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UNIVERSIDADE FEDERAL DA GRANDE DOURADOS

FACULDADE DE PÓS GRADUAÇÃO CIÊNCIAS HUMANAS


CIÊNCIAS SOCIAIS

DAIANE JOICE SCHUINDT FERNANDES1

GRANDES CIENTISTAS POLÍTICOS CORROBORANDO COM AS ELEIÇÕES NO


MATO GROSSO DO SUL (2022)

Dourados-MS

2022

1 Bacharel em Ciências Sociais, Mestranda em Sociologia da Universidade Federal da Grande Dourados (UFGD)
Grandes Cientistas Políticos Corroborando com as Eleições no Mato Grosso do Sul (2022)

Resumo

O Presente Artigo Discorre Sobre os Grandes Cientistas Políticos e suas Obras, de Norberto
Bobbio, Liberalismo e democracia (2005); Manuel Castells, Redes de indignação e esperança.
Movimentos sociais na era da internet (2013); Martin Carnoy, Estado e teoria política (1986);
Modesto Florenzano, Sobre as origens e o desenvolvimento do Estado moderno no Ocidente
(2007); José Guilherme Merquior, O liberalismo. Antigo e Moderno (1991); Luis Felipe Miguel
(2017) Resgatar a participação: democracia participativa e representação política no debate
contemporâneo; Domenico Losurdo, Democracia ou Bonapartismo (2004); Aníbal Quijano,
Colonialidade do poder, eurocentrismo e América Latina: A colonialidade do saber: eurocentrismo
e ciências sociais (2005); Ellen Meiksins Wood, As origens agrárias do capitalismo (1998). Ainda
relacionamos as obras mencionadas às eleições de 2022 de Mato Grosso do Sul, aos pré -
candidatos ao Governo Estadual, dentre eles Eduardo Riedel (PSDB), André Puccinelli (MDB),
Marquinhos Trad (PSD), Rose Modesto (União Brasil), Capitão Contar (PRTB), Já os Pré-
Candidatos ao Senado São, Tereza Cristina (PP), Luiz Henrique Mandetta (União Brasil), Odilon
De Oliveira (PSD), dentre outros.

Palavras - Chave: Grandes Cientistas Políticos; Eleições no Mato Grosso do Sul; Pré - Candidatos.

Grandes Cientistas Políticos e suas Obras

No artigo sobre as origens e o desenvolvimento do Estado moderno no Ocidente de Florenzano,


aborda as características do Estado Moderno a partir de Max Weber, por meio da racionalização e
desencantamento do mundo. A Constituição limita o poder para manter a ordem e os direitos
individuais, o mercado é dividido em Classes, trabalhadores e proletários, o Estado nasce para
garantir as liberdades no mercado.

Como, aliás, já haviam percebido os historiadores franceses da primeira metade do


século XIX. Por exemplo, François Guizot, quando afirmava, em 1828, que: “A
Europa moderna nasceu da luta das diversas classes da sociedade.
(FLORENZANO, 2007, p.36)

Sendo as origens da sociedade capitalista a partir do século XVII, na Inglaterra, na qual se afirmam
os “ enclosures" (cercamentos), abolindo a propriedade comum de campos e pastagens, que
possibilitava ao camponeses tirar seu sustento e legalizando através da força e o direito a formação
da propriedade privada absoluta.

Segundo Jean Jacques Rousseau (1712-1778) “ O primeiro que tendo cercado um terreno, se
lembrou de dizer: isto é meu, e encontrou pessoas bastantes simples para o acreditar, foi o
verdadeiro fundador da sociedade civil. Quantos crimes, Guerras, assassínios, misérias e horrores
não teria poupado ao gênero humano aquele que, arrancando as estacas ou tapando os buracos,
tivesse gritado aos seus semelhantes: Livrai-vos de escutar esse impostor; estareis perdidos se
esquecerdes que os frutos são de todos, e a terra de ninguém!”.
De acordo com Ellen Wood (2000 p. 14) essa relação particular entre produtores e apropriadores é
obviamente medida pelo mercado, mercado de vários tipos existiram através da história e até
mesmo da Pré-História, quando as pessoas trocavam ou vendiam o excedente de diversas maneiras
e com diferentes objetivos.

Conforme Wood (2000, p.20) do ponto de vista dos proprietários e dos arrendatários capitalistas, a
terra deveria ser liberada de todo tipo de obstrução ao seu uso produtivo e lucrativo, em que os
séculos XVI e XVIII, houve uma pressão contínua para extinção dos direitos costumeiros que
interferiam na acumulação capitalista.

Na ideologia de John Locke (1632-1704) na ética dos melhoramentos, a produtividade legitima


moralmente a apropriação da terra, modificando o direito natural de todos os indivíduos de ter uma
propriedade, já na legitimação dos latifúndios a propriedade privada pode ser ilimitada, pois “os
mais operosos” tiveram a capacidade de adquirir grandes terras.

Sendo a ligação geral de Ellen Wood sobre o capitalismo a partir da experiência agrária, Wood
evidencia que ao aceitar os imperativos do mercado capitalista, todos os atores econômicos, tanto
apropriadores quanto produtores estão sujeitos às exigências da competição, da produtividade
crescente, da acumulação de capital e da intensa exploração de trabalho.

Na obra “Estado e teoria política” Martin Carnoy (1986, p.50) trás alguns pontos levantados por
Schumpeter sobre participação política e democracia. Primeiro, não existe algo tal como o bem-
comum unicamente determinado, com o qual todas as pessoas poderiam concordar ou deveriam ser
levadas a concordar pela força do argumento racional; o bem-comum está destinado a significar
coisas diferentes para pessoas diferentes (Schumpeter, 1942, 251). Segunda, mesmo se as opiniões e
desejos dos cidadãos individuais fossem dados perfeitamente definidos e independentes, com os
quais o processo democrático operária, e se todos atuassem, a partir deles, com uma racionalidade e
uma exatidão ideal, isso não implicaria necessariamente que as decisões políticas resultantes desse
processo, com base no material bruto daquelas vontades individuais, representassem qualquer coisa
que em qualquer sentido convincente pudesse ser chamado. de "a vontade do Povo" (1942, 254)
Terceiro, os cidadãos são normalmente mal informados ou desinteressados pelos problemas
políticos, exceto em relação àqueles que as afetam diretamente, economicamente. Nessas situações,
antes de agir no sentido de bem-comum, eles agirão com base nos interesses próprios, individuais.

Martin Carnoy (1986, p.79) ainda cita a definição de estado para, Lênin (1965, p.8, 9) que o Estado
é um órgão de dominação de classe e que, embora o Estado tente conciliar o conflito de classes (nas
palavras de Engels [1968, 155], "um poder aparentemente colocado acima da sociedade tornou-se
necessário para o objetivo de moderar o conflito"), esse conflito é irreconciliável. Embora a
democracia burguesa pareça permitir a participação e, até mesmo, o controle das instituições
políticas (e econômicas) pela classe trabalhadora (se ela opta por exercer esse poder político) e,
portanto, pareça produzir um aparelho de Estado com o resultado da conciliação de classes, Lênin
defende que "de acordo com Marx, o Estado não poderia nem surgir nem manter-se, se fosse
possível reconciliar as classes.
Segundo Marx, o Estado é um órgão de dominação de classe, um órgão de opressão de uma classe
por outra; é a criação da 'ordem' que legaliza e perpetua essa opressão, ao moderar o conflito entre
as classes". Na interpretação leninista de Marx, a necessidade de um Estado, uma vez que ele é o
aparelho repressivo de uma classe dominante, só existe porque está presente um conflito de classes.
Sem esse conflito, não há necessidade de Estado. O reverso dessa interpretação parece óbvio: "Se o
Estado é o produto da irreconciliabilidade dos antagonismos de classe, se ele é um poder colocado
acima da sociedade e cada vez mais alienado desta logo, a liberação da classe dominada não é
possível, a não ser com o recurso a uma revolução violenta, e também com a destruição do aparelho
de poder do Estado, que foi criado pela classe dominante e que é a corporificação dessa alienação".

Alguns conceitos sobre liberdade significam a obediência à lei que nós prescrevemos” de acordo
com Rousseau em o Contrato Social. Já a liberdade moderna é a fruição pacífica da independência
individual ou privada, segundo Constant em Liberdade antiga e liberdade Moderna.

Conforme Norberto Bobbio em Liberalismo e democracia (2005) sob a forma da contraposição


entre liberdade dos modernos e liberdade dos antigos, a antítese liberalismo e democracia foi
anunciada e sutilmente defendida por Benjamin Constant (1767-1830) no Célebre Discurso
anunciado no Ateneu Real de Paris em 1818. Alguns conceitos sobre liberdade significam a
obediência à lei que nós prescrevemos” de acordo com Rousseau em o Contrato Social. Já a
liberdade moderna é a fruição pacífica da independência individual ou privada, segundo Constant
em Liberdade antiga e liberdade Moderna.

Merquior em “O liberalismo, Antigo e Moderno” (1991), afirma em sua famosa conferência de


1958 em Oxford que a definição de liberdade é positiva e negativa, sendo a liberdade negativa
como estar livre da coerção, na qual a liberdade negativa é sempre contra a possível interferência
de alguém, já a liberdade positiva por outro lado é essencialmente um desejo de governar-se, um
desejo de autonomia.

Assim, conforme Bobbio (2005, p. 13) a doutrina dos Direitos Naturais está na base das
Declarações dos Direitos proclamados nos Estados Unidos da América do Norte, a começar de
1776 e na França revolucionária de 1789., na qual se afirma o princípio fundamental do Estado
liberal como Estado Limitado. Sendo o objetivo de toda associação política a conservação dos
direitos naturais e não prescritíveis do homem ( art. 2º da Declaração dos Direitos do Homem e do
Cidadão, 1789).

De acordo, com Norberto Bobbio (2005, p.34) a democracia representativa também nasceu
da convicção de que os representantes eleitos pelos cidadãos estariam em condições de avaliar quais
seriam os interesses gerais melhor do que os próprios cidadãos, fechados demais na contemplação
de seus próprios interesses particulares, portanto a democracia indireta seria mais adequada para o
alcance dos fins a que fora predisposta a soberania popular.

Assim, o liberalismo clássico defende a liberdade do indivíduo frente ao Estado,


introduzindo a questão da legitimidade do poder político, garantir os Direitos Naturais, defendendo
a liberdade moderna, os Direitos Humanos, civis e políticos, pois o Estado Liberal reconhece os
seres humanos como sujeitos de Direitos, desta maneira para garantir a liberdade o liberalismo
defende a limitação do Estado, os limites de poderes e os limites da função do Estado, sendo a
invenção da Democracia liberal, uma democracia representativa.

Corroborando este pensamento, Losurdo (2004, p.17) afirma que o exercício dos direitos
políticos deve constituir privilégio exclusivo das classes ricas, caso contrário, expõe-se a ordem
social existente a riscos intoleráveis.

Já na Ideologia de Quijano:

Na medida em que aquela estrutura de controle do trabalho, de recursos e de


produtos consistia na articulação conjunta de todas as respectivas formas
historicamente conhecidas, estabelecia-se, pela primeira vez na história conhecida,
um padrão global de controle do trabalho, de seus recursos e de seus produtos. E
enquanto se constituía em torno de e em função do capital, seu caráter de conjunto
também se estabelecia com característica capitalista. Desse modo, estabelecia-se
uma nova, original e singular estrutura de relações de produção na experiência
histórica do mundo: o capitalismo mundial. (QUIJANO, p. 118).

Conforme Quijano (p.126) o capital, como relação social baseada na mercantilização da força de
trabalho, nasceu provavelmente em algum momento por volta dos séculos XI-XII, em algum lugar
na região meridional das penínsulas ibérica e/ou itálica e conseqüentemente, e por conhecidas
razões, no mundo islâmico.

Já na obra Redes de indignação e esperança: Movimentos sociais na era da internet, Manuel


Castells (2013) afirma:

· Ninguém esperava. Num mundo turvado por aflição econômica, cinismo político, vazio
cultural e desesperança pessoal, aquilo apenas aconteceu. Subitamente, ditaduras
podiam ser derrubadas pelas mãos desarmadas do povo, mesmo que essas mãos
estivessem ensanguentadas pelo sacrifício dos que tombaram. Os mágicos das finanças
passaram de objetos de uma inveja pública a alvos de desprezo universal. Políticos
viram-se expostos como corruptos e mentirosos. Governos foram denunciados. A mídia
se tornou suspeita. A confiança desapareceu... (CASTELLS, 2013, p. 7).

O livro “Redes de indignação e esperança: Movimentos sociais na era da internet”, de Manuel


Castells (2013) levanta algumas questões políticas mais surpreendentes e fascinantes ocorridas em
todo o mundo, as revoltas em massa, a variedade cultural dessas revoltas e um projeto ambicioso.
Os movimentos da Islândia e da Tunísia, da Revolução egípcia à Primavera Árabe, dos movimentos
dos indignados na Espanha a Occupy Wall Street até a revolta pela melhoria dos transportes no
Brasil em 2013. Foi na segurança do ciberespaço que muitas pessoas se encontraram e começaram,
através desse meio, a marcar presença no espaço público, dando origem aos movimentos sociais.
Um “blind date” em direção ao destino que todos desejavam forjar. Um encontro autoconsciente,
numa manifestação que sempre caracterizou os grandes movimentos sociais.

Movimentos estes conectados em rede que se espalharam pelo mundo árabe e foram confrontados
com violência assassina pelas ditaduras locais. Os destinos desses movimentos foram diferentes.
Alguns se ergueram contra as ditaduras assassinas locais. Outros ergueram-se contra o
gerenciamento equivocado da crise econômica na Europa e nos Estados Unidos por governos que se
colocaram ao lado das elites financeiras, contra os seus cidadãos, como aconteceu na Espanha,
Grécia, Portugal, Itália, Grã-Bretanha, Israel e Brasil.
Nos Estados Unidos, o movimento Occupy Wall Street foi tão espontâneo quantos os outros e
igualmente conectado, a ponto de a revista Time atribuir ao “Manifestante” o título de
personalidade do ano. “Unidos pela Mudança Global” mobilizou centenas de milhares de pessoas
em 95 cidades de 82 países, reivindicando justiça social e uma democracia verdadeira. Em todos os
casos, partidos políticos foram ignorados, a mídia também foi rejeitada. Foram substituídos pela
internet, por assembleias, em coletivos, para a tomada de decisões.Os movimentos sociais
encontram nas redes sociais um espaço próprio. Uma vez que o espaço público institucional está
ocupado pelos interesses das elites dominantes, os movimentos sociais precisam abrir um novo
espaço público que não se limite à internet.

Movimentos sociais são alavancas para mudanças sociais. Geralmente, se originam de uma crise
nas condições de vida que torna insustentável a existência cotidiana para a maioria das pessoas. São
induzidos por uma profunda desconfiança nas instituições políticas que administram a sociedade.
Levando a população através de uma ação coletiva para defender suas demandas, fora das
instituições estabelecidas. Em consequência pode até provocar a mudança de seus próprios
governantes e as regras que moldam a suas vidas como cidadão.

Os movimentos estudados neste livro, assim como movimentos semelhantes surgidos em todo o
mundo, tiveram origem numa crise econômica estrutural e numa crise de legitimidade cada vez
mais profunda. A crise financeira que sacudiu os alicerces do capitalismo informacional global a
partir de 2008 questionou a prosperidade na europa e nos EUA, ameaça de colapso financeiro
governos, países e grandes empresas, e levou a um substancial encolhimento do estado de bem-estar
social responsável, durante décadas, pela sustentação da estabilidades social.

A crise global de produção de alimentos teve impacto sobre a subsistência da maioria das pessoas
nos países árabes, quando os preços dos gêneros de primeira necessidade, em particular o pão,
atingiram níveis insuportáveis para uma população que gasta a maior parte de sua escassa renda
com comida. A imensa desigualdade social presente em todos eles tornou-se intolerável aos olhos
de muitos dos que sofriam a crise sem esperança nem confiança. O caldeirão de indignação social e
política atingiu seu ponto de ebulição.

Mas, movimentos sociais não nascem apenas da pobreza ou do desespero político. Exigem uma
mobilização emocional desencadeada pela indignação que a injustiça gritante provoca, assim como
pela esperança de uma possível mudança em função de exemplos de revoltas exitosas em outras
partes do mundo, cada qual inspirando a seguinte por meio de imagens e mensagens pela internet.
Além disso, a despeito das profundas diferenças entre os contextos que esses movimentos surgiram,
há certas características que constituem um padrão comum: o modelo de movimento sociais na era
da internet.

Embora os movimentos tenham em geral sua base no espaço urbano, mediante ocupações e
manifestações de rua, sua existência continua tendo lugar no espaço livre da internet. Por serem
uma rede de redes, eles podem dar-se ao luxo de não ter um centro identificável, mas ainda assim
garantir as funções de coordenação, e também de deliberação, pelo inter relacionamento de
múltiplos núcleos. Desse modo, não precisam de uma liderança formal, de um centro de comando
ou de controle, nem de uma organização vertical, para passar informações e instruções. Essa
estrutura descentralizada maximiza as chances de participação no movimento, já que ele é
constituído por redes abertas, sem fronteiras definidas, sempre se reconfigurando segundo o nível
de envolvimento da população em geral.

Características dos Movimentos Sociais de acordo com Manuel Castells (2013):

Os movimentos são simultaneamente locais e globais. Começam em contextos específicos, por


motivos próprios, constituem suas próprias redes e constroem seu espaço público ao ocupar o
espaço urbano e se conectar a redes de internet. Mas também são globais, pois estão conectados
com o mundo inteiro, aprendem com outras experiências e, de fato, muitas vezes são estimulados
por essas experiências a se envolver em sua própria mobilização. Além disso, mantém um debate
contínuo na internet e algumas vezes convocam a participação conjunta e simultânea em
manifestações globais numa rede de espaços locais.

Os movimentos são virais. Isso se dá não apenas pelo caráter viral de difusão das mensagens em si,
particularmente das imagens de mobilização, mas em função do efeito demonstração de
movimentos que brotam por toda parte. Temos observado essa capacidade viral de um país para
outro, de uma cidade para outra, de uma instituição para outra. Ver e ouvir protestos em algum
outro lugar, mesmo que em contextos distantes e culturas diferentes, inspira a mobilização, porque
desencadeia a esperança da possibilidade de mudança.

A passagem da indignação à esperança realiza-se por deliberação no espaço da autonomia. As


tomadas de decisão em geral ocorrem em assembleias e em comitês por elas designadas. Na
verdade, trata-se de movimentos sem liderança, não pela falta de líderes em potencial, mas pela
profunda e espontânea desconfiança da maioria dos participantes do movimento em relação a
qualquer forma de delegação de poder. Essa característica essencial dos movimentos observados
resulta diretamente de uma de suas causas: a rejeição dos representantes políticos pelos
representados, depois que se sentirem traídos e manipulados em sua experiência com a política
instituída.

Um dos principais temas do debate é a questão da violência com que os movimentos, por toda parte,
se defrontam em sua prática. Em princípio, eles são não violentos, em geral se envolvendo, em sua
origem, na desobediência civil, pacífica. Mas, tendem a se engajar na ocupação do espaço público e
em táticas contenciosas com o propósito de pressionar autoridades políticas e organizações
empresariais, de vez que não reconhecem a viabilidade de uma participação justa nos canais
institucionais. Já que o objetivo do movimento é manifestar-se em nome da sociedade como um
todo é fundamental eles sustentarem sua legitimidade pela justaposição de seu caráter pacifico à
violência do sistema. De fato, todos os casos, as imagens da violência policial ampliaram a simpatia
dos cidadãos pelo movimento, assim como o reativaram.

Desse modo, dificilmente podem ser cooptados por partidos políticos (universalmente
desacreditados), embora estes possam lucrar com a mudança de percepção que os movimentos
provocam na opinião pública. Assim, são movimentos sociais voltados para a mudança dos valores
da sociedade, e também podem ser movimentos de opinião pública, com consequências eleitorais.

Pretendem transformar o estado, mas não se apoderar nele. Expressam sentimentos e estimulam o
debate, mas não criam partidos e nem apoiam o governo, embora possam se tornar alvo de
marketing político. Projetam uma nova utopia de democracia em rede baseada em comunidades
locais e virtuais em interação. Mas utopias não são meras fantasias. A maioria das ideologias
modernas que estão nas raízes dos sistemas políticos (liberalismo, socialismo e comunismo)
originam-se em utopias. Porque utopias tornam-se forças materiais ao se incorporar a mente das
pessoas, ao inspirar seus sonhos, guiar suas ações e induzir suas reações. Ou seja, uma nova utopia
no cerne da cultura da sociedade em rede: a utopia da autonomia do sujeito em relação às
instituições da sociedade.

Quando as sociedades falham na administração de suas crises estruturais pelas instituições


existentes, a mudança só pode ocorrer fora do sistema, mediante a transformação das relações de
poder, que começa na mente das pessoas e se desenvolve em forma de redes construídas pelos
projetos dos novos atores que constituem a si mesmos como sujeitos da nova história em processo.
A internet, que, como todas as tecnologias, encarna a cultura material, é uma plataforma
privilegiada para a construção social da autonomia.
Além disso, há uma conexão fundamental, mais profunda, entre a internet e os movimentos sociais
em rede: eles comungam de uma cultura específica, a cultura da autonomia, a matriz cultural básica
das sociedades contemporâneas. Os movimentos sociais, embora surjam do sofrimento das pessoas,
são distintos dos movimentos de protesto, eles são essencialmente movimentos culturais, que
conectam as demandas de hoje com os projetos de amanhã. Os movimentos que observamos
encarnam o projeto fundamental de transformar pessoas em sujeitos de suas próprias vidas, ao
afirmar sua autonomia em relação às instituições da sociedade e se envolve no caminho incerto de
criar novas formas de convivência, na busca de um novo contrato social.

Revolta no Brasil

Manuel Castells (2013) dedica um posfácio ao Brasil, onde ele analisa as manifestações sem
líderes, nem partidos, nem sindicatos. Como aconteceu em diversas partes do mundo. Sem apoio da
mídia. Espontaneamente. Uma indignação que atingiu a maioria das cidades brasileiras. E que foi se
transformando em projeto de esperança. O movimento Passe Livre surge como uma crítica à
imobilidade estrutural das metrópoles brasileiras. E é bom que se diga que não se restringia a 25
centavos. Resultado de um modelo caótico de crescimento urbano, corrupção. Contra uma classe
política que vê os votos como seus, não se sentem representando cidadãos, mas a si próprios. A
democracia está sendo até hoje sequestrada por profissionais da política, e não pelos cidadãos. A
democracia foi reduzida ao mercado de votos, dominado pelo dinheiro, pelo clientelismo e pela
manipulação midiática.

A Copa do Mundo, assim como as Olimpíadas no Brasil, transformou-se em algo mafioso, estádios
superfaturados. E a população queria, ao invés de dez estádios, hospitais decentes. O Movimento
Passe Livre passou o clamor pela Liberdade em todas as suas dimensões, um país perturbado por
um modelo de crescimento que ignora a dimensão humana e ecológica do desenvolvimento. Um
modelo centrado no crescimento a qualquer custo, centrado no consumo.

Um modelo neodesenvolvimentista, como o chinês, que envereda por uma senda autodestrutiva
com o objetivo de sair da pobreza. E foi dessa forma confusa e otimista que a consciência de
milhares de pessoas, que eram ao mesmo tempo indivíduos e ao mesmo tempo coletivos conectados
em rede através de tuítes, posts e imagens, unia-se na rua. Um mundo que os políticos na época não
entendiam, e não se interessavam. Um Congresso grotesco com burocratas partidários, chefes locais
corruptos. Esse mesmo congresso que na época, através de uma PEC, quis tirar do Ministério
Público o direito de investigar a corrupção, e que diante da pressão da rua se apressou a votar contra
o seu próprio projeto quase por unanimidade.

Já na obra “Resgatar A Participação: Democracia Participativa E Representação Política No Debate


Contemporâneo” Luis Felipe Miguel (2017, p. 88) afirma que a aposta de Pateman é que a
participação direta nos locais da vida cotidiana supriria tal estímulo. Ao contrário do trabalhador
assalariado na empresa capitalista, aquele que participa da autogestão precisa estar mais bem
informado e compreender mais do mundo para contribuir de forma efetiva no processo de tomada
coletiva de decisões – que são decisões que afetam diretamente sua vida.
No caso brasileiro, a frustração com as instituições de representação política está
ligada ao processo de transição para a democracia, com a derrocada da ditadura
militar. A mobilização popular foi abafada pelos acertos entre elites. A transição
pactuada garantiu, num primeiro momento, enormes prerrogativas às Forças
Armadas, a começar pelo veto a qualquer punição pelos crimes cometidos no
exercício do poder. (MIGUEL, 2017, p.88).

Segundo Luis Felipe Miguel (2017, p.95) “a participação chamada de patemaniana, pregada pelos
teóricos da democracia participativa, está vinculada a um sentido mais forte da palavra. Ela
significa o acesso a locais de tomada final de decisão, isto é, implica a transferência de alguma
capacidade decisória efetiva do topo para a base. Parte importante das decisões ainda seria tomada
por representantes eleitos, é claro; mas a teoria supõe que a experiência na gestão direta de poder na
base ampliará a capacidade de compreensão sobre a política mais geral e de escolha esclarecida dos
representantes”.

Assim, Luis Felipe Miguel (2017, p.97-98) afirma que Movimentos sociais, que antes teriam uma
pauta de enfrentamentos à opressão diferentes fronts, agora teriam incentivos para concentrar forças
na redefinição do investimento público. Mas, por outro lado, é necessário lembrar que a abertura de
espaços à participação política dentro do Estado é desproporcionalmente importante para os
trabalhadores e, de forma mais geral, para integrantes de grupos dominados.
Como afirmam as teorias da dependência estrutural do Estado capitalista em relação
ao investimento privado (Offe, 1984 [1972]), os interesses dos proprietários serão
levados em conta mesmo que eles não se mobilizem para isso, ainda os
trabalhadores que, submetidos à hierarquia autoritária nos espaços de produção,
possuem menos treinamento para a atividade política e para a tomada de decisões
em sua vida cotidiana. Além disso, os grupos em posição subalterna tendem a ter
menos acesso aos espaços de difusão das representações do mundo social, a
começar pela mídia.Por fim, a intermediação dos mecanismos representativos tem
significados diferentes para os diferentes grupos sociais. Se toda representação
política é imperfeita, uma vez que já a mera diferenciação funcional distancia o
líder de seus constituintes, é necessário levar em conta que ela é uma representação
desigualmente imperfeita. (MIGUEL, 2017, p. 98-99)

Desta forma, Luis Felipe Miguel (2017, p. 99) retrata que o fosso entre representantes e
representados tende a ser maior; assim, o ruído que a representação política impõe à expressão de
seus interesses costuma ser mais significativo, com isso a possibilidade de participação política
direta ganha maior importância.

Eleições no Mato Grosso do Sul e Pré - Candidatos

Um levantamento realizado pela CNN2 apontou quem são os pré-candidatos para o governo
estadual e para o Senado em Mato Grosso do Sul. Como o atual governador, Reinaldo
Azambuja (PSDB), está concluindo o segundo mandato, ele não pode disputar a reeleição, e
representantes de alas políticas tentarão sucedê-lo.

● Eduardo Riedel (PSDB)


É o pré-candidato governista na disputa. Sem nunca ter disputado eleições, o ex-secretário
de Infraestrutura de Mato Grosso do Sul chegou a ser nomeado uma das cem personalidades
mais influentes do agronegócio brasileiro. Sua atuação à frente de instituições privadas e de
categorias organizadas atraíram apoio político.

● André Puccinelli (MDB)


O ex-governador tem uma longa jornada na política sul-mato-grossense. Também ex-
prefeito de Campo Grande, tem 40 anos de carreira política. Nascido na Itália, o médico foi
governador por dois mandatos, entre 2007 e 2015.

2Disponível em: https://www.cnnbrasil.com.br/politica/mato-grosso-do-sul-veja-quem-sao-os-pre-candidatos-ao-


governo-e-ao-senado/
● Marquinhos Trad (PSD)
O pré-candidato renunciou à prefeitura de Campo Grande para pleitear o governo. Filho do
senador Nelsinho Trad (PSD), ele também foi vereador e deputado estadual antes de ser
duas vezes eleito para comandar a capital.

● Rose Modesto (União Brasil)


No União Brasil, a deputada federal Rose Modesto é a pré-candidata. Como o apoio do atual
governador foi declarado para Riedel, Rose se desfiliou do PSDB para se lançar candidata.
A professora já foi vereadora, vice-governadora e está em seu primeiro mandato em
Brasília. Ela também já tentou ser prefeita de Campo Grande.

● Capitão Contar (PRTB)


Renan Barbosa Contar, o Capitão Contar (PRTB), busca ser o nome do bolsonarismo em
Mato Grosso do Sul. Deputado estadual em primeiro mandato, ele se elegeu na onda
conservadora e de renovação que marcou o pleito de 2018.
● Os pré-candidatos ao Senado e Deputados

Com Simone Tebet (MDB) desistindo de uma eventual reeleição para concorrer à
presidência, os nomes que buscam a vaga no Senado pelo Mato Grosso do Sul são:

● Tereza Cristina (PP)


Ministra da Agricultura, Pecuária e Abastecimento do governo Bolsonaro, deixou o cargo
no início de abril para concorrer a uma cadeira no Senado. Filiada recentemente ao PP,
Cristina foi duas vezes eleita deputada federal pelo estado.
● Luiz Henrique Mandetta (União Brasil)
O ex-deputado federal e ex-ministro da Saúde também deverá estar na disputa. Popular no
começo da pandemia, Mandetta virou crítico da gestão federal ao discordar da forma de
combate à Covid-19 adotada pelo presidente. Chegou a cogitar uma candidatura ao Planalto,
mas sua assessoria de imprensa confirma que ele tentará chegar ao Senado.

● Odilon de Oliveira (PSD)


O ex-juiz federal é mais um pré-candidato já anunciado. Ele chegou ao segundo turno da
disputa para governador em 2018 e perdeu para Azambuja. O ex-juiz conta com o apoio do
presidente nacional do PSD, Gilberto Kassab.

● Tiago Botelho (PT)


Professor e coordenador do Curso de Direito da UFGD, filiado ao ( PT) Partido dos
Trabalhadores em chapa alinhada ao Ex Presidente Lula, vem com a pré-candidata
Advogada Giselle Marques ao Governo e Tiago Botelho ao Senado.
● André Lacerda (PSD)
Pré-Candidato à Deputado Estadual, formado em Direito pela Universidade Católica do
Dom Bosco (UCDB), e foi atuando dentro do Ministério Público que se deparou com a
importância de amparar os jovens através de oportunidades, melhorando a qualificação
técnica, a qualidade de ensino, fomentando a tecnologia e criando um novo mercado
financeiro em MS.

Considerações Finais

Conforme a Definição de Estado como um órgão de dominação e repressivo ao mesmo tempo e


diante do liberalismo clássico que defende a liberdade do indivíduo frente ao Estado, introduzindo a
questão da legitimidade do poder político, para garantir os Direitos Naturais, defendendo a
liberdade moderna há os Direitos Humanos, civis e políticos, pois o Estado Liberal reconhece os
seres humanos como sujeitos de Direitos, para garantir a liberdade, assim o liberalismo defende a
limitação do Estado, os limites de poderes e os limites da função do Estado, sendo a Democracia
liberal, uma democracia representativa. Corroborando deste pensamento, Manuel Castells (2013)
afirma que foi nos Movimentos Sociais e na Era da Internet e na segurança do ciberespaço que
muitas pessoas se encontraram e começaram, através desse meio, a marcar presença no espaço
público, dando origem aos movimentos sociais atuais. Sendo os Movimentos sociais alavancas para
mudanças sociais. Geralmente, se originam de uma crise nas condições de vida que torna
insustentável a existência cotidiana para a maioria das pessoas. De acordo com Luis Felipe Miguel
(2017) os Movimentos Sociais, possuem a abertura de espaços à participação política dentro do
Estado, diante deste âmbito e muitos fatores a possibilidade de participação política direta ganha
maior importância. Diante destes fatos e pressupostos de Ideologias Políticas há as Eleições no
Mato Grosso do Sul em 2022 para os Cargos ao Governo, Senado, Deputado, entre outros. Boa
Sorte aos Candidatos, que os Jogos Comecem e Vença o Melhor e Mais Preparado.

Referências Bibliográficas

BRASIL, CNN. Mato Grosso do Sul: veja quem são os pré-candidatos ao governo e ao Senado.
2022.
Disponível em: https://www.cnnbrasil.com.br/politica/mato-grosso-do-sul-veja-quem-sao-os-pre-
candidatos-ao-governo-e-ao-senado/ Acesso em: 12 jul. 2022.

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