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USUFRUTO - TRATAMENTO TRIBUTÁRIO

Usufruto é o direito real assegurado a alguém, para que possa gozar ou fruir as utilidades e os frutos de bens
móveis ou imóveis, cuja propriedade pertence a outrem, cabendo ao usufrutuário o direito à posse, ao uso, à
administração e à percepção dos frutos, sem que lhe seja transmitida a propriedade do bem ou direito.

No usufruto, coexistem dois titulares de direito sobre a coisa:

1) o nu-proprietário - a quem compete a propriedade do bem ou direito, de que se destacaram os


direitos de uso e gozo;

2) o usufrutuário - a quem se confere o direito de usar e gozar do bem ou direito, pelo tempo previsto na
escritura.

O usufruto só se pode transferir por alienação ao proprietário da coisa, mas o seu exercício pode ceder-se por
título gratuito ou oneroso e realizar-se com terceiros.

Observe-se que o usufruto é formalizado por escritura pública e esta deverá estar transcrita no registro de
imóvel competente.

Para fins de imposto de renda, a ausência de escritura ou registro não modifica a tributação pelo imposto nas
operações de ganho de capital e/ou incidência de rendimentos auferidos, apenas modificando a forma com que
cada parte trata os respectivos ganhos ou rendimentos (vide subtópico "Informação na Declaração de Ajuste
Anual", mais adiante).

APURAÇÃO DO GANHO DE CAPITAL

Estão sujeitos à incidência do Imposto de Renda os ganhos de capital auferidos na alienação de bens ou direitos
de qualquer natureza, alcançando inclusive a alienação de direito de usufruto.

No caso de alienação ou desistência do direito, o usufrutuário (usuário) deve apurar, se houver, o ganho de
capital, considerando como custo de aquisição o valor pelo qual o usufruto foi instituído e valor de alienação o
valor constante no instrumento de alienação.

ALIENAÇÃO DO USUFRUTO E DA NUA-PROPRIEDADE

De acordo com o PN CST 4/1995 ocorrendo a transmissão do usufruto e da nua-propriedade


concomitantemente, isto é, em uma mesma operação, tendo como adquirente um terceiro, o usufrutuário e o nu-
proprietário sujeitam-se à apuração do ganho de capital.

NÃO-INCIDÊNCIA

Estão excluídos da tributação na forma comentada os seguintes valores:

a) as transferências causa mortis e as doações em adiantamento da legítima; e

b) o ganho de capital auferido na alienação de bens ou direitos, cujo preço unitário de alienação, no mês em que
esta se realizar, seja igual ou inferior a R$ 35.000,00, a partir de 16.06.2005 (anteriormente, este limite era de
R$ 20.000,00).

CESSÃO DO EXERCÍCIO DO USUFRUTO

Na concessão do exercício do usufruto não ocorre propriamente a transferência do usufruto, mas sim a cessão
do direito de usar e fruir as utilidades do bem sobre o qual recai o usufruto. Assim sendo, não se materializa, na
espécie, qualquer transmissão de direito, mas sim permissão para o uso desse direito.

CESSÃO A TÍTULO ONEROSO


Não ocorrendo transmissão não ocorre ganho de capital pelo cedente do direito.

Na cessão, as importâncias recebidas pelo cedente, periodicamente ou não, fixas ou variáveis, serão
consideradas como aluguel ou arrendamento.

Assim o cedente deverá considerar como rendimentos de aluguéis ou arrendamentos as importâncias recebidas,
pela celebração do contrato, sujeitos ao recolhimento mensal obrigatório do Imposto de Renda (carnê-leão).

CESSÃO A TÍTULO GRATUITO

Tratando-se de cessão a título gratuito, constitui rendimento tributável, na declaração de rendimentos, o


equivalente a 10% (dez por cento) do valor venal de imóvel cujo usufruto foi cedido gratuitamente, podendo,
entretanto, ser adotado o valor constante da guia do Imposto Predial e Territorial Urbano (IPTU)
correspondente ao ano-calendário da declaração, exceto quando ocupado pelo próprio usufrutuário ou para uso
do cônjuge ou de parentes de primeiro grau.

No caso do imóvel rural, constitui rendimento tributável na declaração de rendimentos o equivalente a 10%
(dez por cento) do valor venal (terra nua) ou o valor constante da Declaração do Imposto Territorial Rural
(ITR).

INFORMAÇÃO NA DECLARAÇÃO DE AJUSTE ANUAL

Se o usufruto constar de escritura pública averbada no registro de imóveis, o nu-proprietário relaciona o imóvel
em sua Declaração de Bens e Direitos e informa a constituição do usufruto em favor do usufrutuário.

O usufrutuário, por sua vez, relaciona em sua Declaração de Bens e Direitos o valor do usufruto. Os
rendimentos dele decorrentes constituem rendimentos tributáveis em sua declaração.

Se não houver escritura averbada, o nu-proprietário, ao relacionar o imóvel em sua Declaração de Bens e
Direitos, informa que os rendimentos respectivos foram doados ao usufrutuário.

Os rendimentos auferidos ficam sujeitos ao carnê-leão, se recebidos de pessoa física, ou na fonte, se pagos por
pessoa jurídica e serão incluídos como rendimentos tributáveis na declaração do nu-proprietário.

Para o usufrutuário, os rendimentos serão considerados como não tributados por se tratar de doação em espécie.

IMÓVEL RURAL

O usufrutuário deve tributar os rendimentos de propriedade rural objeto de usufruto de acordo com a natureza
destes, ou seja, deve apurar o resultado da atividade rural, desde que exerça essa atividade no referido imóvel.

Caso contrário, o rendimento de qualquer outra natureza sujeita-se ao carnê-leão, se recebido de pessoa física,
ou à retenção na fonte, se pago por pessoa jurídica, e, também, ao ajuste na declaração anual.

Ressalte-se que o usufruto deve estar formalizado por escritura pública transcrita no registro de imóvel
competente.

PARTICIPAÇÃO EM EMPRESA OPTANTE PELO SIMPLES

A gravação de usufruto sobre quotas de sociedade limitada configura modalidade de participação no capital,
para os efeitos do Simples Nacional (Solução de Consulta Disit/SRRF 7.008/2017).

BASES

Parecer Normativo Cosit 4/1995, Perguntas e Respostas IRPF/RFB e os citados no texto.

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