratificação social são a Estratificação Econômica que é definida


pela posse de bens materiais, cuja distribuição pouco equitativa faz com que existam pesso-
as ricas, pobres e em situação intermediária, a Estratificação Política que é estabelecida pela
posição de mando na sociedade (grupos que tem poder e grupos que não tem poder) e a Es-
tratificação Profissional que é baseada nos diferentes graus de importância atribuídos a cada
profissional na sociedade.
Ligada a estratificação social está a Mobilidade Social que é a mudança de posição social
de uma pessoa (ou grupo de pessoas) num determinado sistema de estratificação social.

Quanta coisa, Mestre! Mas para compreender de vez essa “coisa” toda de estado e socie-
dade você poderia me explicar o que são os movimentos sóciais?

Claro que sim, meu caro discente!


Movimentos Sociais são ações coletivas de caráter sociopolítico e cultural, construídas por
atores de diferentes estratos sociais, também são ações coletivas que possuem uma identida-
de, têm um opositor e articulam ou fundamentam um projeto de vida e de sociedade.
Os Movimentos Sociais são ações se organizam a partir de repertórios e demandas que
produzem uma identidade aos seus participantes.
A noção de ator social, sujeito, agente, indivíduos, é fundamental na compreensão para a
análise dos movimentos sociais, eles manifestam interesses sociais, econômicos, políticos,
culturais de forma articulada, geralmente expressos através de formas perceptíveis e legítimas.
Os atores sociais ocupam diferentes posições sociais (estratos), que expressam diferença
e desigualdade social, suas atitudes são regradas por valores éticos compartilhados, mas que
também vivenciam simultaneamente, valores culturais específicos ou identidades.
Os movimentos sociais surgem a partir de demandas como as imagens sobre a moderni-
dade e as consequências econômicas, políticas, sociais e ambientais da modernidade: rique-
za, guerras, diferença, desigualdade, valores modernos, cultura moderna, família moderna.
Os Movimentos Sociais não são só reativos, movidos pela fome e pela opressão, eles tam-
bém surgem a partir da reflexão por parte de atores sociais que são seus integrantes sobre sua
própria experiência, isto é, eles são, em última instância, ações de interpretação.

E no Brasil, quando se iniciaram os movimentos Sociais, professor?

Ainda no século XVIII caro gafanhoto, porém tenho que explanar de forma mais aprofun-
dada para entederes o porquê, dado que é necessário uma perspectiva ampla é necessária
para abordar os movimentos sociais brasileiros, de vez que suas características são muito
variáveis. Algumas rebeliões ficaram somente da fase conspiratória. Em alguns casos, foi mí-
nimo, quase insignificante, o grau de participação das classes populares. Em outros, não houve
razões de ordem política ou econômica para o movimento, que foi impulsionado somente por
razões religiosas.
O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Joice Gomes Ferreira - 03075840114, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.

www.grancursosonline.com.br 14 de 56
NOÇÕES GERAIS DE DIREITO E FORMAÇÃO HUMANÍSTICA
Ciência Política: As Bases do Estado de Direito
Leonardo Dlugokenski

Vou elencar alguns movimentos sociais:


1. Revolta Armada
Foi movimento contra o presidente Floriano Peixoto e se irrompeu no Rio de Janeiro, em 6
de setembro de 1893 onde praticamente toda a marinha se tornou antiflorianista.
O principal combate ocorreu na Ponta da Armação, em Niterói, a 9 de fevereiro de 1894. O
governo conseguiu a vitória graças a uma nova esquadra, adquirida e aparelhada no exterior.
Parte dos revoltosos se rendeu a 13 de março de 1894 e outros 400 revoltosos se refugiaram
em dois barcos de guerra portugueses e rumaram para o Uruguai.
2. Revolução Federalista
Iniciada em fevereiro de 1893, no Rio Grande do Sul e as batalhas ocorreram em terra e mar,
chegando até o Paraná. Os remanescentes da Revolta da Armada, que haviam desembarcado
no Uruguai, uniram-se aos maragatos (antiflorianistas), que lutavam contra os pica-paus (go-
vernistas). Ao final, os maragatos foram derrotados pelo exército governista.
3. Guerra de Canudos
Avaliações políticas erradas, pobreza e religiosidade deram início à guerra contra os ha-
bitantes do arraial de Canudos, no interior da Bahia, onde viviam, em 1896, cerca de 20 mil
pessoas sob o comando do beato Antonio Conselheiro. Um mal-entendido sobre a venda de
madeiras serviu como estopim.
De novembro de 1896 à derrota em outubro de 1897, o arraial resistiu às investidas das
tropas federais (quatro expedições militares), a guerra resultou em cerca de 25 mil mortos.
4. Guerra do Contestado
Entre 1912 e 1916, na região dos estados do Paraná e Santa Catarina, semelhantemente a
Canudos o conflito envolveu messianismo, pobreza e insensibilidade política.
A construção da estrada de ferro ligando São Paulo ao Rio Grande do Sul levou à região
alguns dos elementos que provocaram a eclosão da guerra. Lá viviam pessoas muito pobres,
oprimidas, que não possuíam terras e também padeciam com a escassez de alimentos, sub-
sistiam sob a opressão dos grandes fazendeiros e de duas empreendedoras americanas que
operavam ali – a Brazil Railway, responsável pela implantação da via ferroviária que uniu o Rio
Grande a São Paulo, e uma madeireira. Forças policiais e do exército alcançaram a vitória con-
tra os caboclos deixando milhares de mortos.
5. A Grande Greve de 1917
Nas cidades (São Paulo e Rio de Janeiro), a economia brasileira modernizava-se lenta-
mente, integrada ao sistema capitalista mundial, o mercado interno vinha crescendo desde
meados do século XIX quando o trafico de escravos foi proibido e teve inicio a imigração de
trabalhadores europeus.
A classe operária, formada em sua maioria por imigrantes europeus, enfrentava péssimas
condições de trabalho, com jornadas de 15 ou 16 horas, sem direito a descanso.

O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Joice Gomes Ferreira - 03075840114, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.

www.grancursosonline.com.br 15 de 56
NOÇÕES GERAIS DE DIREITO E FORMAÇÃO HUMANÍSTICA
Ciência Política: As Bases do Estado de Direito
Leonardo Dlugokenski

A resistência contra as más condições de trabalho deu origem a associações de ajuda


mútua que vão ser as precursoras dos sindicatos. O primeiro movimento de grande impacto
no Brasil aconteceu em Julho de 1917, na cidade de São Paulo, quando houve uma greve geral
que paralisou a capital durante uma semana – dentre as conquistas obtidas, destacam-se o au-
mento em 20% nos salários e o reconhecimento do direito de organização dos trabalhadores.
6. Coluna Prestes
A classe média formada por profissionais liberais, militares de pequena patente, funcioná-
rios públicos de médio escalão, artesãos e pequenos comerciantes, entra em cena na déca-
da de 1920;
Os vícios do sistema como o “voto de cabresto” e as fraudes do sistema eleitoral levaram
ao Tenentismo que se alastrou por todo o país. Rebeliões militares tentaram derrubar o gover-
no oligárquico e o destaque foi a Coluna Prestes em 1925.
Durante dois anos, a coluna percorreu mais de 26 mil quilômetros pelo interior do país,
combatendo as tropas federais e defendendo a instalação do voto secreto, mudanças no sis-
tema eleitoral e redistribuição de poderes aos estados.

Legal, professor, mas quais são os Movimentos Sociais contemporâneos?

Meu caro discente, na contemporaneidade temos movimentos sociais no campo como o


Movimento dos Trabalhadores Rurais sem Terra, as Ligas Camponesas e também movimentos
urbanos como o Movimento Brasil Livre MBL, Movimento Escola Sem Partido, Movimento dos
Sem Teto que se organizam como já discutimos anteriormente tendo suas bandeiras e lutas
específicas em áreas específicas.

E o que são os direitos humanos, professor? Tem alguma coisa ligada a tudo que vimos
até agora?

É claro que sim! Muitos falam sobre o tema direitos humanos, porém poucos entendem a
dimensão benéfica que esse compêndio de princípios legais possui frente a um universo de
sete bilhões de setecentos milhões de pessoas que habitam o planeta terra.
Para que possamos entender os direitos humanos e sua eficácia, sem preconceitos, tere-
mos que analisá-los por partes. Primeiramente aviso ao leitor que divagaremos sobre o que
é o direito e sua principal expressão, a lei. O direito é a tentativa de organizar a sociedade em
prol de objetivos coletivos, sendo o mais nobre a preservação da espécie humana. A partir das
regras e das sanções previstas nos códigos legais que são confeccionados pelo povo ou seus
representantes é que o indivíduo agirá conforme a lei, ou seja, visando o bem coletivo em detri-
mento ao bem pessoal. Mas o caro leitor pode se perguntar, por que criamos regras para inibir
a nossa vontade, o nosso bem pessoal?
O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Joice Gomes Ferreira - 03075840114, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.

www.grancursosonline.com.br 16 de 56
NOÇÕES GERAIS DE DIREITO E FORMAÇÃO HUMANÍSTICA
Ciência Política: As Bases do Estado de Direito
Leonardo Dlugokenski

O filósofo Aristóteles de Estagira (384-322 a.C.) em sua obra Ética a Nicômaco tentou
compreender a razão humana e para isso dividiu essa faculdade em duas partes, o corpo (lado
irracional) e a alma (lado irracional). Para esse filósofo estagirita o corpo é responsável pelos
desejos, ou seja, todo aquele sentimento que não possuímos controle sobre o seu surgimento
como a fome, a sede, a paixão. E o lado racional seria a porção que criaria regras para que
esses desejos não se tornassem desmedidos e prejudicassem outras pessoas. Logo, o ofício
de criar regras vem da razão humana visando cercear os desejos egoístas desmedidos que
podem prejudicar outras pessoas e a lei é resultado da razão e o estado surge como o guardião
da lei, apenas o estado (república, monarquia, aristocracia...) pode julgar os indivíduos e aplicar
as punições previstas visando o bem coletivo. Ok, porém, o que fazer quando o estado não visar
o bem coletivo? Temos exemplos históricos claros desse fenômeno como a Alemanha nazista
de Adolf Hitler, a Itália facista de Benito Mussolini.
Quando o estado não visa o bem coletivo e age de forma despótica os direitos humanos
entram em ação. Os direitos humanos têm sua gênese ainda na antiguidade quando o homem
se questionava como defender-se de estados despóticos, porém só foi efetivado como uma
declaração a partir de 1948, visando não permitir que absurdos como a eliminação de pelo me-
nos seis milhões de judeus pelo regime Nacional Socialista alemão. Os princípios dos direitos
humanos estão ligados a proteção da vida, do direito a igualdade, a liberdade, toda a vez que
um estado transgredir algum desses princípios os Direitos Humanos são invocados. Logo os
direitos humanos não são apenas os direitos para os manos!

Nossa! Esses direitos são muito importantes! Mas pode aprofundar um pouco mais a
questão histórica, professor?

Os direitos humanos nasceram como direitos naturais universais, desenvolveram-se como


direitos positivos particulares (a medida que são incorporados s constituições) para finalmnte
encontrar a plena realização como direitos positivos universais.
A positivação dos direitos humanos se iniciou com o Direito humanitário, passando pela
liga das nações e a Organização mundial do trabalho.
O direito humanitário é o componente de direitos humanos da lei da guerra, é o direito que
se aplica na hipótese de guerra, no intuito de fixar limites à atuação do estado e assegurar a
observencia dos direitos fundamentais. Esse direito é específico para quem está for a de com-
bate (feridos, doentes, naufragos e prisioneiros).
As origens do Direito Internacional Humanitário podem ser encontradas nos códigos e re-
gras de religiões e nas culturas do mundo inteiro. O desenvolvimento moderno do Direito teve
início na década de 1860, desde essa altura os Estados acordaram numa série de normas prá-
ticas, baseadas na dura experiência da guerra moderna, que refletem num delicado equilíbrio
entre as preocupações humanitárias e as necessidades militares dos Estados.

O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Joice Gomes Ferreira - 03075840114, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.

www.grancursosonline.com.br 17 de 56
NOÇÕES GERAIS DE DIREITO E FORMAÇÃO HUMANÍSTICA
Ciência Política: As Bases do Estado de Direito
Leonardo Dlugokenski

Com o crescimento da comunidade internacional, aumentou igualmente o número de Estados


em todo o mundo que contribuíram para o desenvolvimento do Direito Internacional Humanitário,
que pode hoje em dia ser considerado como um sistema de Direito verdadeiramente universal.
O Direito Internacional Humanitário proíbe todos os meios e métodos de combate que:
• não discriminem entre as pessoas que participam nas hostilidades e as pessoas que, tal
como os civis, não participam nelas,
• causem ferimentos supérfluos ou sofrimentos desnecessários;
• causem danos graves ou duradouros ao meio ambiente
• O Direito Internacional Humanitário proibiu assim o uso de muitas armas, entre as quais
as balas explosivas, armas químicas e biológicas, assim como armas a laser que provo-
cam cegueira e teve como primeira instituição jurídica que a positivou a Liga das nações.

Criada após a Primeira Guerra Mundial, a Liga das Nações tinha como finalidade promover
a cooperação, paz e segurança internacional, condenando agressões externas contra a integri-
dade territorial e a independência política dos seus membros.
A convenção da Liga das Nações, de 1920, continha previsões genéricas relativas aos direi-
tos humanos, destacando-se as voltadas aos direitos das minorias e aos parâmentros interna-
cionais do direito do trabalho – pelo qual os estados se comprometiam a assegurar condições
justas e dignas de trabalho para homens, mulheres e crianças.
Outro ente jurídico que positivou algumas regras genéricas de Direitos Humanos no início
do século XX foi a Organização Internacional do Trabalho (OIT).
Criada após o final da primeira guerra mundial, a Organização Internacional do Trabalho
tem por finalidade promover padrões internacionais de condições de trabalho e de bem-estar.
É importante ressaltar que ela é parte do tratado de Versalhes.
A OIT possui quetro valores fundamentais:
• o trabalho deve ser fonte de dignidade;
• o trabalho não é uma mercadoria;
• a pobreza, em qualquer lugar, é uma ameaça à prosperidade de todos;
• todos os seres humanos têm o direito de perseguir o seu bem-estar material em condi-
ções de liberdade e dignidade, segurança econômica e igualdade de oportunidades.

A Segunda Guerra Mundial foi decisiva para a dissolução da liga das nações e o seu fim
proporcinou a gênese da Organização das nações Unidas que se tornou a depositária do direito
internacional humanitário.
Em anexo enviarei para você a carta da declaração Universal dos Direitos humanos com o
objetivo de tornar mais completa a sua experiência com o nosso material.

O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Joice Gomes Ferreira - 03075840114, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.

www.grancursosonline.com.br 18 de 56
NOÇÕES GERAIS DE DIREITO E FORMAÇÃO HUMANÍSTICA
Ciência Política: As Bases do Estado de Direito
Leonardo Dlugokenski

Os direitos humanos funcionam a partir de convenções que calcam as novas regras a se-
rem seguidas pelos países que tornarem-se signatários dos tratados propostos. Veremos al-
guns tratados:
• A Convenção internacional sobre a eliminação de todas as formas de discriminação
racial (ICERD, do inglês International Convention on the Elimination of All Forms of Racial
Discrimination) é um dos principais tratados internacionais em matéria de Direitos Hu-
manos. Foi adotada pela Assembléia Geral das Nações Unidas, em 21 de dezembro de
1965, entrando em vigor em 4 de janeiro de 1969.
• O Comitê para a Eliminação da Discriminação Racial (CERD) é um corpo de peritos de
Direitos Humanos incumbido de monitorar a implementação da Convenção. Compõe-se
de 18 membros, eleitos para um período de quatro anos. Todos os países que aderirem
à Convenção devem submeter relatórios regulares ao Comitê, que os analisa e sugere as
medidas legislativas, judiciais e de política aplicáveis a cada caso. O primeiro relatório
é devido no prazo de um ano após a adesão. Os seguintes são devidos bianualmente.O
Comitê se reúne nos meses de março e agosto, em Genebra (Suiça).
• Convenção sobre a eliminação de todas as formas de discriminação contra as mulheres
é um tratado internacional aprovado em 1979 pela Assembleia Geral das Nações Uni-
das. Descrito como uma declaração internacional de direitos das mulheres, que entrou
em vigor em 3 de setembro de 1981 e foi ratificada por 188 Estados. Mais de cinquenta
países que ratificaram a convenção, o fizeram sujeito a certas declarações, reservas e
objeções, incluindo 38 países que rejeitaram o artigo aplicação 29, que trata de meios de
resolução de litígios relativos à interpretação ou aplicação da convenção
• A Convenção contra tortura e outros tratamentos ou penas cruéis, desumanos ou degra-
dantes surgiu após os nefastos episódios da Segunda Guerra Mundial, bem como das
opressões sofridas pelos cidadãos de países sob regimes ditatoriais, a ONU foi forçada
a tratar especificamente da tortura, vez que a vedação desta pelo artigo 5º da Declara-
ção Universal dos Direitos Humanos mostrou-se insuficiente para a erradicação de tal
prática. Neste contexto a criação da Convenção Contra Tortura e Outros Tratamentos
ou Penas Cruéis, Desumanos ou Degradantes, outorga aos Estados signatários desta a
atuação contundente em seu território sobre a questão. A Convenção das Nações Uni-
das contra a Tortura e Outros Tratamentos ou Penas Cruéis, Desumanos ou Degradantes
(Resolução 39/46 da Assembleia Geral das Nações Unidas) foi estabelecida em 10 de
dezembro de 1984. A Convenção foi ratificada pelo Brasil em 28 de setembro de 1989. A
Convenção da ONU sobre a Tortura e Outros Tratamentos ou Penas Cruéis, Desumanos
ou Degradantes determina a vedação de qualquer ação tomada por um representante do
Esta dono exercício de suas funções, ou ainda com o consentimento ou omissão deste,
portanto crime próprio no limite da definição desta Convenção, que tenha por finalidade

O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Joice Gomes Ferreira - 03075840114, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.

www.grancursosonline.com.br 19 de 56
NOÇÕES GERAIS DE DIREITO E FORMAÇÃO HUMANÍSTICA
Ciência Política: As Bases do Estado de Direito
Leonardo Dlugokenski

a obtenção de informações ou confissões infligindo intencionalmente violências físi-


cas ou mentais, dores ou sofrimentos agudos, intimidações, coações, discriminação de
qualquer natureza.Proíbem-se tais práticas ainda que o Estado se encontre em situação
de ameaça, estado de guerra ou instabilidade política.
• Convenção internacional sobre os direitos da criança é um tratado que visa à proteção
de crianças e adolescentes de todo o mundo, aprovada na Resolução 44/25 da Assem-
bleia Geral das Nações Unidas, em 20 de novembro de 1989.

Bom, meu caro discente, a partir de todas essas informações acredito que já estejas pronto
para a prova e para aprovação, abaixo te deixo algumas questões de concurso para resolveres
e alguns anexos com um conteúdo muito pertinente aos teus esrtudos!

O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Joice Gomes Ferreira - 03075840114, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.

www.grancursosonline.com.br 20 de 56
NOÇÕES GERAIS DE DIREITO E FORMAÇÃO HUMANÍSTICA
Ciência Política: As Bases do Estado de Direito
Leonardo Dlugokenski

RESUMO
• Sociedade e comunidade e estado são conceitos complementares, porém não signifi-
cam a mesma coisa;
• Uma sociedade é uma pluralidade de grupos da mais diversa espécie e coesão também
um grupo derivado de um acordo de vontades, de membros que buscam, mediante um
vínculo comum associativo, um interesse comum impossível de se obter pelos esforços
isolados do indivíduo
• A comunidade é dotada de caráter irracional, primitivo, munida e fortalecida de solidarie-
dade inconsciente, feita de afetos, simpatias, emoções, confiança, laços de dependência
direta e mutua do “individual” e do “social”.
• O estado é reunião de uma multidão de homens vivendo sob as leis do direito, é o laço
jurídico e político ao passo que a sociedade é uma pluralidade de laços. O estado é a
generalização da sujeição do poder ao direito: por certa personalização.
• As formas de governo estão ligadas a organização e o funcionamento do poder estatal.
• O estado de direito não se apresenta apenas sob uma forma jurídica calcada na hierar-
quia das leis, ou seja, ele não está limitado apenas a uma concepção de ordem jurídica,
mas, também, a um conjunto de direitos fundamentais próprios de uma determinada
tradição, assim o estado de direito apresenta-se ora como liberal, ora como social e, por
fim, democrático.
• O Estado de Controle Social tem como objetivo moldar às ações do cidadão em benefí-
cio da coletividade e torná-lo um ente útil a coletividade.
• Classe Social é um grupo de indivíduos que, por ocuparem uma posição semelhante na
divisão do trabalho, compartilham recursos econômicos comuns.
• Estratificação social está ligada a grupos em camadas hierarquicamente superpostas
dentro de uma sociedade. Essa distribuição se dá pela posição social dos indivíduos,
das atividades que eles exercem e dos papéis que desempenham na estrutura social.
• Movimentos Sociais são ações coletivas de caráter sociopolítico e cultural, construídas
por atores de diferentes estratos sociais, também são ações coletivas que possuem
uma identidade, têm um opositor e articulam ou fundamentam um projeto de vida e de
sociedade.
• Os direitos humanos objetivam proteger o indivíduo das ações do estado de direito que
nem sempre é pautado pela ética e pelo benefício da coletividade

O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Joice Gomes Ferreira - 03075840114, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.

www.grancursosonline.com.br 21 de 56
NOÇÕES GERAIS DE DIREITO E FORMAÇÃO HUMANÍSTICA
Ciência Política: As Bases do Estado de Direito
Leonardo Dlugokenski

EXERCÍCIOS
001. (CESPE/INSS/2016) Com relação ao Estado moderno e à dominação racional legal, jul-
gue os itens a seguir. A racionalidade da tarefa burocrática pode estimular, na sociedade, a
luta por transformações estruturais, especialmente quando ações de setores da burocracia se
identificam com os fins do Estado.

002. (CESPE/INSS/2016) Com relação ao Estado moderno e à dominação racional legal, jul-
gue os itens a seguir. Quanto ao exercício do poder político, o Estado pode ser considerado
garantidor dos direitos individuais e de ações que visem ao bem comum ou considerado um
instrumento de dominação de classe, que não está acima dos conflitos, mas profundamente
envolvido neles.

003. (CESPE/INSS/2016) Com relação ao Estado moderno e à dominação racional legal, jul-
gue os itens a seguir. Estado e governo se confundem, pois as instituições em uma sociedade
territorialmente definida são ocupadas por dirigentes que governam em nome do Estado.

004. (CESPE/ANALISTA DE CONTROLE EXTERNO/ESPECIALIDADE: CIÊNCIAS CONTÁ-


BEIS/TCE-RJ/2021) Consoante previsto na Lei Orgânica do TCE/RJ, as decisões em proces-
sos de tomada ou prestação de contas podem ser preliminares, definitivas ou terminativas.

005. (CESPE/INSS/2016) Com relação ao Estado moderno e à dominação racional legal, jul-
gue os itens a seguir. Na perspectiva da dominação racional legal, funcionários que compõem
o quadro administrativo burocrático do Estado são livres e devem obedecer às obrigações obje-
tivas de seu cargo, são nomeados por hierarquia, têm competências funcionais fixas, são con-
tratados de acordo com a qualificação profissional e exercem o cargo como profissão única.

006. (CESPE/INSS/2016) No que se refere à conceituação de políticas públicas no Estado


moderno e ao processo de elaboração dessas políticas, julgue os seguintes itens. Indepen-
dentemente da tipologia adotada, é comum às políticas públicas o fato de se constituírem em
espaços de poder onde se disputam recursos e a visão de mundo que orienta a ação sobre a
realidade.

007. (CESPE/ANALISTA LEGISLATIVO/2014) No que se refere à legitimidade, às dimensões


do poder, ao Estado e à sociedade, julgue os itens a seguir. Muitos debates acerca da capacida-
de estatal valorizam o grau de autonomia do Estado perante a sociedade civil. Nesse sentido, o
conceito de autonomia inserida do Estado pressupõe a capacidade de o Estado infiltrar-se na
sociedade, sem, entretanto, construir relações com grupos específicos.

O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Joice Gomes Ferreira - 03075840114, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.

www.grancursosonline.com.br 22 de 56
NOÇÕES GERAIS DE DIREITO E FORMAÇÃO HUMANÍSTICA
Ciência Política: As Bases do Estado de Direito
Leonardo Dlugokenski

008. (CESPE/ANALISTA LEGISLATIVO/2014) No que se refere à legitimidade, às dimensões


do poder, ao Estado e à sociedade, julgue os itens a seguir. Segundo Weber, a fonte que le-
gitima a autorização do exercício da coerção física, no Estado moderno, é o seu sistema de
regras legais.

009. (CESPE/ANALISTA LEGISLATIVO/2014) No que se refere à legitimidade, às dimensões


do poder, ao Estado e à sociedade, julgue os itens a seguir. De acordo com Bobbio, no mundo
contemporâneo, as ideologias, difundidas a partir de informações, doutrinas e conhecimentos,
não contribuem para a dominação política.

010. (CESPE/ANALISTA LEGISLATIVO/2014) A respeito dos regimes políticos, julgue os itens


a seguir. A democracia é o único regime político que assegura o exercício da representação.

011. (INÉDITA/2022) Rousseau defendia o direito a igualdade e foi uma influência teórica para
a Revolução Francesa de 1789.

012. (CESPE/ANALISTA LEGISLATIVO/2014) A respeito das relações entre os sistemas elei-


torais e os sistemas partidários, julgue os próximos itens. O formato e a estrutura dos partidos
políticos relacionam-se menos com a sua origem e história e mais com as condições de com-
petição com outros partidos.

013. (INÉDITA/2022) Thomas Hobbes compreendia que o objetivo principal do estado de di-
reito era a proteção ao direito de propriedade, dado que esta é que era necessária para pro-
ver a vida.

014. (CESPE/ANALISTA LEGISLATIVO/2014) Considerando que as grandes manifestações


populares ocorridas, em 2011 e 2012, na Islândia, no mundo árabe, na Espanha e nos Estados
Unidos da América (EUA) marcaram o início de um novo tipo de movimentos sociais, com dife-
renças importantes em relação aos movimentos sociais tradicionais, julgue os itens subsecuti-
vos. No processo de mobilização das massas, os movimentos ocorridos nesses anos estavam
atrelados a partidos políticos, como forma de incorporar suas reivindicações ao ordenamento
legal de seus países.

015. (CESPE/ANALISTA LEGISLATIVO/2014) Com relação a aspectos genéricos do Estado


e específicos do Estado brasileiro, julgue os itens que se seguem. Um Estado é caracterizado
pela existência de um território controlado por mecanismo político de governo cuja autoridade
tem o amparo legal para a utilização de força militar.

016. (CESPE/ANALISTA LEGISLATIVO/2014) No que diz respeito à estratificação e à mobi-


lidade social, julgue os itens subsecutivos. O conceito de mobilidade intergeracional refere-se
ao movimento de ascensão ou de declínio do indivíduo em uma mesma escala social, ao pas-
so que o de mobilidade intrageracional refere-se ao deslocamento do indivíduo por gerações.

O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Joice Gomes Ferreira - 03075840114, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.

www.grancursosonline.com.br 23 de 56
NOÇÕES GERAIS DE DIREITO E FORMAÇÃO HUMANÍSTICA
Ciência Política: As Bases do Estado de Direito
Leonardo Dlugokenski

017. (CESPE/ANALISTA LEGISLATIVO/2014) No que diz respeito à estratificação e à mobi-


lidade social, julgue os itens subsecutivos. As estratificações sociais são sistemas de clas-
sificação não universalizantes e representados por distribuição assimétrica entre direitos e
obrigações.

018. (INÉDITA/2022) No que se refere ao conceito de ideologia, julgue os itens a seguir. O en-
tendimento de ideologia como falsa representação está associado ao nexo entre a concepção
marxista de falsidade ou de falsa consciência e a função social da ideologia.

019. (CESPE/ANALISTA LEGISLATIVO/2014) Acerca do estudo das instituições políticas e


de seus fundamentos, julgue os itens a seguir.
A legitimidade é, em sua acepção específica, um atributo do Estado, que consiste na existên-
cia de consenso em parcela significativa da população, capaz de garantir a obediência, sem a
necessidade de uso da força, requerida apenas em casos excepcionais.

020. (CESPE/ANALISTA LEGISLATIVO/2014) Com relação ao Estado e sua evolução histó-


rica, julgue os itens seguintes. Segundo a perspectiva do contratualismo clássico, o contrato
é a base da relação jurídica facultada aos membros que dele pactuam e por meio do qual se
institui o Estado de natureza.

021. (CESPE/ANALISTA LEGISLATIVO/2014) Com relação ao Estado e sua evolução históri-


ca, julgue os itens seguintes.
A visão de Estado, no pensamento político de Locke, consiste na tríade que se estrutura, con-
forme o estado de natureza, passando pela constituição de sociedade civil, fundada no pacto
ou contrato social e desemboca no Estado Absolutista.

022. (CESPE/ANALISTA LEGISLATIVO/2014) Com base na classificação dos grupos políti-


cos e no conceito de Estado, julgue os próximos itens.
O Estado moderno, cuja origem europeia remonta ao período do século XIII até fins do século
XVIII ou início do XIX, tem como principal característica o fim do monopólio da força legítima.

023. (CESPE/ANALISTA JUDICIÁRIO/PSICOLOGIA/TJPA-PA/2020) No que se refere aos di-


reitos humanos, assinale a opção correta.
a) A Declaração Universal dos Direitos Humanos foi elaborada no ano de 1968.
b) A Declaração Universal dos Direitos Humanos é um instrumento de direito com força de lei
internacional.
c) A Convenção sobre a Declaração Universal dos Direitos Humanos baseia-se na criação de
princípios éticos pelos quais os povos devem guiar-se.
d) Os direitos humanos são universais, indivisíveis, interdependentes e inter-relacionados.
e) A Rede de Proteção Social no Brasil foi aprovada antes da Convenção da ONU em 1989, o
que deu ao Brasil destaque mundial no tocante aos direitos da criança e do adolescente.
O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Joice Gomes Ferreira - 03075840114, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.

www.grancursosonline.com.br 24 de 56
NOÇÕES GERAIS DE DIREITO E FORMAÇÃO HUMANÍSTICA
Ciência Política: As Bases do Estado de Direito
Leonardo Dlugokenski

024. (CESPE/PROMOTOR DE JUSTIÇA DE ENTRÂNCIA INICIAL/MPE-CE/2020) De acordo


com a sua finalidade, os direitos humanos são classificados como direitos:
a) propriamente ditos.
b) expressos.
c) de defesa.
d) a prestações.
e) a procedimentos e instituições.

025. (CESPE/DEPARTAMENTO DE POLÍCIA RODOVIÁRIA FEDERAL (DPRF)/POLICIAL RO-


DOVIÁRIO FEDERAL/2019) Acerca de aspectos da teoria geral dos direitos humanos, da sua
afirmação histórica e da sua relação com a responsabilidade do Estado, julgue os próximos
itens. As pessoas naturais que violam direitos humanos continuam a gozar da proteção previs-
ta nas normas que dispõem sobre direitos humanos.

026. (CESPE/DEPARTAMENTO DE POLÍCIA RODOVIÁRIA FEDERAL (DPRF)/POLICIAL RO-


DOVIÁRIO FEDERAL/2019) Acerca de aspectos da teoria geral dos direitos humanos, da sua
afirmação histórica e da sua relação com a responsabilidade do Estado, julgue os próximos
itens. Todos os direitos humanos foram afirmados em um único momento histórico.

027. (CESPE/TERCEIRO SECRETÁRIO DA CARREIRA DE DIPLOMATA/INSTITUTO RIO


BRANCO (IRBR)/2018) Julgue (C ou E) os itens a seguir, acerca do direito internacional dos di-
reitos humanos e do direito internacional humanitário. A proteção a civis em conflitos armados
é regra absoluta de direito internacional humanitário e deve prevalecer mesmo nos períodos
em que civis venham a engajar-se diretamente em hostilidades.

028. (CESPE/SOLDADO COMBATENTE/PM-AL/2018) Uma organização não governamental


de proteção às mulheres, legalmente reconhecida pelo Brasil, apresentou petição à Comissão
Interamericana de Direitos Humanos denunciando um hospital da rede pública de determinado
estado da Federação. Na petição, foi alegado que o hospital havia realizado esterilização sem
o consentimento da vítima, uma mulher portadora do vírus HIV, e que o Estado brasileiro não
adotara as medidas necessárias para prevenir a referida esterilização, tendo sido, também,
negligente na investigação do caso. Assim, sustenta a organização, na petição, que houve vio-
lação aos direitos à integridade pessoal, à liberdade pessoal, às garantias judiciais, à honra e
à dignidade, à proteção à família, à igualdade perante a lei e à proteção judicial — todos esses,
direitos previstos pela Convenção Americana sobre Direitos Humanos. Julgue os próximos
itens, considerando o caso hipotético apresentado, o sistema de proteção e as disposições da
Convenção Americana sobre Direitos Humanos (Pacto de São José e Decreto n. 678/1992).
A Comissão em apreço, cuja função é promover a observância e a defesa dos direitos huma-
nos, representa todos os membros da Organização dos Estados Americanos, havendo, no má-
ximo, um representante brasileiro como membro: não é admitida a participação na Comissão
de mais de um nacional de um mesmo Estado.

O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Joice Gomes Ferreira - 03075840114, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.

www.grancursosonline.com.br 25 de 56
NOÇÕES GERAIS DE DIREITO E FORMAÇÃO HUMANÍSTICA
Ciência Política: As Bases do Estado de Direito
Leonardo Dlugokenski

029. (CESPE/SOLDADO COMBATENTE/PM-AL/2018) Acerca do conceito, da abrangência e


da evolução dos direitos humanos, julgue os seguintes itens. O princípio da dignidade huma-
na pode ser considerado um superprincípio: ele rege os direitos humanos no âmbito tanto do
direito internacional, quanto do direito interno, com a positivação dos direitos humanos em
cada nação.

030. (INÉDITA/2022) Thomas Hobbes acreditava que o homem em estado de natureza era
violento, atentando contra vida do próximo de forma irracional e decabida e por esse motivo
que um agrupamento humano se e criou uniu regras e guardiões das regras assim surgindo o
estado de direito.

031. (FGV/XIX EXAME DA ORDEM UNIFICADO/OAB/2016) Em dezembro de 2014, a sul-afri-


cana Urmila Bhoola, relatora especial das Nações Unidas sobre as formas contemporâneas de
escravidão, declarou que “pelo menos 20,9 milhões de pessoas estão sujeitas a formas moder-
nas de escravidão, que atingem principalmente mulheres e crianças”. A relatora da ONU, para
fazer tal afirmação, considerou o conceito de escravidão presente na Convenção Suplementar
sobre a Abolição da Escravatura, do Tráfico de Escravos e das Instituições e Práticas Análogas
à Escravatura adotada em Genebra, em 7 de setembro de 1956. Assinale a opção que apresen-
ta o conceito de escravidão conforme disposto na referida Convenção:
a) Estado ou a condição de um indivíduo sobre o qual se exercem todos ou parte dos poderes
atribuídos ao direito de propriedade.
b) Situação em que um indivíduo trabalha em condições precárias e não recebe seus direitos
trabalhistas de modo pleno e integral.
c) Relação em que uma pessoa possui o controle físico sobre o corpo de outra pessoa.
d) Condição por meio da qual uma pessoa se encontra psicologicamente constrangida a cum-
prir as ordens que lhe são dadas por terceiros, ainda que tais ordens sejam contrárias aos seus
interesses.

032. (FGV/XV EXAME DE ORDEM UNIFICADO/OAB/2014) Em julho de 2013, o ajudante de


pedreiro “X”, após ter sido detido por policiais militares e conduzido da porta de sua casa em
direção à delegacia, desapareceu. Há um amplo debate em torno do caso e, dentre outros as-
pectos, discute-se se seria esse caso uma hipótese de desaparecimento forçado. Sabendo que
o Brasil ratificou, em 2010, a Convenção Internacional Para a Proteção de Todas as Pessoas
Contra o Desaparecimento Forçado, assinale a afirmativa correta.
a) Entende-se por desaparecimento forçado a privação da liberdade promovida por particula-
res no exercício de uma coação irresistível, seguida da recusa em reconhecer a privação de
liberdade ou do encobrimento do destino ou do paradeiro da pessoa desaparecida, colocando
fora do âmbito de proteção da lei.

O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Joice Gomes Ferreira - 03075840114, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.

www.grancursosonline.com.br 26 de 56
NOÇÕES GERAIS DE DIREITO E FORMAÇÃO HUMANÍSTICA
Ciência Política: As Bases do Estado de Direito
Leonardo Dlugokenski

b) Entende-se por desaparecimento forçado a prisão, a detenção, o sequestro ou qualquer


outra forma de privação de liberdade por agentes do Estado ou por pessoas ou grupos de pes-
soas agindo com a autorização, o apoio ou o consentimento do Estado, seguida da recusa em
reconhecer a privação de liberdade ou do encobrimento do destino ou do paradeiro da pessoa
desaparecida, colocando-a, assim, fora do âmbito de proteção da lei.
c) Entende-se por desaparecimento forçado a prisão, a detenção, o sequestro ou qualquer ou-
tra forma de privação de liberdade por agentes do Estado ou por pessoas ou grupos de pesso-
as agindo com a autorização, o apoio ou o consentimento do Estado, colocando-a, assim, fora
do âmbito de proteção da lei.
d) Entende-se por desaparecimento forçado o sequestro de um cidadão praticado por agentes
das forças armadas do Estado, seguido da recusa em reconhecer a privação de liberdade ou
do encobrimento do destino ou do paradeiro da pessoa desaparecida, colocando-a, assim, fora
do âmbito de proteção da lei.

033. (FGV/XV EXAME DE ORDEM UNIFICADO/OAB/2014) Em atos de violência que provo-


cam grande comoção social, é comum que setores da mídia, parte da opinião pública e algu-
mas personalidades políticas reclamem por mudanças na ordem jurídica, a fim de que seja
implantada a pena de morte como sanção penal. Em relação à pena de morte, segundo o
Protocolo Adicional ao Pacto dos Direitos Civis e Políticos, devidamente ratificado pelo Brasil,
assinale a afirmativa correta.
a) É permitida apenas nos casos mais graves de extrema violência contra a pessoa, desde que
respeitado o devido processo legal.
b) É proibida em qualquer hipótese, pois o direito à vida é inerente à pessoa humana e tal direi-
to deve ser respeitado e protegido pela lei.
c) É permitida apenas para os países que já haviam adotado a pena de morte antes de ratifica-
rem o Protocolo, desde que reservada para os crimes mais graves e que a sentença tenha sido
proferida pelo Tribunal competente.
d) É proibida de forma geral, admitindo, como exceção, apenas para o caso de infração penal
grave de natureza militar e cometida em tempo de guerra, desde que o Estado Parte tenha for-
mulado tal reserva no ato da ratificação do Protocolo.

034. (FGV/AGENTE PENINTENCIÁRIO/SEGEP-MA/2013) Com relação à Declaração Univer-


sal dos Direitos Humanos, adotada e proclamada pela Assembleia Geral das Nações Unidas,
em 1948, analise as afirmativas a seguir. I. Ninguém será submetido à tortura nem a tratamen-
to ou castigo cruel, desumano ou degradante, salvo quando suspeito de ter cometido crime
hediondo. II. Toda pessoa tem direito, sem qualquer distinção, a igual proteção da lei, exceto
quando suspeito de envolvimento em atos lesivos à ordem pública. III. Toda pessoa acusada
de ato delituoso tem o direito de ser presumida inocente, até que sua culpabilidade venha a ser
provada de acordo com a lei. Assinale:

O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Joice Gomes Ferreira - 03075840114, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.

www.grancursosonline.com.br 27 de 56
NOÇÕES GERAIS DE DIREITO E FORMAÇÃO HUMANÍSTICA
Ciência Política: As Bases do Estado de Direito
Leonardo Dlugokenski

a) se somente a afirmativa I estiver correta.


b) se somente a afirmativa II estiver correta.
c) se somente a afirmativa III estiver correta.
d) se somente as afirmativas I e II estiverem corretas.
e) se somente as afirmativas II e III estiverem corretas.

035. (FGV/ANALISTA DO MINISTÉRIO PÚBLICO/MPE-AL/2018) Determinado município de-


cidiu mudar radicalmente sua política de IPTU. Por essa nova política, a partir do ano de 2019,
todos os imóveis avaliados em até 200 mil reais terão isenção de IPTU, e aqueles com valores
superiores a 1 milhão de reais serão tributados em dobro, garantindo a manutenção do valor
arrecadado e o financiamento das políticas urbanas. O caso apresentado, segundo a tipologia
de políticas públicas de Theodore Lowi, é um exemplo de política:
a) constitutiva.
b) regulatória.
c) redistributiva.
d) distributiva.
e) intervencionista.

036. (FGV/XXIII Exame de Ordem Unificado/OAB/2017)

A ideia de vontade geral, apresentada por Rousseau em seu livro Do Contrato Social, foi funda-
mental para o amadurecimento do conceito moderno de lei e de democracia. Assinale a opção
que melhor expressa essa ideia conforme concebida por Rousseau no livro citado.
a) A soma das vontades particulares.
b) A vontade de todos.
c) O interesse particular do soberano, após o contrato social.
d) O interesse em comum ou o substrato em comum das diferenças.

O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Joice Gomes Ferreira - 03075840114, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.

www.grancursosonline.com.br 28 de 56
NOÇÕES GERAIS DE DIREITO E FORMAÇÃO HUMANÍSTICA
Ciência Política: As Bases do Estado de Direito
Leonardo Dlugokenski

GABARITO
1. C
2. C
3. E
4. C
5. C
6. C
7. E
8. C
9. E
10. E
11. C
12. E
13. E
14. E
15. C
16. C
17. E
18. C
19. C
20. E
21. E
22. E
23. d
24. A
25. C
26. E
27. E
28. C
29. C
30. C
31. a
32. b
33. d
34. c
35. c
36. d

O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Joice Gomes Ferreira - 03075840114, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.

www.grancursosonline.com.br 29 de 56
NOÇÕES GERAIS DE DIREITO E FORMAÇÃO HUMANÍSTICA
Ciência Política: As Bases do Estado de Direito
Leonardo Dlugokenski

GABARITO COMENTADO
001. (CESPE/INSS/2016) Com relação ao Estado moderno e à dominação racional legal, jul-
gue os itens a seguir. A racionalidade da tarefa burocrática pode estimular, na sociedade, a
luta por transformações estruturais, especialmente quando ações de setores da burocracia se
identificam com os fins do Estado.

Quando o estado não cumpre com o próprio dever descrito em sua carta máxima (constitui-
ção), a sociedade tende a se organizar em movimentos reinvindicatórios.
Certo.

002. (CESPE/INSS/2016) Com relação ao Estado moderno e à dominação racional legal, jul-
gue os itens a seguir. Quanto ao exercício do poder político, o Estado pode ser considerado
garantidor dos direitos individuais e de ações que visem ao bem comum ou considerado um
instrumento de dominação de classe, que não está acima dos conflitos, mas profundamente
envolvido neles.

O estado é a instância principal de mando em meio à grande massa mundial, o único ente que
tem a legitimidade de criar e aplicar leis, garantindo direito ou revogando-os.
Certo.

003. (CESPE/INSS/2016) Com relação ao Estado moderno e à dominação racional legal, jul-
gue os itens a seguir. Estado e governo se confundem, pois as instituições em uma sociedade
territorialmente definida são ocupadas por dirigentes que governam em nome do Estado.

Lembre-se de que Estado e governo têm diferenças claras, veja em nosso material!
Errado.

004. (CESPE/ANALISTA DE CONTROLE EXTERNO/ESPECIALIDADE: CIÊNCIAS CONTÁ-


BEIS/TCE-RJ/2021) Consoante previsto na Lei Orgânica do TCE/RJ, as decisões em proces-
sos de tomada ou prestação de contas podem ser preliminares, definitivas ou terminativas.

Art. 16. A decisão em processo de tomada ou prestação de contas pode ser preliminar, definitiva ou
terminativa.
Certo.

O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Joice Gomes Ferreira - 03075840114, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.

www.grancursosonline.com.br 30 de 56
NOÇÕES GERAIS DE DIREITO E FORMAÇÃO HUMANÍSTICA
Ciência Política: As Bases do Estado de Direito
Leonardo Dlugokenski

005. (CESPE/INSS/2016) Com relação ao Estado moderno e à dominação racional legal, jul-
gue os itens a seguir. Na perspectiva da dominação racional legal, funcionários que compõem
o quadro administrativo burocrático do Estado são livres e devem obedecer às obrigações obje-
tivas de seu cargo, são nomeados por hierarquia, têm competências funcionais fixas, são con-
tratados de acordo com a qualificação profissional e exercem o cargo como profissão única.

Os entes políticos que estão no estado moderno ali chegaram pelo sufrágio universal, logo os
entes técnicos chegam por competência demonstrada em concurso público para um cargo
específico.
Certo.

006. (CESPE/INSS/2016) No que se refere à conceituação de políticas públicas no Estado mo-


derno e ao processo de elaboração dessas políticas, julgue os seguintes itens. Independente-
mente da tipologia adotada, é comum às políticas públicas o fato de se constituírem em espaços
de poder onde se disputam recursos e a visão de mundo que orienta a ação sobre a realidade.

Nunca se esqueça, mesmo que com travas constitucionais o estado é a visão do seu gover-
nante, ou seja, do povo, dado que foi a população que o elegeu através do sufrágio universal.
Certo.

007. (CESPE/ANALISTA LEGISLATIVO/2014) No que se refere à legitimidade, às dimensões


do poder, ao Estado e à sociedade, julgue os itens a seguir. Muitos debates acerca da capacida-
de estatal valorizam o grau de autonomia do Estado perante a sociedade civil. Nesse sentido, o
conceito de autonomia inserida do Estado pressupõe a capacidade de o Estado infiltrar-se na
sociedade, sem, entretanto, construir relações com grupos específicos.

O estado é derivado da sociedade civil então é impossível que esse se desconecte-se


de seu povo.
Errado.

008. (CESPE/ANALISTA LEGISLATIVO/2014) No que se refere à legitimidade, às dimensões


do poder, ao Estado e à sociedade, julgue os itens a seguir. Segundo Weber, a fonte que le-
gitima a autorização do exercício da coerção física, no Estado moderno, é o seu sistema de
regras legais.

Para Weber o estado é o suprassumo da vontade do povo, logo vem do povo e está acima do
povo com suas instituições jurídicas regradores e coercitivas.
Certo.

O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Joice Gomes Ferreira - 03075840114, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.

www.grancursosonline.com.br 31 de 56
NOÇÕES GERAIS DE DIREITO E FORMAÇÃO HUMANÍSTICA
Ciência Política: As Bases do Estado de Direito
Leonardo Dlugokenski

009. (CESPE/ANALISTA LEGISLATIVO/2014) No que se refere à legitimidade, às dimensões


do poder, ao Estado e à sociedade, julgue os itens a seguir. De acordo com Bobbio, no mundo
contemporâneo, as ideologias, difundidas a partir de informações, doutrinas e conhecimentos,
não contribuem para a dominação política.

Para Bobbio, o poder está ligado no conhecimento e na informação, logo, a informação realiza
a fundamentação de determinado ente que chega ao poder legitimando-o.
Errado.

010. (CESPE/ANALISTA LEGISLATIVO/2014) A respeito dos regimes políticos, julgue os itens


a seguir. A democracia é o único regime político que assegura o exercício da representação.

A aristocracia é um belo exemplo, ela é a representação de um determinado grupo que governa


aos demais.
Errado.

011. (INÉDITA/2022) Rousseau defendia o direito a igualdade e foi uma influência teórica para
a Revolução Francesa de 1789.

Em sua teoria sempre afirmou que a propriedade era o que proporcionava que o ser humano
entrasse em conflito, porém como era impossível voltar ao estado de natureza era necessário
proporcionar a igualdade de condições entre as pessoas no estado moderno.
Certo.

012. (CESPE/ANALISTA LEGISLATIVO/2014) A respeito das relações entre os sistemas elei-


torais e os sistemas partidários, julgue os próximos itens. O formato e a estrutura dos partidos
políticos relacionam-se menos com a sua origem e história e mais com as condições de com-
petição com outros partidos.

Cada partido possui uma ideologia econômica e política que norteia seus associados e atraí
mais filiados.
Errado.

013. (INÉDITA/2022) Thomas Hobbes compreendia que o objetivo principal do estado de di-
reito era a proteção ao direito de propriedade, dado que esta é que era necessária para pro-
ver a vida.

O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Joice Gomes Ferreira - 03075840114, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.

www.grancursosonline.com.br 32 de 56
NOÇÕES GERAIS DE DIREITO E FORMAÇÃO HUMANÍSTICA
Ciência Política: As Bases do Estado de Direito
Leonardo Dlugokenski

Quem afirmou isso foi John Locke, que é um teórico posterior a Thomas Hobbes.
Errado.

014. (CESPE/ANALISTA LEGISLATIVO/2014) Considerando que as grandes manifestações


populares ocorridas, em 2011 e 2012, na Islândia, no mundo árabe, na Espanha e nos Estados
Unidos da América (EUA) marcaram o início de um novo tipo de movimentos sociais, com dife-
renças importantes em relação aos movimentos sociais tradicionais, julgue os itens subsecuti-
vos. No processo de mobilização das massas, os movimentos ocorridos nesses anos estavam
atrelados a partidos políticos, como forma de incorporar suas reivindicações ao ordenamento
legal de seus países.

Esses movimentos estavam ligados diretamente a causas e foram orquestrados a partir de


mensagens enviadas a celulares como também fóruns de discussção na internet. A virtualida-
de é o que diferenciou esses movimentos das organizações tradicionais até então conhecidas.
Errado.

015. (CESPE/ANALISTA LEGISLATIVO/2014) Com relação a aspectos genéricos do Estado


e específicos do Estado brasileiro, julgue os itens que se seguem. Um Estado é caracterizado
pela existência de um território controlado por mecanismo político de governo cuja autoridade
tem o amparo legal para a utilização de força militar.

Sempre é bom lembrar Weber, o estado é o único ente que tem a legitimidade para utilizar a
violência.
Certo.

016. (CESPE/ANALISTA LEGISLATIVO/2014) No que diz respeito à estratificação e à mobi-


lidade social, julgue os itens subsecutivos. O conceito de mobilidade intergeracional refere-se
ao movimento de ascensão ou de declínio do indivíduo em uma mesma escala social, ao pas-
so que o de mobilidade intrageracional refere-se ao deslocamento do indivíduo por gerações.

Essa é uma das questões clássicas que os conhecimentos gerais auxiliam muito, intra é dentro
e inter é fora, como por exemplo, quando falamos em internacional falamos de fora da nação.
Certo.

O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Joice Gomes Ferreira - 03075840114, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.

www.grancursosonline.com.br 33 de 56
NOÇÕES GERAIS DE DIREITO E FORMAÇÃO HUMANÍSTICA
Ciência Política: As Bases do Estado de Direito
Leonardo Dlugokenski

017. (CESPE/ANALISTA LEGISLATIVO/2014) No que diz respeito à estratificação e à mobilida-


de social, julgue os itens subsecutivos. As estratificações sociais são sistemas de classificação
não universalizantes e representados por distribuição assimétrica entre direitos e obrigações.

Em todos os lugares e em todos os contextos existe extratificação social, ou seja, a diferencia-


ção de grupos humanos por classes sociais.
Errado.

018. (INÉDITA/2022) No que se refere ao conceito de ideologia, julgue os itens a seguir. O en-
tendimento de ideologia como falsa representação está associado ao nexo entre a concepção
marxista de falsidade ou de falsa consciência e a função social da ideologia.

Marx, quando trabalha o termo, faz referência à ideologia burguesa que existe para controlar o
proletariado e fazê-los acreditar que sua pobreza é natural.
Certo.

019. (CESPE/ANALISTA LEGISLATIVO/2014) Acerca do estudo das instituições políticas e


de seus fundamentos, julgue os itens a seguir.
A legitimidade é, em sua acepção específica, um atributo do Estado, que consiste na existên-
cia de consenso em parcela significativa da população, capaz de garantir a obediência, sem a
necessidade de uso da força, requerida apenas em casos excepcionais.

A legitimidade nos estados se deu de forma diferente através dos tempos, porém a partir do
estado moderno o sufrágio universal dá uma carta branca ao governante e coloca toda a con-
fiança do povo em suas ações.
Certo.

020. (CESPE/ANALISTA LEGISLATIVO/2014) Com relação ao Estado e sua evolução histó-


rica, julgue os itens seguintes. Segundo a perspectiva do contratualismo clássico, o contrato
é a base da relação jurídica facultada aos membros que dele pactuam e por meio do qual se
institui o Estado de natureza.

O contrato leva ao estado de direito, o estado de natureza segundo Hobbes, Locke e Rousseau
era o momento em que o ser humano vivia de forma primitiva, sem a existência de um estado
ou governante.
Errado.

O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Joice Gomes Ferreira - 03075840114, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.

www.grancursosonline.com.br 34 de 56
NOÇÕES GERAIS DE DIREITO E FORMAÇÃO HUMANÍSTICA
Ciência Política: As Bases do Estado de Direito
Leonardo Dlugokenski

021. (CESPE/ANALISTA LEGISLATIVO/2014) Com relação ao Estado e sua evolução históri-


ca, julgue os itens seguintes.
A visão de Estado, no pensamento político de Locke, consiste na tríade que se estrutura, con-
forme o estado de natureza, passando pela constituição de sociedade civil, fundada no pacto
ou contrato social e desemboca no Estado Absolutista.

Locke era contrário ao absolutismo, quase sendo um liberal ao ponto que defende o direito a
propriedade.
Errado.

022. (CESPE/ANALISTA LEGISLATIVO/2014) Com base na classificação dos grupos políti-


cos e no conceito de Estado, julgue os próximos itens.
O Estado moderno, cuja origem europeia remonta ao período do século XIII até fins do século
XVIII ou início do XIX, tem como principal característica o fim do monopólio da força legítima.

Entre a idade média e o renascimento os estados eram mantidos pela força da espada dos reis
que eram legitimados pelo direito divino.
Errado.

023. (CESPE/ANALISTA JUDICIÁRIO/PSICOLOGIA/TJPA-PA/2020) No que se refere aos di-


reitos humanos, assinale a opção correta.
a) A Declaração Universal dos Direitos Humanos foi elaborada no ano de 1968.
b) A Declaração Universal dos Direitos Humanos é um instrumento de direito com força de lei
internacional.
c) A Convenção sobre a Declaração Universal dos Direitos Humanos baseia-se na criação de
princípios éticos pelos quais os povos devem guiar-se.
d) Os direitos humanos são universais, indivisíveis, interdependentes e inter-relacionados.
e) A Rede de Proteção Social no Brasil foi aprovada antes da Convenção da ONU em 1989, o
que deu ao Brasil destaque mundial no tocante aos direitos da criança e do adolescente.

a) Errada. A Declaração foi firmada alguns anos após o fim da Segunda Guerra Mundial, em 1948.
b) Errada. A Declaração não tem força vinculante, representando diretriz a ser seguida pe-
los países.
c) Errada. Na verdade, a Declaração não é uma Convenção. Convenções são documentos inter-
nacionais com força vinculante. A Declaração é uma Resolução.

O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Joice Gomes Ferreira - 03075840114, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.

www.grancursosonline.com.br 35 de 56
NOÇÕES GERAIS DE DIREITO E FORMAÇÃO HUMANÍSTICA
Ciência Política: As Bases do Estado de Direito
Leonardo Dlugokenski

d) Certa. São 4 princípios dos direitos humanos a universalidade, o que significa que todos
os seres humanos são dotados desses direitos, indivisibilidade, que significa que todos os
direitos humanos são reconhecidos do mesmo modo, interdependência, o que significa que a
realização de cada um dos direitos humanos depende da realização dos outros, e inter-relação,
o que significa que a violação de um deles implicada a dos outros igualmente.
e) Errada. A Rede de Proteção Social é um programa do governo brasileiro posterior de 1995,
posterior à Convenção da ONU de 1989.
Letra d.

024. (CESPE/PROMOTOR DE JUSTIÇA DE ENTRÂNCIA INICIAL/MPE-CE/2020) De acordo


com a sua finalidade, os direitos humanos são classificados como direitos:
a) propriamente ditos.
b) expressos.
c) de defesa.
d) a prestações.
e) a procedimentos e instituições.

São direitos propriamente ditos, pois tratam de garantias fundamentais


Letra a.

025. (CESPE/DEPARTAMENTO DE POLÍCIA RODOVIÁRIA FEDERAL (DPRF)/POLICIAL RO-


DOVIÁRIO FEDERAL/2019) Acerca de aspectos da teoria geral dos direitos humanos, da sua
afirmação histórica e da sua relação com a responsabilidade do Estado, julgue os próximos
itens. As pessoas naturais que violam direitos humanos continuam a gozar da proteção previs-
ta nas normas que dispõem sobre direitos humanos.

Um dos princípios dos Direitos Humanos é a imprescritibilidade, ou seja, nunca prescreve inde-
pendentemente do que o indivíduo faça.
Certo.

026. (CESPE/DEPARTAMENTO DE POLÍCIA RODOVIÁRIA FEDERAL (DPRF)/POLICIAL RO-


DOVIÁRIO FEDERAL/2019) Acerca de aspectos da teoria geral dos direitos humanos, da sua
afirmação histórica e da sua relação com a responsabilidade do Estado, julgue os próximos
itens. Todos os direitos humanos foram afirmados em um único momento histórico.

Os direitos humanos, segundo alguns teóricos vem da afirmação dos direitos fundamentais e
passam pela carta de Direitos do Homems e do Cidadão da revolução francesa como também
pela declaração de Independencia dos Estados Unidos da América.
Errado.
O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Joice Gomes Ferreira - 03075840114, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.

www.grancursosonline.com.br 36 de 56
NOÇÕES GERAIS DE DIREITO E FORMAÇÃO HUMANÍSTICA
Ciência Política: As Bases do Estado de Direito
Leonardo Dlugokenski

027. (CESPE/TERCEIRO SECRETÁRIO DA CARREIRA DE DIPLOMATA/INSTITUTO RIO


BRANCO (IRBR)/2018) Julgue (C ou E) os itens a seguir, acerca do direito internacional dos di-
reitos humanos e do direito internacional humanitário. A proteção a civis em conflitos armados
é regra absoluta de direito internacional humanitário e deve prevalecer mesmo nos períodos
em que civis venham a engajar-se diretamente em hostilidades.

Quando os civis passam a agir com hostilidade, perdem a proteção garantida pela convenção
de genebra, ou seja, tornam-se verdadeiros soldados, os quais passam a ser alvos de uma das
partes em conflito.
Errado.

028. (CESPE/SOLDADO COMBATENTE/PM-AL/2018) Uma organização não governamental


de proteção às mulheres, legalmente reconhecida pelo Brasil, apresentou petição à Comissão
Interamericana de Direitos Humanos denunciando um hospital da rede pública de determinado
estado da Federação. Na petição, foi alegado que o hospital havia realizado esterilização sem
o consentimento da vítima, uma mulher portadora do vírus HIV, e que o Estado brasileiro não
adotara as medidas necessárias para prevenir a referida esterilização, tendo sido, também,
negligente na investigação do caso. Assim, sustenta a organização, na petição, que houve vio-
lação aos direitos à integridade pessoal, à liberdade pessoal, às garantias judiciais, à honra e
à dignidade, à proteção à família, à igualdade perante a lei e à proteção judicial — todos esses,
direitos previstos pela Convenção Americana sobre Direitos Humanos. Julgue os próximos
itens, considerando o caso hipotético apresentado, o sistema de proteção e as disposições da
Convenção Americana sobre Direitos Humanos (Pacto de São José e Decreto n. 678/1992).
A Comissão em apreço, cuja função é promover a observância e a defesa dos direitos huma-
nos, representa todos os membros da Organização dos Estados Americanos, havendo, no má-
ximo, um representante brasileiro como membro: não é admitida a participação na Comissão
de mais de um nacional de um mesmo Estado.

O art. 37 do Pacto de São José diz que cada Estado poderá ter, no máximo, um membro nacio-
nal entre os integrantes da Comissão.
Certo.

029. (CESPE/SOLDADO COMBATENTE/PM-AL/2018) Acerca do conceito, da abrangência e


da evolução dos direitos humanos, julgue os seguintes itens. O princípio da dignidade huma-
na pode ser considerado um superprincípio: ele rege os direitos humanos no âmbito tanto do
direito internacional, quanto do direito interno, com a positivação dos direitos humanos em
cada nação.

O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Joice Gomes Ferreira - 03075840114, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.

www.grancursosonline.com.br 37 de 56
NOÇÕES GERAIS DE DIREITO E FORMAÇÃO HUMANÍSTICA
Ciência Política: As Bases do Estado de Direito
Leonardo Dlugokenski

A busca por assegurar a dignidade da pessoa humana a toda a população tem sido o mais
poderoso instrumento na ampliação dos direitos humanos. Isto porque os direitos e garantias
fundamentais expressos na Constituição não são estáticos, justamente graças ao fato de se-
rem construídos sob elementos principiológicos muito fortes. Ou seja, a dignidade da pessoa
humana tem servido de lastro para ampliar a incidência dos direitos e garantias individuais em
face a diversas situações concretas em que isto se demanda, o que fortalece a luta por uma
sociedade mais justa como um todo.

Art. 1º A República Federativa do Brasil, formada pela união indissolúvel dos Estados e Municípios e
do Distrito Federal, constitui-se em Estado Democrático de Direito e tem como fundamentos:
III – a dignidade da pessoa humana;
Certo.

030. (INÉDITA/2022) Thomas Hobbes acreditava que o homem em estado de natureza era
violento, atentando contra vida do próximo de forma irracional e decabida e por esse motivo
que um agrupamento humano se e criou uniu regras e guardiões das regras assim surgindo o
estado de direito.

Para Hobbes, o estado foi criado justamente por essa incapacidade natural do ser humano de
viver em grupo.
Certo.

031. (FGV/XIX EXAME DA ORDEM UNIFICADO/OAB/2016) Em dezembro de 2014, a sul-afri-


cana Urmila Bhoola, relatora especial das Nações Unidas sobre as formas contemporâneas de
escravidão, declarou que “pelo menos 20,9 milhões de pessoas estão sujeitas a formas moder-
nas de escravidão, que atingem principalmente mulheres e crianças”. A relatora da ONU, para
fazer tal afirmação, considerou o conceito de escravidão presente na Convenção Suplementar
sobre a Abolição da Escravatura, do Tráfico de Escravos e das Instituições e Práticas Análogas
à Escravatura adotada em Genebra, em 7 de setembro de 1956. Assinale a opção que apresen-
ta o conceito de escravidão conforme disposto na referida Convenção:
a) Estado ou a condição de um indivíduo sobre o qual se exercem todos ou parte dos poderes
atribuídos ao direito de propriedade.
b) Situação em que um indivíduo trabalha em condições precárias e não recebe seus direitos
trabalhistas de modo pleno e integral.
c) Relação em que uma pessoa possui o controle físico sobre o corpo de outra pessoa.
d) Condição por meio da qual uma pessoa se encontra psicologicamente constrangida a cum-
prir as ordens que lhe são dadas por terceiros, ainda que tais ordens sejam contrárias aos seus
interesses.
O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Joice Gomes Ferreira - 03075840114, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.

www.grancursosonline.com.br 38 de 56
NOÇÕES GERAIS DE DIREITO E FORMAÇÃO HUMANÍSTICA
Ciência Política: As Bases do Estado de Direito
Leonardo Dlugokenski

Quando falamos em escravismo temos que ter em mente o conceito de propriedade, ser escra-
vo é ser considerado uma coisa, uma propriedade.
Letra a.

032. (FGV/XV EXAME DE ORDEM UNIFICADO/OAB/2014) Em julho de 2013, o ajudante de


pedreiro “X”, após ter sido detido por policiais militares e conduzido da porta de sua casa em
direção à delegacia, desapareceu. Há um amplo debate em torno do caso e, dentre outros as-
pectos, discute-se se seria esse caso uma hipótese de desaparecimento forçado. Sabendo que
o Brasil ratificou, em 2010, a Convenção Internacional Para a Proteção de Todas as Pessoas
Contra o Desaparecimento Forçado, assinale a afirmativa correta.
a) Entende-se por desaparecimento forçado a privação da liberdade promovida por particula-
res no exercício de uma coação irresistível, seguida da recusa em reconhecer a privação de
liberdade ou do encobrimento do destino ou do paradeiro da pessoa desaparecida, colocando
fora do âmbito de proteção da lei.
b) Entende-se por desaparecimento forçado a prisão, a detenção, o sequestro ou qualquer
outra forma de privação de liberdade por agentes do Estado ou por pessoas ou grupos de pes-
soas agindo com a autorização, o apoio ou o consentimento do Estado, seguida da recusa em
reconhecer a privação de liberdade ou do encobrimento do destino ou do paradeiro da pessoa
desaparecida, colocando-a, assim, fora do âmbito de proteção da lei.
c) Entende-se por desaparecimento forçado a prisão, a detenção, o sequestro ou qualquer ou-
tra forma de privação de liberdade por agentes do Estado ou por pessoas ou grupos de pesso-
as agindo com a autorização, o apoio ou o consentimento do Estado, colocando-a, assim, fora
do âmbito de proteção da lei.
d) Entende-se por desaparecimento forçado o sequestro de um cidadão praticado por agentes
das forças armadas do Estado, seguido da recusa em reconhecer a privação de liberdade ou
do encobrimento do destino ou do paradeiro da pessoa desaparecida, colocando-a, assim, fora
do âmbito de proteção da lei.

Essa é a legitima questão que pega o concurseiro pela desatenção, para descobrir a alternativa
correta é só vislumbrar a que possui mais elementos.
Letra b.

033. (FGV/XV EXAME DE ORDEM UNIFICADO/OAB/2014) Em atos de violência que provo-


cam grande comoção social, é comum que setores da mídia, parte da opinião pública e algu-
mas personalidades políticas reclamem por mudanças na ordem jurídica, a fim de que seja
implantada a pena de morte como sanção penal. Em relação à pena de morte, segundo o
Protocolo Adicional ao Pacto dos Direitos Civis e Políticos, devidamente ratificado pelo Brasil,
assinale a afirmativa correta.

O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Joice Gomes Ferreira - 03075840114, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.

www.grancursosonline.com.br 39 de 56
NOÇÕES GERAIS DE DIREITO E FORMAÇÃO HUMANÍSTICA
Ciência Política: As Bases do Estado de Direito
Leonardo Dlugokenski

a) É permitida apenas nos casos mais graves de extrema violência contra a pessoa, desde que
respeitado o devido processo legal.
b) É proibida em qualquer hipótese, pois o direito à vida é inerente à pessoa humana e tal direi-
to deve ser respeitado e protegido pela lei.
c) É permitida apenas para os países que já haviam adotado a pena de morte antes de ratifica-
rem o Protocolo, desde que reservada para os crimes mais graves e que a sentença tenha sido
proferida pelo Tribunal competente.
d) É proibida de forma geral, admitindo, como exceção, apenas para o caso de infração penal
grave de natureza militar e cometida em tempo de guerra, desde que o Estado Parte tenha for-
mulado tal reserva no ato da ratificação do Protocolo.

Sempre é importante compreender que os estados desde o século XIX reservam parte de suas
legislações para regramentos de guerra, ou seja, momentos de excessão o que proporciona a
legitimidade da execução em caso de crime contra a pátria.
Letra d.

034. (FGV/AGENTE PENINTENCIÁRIO/SEGEP-MA/2013) Com relação à Declaração Univer-


sal dos Direitos Humanos, adotada e proclamada pela Assembleia Geral das Nações Unidas,
em 1948, analise as afirmativas a seguir. I. Ninguém será submetido à tortura nem a tratamen-
to ou castigo cruel, desumano ou degradante, salvo quando suspeito de ter cometido crime
hediondo. II. Toda pessoa tem direito, sem qualquer distinção, a igual proteção da lei, exceto
quando suspeito de envolvimento em atos lesivos à ordem pública. III. Toda pessoa acusada
de ato delituoso tem o direito de ser presumida inocente, até que sua culpabilidade venha a ser
provada de acordo com a lei. Assinale:
a) se somente a afirmativa I estiver correta.
b) se somente a afirmativa II estiver correta.
c) se somente a afirmativa III estiver correta.
d) se somente as afirmativas I e II estiverem corretas.
e) se somente as afirmativas II e III estiverem corretas.

Todo indivíduo possui direito fundamentais que devem ser positivados pelo estado e esses
direitos são inalienáveis, ou seja, não existe a possiblidade de se desvincular deles indepen-
dentemente da infração que tenha cometido.
Letra c.

O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Joice Gomes Ferreira - 03075840114, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.

www.grancursosonline.com.br 40 de 56
NOÇÕES GERAIS DE DIREITO E FORMAÇÃO HUMANÍSTICA
Ciência Política: As Bases do Estado de Direito
Leonardo Dlugokenski

035. (FGV/ANALISTA DO MINISTÉRIO PÚBLICO/MPE-AL/2018) Determinado município de-


cidiu mudar radicalmente sua política de IPTU. Por essa nova política, a partir do ano de 2019,
todos os imóveis avaliados em até 200 mil reais terão isenção de IPTU, e aqueles com valores
superiores a 1 milhão de reais serão tributados em dobro, garantindo a manutenção do valor
arrecadado e o financiamento das políticas urbanas. O caso apresentado, segundo a tipologia
de políticas públicas de Theodore Lowi, é um exemplo de política:
a) constitutiva.
b) regulatória.
c) redistributiva.
d) distributiva.
e) intervencionista.

Esse tipo de política tem como objetivo reduzir as disparidades cometidas pelo sistema capi-
talista através da ação do estado, ou seja, quem tem mais contribui mais, quem tem menos
contribui menos.
Letra c.

036. (FGV/XXIII Exame de Ordem Unificado/OAB/2017)

A ideia de vontade geral, apresentada por Rousseau em seu livro Do Contrato Social, foi funda-
mental para o amadurecimento do conceito moderno de lei e de democracia. Assinale a opção
que melhor expressa essa ideia conforme concebida por Rousseau no livro citado.
a) A soma das vontades particulares.
b) A vontade de todos.
c) O interesse particular do soberano, após o contrato social.
d) O interesse em comum ou o substrato em comum das diferenças.

Nessa questão temos que compreender que o ser humano é um poço de vontades inalcan-
çáveis, logo, na ótica roussauniana apenas o que era de interesse coletivo deveria estar no
contrato, os interesses individuais desde que não fossem contrários aos preceitos acordados
eram válidos.
Letra d.

O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Joice Gomes Ferreira - 03075840114, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.

www.grancursosonline.com.br 41 de 56
NOÇÕES GERAIS DE DIREITO E FORMAÇÃO HUMANÍSTICA
Ciência Política: As Bases do Estado de Direito
Leonardo Dlugokenski

REFERÊNCIAS

BOBBIO, Norberto; MATTEUCCI, Nicola; PASQUINO Gianfranco. Dicionário de Política. Brasília,


DF: Ed. Universidade de Brasília, 1998.

GILISSEN, John. Introdução histórica ao direito. Lisboa: Fundação Calouste Goulbenkian, 2011.

HAMBY, Alonzo L. Esboço da história americana. [S. l.]: [s. n.], 2012.

HAURIOU, Maurice. Droit Constitutionnel et Institutions Politiques. Paris: [s. n], 1966.

HOBSBAWN, Eric J. A era das revoluções: Europa 1789-1848. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 2004.

JUNQUEIRA, Mary Anne. Estados Unidos: a consolidação de uma nação. São Paulo: Contex-
to, 2001.

LASSALE, Ferdinand. O que é uma constituição? São Paulo: Edições e Publicações Brasil, 1933.

MICHELET, Jules. A história da Revolução Francesa. São Paulo: Companhia das Letras/Círculo
do Livro, 1989.

RAMOS, Carlos Roberto. Origem, conceito, tipos de constituição, poder constituinte e história
das constituições brasileiras. Revista Informe Legislativo, Brasília, DF, ano 24, n. 23, 1987.

SPINELLI, Miguel. Filósofos pré-socráticos: primeiros mestres da filosofia e da ciência grega.


Porto Alegre: EDIPUCRS, 2003.

O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Joice Gomes Ferreira - 03075840114, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.

www.grancursosonline.com.br 42 de 56
NOÇÕES GERAIS DE DIREITO E FORMAÇÃO HUMANÍSTICA
Ciência Política: As Bases do Estado de Direito
Leonardo Dlugokenski

ANEXO I
Declaração Universal dos Direitos Humanos
Adotada e proclamada pela Assembleia Geral das Nações Unidas (resolução 217 A III) em
10 de dezembro 1948.
Preâmbulo
Considerando que o reconhecimento da dignidade inerente a todos os membros da família
humana e de seus direitos iguais e inalienáveis é o fundamento da liberdade, da justiça e da
paz no mundo,
Considerando que o desprezo e o desrespeito pelos direitos humanos resultaram em atos
bárbaros que ultrajaram a consciência da humanidade e que o advento de um mundo em que
mulheres e homens gozem de liberdade de palavra, de crença e da liberdade de viverem a salvo
do temor e da necessidade foi proclamado como a mais alta aspiração do ser humano comum,
Considerando ser essencial que os direitos humanos sejam protegidos pelo império da lei,
para que o ser humano não seja compelido, como último recurso, à rebelião contra a tirania e
a opressão,
Considerando ser essencial promover o desenvolvimento de relações amistosas entre
as nações,
Considerando que os povos das Nações Unidas reafirmaram, na Carta, sua fé nos direitos
fundamentais do ser humano, na dignidade e no valor da pessoa humana e na igualdade de
direitos do homem e da mulher e que decidiram promover o progresso social e melhores con-
dições de vida em uma liberdade mais ampla,
Considerando que os Países-Membros se comprometeram a promover, em cooperação
com as Nações Unidas, o respeito universal aos direitos e liberdades fundamentais do ser hu-
mano e a observância desses direitos e liberdades,
Considerando que uma compreensão comum desses direitos e liberdades é da mais alta
importância para o pleno cumprimento desse compromisso,
Agora portanto a Assembleia Geral proclama a presente Declaração Universal dos Direitos
Humanos como o ideal comum a ser atingido por todos os povos e todas as nações, com o
objetivo de que cada indivíduo e cada órgão da sociedade tendo sempre em mente esta Decla-
ração, esforce-se, por meio do ensino e da educação, por promover o respeito a esses direitos
e liberdades, e, pela adoção de medidas progressivas de caráter nacional e internacional, por
assegurar o seu reconhecimento e a sua observância universais e efetivos, tanto entre os po-
vos dos próprios Países-Membros quanto entre os povos dos territórios sob sua jurisdição.
Artigo 1
Todos os seres humanos nascem livres e iguais em dignidade e direitos. São dotados de
razão e consciência e devem agir em relação uns aos outros com espírito de fraternidade.

O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Joice Gomes Ferreira - 03075840114, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.

www.grancursosonline.com.br 43 de 56
NOÇÕES GERAIS DE DIREITO E FORMAÇÃO HUMANÍSTICA
Ciência Política: As Bases do Estado de Direito
Leonardo Dlugokenski

Artigo 2
1. Todo ser humano tem capacidade para gozar os direitos e as liberdades estabelecidos
nesta Declaração, sem distinção de qualquer espécie, seja de raça, cor, sexo, língua, religião,
opinião política ou de outra natureza, origem nacional ou social, riqueza, nascimento, ou qual-
quer outra condição.
2. Não será também feita nenhuma distinção fundada na condição política, jurídica ou in-
ternacional do país ou território a que pertença uma pessoa, quer se trate de um território inde-
pendente, sob tutela, sem governo próprio, quer sujeito a qualquer outra limitação de soberania.
Artigo 3
Todo ser humano tem direito à vida, à liberdade e à segurança pessoal.
Artigo 4
Ninguém será mantido em escravidão ou servidão; a escravidão e o tráfico de escravos
serão proibidos em todas as suas formas.
Artigo 5
Ninguém será submetido à tortura, nem a tratamento ou castigo cruel, desumano ou
degradante.
Artigo 6
Todo ser humano tem o direito de ser, em todos os lugares, reconhecido como pessoa
perante a lei.
Artigo 7
Todos são iguais perante a lei e têm direito, sem qualquer distinção, a igual proteção da lei.
Todos têm direito a igual proteção contra qualquer discriminação que viole a presente Declara-
ção e contra qualquer incitamento a tal discriminação.
Artigo 8
Todo ser humano tem direito a receber dos tribunais nacionais competentes remédio efe-
tivo para os atos que violem os direitos fundamentais que lhe sejam reconhecidos pela cons-
tituição ou pela lei.
Artigo 9
Ninguém será arbitrariamente preso, detido ou exilado.
Artigo 10
Todo ser humano tem direito, em plena igualdade, a uma justa e pública audiência por parte
de um tribunal independente e imparcial, para decidir seus direitos e deveres ou fundamento de
qualquer acusação criminal contra ele.
Artigo 11
1. Todo ser humano acusado de um ato delituoso tem o direito de ser presumido inocente
até que a sua culpabilidade tenha sido provada de acordo com a lei, em julgamento público no
qual lhe tenham sido asseguradas todas as garantias necessárias à sua defesa.

O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Joice Gomes Ferreira - 03075840114, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.

www.grancursosonline.com.br 44 de 56
NOÇÕES GERAIS DE DIREITO E FORMAÇÃO HUMANÍSTICA
Ciência Política: As Bases do Estado de Direito
Leonardo Dlugokenski

2. Ninguém poderá ser culpado por qualquer ação ou omissão que, no momento, não cons-
tituíam delito perante o direito nacional ou internacional. Também não será imposta pena mais
forte de que aquela que, no momento da prática, era aplicável ao ato delituoso.
Artigo 12
Ninguém será sujeito à interferência na sua vida privada, na sua família, no seu lar ou na
sua correspondência, nem a ataque à sua honra e reputação. Todo ser humano tem direito à
proteção da lei contra tais interferências ou ataques.
Artigo 13
1. Todo ser humano tem direito à liberdade de locomoção e residência dentro das frontei-
ras de cada Estado.
2. Todo ser humano tem o direito de deixar qualquer país, inclusive o próprio e a esse
regressar.
Artigo 14
1. Todo ser humano, vítima de perseguição, tem o direito de procurar e de gozar asilo em
outros países.
2. Esse direito não pode ser invocado em caso de perseguição legitimamente motivada por
crimes de direito comum ou por atos contrários aos objetivos e princípios das Nações Unidas.
Artigo 15
1. Todo ser humano tem direito a uma nacionalidade.
2. Ninguém será arbitrariamente privado de sua nacionalidade, nem do direito de mudar de
nacionalidade.
Artigo 16
1. Os homens e mulheres de maior idade, sem qualquer restrição de raça, nacionalidade ou
religião, têm o direito de contrair matrimônio e fundar uma família. Gozam de iguais direitos em
relação ao casamento, sua duração e sua dissolução.
2. O casamento não será válido senão com o livre e pleno consentimento dos nubentes
3. A família é o núcleo natural e fundamental da sociedade e tem direito à proteção da so-
ciedade e do Estado.
Artigo 17
1. Todo ser humano tem direito à propriedade, só ou em sociedade com outros.
2. Ninguém será arbitrariamente privado de sua propriedade.
Artigo 18
Todo ser humano tem direito à liberdade de pensamento, consciência e religião; esse direi-
to inclui a liberdade de mudar de religião ou crença e a liberdade de manifestar essa religião ou
crença pelo ensino, pela prática, pelo culto em público ou em particular.
Artigo 19
Todo ser humano tem direito à liberdade de opinião e expressão; esse direito inclui a liber-
dade de, sem interferência, ter opiniões e de procurar, receber e transmitir informações e ideias
por quaisquer meios e independentemente de fronteiras.

O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Joice Gomes Ferreira - 03075840114, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.

www.grancursosonline.com.br 45 de 56
NOÇÕES GERAIS DE DIREITO E FORMAÇÃO HUMANÍSTICA
Ciência Política: As Bases do Estado de Direito
Leonardo Dlugokenski

Artigo 20
1. Todo ser humano tem direito à liberdade de reunião e associação pacífica.
2. Ninguém pode ser obrigado a fazer parte de uma associação.
Artigo 21
1. Todo ser humano tem o direito de tomar parte no governo de seu país diretamente ou por
intermédio de representantes livremente escolhidos.
2. Todo ser humano tem igual direito de acesso ao serviço público do seu país.
3. A vontade do povo será a base da autoridade do governo; essa vontade será expressa
em eleições periódicas e legítimas, por sufrágio universal, por voto secreto ou processo equi-
valente que assegure a liberdade de voto.
Artigo 22
Todo ser humano, como membro da sociedade, tem direito à segurança social, à realiza-
ção pelo esforço nacional, pela cooperação internacional e de acordo com a organização e
recursos de cada Estado, dos direitos econômicos, sociais e culturais indispensáveis à sua
dignidade e ao livre desenvolvimento da sua personalidade.
Artigo 23
1. Todo ser humano tem direito ao trabalho, à livre escolha de emprego, a condições justas
e favoráveis de trabalho e à proteção contra o desemprego.
2. Todo ser humano, sem qualquer distinção, tem direito a igual remuneração por
igual trabalho.
3. Todo ser humano que trabalha tem direito a uma remuneração justa e satisfatória que
lhe assegure, assim como à sua família, uma existência compatível com a dignidade humana
e a que se acrescentarão, se necessário, outros meios de proteção social.
4. Todo ser humano tem direito a organizar sindicatos e a neles ingressar para proteção de
seus interesses.
Artigo 24
Todo ser humano tem direito a repouso e lazer, inclusive a limitação razoável das horas de
trabalho e a férias remuneradas periódicas.
Artigo 25
1. Todo ser humano tem direito a um padrão de vida capaz de assegurar a si e à sua família
saúde, bem-estar, inclusive alimentação, vestuário, habitação, cuidados médicos e os serviços
sociais indispensáveis e direito à segurança em caso de desemprego, doença invalidez, viu-
vez, velhice ou outros casos de perda dos meios de subsistência em circunstâncias fora de
seu controle.
2. A maternidade e a infância têm direito a cuidados e assistência especiais. Todas as
crianças, nascidas dentro ou fora do matrimônio, gozarão da mesma proteção social.

O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Joice Gomes Ferreira - 03075840114, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.

www.grancursosonline.com.br 46 de 56
NOÇÕES GERAIS DE DIREITO E FORMAÇÃO HUMANÍSTICA
Ciência Política: As Bases do Estado de Direito
Leonardo Dlugokenski

Artigo 26
1. Todo ser humano tem direito à instrução. A instrução será gratuita, pelo menos nos
graus elementares e fundamentais. A instrução elementar será obrigatória. A instrução técni-
co-profissional será acessível a todos, bem como a instrução superior, esta baseada no mérito.
2. A instrução será orientada no sentido do pleno desenvolvimento da personalidade hu-
mana e do fortalecimento do respeito pelos direitos do ser humano e pelas liberdades fun-
damentais. A instrução promoverá a compreensão, a tolerância e a amizade entre todas as
nações e grupos raciais ou religiosos e coadjuvará as atividades das Nações Unidas em prol
da manutenção da paz.
3. Os pais têm prioridade de direito na escolha do gênero de instrução que será ministrada
a seus filhos.
Artigo 27
1. Todo ser humano tem o direito de participar livremente da vida cultural da comunidade,
de fruir as artes e de participar do progresso científico e de seus benefícios.
2. Todo ser humano tem direito à proteção dos interesses morais e materiais decorrentes
de qualquer produção científica literária ou artística da qual seja autor.
Artigo 28
Todo ser humano tem direito a uma ordem social e internacional em que os direitos e liber-
dades estabelecidos na presente Declaração possam ser plenamente realizados.
Artigo 29
1. Todo ser humano tem deveres para com a comunidade, na qual o livre e pleno desenvol-
vimento de sua personalidade é possível.
2. No exercício de seus direitos e liberdades, todo ser humano estará sujeito apenas às
limitações determinadas pela lei, exclusivamente com o fim de assegurar o devido reconheci-
mento e respeito dos direitos e liberdades de outrem e de satisfazer as justas exigências da
moral, da ordem pública e do bem-estar de uma sociedade democrática.
3. Esses direitos e liberdades não podem, em hipótese alguma, ser exercidos contrariamen-
te aos objetivos e princípios das Nações Unidas.
Artigo 30
Nenhuma disposição da presente Declaração poder ser interpretada como o reconheci-
mento a qualquer Estado, grupo ou pessoa, do direito de exercer qualquer atividade ou praticar
qualquer ato destinado à destruição de quaisquer dos direitos e liberdades aqui estabelecidos.

O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Joice Gomes Ferreira - 03075840114, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.

www.grancursosonline.com.br 47 de 56
NOÇÕES GERAIS DE DIREITO E FORMAÇÃO HUMANÍSTICA
Ciência Política: As Bases do Estado de Direito
Leonardo Dlugokenski

ANEXO II
A ORIGEM DAS CONSTITUIÇÕES: OS CASOS DA REPÚBLICA DOS ESTADOS UNIDOS DA
AMÉRICA E DA FRANÇA
THE ORIGIN OF THE CONSTITUTIONS: THE CASES OF THE UNITED STATES OF AMERICA’S
AND FRANCE’S REPUBLICS
Leonardo Dlugokenski*
Resumo: O princípio constitucional surge ainda na Idade Média com o objetivo de ser uma
carta de princípios para todas as leis estatais e de ser superior a qualquer instância, até ao
monarca. À luz da modernidade, esta se populariza principalmente pela sua adoção durante
a Revolução Americana e pela Revolução Francesa que a torna um pré-requisito para todo o
Estado soberano e justo.
Palavras-chave: Constituição. Estado. Lei. Nação.
Abstract: The constitutional principle also arises in Middle Age in order to be a charter of
principles for all state laws and to be superior at any instance, until the monarch. At the light of
modernity, it becomes popular mainly for its adoption during the American Revolution and the
French Revolution that makes pre requisite for any sovereign and fair State.
Keywords: Constitution. State. Law. Nation.
1. INTRODUÇÃO
O presente artigo pretende esclarecer os fatos históricos que proporcionaram à consti-
tuição se tornar o principal instrumento de fixação de princípios jurídicos do direito público,
sendo o mais utilizado nos estados nacionais a partir da modernidade, ligado ao contexto do
surgimento do conceito de nação e do fim da Idade Média.
Também enfoca o contexto do surgimento das primeiras constituições escritas e a sua
relevância diante da organização jurídica e a efetivação enquanto territórios independentes e
autônomos dos Estados Unidos da América e da França após a Revolução de 1789.
2. A FORMAÇÃO DO ESTADO NACIONAL E A CONSTITUIÇÃO
2.1 A FORMAÇÃO DE UMA NAÇÃO
A discussão sobre a formação de uma nação em caráter federativo, estados unidos ou es-
tado absoluto advém de tempos remotos; remonta ainda aos filósofos gregos da antiguidade,
mais em específico ao pré-socrático, Tales de Mileto, que foi o primeiro político grego a teorizar a união
das cidades-estados em uma única federação, segundo Spinelli (2003).
A palavra nação leva-nos à conceituação de Hauriou (1966, p. 90), o qual assinala que ela
é “[...] um grupo humano no qual os indivíduos se sentem mutuamente unidos, por laços tan-
to materiais como espirituais, bem como consciente daquilo que os distingue dos indivíduos
componentes de outros grupos nacionais”, ou seja, podemos dizer que um único governo não
caracteriza uma nação, assim como impérios aos moldes dos romanos, dos helênicos e dos
egípcios não formavam nações, mas possuíam inúmeros grupos nacionais em seu interior.

O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Joice Gomes Ferreira - 03075840114, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.

www.grancursosonline.com.br 48 de 56
NOÇÕES GERAIS DE DIREITO E FORMAÇÃO HUMANÍSTICA
Ciência Política: As Bases do Estado de Direito
Leonardo Dlugokenski

Por esse motivo, acredita-se que a formação das primeiras nações advém da alta Idade
Média, mais em específico com as invasões bárbaras, nas quais inúmeros agrupamentos aden-
traram no Império Romano do Ocidente, findando o domínio daquela organização jurídica e ini-
ciando reinados que, ao findar da renascença, tornar-se-iam nações, como é o caso da França.
O reino franco (Regnum Francorum) – mais exactamente o reino dos reis francos, e não
só do povo franco – desempenha um papel crescente no Ocidente entre os séculos V e IX. Os
reis Merovíngios, sobretudo Clovis (cerca de 481-511), submetem a maior parte da Gália à sua
autoridade; os Carolíngios, sobretudo Carlos Magno (imperador em 800) estenderão seu poder
[...] A unidade, aliás relativa deste império contribuiu para a formação dum direito ocidental
mais ou menos uniforme. Não obstante dez séculos em evolução em sentidos diversos, o direi-
to dos países procedentes do Império Carolíngio conservou a unidade suficiente para poder ser
distinguido ainda do direito dos países eslavos e do direito dos países saxônicos. (GILISSEN,
2011, p. 166).
Com o passar da idade média, as grandes nações dividiram-se em principados e foram
sendo unificadas aos poucos por reis que se utilizaram da espada e dos seus exércitos criando
um movimento de eterno retorno às nações como conhecemos na contemporaneidade.
2.2. A ADOÇÃO DAS CONSTITUIÇÕES
A discussão sobre a adoção de uma constituição é recente, leva-nos à Revolução Ameri-
cana que iniciou em 1776, remontando à fixação dos “[...] princípios do direito público numa
constituição escrita [...], inicialmente em onze dos treze estados que tinham se declarado in-
dependentes.” (GILISSEN, 2011, p. 419). A redação final que concedeu unidade total aos 13
estados americanos e os tornou uma República dos Estados Unidos data de 1787.
Em consequência imediata da Revolução Americana, a França, após a queda da monarquia
do Rei Luís XVI, também adotou uma constituição como carta-base em 1791, a Espanha em
1808 e o Brasil em 1823.
É notável que no final do século XVIII e meados do XIX, inúmeros países adotaram a cons-
tituição como a base legal dos seus governos.
2.3 O QUE É CONSTITUIÇÃO?
O termo constituição, como a maioria das palavras, advém da união de dois termos da
Língua Latina, cum + statuere, com o significado de constituir conjuntamente, ou seja, compor
algo em conjunto com outros indivíduos.
O economista Lassale (1993, p. 10), em sua obra denominada O que é uma constituição?,
acreditava que é a lei fundamental de uma nação, entendendo lei fundamental como lei que
constitui o fundamento de todas as outras.
O teórico belga Gilissen (2011), em sua obra denominada Introdução histórica ao direito,
segue no mesmo caminho, entendendo que o termo em questão significa o ato legislativo que
fixa os princípios do direito público, ou seja, o ato que serve como um princípio norteador para
os códigos que são dotados de leis positivadas, objetivando a organização da sociedade.

O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Joice Gomes Ferreira - 03075840114, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.

www.grancursosonline.com.br 49 de 56
NOÇÕES GERAIS DE DIREITO E FORMAÇÃO HUMANÍSTICA
Ciência Política: As Bases do Estado de Direito
Leonardo Dlugokenski

Bobbio, Mateucci e Pasquino (1998), no famoso Dicionário de Política, entendem que a


constituição emana essencialmente de uma comunidade, confundindo-se com a própria
sociedade.
A Constituição é, de fato, a própria estrutura de uma comunidade política organizada, a or-
dem necessária que deriva da designação de um poder soberano e dos órgãos que o exercem.
Deste modo, sendo a Constituição imanente a qualquer sociedade, é necessário distinguir o
juízo científico sobre as características próprias de cada Constituição, tanto sob o aspecto for-
mal como sob o aspecto material, do juízo ideológico acerca do caráter constitucional ou não
constitucional de um regime. (BOBBIO; MATEUCCI; PASQUINO, 1998, p. 247).
Logo, pode-se constatar a partir da teorização dos pensadores citados, que a constituição
é a carta-base legal estatal, o fundamento de todas as leis de um estado nacional, sendo im-
prescritível e não aceitando alteração em sua essência.
3. A HISTÓRIA DA CONSTITUIÇÃO DOS ESTADOS UNIDOS DA AMÉRICA
3.1. A INGLATERRA E O PRIMEIRO PASSO PARA UMA CONSTITUIÇÃO
Era o ano 1190, e o Rei da Inglaterra Ricardo Coração de Leão partiu para a Palestina na ter-
ceira cruzada deixando seu reino à mercê de seu irmão, João, que mais tarde seria alcunhado
de João Sem-Terra, pois este tomara o poder absoluto do estado o usurpando de seu irmão.
João Sem-Terra governou a Inglaterra de 1199 a 1216. Porém, sua gestão foi marcada pelo
desacordo entre o Rei e os nobres, que não aceitavam os desmandos reais, principalmente pela
elevação de impostos e pelos gastos militares exorbitantes. A situação ficou tão grave durante
a sua gestão que os nobres ingleses realizaram um levante e organizaram uma carta (Magna
Carta) com os princípios que norteariam o Governo da Inglaterra; esta foi assinada por João
Sem-Terra em 1215, e foi considerado o primeiro passo para o surgimento das constituições:
Foi na Inglaterra que a liberdade política e a igualdade civil se manifestaram no mundo mo-
derno, ao menos timidamente, como condições indispensáveis à vida social. João sem terra,
na luta que travou contra barões e prelados (título honorífico privativo de dignidades eclesiás-
ticas), foi vencido em 1215, quando foi obrigado a assinar a Magna Carta, em cujos 63 artigos
se vêem as garantias e limitações à autoridade real, reclamadas pelos nobres e religiosos.
(RAMOS, 1987, p. 65).
Os mesmos ingleses que em 1215 limitaram os poderes de João Sem-Terra, por meio de
uma carta de princípios, mais tardiamente teriam de sair da sua pátria, em razão do projeto
colonizador estatal da região Norte da América, tomada da Espanha, e principalmente pela
intolerância religiosa que se iniciara com Henrique VIII, e pela criação do anglicanismo, pas-
sando por Maria I, a qual tentou impor o catolicismo na Inglaterra e por Elizabeth I, que firmou
o anglicanismo como religião oficial do Estado. Nesse contexto histórico surge a colônia da
Nova Inglaterra, que, mais tarde, já livre dos grilhões colonizadores, tornar-se-ia Estados Uni-
dos da América.

O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Joice Gomes Ferreira - 03075840114, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.

www.grancursosonline.com.br 50 de 56
NOÇÕES GERAIS DE DIREITO E FORMAÇÃO HUMANÍSTICA
Ciência Política: As Bases do Estado de Direito
Leonardo Dlugokenski

3.2. A COLONIZAÇÃO DOS ESTADOS UNIDOS DA AMÉRICA


A colonização da América do Norte pelos ingleses teve seu início quando a Rainha Elizabe-
th concedeu permissão a Humphrey Gilbert para colonizar as terras pagãs no novo mundo que
ainda não tinham sido ocupadas pelas potenciais colônias (Portugal e Espanha).
Gilbert nunca iniciou esse intento, morreu no mar, ainda na viagem de ida, quem levou esse
ideal adiante foi seu meio-irmão Walter Raleigh, que proporcionou a primeira colônia britânica
no novo mundo, na ilha de Roanoke em 1585.
Em 1578, Humphrey Gilbert, autor de um tratado sobre a procura de uma Passagem do
Noroeste, recebeu da Rainha Elizabeth uma patente para colonizar as “terras pagãs e bárbaras”
no Novo Mundo que ainda não tivessem sido reivindicadas por outras potências europeias. Ele
levaria cinco anos até poder iniciar sua empreitada. Quando morreu no mar, seu meio irmão,
Walter Raleigh, assumiu a missão. Em 1585 Raleigh fundou a primeira colónia britânica na
América do Norte, na Ilha de Roanoke, na costa da Carolina do Norte. (HAMBY, 2012, p. 11).
A colonização pensada por Raleigh, não obteve êxito, e o projeto da presença de ingleses
na América somente atingiu resultados favoráveis 20 anos depois, quando a perseguição re-
ligiosa na Inglaterra, aliada às más colheitas e doenças que se alastravam sobre o continente
europeu fizeram com que inúmeros britânicos se lançassem ao mar em busca de um novo
lugar para viver.
3.3. A DIVISÃO DAS COLÔNIAS AMERICANAS
A colonização dos Estados Unidos da América passou por três fases distintas de ocupa-
ção de território e de atividade laboral. A primeira fase compõe as colônias de produção em
forma de plantation, produzindo arroz, tabaco, anil e mais tarde algodão; essas colônias loca
lizavam-se nas terras do Sul, eram elas: Virgínia (1607), Maryland (1634), Carolina do Norte
(1653), Carolina do Sul (1670) e Geórgia (1733).
A segunda fase está ligada à colonização da região Norte, em que eram colônias Massa-
chusetts (1620-1630), New Hampshire (1623), Connecticut (1635) e Rhode Island (1636), e sua
base de produção estava ligada à pequena agricultura, pecuária, comércio e pesca.
Já a terceira fase é composta de colônias intermediárias, que se localizavam em terras
em meio às duas colônias anteriores; estas eram constituídas por Nova York (1613), Delawa-
re (1638), Nova Jersey (1664) e Pensilvânia (1681) e possuíam traços semelhantes às colô-
nias do Norte.
As colônias foram preteridas pela Inglaterra que descentralizou o poder controlador colo-
nial para as empresas colonizadoras. Logo, após décadas, o potencial das colônias ficou claro
em razão da sua organização, autossuficiência e heterogeneidade populacional.
Mas havia uma diferença nesse grupo de colônias: a população caracterizava-se pelo seu
aspecto heterogêneo – dada à anterior colonização holandesa em Nova York, à antiga presen-
ça sueca em Delaware e aos imigrantes vindos de várias partes da Inglaterra. Notava-se ali um
convívio de grupos distintos. Havia uma pequena agricultura, um forte comércio e numerosos

O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Joice Gomes Ferreira - 03075840114, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.

www.grancursosonline.com.br 51 de 56
NOÇÕES GERAIS DE DIREITO E FORMAÇÃO HUMANÍSTICA
Ciência Política: As Bases do Estado de Direito
Leonardo Dlugokenski

artesãos. Os historiadores destacam entre essas colônias a da Pensilvânia, que foi povoada
por quakers, grupo protestante que defendia a tolerância religiosa. Além disso, as colônias do
meio caracterizavam-se por suas cidades populosas, como Filadélfia e Nova York. (JUNQUEI-
RA, 2001, p. 18).
A heterogeneidade na formação colonial dos Estados Unidos da América proporcionou
uma diferenciação dessa ocupação territorial frente às colônias hispânicas e portuguesas,
ademais, essa heterogeneidade influenciou diretamente o processo de independência em de-
corrência da preferência que a Inglaterra demonstrava diante das colônias do Sul, deixando o
Norte e o Centro quase abandonados à própria sorte, ocasionando uma organização indepen-
dente e um desejo de manter essa independência frente à metrópole.
3.4. A INDEPENDÊNCIA DOS ESTADOS UNIDOS DA AMÉRICA
A Inglaterra, durante a sua história, envolveu-se em diversos conflitos para manter a sua so-
berania e principalmente para expandir territórios. No século XVIII, o contexto não era diferente
e a Inglaterra encampou uma guerra contra os franceses, que ficou conhecida como “Guerra
dos Sete Anos”, vencida pela Inglaterra, mas com um amargo prejuízo em vidas e principal-
mente financeiro.
A coroa, com o objetivo de equilibrar a economia, resolveu aumentar de forma exorbitante
os impostos coloniais ocasionando um sentimento de revolta nos colonos, visto que estes
somente eram conclamados quando a Inglaterra passava por dificuldades.
Em 1756 explodiu a Guerra dos Sete Anos, conhecida, no Novo Mundo, como Guerra Fran-
co-Índia, pois os franceses se uniram a alguns grupos indígenas insatisfeitos por terem as
suas terras tomadas pelos ingleses. Ingleses e franceses, que tinham disputas acirradas na
Europa por hegemonia econômica, deslocaram as hostilidades para as regiões do Novo Mun-
do, onde disputavam territórios e a posse de novas colônias. A Guerra acabou em 1763 com a
vitória da Inglaterra e, em especial, dos colonos ingleses.
Embora vencedora, a Inglaterra saiu com uma enorme dívida contraída durante o conflito.
Não era possível manter uma guerra do outro lado do Atlântico sem mobilizar um contingente
militar e um esforço financeiro considerável. A solução encontrada para a crise foi aumentar os
impostos das suas colônias além-mar, fato que criou um profundo descontentamento nos co-
lonos, fazendo-os insurgirem-se inicialmente contra as pressões da Coroa e, depois, pegarem
em armas pela independência. (JUNQUEIRA, 2001 p. 18).
Esse descontentamento fez com que os colonos ingleses solicitassem a diminuição de
impostos à metrópole. Não sendo atendidos, iniciaram uma insurreição que os levaria à inde-
pendência em 1776.
Os primeiros tiros da Revolução Americana aconteceram em 19 de abril de 1775, em Lexing-
ton Massachussets, quando tropas inglesas invadiram a cidade em busca de munição e armas.

O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Joice Gomes Ferreira - 03075840114, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.

www.grancursosonline.com.br 52 de 56
NOÇÕES GERAIS DE DIREITO E FORMAÇÃO HUMANÍSTICA
Ciência Política: As Bases do Estado de Direito
Leonardo Dlugokenski

Depois de marchar a noite toda, as tropas britânicas chegaram à aldeia de Lexington no


dia 19 de abril de 1775 e lá avistaram, em meio à névoa da aurora, um bando de 70 milicianos
conhecidos por Minutemen – assim chamados porque diziam estar prontos para lutar em um
minuto. Os milicianos pretendiam apenas fazer um protesto silencioso, mas o Major John Pi-
tcairn, comandante das tropas britânicas, gritou: “Dispersem, seus rebeldes malditos! Seus
cachorros, corram!” O Capitão John Parker, líder dos Minutemen, ordenou que suas tropas não
atirassem, a menos que fossem atacados. Os americanos estavam a retirar-se, quando alguém
deu um tiro, induzindo os britânicos a atirar nos milicianos e, depois, atacar com suas baione-
tas. Houve oito mortos e dez feridos. Foi, nas palavras frequentemente citadas de Ralph Waldo
Emerson, “um tiro ouvido em todo o mundo”. (HAMBY 2012, p. 64).
A Revolução Americana iniciou, logo, em 10 de maio de 1775, os revolucionários se reuni-
ram na Virgínia e nomearam o general George Washington como líder das tropas revolucioná-
rias; isso ocasionou, um ano após, em 04 de julho de 1776, a Declaração de Independência dos
Estados Unidos da América, fruto de trabalho árduo do Congresso Continental, principalmente
de Thomas Jeferson, segundo Hamby (2012).
Ademais, em 1780, os franceses do Rei Luis XVI entraram na Revolução em favor dos ame-
ricanos, encurralando os ingleses, que em 03 de setembro de 1783 reconheceram a indepen-
dência da colônia no famoso Tratado de Paris.
3.5. A CONSTITUIÇÃO AMERICANA
Após a promulgação da carta de independência, as antigas 13 colônias inglesas criaram
suas próprias constituições, proporcionando uma federação com 13 constituições. Em 1787,
foi criada uma única constituição para a República dos Estados Unidos da América.21
Em 1787, uma Constituição dos Estados Unidos substituiu os articles of confederation,
tidos como insuficientes; esta Constituição criou uma federação com muito mais poderes em
relação aos Estados, ainda que a luta entre federalistas e antifederalistas tenha dominado em
parte a política americana durante os dois últimos séculos. (GILISSEN, 2011, p. 428).
Apesar das suas 26 emendas, a Constituição americana ainda é uma das mais respeitadas do
mundo e, após a sua publicação, influenciou o constitucionalismo no mundo; as nações antigas
adotaram uma constituição após reformas no seu sistema político (caso da França após a Revo-
lução), e as mais novas nações após a libertação depois do colonialismo fizeram isso também.
4. A HISTÓRIA DA CONSTITUIÇÃO DA FRANÇA DE 1791
A queda da bastilha e o fim do Governo de Luis XVI foram o desfecho de uma realidade que
dominou a Europa durante a Idade Média; já era século XVIII, e o mundo após a I Revolução In-
dustrial de 1760 não suportava mais o fato de pequenas classes governarem grandes nações
enraizadas em monarquias absolutas sustentadas pela tese do direito divino.
Segundo o historiador Hobsbawn (2004), na França, um universo de 400 mil pessoas (no-
breza) possuía o poder econômico e político em meio a um universo de 23 milhões de pessoas,
gerando após a Revolução Industrial Inglesa a sensação de despotismo frente à nova burgue-
sia que surgia na França.

O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Joice Gomes Ferreira - 03075840114, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.

www.grancursosonline.com.br 53 de 56
NOÇÕES GERAIS DE DIREITO E FORMAÇÃO HUMANÍSTICA
Ciência Política: As Bases do Estado de Direito
Leonardo Dlugokenski

As 400 mil pessoas aproximadamente que, entre os 23 milhões de franceses, formavam a


nobreza, a inquestionável “primeira linha” da nação, embora não tão absolutamente a salvo da
intromissão como na Prússia e outros lugares, estavam bastante seguras. Elas gozavam de
consideráveis privilégios, inclusive a isenção de vários impostos (mas não de tantos quanto o
clero, mais bem organizado), e do direito de receber tributos feudais. (HOBSBAWN, 2004, p. 87).
O fato de o Monarca Luis XVI ser jovem e inexperiente e sua esposa, a austríaca Maria
Antonieta ser extremamente escandalosa, proporcionou uma instabilidade política muito
mais perigosa.
Os enormes gastos estatais com guerras (principalmente o apoio à Revolução Americana
que levaram a França à bancarrota) e a postura déspota frente ao povo francês, fez com que
Luis XVI fosse odiado pelas classes populares e a sua queda era questão de tempo.
4.1. A BANCARROTA FRANCESA, A REVOLUÇÃO AMERICANA E A QUEDA DA BASTILHA
A França era dividida politicamente pelos chamados três Estados, o clero (primeiro Estado),
a nobreza (segundo Estado) e o povo (terceiro Estado); cada um deles possuía leis próprias e
organização de impostos diferenciada. O Rei estava no topo dos três Estados.
Luis XVI, desde sua ascensão ao trono, empenhou-se em campanhas militares ao lado da
Áustria e principalmente contra os ingleses, inclusive auxiliando os rebeldes das colônias in-
glesas da América do Norte em sua independência, o que levou a França à bancarrota.
A estrutura fiscal e administrativa do reino era tremendamente obsoleta [...]. Então a França
envolveu-se na guerra da independência americana. A vitória contra a Inglaterra foi obtida ao
custo da bancarrota final, e assim a revolução americana pôde proclamar-se a causa direta da
Revolução Francesa. (HOBSBAWN, 2004, p. 89).
Subestimado pelas duas classes proeminentes e principalmente pelo Governo de Luis XVI,
o terceiro Estado iniciou um movimento revolucionário que apenas iria cessar com a tomada
do poder pelo general Napoleão Bonaparte em 1799.
O povo se levantava contra o Governo e Luis XVI ordenou a prisão dos revoltosos, em que
alguns foram aprisionados na fortaleza da bastilha, a qual prontamente foi invadida por uma
turba de revolucionários inspirados pelo Iluminismo, segundo Michelet (1989, p. 155): “Uma
ideia nasceu sobre Paris com o dia, e todos viram a mesma luz. Uma luz nos espíritos, e em
cada coração uma voz: ‘Vais e tomarás a bastilha’.”
Com a queda da bastilha, a destituição do Governo de Luis XVI é inevitável, e este deixa o
cargo no mesmo ano, 1789, sendo executado alguns anos mais tarde.
4.2. A REVOLUÇÃO FRANCESA E A DECLARAÇÃO DOS DIREITOS DO HOMEM
Da Assembleia Nacional Constituinte à promulgação da primeira constituição escrita da-
quele país, decorre-se do dia 17 de junho de 1789 ao dia 03 de setembro de 1791.
Em 17 de junho de 1789, a reunião do Terceiro Estado se proclamou “Assembleia Nacional”
e, pouco depois, “Assembleia Nacional Constituinte”, pronta para criar uma carta que limitasse
os poderes do governante. Porém, esta somente terminou de ser redigida, segundo Gilissen

O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Joice Gomes Ferreira - 03075840114, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.

www.grancursosonline.com.br 54 de 56
NOÇÕES GERAIS DE DIREITO E FORMAÇÃO HUMANÍSTICA
Ciência Política: As Bases do Estado de Direito
Leonardo Dlugokenski

(2011, p. 431), porque “[...] por um lado se defrontou com inúmeras dificuldades políticas, por
outro lado porque elaborou muitas leis administrativas, nomeadamente as de 1790 sobre a
organização dos departamentos e municípios [...]”
Paralelamente à formação da Assembleia, os motins em Paris aconteceram em 14 de julho
com a tomada da prisão da Bastilha, símbolo do poder real e depósito de armas; a França está
em meio ao processo revolucionário. Pouco depois se aprovava a solene “Declaração dos di-
reitos do Homem e do Cidadão”, e em 03 de setembro de 1791 a primeira constituição escrita
da França, que segundo Hobsbawn (2004):
A constituição de 1791 rechaçou a democracia excessiva através de um sistema de mo-
narquia constitucional baseado num direito de voto censitário dos “cidadãos ativos” reconheci-
damente bastante amplo. Esperava-se que os passivos honrassem sua denominação. (HOBS-
BAWN, 2004, p. 98).
Com a promulgação da Constituição de 1791, implantando uma monarquia constitucional
na França, o rei perdeu os plenos poderes; também foi realizada a separação efetiva dos Po-
deres Executivo, Legislativo e Judiciário e o povo ganhou direitos civis plenos. Essa mesma 23
A origem das constituições...
Constituição aboliu o feudalismo e nacionalizou os bens eclesiásticos, ocasionando uma
ruptura com a Igreja Católica.
5. CONCLUSÃO
O presente trabalho clarificou sob à luz da modernidade a conceituação do termo consti-
tuição, o qual entendemos como a carta de princípios-base para todas as leis de um estado
nacional, ou seja, o ponto que norteia toda a ação jurídica de um país.
Também este artigo demonstrou a relação entre a Revolução Americana e a Revolução
Francesa, como também a popularização do modelo constitucional após a sua adoção pelo
Governo de George Washington na República dos Estado Unidos da América, onde esse mo-
delo jurídico se espalhou pelos novos estados americanos como também na reinvenção dos
estados europeus.
Ademais, é possível ver que os séculos XVIII e XIX são imprescindíveis quando se fala da
modernização das instituições jurídicas, pois desde o Império Romano não existia inovação na
forma de legislar de um Estado ou nação.

Leonardo Dlugokenski
Possui graduação em Filosofia (2005). Especialista na área de Sociologia pela Universidade de Passo Fundo
(2009), bem como em Formação de Professores e Tutores para Atuar no Ensino – Modalidade a Distância
(2020). Mestre na área de História pela Universidade de Passo Fundo (2012). É professor do ensino básico
e superior, membro do Instituto Histórico e Geográfico Oeste Catarinense – IHGO, coordenador do Núcleo
de Pesquisa em Direitos Fundamentais e Constitucional da UNOESC e membro do grupo de Pesquisas
em Inovação, Tecnologias em Engenharias, Arquitetura e Urbanismo – ITEAU – UNOESC. Professor das
disciplinas ligadas às ciências humanas nos cursos de Direito e Arquitetura e Urbanismo da UNOESC e do
curso de Direito da UNOPAR.

O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Joice Gomes Ferreira - 03075840114, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.

www.grancursosonline.com.br 55 de 56
O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Joice Gomes Ferreira - 03075840114, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.

Você também pode gostar